A Bíblia mostra que os tempos dos fins serão
dificultosos. Na medida em que vamos nos aproximando da volta de Cristo, as
coisas vão ficando complicadas e a fé cristã autêntica, cada vez mais embaraçada
com a dissimulação. A astúcia das semelhanças consegue ocultar com os disfarces
quase perfeitos, o veneno mortal que vem deformando a vida da igreja cristã
atual. Jesus nos preveniu desta situação com suas palavras: Então, se
alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo ali! Não acrediteis, porque
surgirão muitos falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e
prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos. Vede que vo-lo tenho
predito. Mateus 24-:23-25. O perigo é sério, muito
sério! A máscara mais terrível é de um rosto de anjo que encobre o coração de um
demônio. Fingir santidade para levar vantagem. Por trás de grandes sinais e
prodígios estão verdadeiros monstros da falsificação, que com palavras fingidas
engodam os corações ávidos de reconhecimento e da satisfação dos seus interesses
egoístas. Tanto os enganadores como os enganados são farinha do mesmo
saco.
A camuflagem de uma víbora é menos ardilosa
do que a emboscada de um hipócrita. Uma prosti-tuta
maquilada é menos perigosa do que um hi-pócrita disfarçado. Nada pode ser
mais arriscado para a pregação do Evangelho do que uma mensagem semelhante à do
Evangelho, mas que não é o Evangelho; pregada por uma pessoa que se veste de
profeta, mas não tem caráter de profeta. Não devemos nos impressionar com o
estilo da vestimenta, uma vez que Jesus nos alertou: Acautelai-vos dos
falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro
são lobos roubadores. Mateus 7:15. Casaco de pele de
ovelha não transforma coração de lobo em cordeiro. Lingua-gem parecida e
comportamento análogo não significam autenticidade. A pior
mentira é aquela que mais se assemelha com a verdade. Por
isso, precisamos estar sempre alertas com a falsificação
esperta da velhacaria religiosa, pois em razão das
advertências bíblicas, o mais curioso, é que nós
somos culpados de nos deixarmos enganar.
A questão que devemos abordar aqui, é por que nos
deixamos enganar? O que está por trás da nossa estrutura enganosa, que nos leva
ao prazer de sermos enganados? Vamos analisar alguns fatores que estimulam o
sistema do engano. Nestes tempos difíceis os homens serão egoístas,
avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais,
ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de
si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados... 2Timóteo
3:2-4a. Temos nesta abordagem das Escrituras uma
série de palavras que enfatizam o espírito soberbo de auto suficiência. Este
terreno é extremamente propício ao sistema mentiroso do pecado que grassa no
mundo contemporâneo. Uma das características da rebelião espiritual é trilhar
caminhos escusos. Pois haverá tempo em que não suportarão a sã
doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias
cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à
verdade, entregando-se às fábulas. 2Timóteo 4:3-4. O
afastamento da verdade testifica primeiro que a pessoa despreza a Deus e depois
quer levar vantagens especiais com suas paixões.
O engano está sempre relacionado com a idéia de
interesses pessoais, lucratividade ou proveito pró-prio. Quem gosta de levar
vantagem, com freqüência se envolve com as teias enganosas. Mas os homens
perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados. 2Timóteo
3:13. Se somos enganados é porque seria vantajoso
para nós. Tropeçamos sempre naquilo que nos parece proveitoso, excelente e útil.
O desvantajoso ou inconveniente não exerce atração nem provoca interesse. Atrás
de um enganador astuto tem sempre um enganado interesseiro. É muito comum
condenarmos os enganadores, porém é preciso avaliar também a atitude utilitária
e egoísta dos enganados, que sempre querem auferir algum
benefício.
Um segundo elemento nesta rede fraudulenta é a
amizade dos deleites. Mais amigos dos prazeres do que amigos de Deus.
2Timóteo 3:4b. À medida que vivemos na busca da
satisfação hedonista, onde o prazer é viver para o prazer, estamos expostos ao
risco de buscar aquilo que melhor corresponda aos nossos desejos. Quando se é
amigo dos prazeres, tudo o que nos causa divertimento, aprazimento,
entretenimento, faz parte de nossa folia. Prazer e alegria não apenas não são
sinônimos com também podem ser tão diferentes como céu e inferno. Muitos
pensam que o prazer é a fonte de sua vida e que tudo o que lhes dá prazer deve
ser a causa de sua existência. Mas, quando se é amigo de Deus, somente aquilo
que agrada a Deus pode ser considerado como expressão de nossa vontade. Os
amigos dos prazeres se divertem em tudo o que lhes dá prazer, por isto se
enganam freqüentemente com a pregação que focaliza a satisfação dos desejos em
detrimento da vontade de Deus. Muitos são arrastados pela pregação da
prosperidade a qualquer custo, porque o seu prazer emana em lograr proveito.
O terceiro fator que contribui para esta
complicação do final, é a máscara da espiritualidade.
Tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes. 2Timóteo 3:5. Talvez aqui esteja a grande força da tragédia.
Ser ou não ser, eis a questão! A evangelização moderna prima pela
superficialidade. Estamos interessados em números. Enchemos as igrejas de
pessoas vazias, e as cobrimos com a máscara da piedade. Como dizia o Pe. Manoel
Bernardes: O hipócrita é um santo pintado; tem as mãos postas, mas não ora; o
livro aberto, mas não lê; os olhos no chão, mas não se desestima. Jesus é
sempre amigo dos pecadores, mas é companheiro apenas dos verdadeiramente
piedosos. A religiosidade das aparências é efeito da ausência da cruz na
experiência. A Bíblia diz que a cruz de Cristo é o poder de Deus.
Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para
nós, que somos salvos, poder de Deus. 1Coríntios 1:18. Forma de piedade sem a evidência do poder é a marca de um povo
religioso sem os sinais da cruz no caráter. Foi neste contexto que o Pe. Antônio
Vieira afirmou: Este mundo está cheio de hipócritas, e quase todos são
cireneus, que, levando a cruz, não morrem nela. Não basta pregar a mensagem
da cruz, é preciso crer como experiência, na realidade da cruz. Não basta
ensinar que Jesus morreu na cruz em nosso lugar, é preciso confessar como
experimental a nossa morte juntamente com Ele. O Evangelho exibe mais do que
fachada. A falta da cruz na experiência de fé, manifesta a
cruel evidência de uma piedade falsa. Todos que se envolvem
com a religião das aparências acabam se metendo na falácia
dos enganos.
Thomas Overbury salientou: Um hipócrita é uma
pílula dourada composta de dois ingredientes: Desonestidade natural e simulação
artificial. Tanto o enganador como o enganado tem as mesmas características.
Tanto o pregador falso que promete o que Deus não avalizou, como o caçador de
benefícios, que é motivado pelos seus interesses carnais, são todos cúmplices
das mesmas conveniências. Por isso, de que vale desmascarar certa gente que
vale muito menos do que a máscara que afivela no rosto? Quem come no mesmo
cocho sujo tem sempre o mesmo apetite e a mesma disposição da sujeira. Em
determinadas áreas do roubo, só há ladrões porque há receptadores. Também nestes
tempos difíceis podemos afirmar que só há enganadores, por que há muita gente que gosta de ser enganada.
Solo Deo Glória
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
terça-feira, 1 de maio de 2012
TEMPOS DIFÍCEIS, OS DO ENGANO
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