terça-feira, 1 de maio de 2012

TEMPOS DIFÍCEIS, OS DO ENGANO

A Bíblia mostra que os tempos dos fins serão dificultosos. Na medida em que vamos nos aproximando da volta de Cristo, as coisas vão ficando complicadas e a fé cristã autêntica, cada vez mais embaraçada com a dissimulação. A astúcia das semelhanças consegue ocultar com os disfarces quase perfeitos, o veneno mortal que vem deformando a vida da igreja cristã atual. Jesus nos preveniu desta situação com suas palavras: Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis, porque surgirão muitos falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos. Vede que vo-lo tenho predito. Mateus 24-:23-25. O perigo é sério, muito sério! A máscara mais terrível é de um rosto de anjo que encobre o coração de um demônio. Fingir santidade para levar vantagem. Por trás de grandes sinais e prodígios estão verdadeiros monstros da falsificação, que com palavras fingidas engodam os corações ávidos de reconhecimento e da satisfação dos seus interesses egoístas. Tanto os enganadores como os enganados são farinha do mesmo saco.
A camuflagem de uma víbora é menos ardilosa do que a emboscada de um hipócrita. Uma prosti-tuta maquilada é menos perigosa do que um hi-pócrita disfarçado. Nada pode ser mais arriscado para a pregação do Evangelho do que uma mensagem semelhante à do Evangelho, mas que não é o Evangelho; pregada por uma pessoa que se veste de profeta, mas não tem caráter de profeta. Não devemos nos impressionar com o estilo da vestimenta, uma vez que Jesus nos alertou: Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Mateus 7:15. Casaco de pele de ovelha não transforma coração de lobo em cordeiro. Lingua-gem parecida e comportamento análogo não significam autenticidade. A pior mentira é aquela que mais se assemelha com a verdade. Por isso, precisamos estar sempre alertas com a falsificação esperta da velhacaria religiosa, pois em razão das advertências bíblicas, o mais curioso, é que nós somos culpados de nos deixarmos enganar.
A questão que devemos abordar aqui, é por que nos deixamos enganar? O que está por trás da nossa estrutura enganosa, que nos leva ao prazer de sermos enganados? Vamos analisar alguns fatores que estimulam o sistema do engano. Nestes tempos difíceis os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados... 2Timóteo 3:2-4a. Temos nesta abordagem das Escrituras uma série de palavras que enfatizam o espírito soberbo de auto suficiência. Este terreno é extremamente propício ao sistema mentiroso do pecado que grassa no mundo contemporâneo. Uma das características da rebelião espiritual é trilhar caminhos escusos. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. 2Timóteo 4:3-4. O afastamento da verdade testifica primeiro que a pessoa despreza a Deus e depois quer levar vantagens especiais com suas paixões.
O engano está sempre relacionado com a idéia de interesses pessoais, lucratividade ou proveito pró-prio. Quem gosta de levar vantagem, com freqüência se envolve com as teias enganosas. Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados. 2Timóteo 3:13. Se somos enganados é porque seria vantajoso para nós. Tropeçamos sempre naquilo que nos parece proveitoso, excelente e útil. O desvantajoso ou inconveniente não exerce atração nem provoca interesse. Atrás de um enganador astuto tem sempre um enganado interesseiro. É muito comum condenarmos os enganadores, porém é preciso avaliar também a atitude utilitária e egoísta dos enganados, que sempre querem auferir algum benefício.
Um segundo elemento nesta rede fraudulenta é a amizade dos deleites. Mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus. 2Timóteo 3:4b. À medida que vivemos na busca da satisfação hedonista, onde o prazer é viver para o prazer, estamos expostos ao risco de buscar aquilo que melhor corresponda aos nossos desejos. Quando se é amigo dos prazeres, tudo o que nos causa divertimento, aprazimento, entretenimento, faz parte de nossa folia. Prazer e alegria não apenas não são sinônimos com também podem ser tão diferentes como céu e inferno. Muitos pensam que o prazer é a fonte de sua vida e que tudo o que lhes dá prazer deve ser a causa de sua existência. Mas, quando se é amigo de Deus, somente aquilo que agrada a Deus pode ser considerado como expressão de nossa vontade. Os amigos dos prazeres se divertem em tudo o que lhes dá prazer, por isto se enganam freqüentemente com a pregação que focaliza a satisfação dos desejos em detrimento da vontade de Deus. Muitos são arrastados pela pregação da prosperidade a qualquer custo, porque o seu prazer emana em lograr proveito.
O terceiro fator que contribui para esta complicação do final, é a máscara da espiritualidade. Tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes. 2Timóteo 3:5. Talvez aqui esteja a grande força da tragédia. Ser ou não ser, eis a questão! A evangelização moderna prima pela superficialidade. Estamos interessados em números. Enchemos as igrejas de pessoas vazias, e as cobrimos com a máscara da piedade. Como dizia o Pe. Manoel Bernardes: O hipócrita é um santo pintado; tem as mãos postas, mas não ora; o livro aberto, mas não lê; os olhos no chão, mas não se desestima. Jesus é sempre amigo dos pecadores, mas é companheiro apenas dos verdadeiramente piedosos. A religiosidade das aparências é efeito da ausência da cruz na experiência. A Bíblia diz que a cruz de Cristo é o poder de Deus. Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus. 1Coríntios 1:18. Forma de piedade sem a evidência do poder é a marca de um povo religioso sem os sinais da cruz no caráter. Foi neste contexto que o Pe. Antônio Vieira afirmou: Este mundo está cheio de hipócritas, e quase todos são cireneus, que, levando a cruz, não morrem nela. Não basta pregar a mensagem da cruz, é preciso crer como experiência, na realidade da cruz. Não basta ensinar que Jesus morreu na cruz em nosso lugar, é preciso confessar como experimental a nossa morte juntamente com Ele. O Evangelho exibe mais do que fachada. A falta da cruz na experiência de fé, manifesta a cruel evidência de uma piedade falsa. Todos que se envolvem com a religião das aparências acabam se metendo na falácia dos enganos.
Thomas Overbury salientou: Um hipócrita é uma pílula dourada composta de dois ingredientes: Desonestidade natural e simulação artificial. Tanto o enganador como o enganado tem as mesmas características. Tanto o pregador falso que promete o que Deus não avalizou, como o caçador de benefícios, que é motivado pelos seus interesses carnais, são todos cúmplices das mesmas conveniências. Por isso, de que vale desmascarar certa gente que vale muito menos do que a máscara que afivela no rosto? Quem come no mesmo cocho sujo tem sempre o mesmo apetite e a mesma disposição da sujeira. Em determinadas áreas do roubo, só há ladrões porque há receptadores. Também nestes tempos difíceis podemos afirmar que só há enganadores, por que há muita gente que gosta de ser enganada.

Solo Deo Glória

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