Como sou infeliz! Quem me libertará desse corpo destinado à
morte? Romanos 7:24.
Quão difícil é admitir que somos infelizes! Como é difícil
refletir sobre as suas causas uma vez que ela pode estar presente, ainda que
nada especificamente nos falte. Somos propensos a transferir a responsabilidade
da nossa infelicidade para algo fora de nós. Pois, julgamos que a causa da mesma
está em não possuir “coisas”.
Diferentemente do que julgamos ser a causa de nossa
infelicidade, através das Escrituras somos levados a ver que, o nosso problema
ou, a causa da nossa infelicidade, está dentro de nós.
E viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre
a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má
continuamente. Gênesis 6:5. Esta é a condição de todo homem perante Deus.
Isto significa que a nossa infelicidade vem de dentro de nós - “imaginação dos
pensamentos”. Além do mais, não só somos infelizes, mas também agressivos.
O apóstolo Paulo fala desse comportamento agressivo de forma
assustadora. Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há
ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e
juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só.
A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas
tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; Cuja boca
está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar
sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; E não conheceram o caminho da
paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos. Romanos 3:10-18.
Esta é a revelação mais completa e conclusiva da condição do
homem. Ela condena a pecaminosidade do homem, lançando alicerces seguros para
que dela possamos ter convicção justa, sob dois aspectos: Primeiro, o homem
corrompeu os seus caminhos – fruto inevitável de uma natureza rebelde. Segundo,
a inabilidade do homem em reconhecer e agir em função desta verdade que revela a
extensão de sua depravação.
É um quadro triste, mas verdadeiro, do estado a que chegamos.
Não estamos sendo “responsabilizados” por qualquer transgressão ou pecados
particulares, isto é, não somos pecadores porque pecamos, mas pelo estado a que
eles nos fizeram chegar, numa herança ininterrupta desde Adão.
Todos se afastaram de Deus, a fonte da Vida, e, como resultado,
a humanidade se tornou podre, corrupta e completamente inútil para Deus. Nem uma
única alma faz algo que é bom, porque “todos estão podres até o âmago”:
Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem,
não há sequer um. Romanos 3:12.
“A sua garganta é um sepulcro aberto, com as suas línguas
tratam enganosamente”. Este é o abismo devorador dos homens. Talvez nada
demonstre a perversidade do homem mais claramente do que o vil desvirtuamento da
nobre faculdade da fala.
A garganta é comparada com um sepulcro aberto, o que pode
sugerir o desejo de devorar a sua vítima escolhida ou, a poluição que é
espalhada pelos maus odores da corrupção. Por outro lado, a língua enganadora
alcança seus desígnios maldosos através das palavras adocicadas da lisonja.
O horrível quadro se conclui assim: “Os seus pés... seus
caminhos... não conheceram o caminho da paz”. Pés devastadores e impiedosos que
esmagam, caminhos de destruição e gritos de miséria deixados por onde passam, e
tudo isto porque não conheceram o único caminho da paz.
A conclusão dessa manifestação monstruosa emana de uma
“desconsideração” dos nossos primeiros pais, por não crerem na palavra de Deus.
Somos frutos de uma só desobediência. Pois assim como por uma só ofensa veio
o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de
justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Romanos
5:18.
“Assim também por um só ato de justiça”. Eis a grande mudança!
Há esperança para nós, homens mergulhados no caos. Deus interveio: “a graça se
manifestou salvadora a todos os homens”. Todos nós estávamos sob a condenação e
nada podíamos fazer por nós mesmos.
Portanto, se o homem que merece a punição tem de escapar da
mesma, isto terá de ser através da extensão da misericórdia de Deus, da extensão
de Sua própria natureza, que é amor. Ali se acharam em grande pavor, porque
Deus está na geração dos justos. Vós envergonhais o conselho dos pobres,
porquanto o SENHOR é o seu refúgio. Oh, se de Sião tivera já vindo a redenção de
Israel! Quando o SENHOR fizer voltar os cativos do seu povo, se regozijará Jacó
e se alegrará Israel. Salmos 14: 5-6-7.
Quando toda a raça humana, representada por Adão, estava,
perante Deus, condenada, perdida, arruinada como uma massa de miséria e de
pecado, sem mostrar vergonha, sem derramar uma lágrima, sem dar um grito, sem
proferir um pedido de socorro, a misericórdia divina prometeu o Salvador na
pessoa de um Deus encarnado que desceu à terra.
Tudo era tenebroso quando essa chuva benfazeja veio sobre a
terra: E, quando o orvalho descia de noite sobre o arraial, o maná descia
sobre ele. Números 11:9. A cegueira de espírito cobria o mundo como um
espesso véu, mas o maná descia sobre ele. Com a vinda da manhã, dissipava-se a
camada de orvalho, e deixava-se ver claramente o maná. Foi assim que, tempos
depois, nosso Deus se fez homem para retirar a “camada de orvalho” que se
estendia sobre todos os homens.
. Assim como O sol dissipava a camada de orvalho para que eles
pudessem ver o maná, assim também, o Sol da Justiça dissipou as trevas para que
pudéssemos ver o tesouro, o nosso Senhor Jesus, o único alimento de nossas
almas, o nosso tudo.
O nosso Senhor Jesus era a justiça de Deus personificada no
corpo humano. Viveu nesta terra, tão perfeito como Deus é perfeito; sempre puro
como os raios do sol. Sua impecabilidade era exigida pela redenção. Aquele que
se manifestou para resgatar as almas de seus pecados devia ter uma alma isenta
de pecado.
Os pecados dos pecadores são infinitos, a injustiça de cada
alma é sem limites; contudo, aquele que se entrega aos cuidados do Salvador, que
se reveste de Sua justiça, descansará sob a ilimitada graça e justiça de Jesus
Cristo. “Por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens”.
O custo desse ato de justiça foi “gratuito” para nós. Mas, foi
pago por Aquele que deu Sua vida “em resgate de muitos”. O coração do Evangelho
é o fato de que na cruz Deus publicamente propôs Cristo como uma “oferta
propiciatória,” como o meio escolhido para satisfazer as exigências da justiça
divina. Isto significa que Deus em Cristo imputa Sua justiça sobre o
injusto.
E o momento dessa transação se deu na Cruz. E eu, quando for
levantado da terra, todos atrairei a mim. E dizia isto, significando de que
morte havia de morrer. João 12:32-33. O nosso Senhor Jesus Cristo, ao ser
levantado da terra sobre a cruz, nos atraiu para Si.
Levantado na cruz, entre Deus e o mundo, e levando sobre Si o
pecado de todos os homens, Cristo tornou-Se o ponto de atração para todo homem
vivente. O propósito dessa atração era para que o homem fosse restaurado à
comunhão com Deus e com Jesus Cristo. Jesus tornou-se o centro de atração para
todos, porque todos os homens estavam separados de Deus.
A cruz é o instrumento de Deus para que, por graça, todos
venham a Jesus e encontrem a Vida pela morte do Salvador. Na verdade, na
verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele
só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste
mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna. João 12:24-25.
Era chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem. Ora,
para tal, era necessário que o precioso grão de trigo, caindo na terra,
morresse. Se não morresse, ele ficaria só. O Nosso Senhor enfrentou a morte, e
morte de cruz. E, nesse momento, a nossa natureza espiritual, condenada por
Deus, entrou no corpo do nosso Senhor Jesus Cristo. Fomos unidos na Sua morte e
também em Sua ressurreição.
A porta de entrada para sermos salvos de nós mesmos é pela
nossa identificação na morte e ressurreição de Cristo. Somos agregados à família
de Deus pela morte. O novo nascimento advém da morte. Insensato! O que tu
semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. 1 Coríntios 15:36.
Todo aquele que está fora de Cristo está sob o peso do pecado.
“Aquele que tem o Filho tem a vida” e aquele que tem a vida tem a justiça
também. Assim como a imputação do pecado foi uma realidade para Cristo, a
imputação da justiça ao que crer, também é uma realidade.
O verdadeiro e incontestável fundamento da paz é este: que as
exigências da natureza de Deus, quanto ao pecado, foram perfeitamente
satisfeitas. Os sofrimentos do Cordeiro constituem o esplendor e a glória da
revelação de Deus. Tire a cruz, cale-se o brado da morte: a que se reduz a
mensagem do Evangelho?
Mas, bendito seja Deus que a cruz é uma realidade viva. A cruz
se eleva até o mais alto dos céus. Um Deus homem nela derramou o sangue; a
espada da justiça foi enterrada inteiramente em Seu coração.
O lado traspassado de Cristo é a obra de Deus; o refúgio
preparado por Deus para os que Nele se refugiam - a Rocha eterna. Eis que eu
estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe, e tu ferirás a rocha, e dela
sairão águas e o povo beberá. E Moisés assim o fez, diante dos olhos dos anciãos
de Israel. Êxodo 17:6.
A água da rocha que dessedentou os peregrinos no deserto tinha
um sabor doce e refrescante. Para os filhos de Deus, são ainda mais doces e
refrescantes as águas que saem da verdadeira Rocha, que é Cristo. Por certo,
todo aquele que bebeu dessa água deseja beber mais e mais.
Alegrai-vos,
glorificai, filhos de Deus, nesta cruz única, ela é suficiente, o seu preço foi
suficiente. Bendito seja o nosso Senhor Jesus! O Seu único sacrifício foi a
salvação plena. Desgraçado de mim se rejeitá-Lo. Mas aquele que beber da água
que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma
fonte de água que salte para a vida eterna. João 4: 14.
Soli Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
O QUE SOMOS ?
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
AGRADÁVEIS A DEUS EM CRISTO
E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado,
em quem me comprazo. Mateus 3:17
A expressão “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo”
está registrada no livro de Mateus, em três momentos. O primeiro registro
aparece no texto que escolhemos como base deste estudo. Logo após o batismo de
Jesus os céus se abrem para Aquele que é digno de adoração – Jesus, objeto de
toda a afeição de Deus na terra. O Espírito Santo desce sobre Ele de forma
visível. E Ele, Homem na terra, toma o Seu lugar com os pecadores.
Jesus é em Si mesmo, o objeto sobre o qual os céus se abrem. O
Céu olha para Jesus como perfeito alvo do Seu amor. O Pai se deleita no Filho, o
Homem obediente na terra – o verdadeiro Pastor.
O segundo registro aparece na confirmação do Seu propósito aqui
na terra: Para se cumprir o que foi dito por intermédio do profeta Isaías:
Eis aqui o meu servo, que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz.
Farei repousar sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará juízo aos gentios.
Mateus 12:17-18. Esta citação de Isaías 42:1-4, evidentemente, foi introduzida
no livro de Mateus pelo Espírito Santo, para que a posição do Senhor ficasse
claramente configurada, antes de se abrirem as novas cenas que testemunham a Sua
rejeição.
Observa-se nessa passagem que não lhe é dado o título de Filho,
mas de Servo, revelando assim, a Sua missão pela qual Ele veio a este mundo -
Servir. Deus-Homem entre os homens, em perfeita harmonia com o Seu caráter.
Harmonia em que, a Graça e a Verdade iriam atuar no mundo condenado por causa do
pecado. Porquanto, agora, na soberana Graça de Deus Pai, é o Filho, como Servo,
que vem trazer descanso ao cansado e libertação aos cativos.
O Seu total esvaziamento em forma de homem, na condição de um
servo, a morte ignominiosa como um malfeitor e a Sua ressurreição: estas são as
etapas do caminho que O levou à glória.
O terceiro e último momento em que aquela expressão aparece foi
no monte da transfiguração: Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os
envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em
quem me comprazo; a ele ouvi. Mateus 17:5. Novamente, o Pai proclama que Seu
Filho é o objeto de toda a Sua afeição; que encontra Nele todo o Seu prazer. E,
a ênfase aqui está em “a Ele ouvi”. É a Ele que os discípulos devem
ouvir.
Cristo está ali só, não mais a lei na figura de Moisés e nem
Elias tipificando os profetas. Moisés e Elias saem de cena, eles não falam mais.
Cristo está ali só, como Aquele que deve ser glorificado e ouvido.
Deus fala do Seu Filho aos discípulos, não como sendo digno do
amor deles, mas como objeto das Suas próprias delícias. O Filho é o alvo de todo
o prazer do Pai, assim como, no Filho, também nós tornamo-nos alvos do Seu
amor.
Que maravilhosa e divina condescendência! Aquele que sonda os
corações entregou o Seu próprio Filho à vontade da Criação. E aqueles que O
receberam foram colocados numa mesma relação com o Pai, isto é, foram feitos
também objetos do amor do Pai. Isto significa que, em Cristo, nos tornamos alvos
do Seu amor: Para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis
a si no Amado. Efésios 1:6.
Observem que no texto não está escrito que nos tornamos
agradáveis a Deus em nós mesmos. Se isto fosse possível haveria diferentes
graduações pelas quais seriamos contemplados. Isto é, Ele se agradaria mais de
um do que do outro. E, isto não condiz com o caráter de Deus. Fomos feitos
agradáveis a Deus somente em Cristo. O mais débil e fraco crente está no mesmo
nível daquele considerado como o “mais notável e brilhante entre os crentes”.
Este é um dos fundamentos da fé cristã: “tornados agradáveis a
Si, no Amado”. É por isso que só em Cristo temos a medida daquilo que somos
incapazes de avaliar porque, Ele é, de maneira completa e adequada, as delícias
de Deus. .
A maravilhosa verdade é que: Nós nos tornamos agradáveis a Deus
pelo fato de estarmos em Cristo, e não porque fizemos ou deixamos de fazer algo.
O único fundamento seguro, que nos mantém conscientes da nossa aceitabilidade e
agradabilidade diante de Deus, está no fato de estarmos em Cristo.
Não caia na tentação de pensar assim: “Hoje foi um dia
maravilhoso, li a Bíblia, orei e preguei, por isso, Deus se agradou de mim e me
sinto muito bem diante Dele”. Ou então: “hoje foi um dia péssimo, não orei, não
li a Bíblia, não evangelizei, por isso, eu sinto que desagradei a Deus”. No
momento em que acharmos que podemos agradar a Deus lendo mais a Bíblia, orando
mais ou agregando qualquer outro elemento “religioso” para sermos aceitos diante
Dele, estaremos negando o sacrifício de Cristo.
O grande fato é que Deus Pai está plenamente satisfeito com Seu
Filho. E se você está seguro quanto à sua experiência em Cristo, Deus está
satisfeito com você. É indispensável que se tenha no coração este fato: Que Deus
olha tudo a partir de um único ponto de vista; avalia tudo por uma única regra;
prova tudo por um único critério, e que governa tudo por meio de Cristo.
Tudo foi feito para Cristo e tudo sem Cristo nada tem valor.
Muitos serviços podem ser realizados e oferecidos através de nossos lábios e de
nossas mãos, mas aos olhos de Deus será levado em conta somente o “serviço” que
procede da Vida de Cristo em nós.
O propósito de Deus é Cristo. O que precisamos aprender diante
de Deus é que: Ele nos deu Seu Filho. Tudo o que Deus nos quis dar, Ele nos deu
em Seu Filho. Deus não nos deu “coisas espirituais”; Ele nos deu a Si mesmo no
Filho.
Pessoalmente, Ele é a imagem do Deus invisível. O amor, a
santidade e a perfeição sem mácula estão unidos em todos os Seus caminhos. Nele,
“Deus nos fez agradáveis no Amado”.
Tudo isto significa que estamos perante Deus porque Cristo nos
introduziu na Sua presença. Porém, Ele não poderia nos levar à Sua presença, sem
primeiro nos assemelharmos a Deus. E, a fim de nos fazer semelhantes a Ele e nos
tornar Suas delícias, Ele nos conduziu primeiramente para a Cruz, uma vez que,
todos nós nascemos sob o peso da condenação e sem forças para sair deste
estado.
Como pecadores convictos, contemplamos a Cruz de Nosso Senhor
Jesus Cristo, e vemos nela aquilo que satisfaz todas as nossas necessidades. A
Cruz do nosso Senhor Jesus expressa o profundo amor de Deus aos homens, porque
estes nada podiam fazer por si mesmos.
Então, a primeira lição que precisamos aprender é que somos,
por natureza, rebeldes, separados de Deus e sem condições de caminhar em Sua
direção. Por isso, foi necessário um poder vindo do Céu.
A Cruz foi este poder. Lá na Cruz o Senhor Jesus nos atrai para
Si: E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. Isto
dizia, significando de que gênero de morte estava para morrer. João
12:32-33.
Atraídos em Seu corpo lá na Cruz somos identificados com Cristo
na Sua morte. Nas palavras de Evan Hopkins: “Nós morremos com Cristo; isto é
verdade, como pode ser dito, no sentido judicial. Mas, isto não é o suficiente.
Tem que haver a unidade experimental com Cristo na Sua morte. O fato histórico
tem que se tornar uma realidade experimental. O que é uma verdade para nós, tem
que se tornar verdade em nós”.
Identificados em Cristo na Sua morte e ressurreição nos
tornamos a Sua habitação. E, esta Vida de Cristo é a vida que agrada a Deus.
Porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.
Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis
manifestados com ele, em glória. Colossenses. 3:3-4
Ouça o testemunho de Hudson Taylor: “Como tenho sido feliz,
desde que Cristo passou a habitar em meu coração pela fé! Estou morto e fui
sepultado com Cristo – ah, e ressuscitei também! E agora Cristo vive em mim, e
“esse viver que, agora, tenha na carne, vivo pela fé do Filho de Deus, que me
amou a si mesmo se entregou por mim”.
Nem deveríamos olhar para esta experiência, estas verdades,
como se fossem pequenas. Elas são o direito de nascença de cada filho de Deus, e
ninguém pode desprezá-las sem desonrar nosso Senhor.
O grito em alta voz do Salvador ao morrer é a prova de que Ele
mesmo deixou a Sua vida, voluntariamente. Em plena posse de Sua força, Ele nos
introduz na presença da Santidade Perfeita e, sem véu, abole o pecado que nos
impedia de lá entrarmos.
Por Jesus, temos comunhão com Deus. Em Cristo Jesus, somos
santos e irrepreensíveis diante Dele em amor. ...assim como nos escolheu nele
antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e
em amor... Efésios 1:4
Fomos admitidos e aceitos incondicionalmente na família de
Deus, pelos méritos do Senhor Jesus. Antes, inadequados quanto à natureza
pecaminosa, agora, em Cristo, agradáveis a Deus. Podemos não estar em íntima
relação com Ele, contudo, somos amados como se estivéssemos em profunda comunhão
com Ele. É uma posição de perfeita felicidade estar na Sua presença.
O nosso coração encontra o descanso nesta posição. Porque a
nossa aceitação está fundamentada nos méritos de Jesus. Assim, a nossa posição
foi construída e estabelecida segundo os planos de Deus e pela eficácia da Sua
obra em Cristo.
E assim, somos um povo, uma família celestial, segundo os
desígnios e os planos de Deus, que existe como fruto dos eternos pensamentos de
Deus e da Sua natureza de amor – o que aqui é chamado “a glória da Sua Graça”.
Tudo isto, pois, é para louvor da glória da Sua Graça, segundo
a qual Deus atua para nós em Cristo. Cristo é a medida dessa Graça; toda a
plenitude dessa Graça é revelada para nós. Em Cristo somo aceitos por Deus em
aroma suave. E andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si
mesmo por nós como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave. Efésios 5:2.
Amém
Soli Deo Glória.
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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
O SEGREDO DE DAVI
Davi é uma das
figuras mais preeminentes entre os personagens da Bíblia e também da história.
Sua vida é retratada em aproximadamente 66 capítulos, enquanto a vida de Abraão
e José, em cerca de 14 capítulos; Jacó, 11 e Elias, 10. O Novo Testamento faz
cerca de 59 referências a sua vida. Além disso, em nenhum momento no Novo
Testamento, Jesus é chamado como filho de Abraão ou filho de Jacó mas, inúmeras
vezes como Filho de Davi.
Uma das
características marcantes de Davi é o seu caráter polivalente. Davi foi pastor
de ovelhas, poeta, músico, comandante de guerra e considerado o maior rei de
Israel. Contudo, a mais sublime distinção deste homem, foi ter sido considerado
como o homem segundo o coração de Deus. Atos 13.22. Isto aconteceu, quando da rejeição de Saul
como rei de Israel. Saul era desobediente ao Senhor. Então, o sacerdote Samuel
recebeu a missão de Deus para ir até a casa de Jessé, para este ungir um novo
rei, um homem segundo o seu coração. O sacerdote Samuel, logo que viu a Eliabe,
o filho mais velho de Jessé, disse consigo: é esse, o homem de
Deus. Foi quando ouviu
a voz de Deus: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura,
porque o rejeitei; porque o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o
exterior, porém o Senhor, o coração. 1 Samuel 16.7. O homem presta atenção na aparência, no
exterior, mas Deus tem outro critério, Ele olha para o coração. Aqui está uma
grande pista para o segredo de Davi.
Naquele dia, após
passar os sete filhos de Jessé diante do sacerdote, foi escolhido o filho mais
novo, um jovem pastor de ovelhas. Tomou Samuel o chifre de azeite e o
ungiu no meio de seus irmãos; e, daquele dia em diante, o Espírito do Senhor se
apossou de Davi. 1 Samuel 16.13. O tempo decorrido entre o dia em que foi
ungido, até que ele assumisse o trono, foi de aproximadamente 14 anos. Foram
muitas as batalhas que Davi teve de enfrentar. Sem sombra de dúvida, a batalha
mais famosa e empolgante do Velho Testamento é a batalha de Davi com o gigante
Golias. Neste confronto, vemos que o Espírito do Senhor já estava operando em
Davi para ensiná-lo a não se preocupar com o que se vê, mas a desenvolver um
coração cheio de confiança em Deus. Nisto reside o segredo de Davi. Mas, antes
de mais nada, é preciso lembrar que todos nós temos os nossos gigantes diante
dos olhos. Quais sãos os seus gigantes ?
Davi e
Eliabe
O vale de Ela seria
mais uma vez o palco de uma sangrenta batalha. De um lado, o exército de Israel
estava entrincheirado na encosta do monte e, do outro lado, estava o exército
filisteu. Então, saiu do arraial dos filisteus um homem guerreiro, cujo
nome era Golias, de Gate, da altura de seis côvados e um palmo. 1 Samuel
17.4. Isto significa
que Golias media quase três metros. O texto continua descrevendo que ele vestia
uma cota de malha de metal, um escudo de proteção para o corpo todo, cujo peso
era de 80 a 90 quilos. Tinha caneleiras de bronze nas pernas e uma grande lança
pendurada nos ombros. Somente a ponta da lança pesava seiscentos siclos de
ferro, ou seja, de 9 a 11 quilos. Além disso, tinha um capacete de bronze, e
enorme escudo que era carregado por um soldado que ia na sua frente. Você
enfrentaria um homem desses? Foi esta a proposta dele. Golias desafiou o
exército de Israel a enviar apenas um homem para uma batalha representativa, uma
luta entre apenas duas pessoas. Quem ganhasse, traria vitória para o seu
exército. Isto é uma tática geralmente usada no mundo oriental.
Enquanto isso, em um
pequeno povoado de Belém, Davi recebia de seu pai a incumbência de levar uma
encomenda para os seus três irmãos no campo de batalha. Depois de deixar o seu
rebanho com outro pastor, seguiu em direção ao vale de Ela. Chegou ao
acampamento quando já as tropas saíam, para formar-se em ordem de batalha, e, a
gritos, chamavam à peleja. 1 Samuel 17.20b. Davi ficou estarrecido com o que viu.
Todos os israelitas, vendo aquele homem, fugiam de diante dele, e temiam
grandemente. 1 Samuel 17.24. Ele sentiu a aflição e o desespero dos
mais valorosos homens de guerra do seu povo. Davi estava tomando
informações sobre o que estava acontecendo, quando aproximou-se Eliabe.
Ouvindo-o Eliabe, seu irmão mais velho, falar aqueles homens acendeu-se a
ira contra Davi, e disse: Por que desceste aqui? E a quem deixaste aquelas
poucas ovelhas no deserto? Bem conheço a tua presunção, e a tua maldade;
desceste apenas para ver a peleja. 1 Samuel 17.28 A igreja está cheia de Eliabes. Pessoas
prontas para nos julgar e fazer os seus comentários mordazes. Eliabe servia de
lixa para aprimorar o caráter de Davi.
Se fosse qualquer
outro, talvez ficaria dando justificativas ou tentando provar que seu irmão
estava errado, mas não Davi. Ele apenas o ignorou. Davi sabia com quem lutar e
quem deixar de lado. Ele não tinha tempo para perder com batalhas erradas. Nós
também precisamos lembrar que a nossa luta não é contra carne e sangue, e
sim contra principados e potestades, contra os dominadores deste mundo
tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais. Efésios
6.12. Não podemos
aceitar pequenos e inúteis confrontos com os membros de nossa família e irmãos
da igreja, por não terem a mesma opinião ou visão sobre determinadas questões.
Davi tinha um coração cheio de confiança no Senhor. Quando Eliabe e Davi viam a
mesma situação, tinham reações distintas. Enquanto Eliabe viu Golias proferir
blasfêmias com um coração esmorecido, Davi viu uma possibilidade de Deus
manifestar o seu poder. Eliabe fez uma avaliação como um soldado de guerra, o
problema exterior dominava os seus pensamentos e angustiava seu coração. Para
Davi, o soldado filisteu era um desafio para colocar a sua fé em
ação.
Davi e
Saul
A fé de Davi
sobrepunha a realidade. Andamos por fé, e não por vista. 2 Coríntios
5.7. Davi não se deteve
diante do tamanho de Golias e do poder de destruição de suas armas, mas prestou
atenção na grandeza de Deus e na oportunidade Dele ser glorificado.
Diante das diabruras
de Golias, Davi quebra todos os protocolos e resolve enfrentar o gigante. O
exército o considerou um intruso, mesmo assim, ele acabou na tenda do rei Saul.
Coitado do garoto,
dizia os cochichos dos soldados experientes de Saul. Porém, ignoravam que havia
um poder maior, ou melhor, uma Pessoa que acompanhava o pequeno pastor de
ovelhas. Davi se tornou por alguns momentos motivo de piadas e chacota, mas
somente por um momento. Saul, olhando com piedade para o moço disse: Não
podes lutar contra Golias! Sabes contra quem te levantas? Já viste o tamanho
dele? Contra o filisteu não poderás ir para pelejar; pois tu és ainda moço, ele,
guerreiro desde a sua mocidade. 1 Samuel 17.33. O problema não era apenas Golias. Para
enfrentar a batalha contra o gigante, era preciso vencer os incrédulos. Davi
reconheceu Golias como o seu próprio inimigo. Sabia que Golias era uma ameaça
para cada homem, mulher e criança da terra. Era preciso se livrar
dele.
Então, Davi explica o
motivo de sua convicção para Saul. Respondeu Davi a Saul: Teu servo
apascentava as ovelhas de seu pai; quando veio um leão ou um urso e tomou um
cordeiro do rebanho, eu saí após ele, e o feri, e livrei o cordeiro da sua boca;
levantando-se ele contra mim, agarrei-o pela barba, e o feri, e matei. O teu
servo matou tanto o leão como o urso; este incircunciso filisteu será como um
deles, porquanto afrontou os exércitos do Deus vivo. 1 Samuel
17.34-36. Davi tinha um
histórico bastante vivo dos livramentos do Senhor. É verdade que ele nunca tinha
enfrentado um guerreiro profissional, mas sabia que para Deus não interessa o
tamanho do problema, porque Ele sempre é maior. Ao enfrentar gigantes, é preciso
trazer à memória as nossas vitórias passadas. Logo perceberemos que Deus agiu de
formas surpreendentes no passado, e isso nos enche de fé para enfrentar os
nossos problemas e tribulações do presente.
Saul resolveu deixar
o garoto ir e ainda quis ajudar. Saul vestiu a Davi de sua armadura. 1
Samuel 17.38. Mas logo
Davi percebeu que a armadura só servia para o próprio Saul. Decidiu então,
enfrentar o gigante com as suas próprias armas: uma funda e um cajado. Ele tinha
plena convicção de que a vitória não dependia dos métodos de guerra, mas do
Senhor da guerra.
Davi e
Golias
Gigantes normalmente
gostam de intimidar os seus oponentes, e era isto que Golias fazia. Do outro
lado do rio, Golias esbravejou por quarenta dias: Dai-me um homem. 1
Samuel 17.10. E a
resposta não vinha. Diante de gigantes, normalmente gostamos de dar um tempo.
Quem sabe um milagre aconteça. De fato, com Deus, milagres acontecem.
Finalmente, apareceu um herói. Caminhando entre as fileiras dos soldados de
Israel, vinha Davi. Golias no primeiro momento, pensou que era uma piada. Um
jovenzinho de sandálias e vestimenta de pastor de ovelhas. Nas mãos uma pequena
funda e algumas pedras. Golias achou aquilo um insulto. Charles Swindoll,
sobre este episódio escreveu: Mas os olhos de Davi não se fixaram no gigante.
A intimidação não fazia parte da sua vida. Que homem ! Seus olhos fitavam a
Deus. Era a honra de Deus que estava em jogo. Golias tinha desafiado
os exércitos do Deus vivo. 1 Samuel 17.36. Após o gigante esbravejar, ouviu-se as
seguintes palavras do menino na arena: Saberá toda esta multidão que o
Senhor salva, não com espada, nem com lança; porque do Senhor é a guerra, ele
vos entregará nas nossas mãos. 1 Samuel 17.47. Então, o nosso herói saiu correndo em
direção ao gigante. Davi meteu a mão no alforje, e tomou dali uma pedra, e
com a funda lha atirou, e feriu o filisteu na testa; a pedra encravou-se-lhe na
testa; e ele caiu com o rosto em terra... Pelo que correu Davi, e, lançando-se
sobre o filisteu, tomou-lhe a espada, e desembainhou-a, e o matou, cortando-lhe
a cabeça. 1 Samuel 17. 49 e 51. Assim, Davi conquistou a vitória para todo
o povo de Israel.
Este era o segredo da vida de Davi:
Porque do Senhor é a guerra. A vitória de Davi sobre o gigante
aponta para a vitória de Jesus Cristo. Jesus sozinho, por meio de sua morte e
ressurreição, trouxe vitória ao povo de Deus. Ele foi o nosso representante
frente a Satanás, e venceu acertando-lhe a cabeça. Cumpriu-se a profecia:
Este te ferirá a cabeça. Gênesis 3.15. À semelhança de Davi, a arma de Jesus foi
uma tosca cruz. Por meio dela, Jesus Cristo pôs fim ao nosso velho homem, ao
domínio de Satanás e da influência deste mundo em nossas vidas. O nosso coração
foi trocado para ser cheio de fé e confiança no Senhor Jesus. Por causa da
vitória de Cristo, podemos enfrentar os nossos gigantes sem medo, transformando
a nossa crença passiva em uma fé ativa, crendo que todas as nossas batalhas, na
verdade, são batalhas do Senhor. Em todas estas coisas somos mais que
vencedores, por meio daquele que nos amou. Romanos
8.37.
Soli Deo Glória. |
QUAL É A IDENTIDADE DE SUA FAMÍLIA?
O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros,
assim como eu vos amei...Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.
João 15:12 e 17.
Após a queda, estamos continuamente expostos e suscetíveis aos
valores e regras ditados pelo mundo em que vivemos que é movido pela aparência.
Somos valorizados, avaliados e identificados pelo que fazemos, e também pelo que
temos, pelas roupas que vestimos, pelo carro que dirigimos, (que muitas vezes
ainda não é nosso) pela casa onde moramos, pelo nosso sobrenome, a cor da nossa
pele, etc.
Essa forte influência do mundo pode levar-nos a transportar
valores seculares para dentro da Igreja. Muitas vezes identificamos a nós mesmos
como cristãos e aos outros como "outros". Somos fortemente tentados a
individualizar as pessoas e separá-los em grupos. Ex. Pessoas que "não fazem
certas coisas" ou como pessoas que "fazem certas coisas." Eu não fumo, não bebo,
etc.... Como se os únicos pecados fossem esses, ou, como se esses fossem os mais
"graves". Eu leio a Bíblia, vou ao culto, entrego o dízimo... Como se somente
isso bastasse para se delinear a identidade do cristão, ou, como se essas
práticas fossem as "mais importantes" no Reino de Deus.
Somos levados a crer que somos o que fazemos ou o que temos.
Por que é assim?
Antes de responder à pergunta, podemos afirmar que nem sempre
isso ocorreu, no princípio, o projeto de Deus era perfeito e toda criação tinha
um propósito bem definido. Senão vejamos: "O valor intrínseco do ser
humano. O ser humano é distinto do restante da criação. O Conselho Divino
e Triúno determinou que o ser humano deveria ter a imagem e a semelhança de
Deus. O homem é um ser espiritual, que não é apenas corpo, mas também alma e
espírito. Ele é um ser moral, cuja inteligência, percepção e autodeterminação
excedem em muito os de qualquer outro ser terreno."
Especificamente em relação ao homem, desde o início, a vontade
do Senhor Deus era para que o homem tivesse as mesmas características da
Trindade, semelhantes em corpo, alma e espírito.
"Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a
nossa semelhança...Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o
criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos,
multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar,
sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra."
Gn.1:26.a,27,28.
Aprendemos nas Escrituras, que não aparecemos ao acaso e sem
propósito. Fomos criados à imagem do Criador para que agíssemos segundo a
identidade daquele que nos criou à sua semelhança, à sua aparência e, com o
propósito de sujeitar a terra, ou seja, governar o restante da criação. Não o de
sermos governados por ela.
Não podemos esquecer que o homem = raça humana faz parte da
criação, e quando constatamos que o principal governo do coração do homem é o
próprio homem, concluímos que estamos vivendo totalmente fora dos propósitos de
Deus.
Não estamos falando de governo como estado de direito, de
organização institucional válida, legítima e necessária para a vida em
sociedade, mas estamos falando de viver a vida em função das aparências,
considerando que: o que o "outro" pensa a nosso respeito é mais importante do
que o que o propósito de Deus para nossa vida. Não podemos olvidar que o homem
vê somente as aparências, mas somente Deus vê o coração. É mais ou menos assim:
Eu faço o que não me agrada, para ganhar um dinheiro que não preciso, para
comprar coisas que não quero, para mostrar para quem não gosto.
"O domínio delegado ao ser humano.
Ao criar o ser
humano, o Soberano do universo elege delegar ao ser humano o domínio sobre a
terra (v.28). O poder e a autoridade do ser humano para o exercício deste
governo têm a sua origem no desejo de Deus de fazer o ser humano à sua própria
imagem e semelhança. A habilidade do ser humano para manter o seu papel como
governador da terra repousará na sua obediência continua ao governo de Deus como
o rei de tudo. O seu poder para reinar apenas na vida irá até onde vai a sua
fidelidade em obedecer à lei de Deus"
Não temos duas vidas: uma para ser vivida no mundo e outra para
ser vivida no espírito. "Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra
e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente."
Gn.2:7. Um monte de pó da terra não é nada senão um "monte", mas, a partir
do momento da aproximação do Criador, que "lhe soprou nas narinas o fôlego de
vida", há uma transformação radical: no pó foi imputada a vida vinda de Deus e o
homem passou a ser "alma vivente". O que antes era nada, sem vida e sem alma,
passou a ser o homem, com alma e vida.
A intenção inicial de Deus era criar um ser semelhante a Ele
para se relacionar e expressar Seu amor. Infelizmente a queda destruiu e
contaminou toda a criação de forma grotesca! Colocado fora da presença de Deus,
o homem, distante e separado pelo pecado, começou a procurar a sua identidade em
outro homem e não em seu Criador.
A boa notícia é que Ele enviou o Seu filho para que pudéssemos
olhar e nos espelhar Nele! Quando o evangelho entra na vida de uma pessoa a
Palavra diz que somos iluminados. "Ele nos libertou do império das trevas e
nos transportou para o reino do filho do seu amor, no qual temos a redenção, a
remissão dos pecados. Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a
criação. Cl 1:13-15. Deus esta nos dizendo : Olha vou tirar você de onde não
há nada para ver e trazer você para a luz, que é o meu Filho e mostrar a você
por meio Dele quem Eu Sou! Caminhem na vida olhando para Ele, como nos aconselha
Paulo. "Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa
faço: esquecendo das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante
de mim estão, prossigo para o alvo, para o premio da soberana vocação de Deus em
Cristo Jesus. Todos, pois, que somos perfeitos, tenhamos este sentimento; e, se,
porventura, pensais doutro modo, também isto Deus vos esclarecerá. Todavia,
andemos de acordo com o que já alcançamos. "Fp 3:13-16
A sua identidade e a da sua família será construída em Cristo
se andarmos em comunhão com Ele. Jesus nos diz em Jo 15:5 "Eu sou a videira,
vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque
sem mim nada podeis fazer." Não precisaremos nos preocupar com o que estamos
fazendo mas somente em permanecer em Cristo.
Criar uma identidade familiar cristã exige de nós uma escolha.
Escolher amar a Deus acima de todas as coisas, interesses e pessoas! Parece
óbvio para os cristãos confessar este amor, mas na vida diária fica claro que
seus valores e interesses estão voltados para os interesses terrenos e não os
celestiais. Ouvem a Palavra, mas não as põem em pratica como diz em Ezequiel
33-30-32. "Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo falam de ti
junto aos muros e nas portas das casas; fala um com o outro, cada um a seu
irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e ouvi qual é a palavra que procede do Senhor.
Eles vêm a ti, como o povo costuma vir, e se assentam diante de ti como meu
povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois, com a boca,
professam muito amor, mas o coração só ambiciona lucro. Eis que tu és para eles
como quem canta canções de amor, que tem voz suave e tange bem; porque ouvem as
tuas palavras, mas nãos as põem por obra."
Deus separou um povo para lhes ensinar e para que este povo
refletisse o caráter Dele sendo um testemunho aos outros povos. "Eis que vos
tenho ensinado estatutos e juízos, como me mandou o Senhor, meu Deus, para que
assim façais no meio da terra que passais a possuir. Guardai-os, pois, e
cumpri-os, porque isto será a vossa sabedoria e o vosso entendimento perante os
olhos dos povos que, ouvindo todos estes estatutos, dirão: Certamente, este
grande povo é gente sábia e inteligente." Dt 4: 5 e 6
O que nos identificará como filhos de Deus, no céu, é o sangue
Cristo, e o que nos identificará na terra é o amor. "Nisto conhecerão todos
que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros." Jo 13:35
Nos Salmos 78: 3 e 4 diz: "O que ouvimos e aprendemos, o que
nos contaram nossos pais, não o encobriremos a seus filhos; contaremos à
vindoura geração os louvores do Senhor, e o seu poder, e as maravilhas que
fez." A família que tem formado sua identidade em Cristo fala das coisas
celestiais, almeja conhecer os interesses do Pai celestial.
A partir da vida de Cristo em nós, sabemos que há primeiramente
a mudança de paternidade, e, começamos a agir em obediência à vontade de nosso
Pai celestial. Não querendo fazer-nos ser aceitos pelas nossas aparências
ditadas pelo mundo, que é o reino de satanás, mas, como já fomos aceitos em
Cristo Jesus, queremos ser aceitos e conhecidos pelo desejo em fazer a vontade
de Deus. E a vontade de Deus, dita pelo Filho é: "O meu mandamento é este:
que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei...Isto vos mando: que vos
ameis uns aos outros." João 15:12 e 17.
Meus amados! Se nos amarmos uns aos outros, a começar pela
nossa casa, estaremos vivendo como verdadeiros cristãos, e colhendo os frutos
desse relacionamento. Se alguém perguntar: Qual é a identidade sua e de sua
família? A resposta não deverá ser o padrão do mundo. O nome pomposo, o endereço
valorizado, a profissão respeitada, a posição na sociedade, mas, UM AMADO DE
DEUS, REMIDO PELO SANGUE DO CORDEIRO. Aleleuia! Amém.
Soli Deo Glória.
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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
A GRAÇA QUE NOS FAZ TRABALHAR E O TRABALHAR DA GRAÇA EM NÓS
“Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e sua graça para
comigo não foi em vão; antes, trabalhei mais do que todos eles; contudo, não eu,
mas a graça de Deus comigo”. 1 Coríntios 15:10.
Os dias passam, os tempos mudam, e o que podemos perceber
quando dedicamos um pouco mais de nossa atenção à palavra de Deus, é o fato de
que, após cerca de 4000 anos de historia, tendo como base a saída do povo hebreu
do Egito, a maneira como o usurpador do trono do mundo age em relação àqueles a
quem Deus quer libertar, permanece a mesma.
Se olharmos para o texto do Êxodo capítulo 5 onde esta passagem
bíblica é relatada, descobriremos que diante da Palavra de Deus trazida por
Moisés a faraó - palavra esta que consistia de uma ordenança para que faraó
promulgasse a libertação do povo hebreu do domínio egípcio - poderemos perceber
que a resposta de faraó é sintomática. Para entendermos melhor o que estamos
querendo dizer, precisamos fazer algumas associações. No contexto bíblico, o
Egito representa o sistema escravizador do mundo. Faraó, por sua vez, tipifica
Satanás, aquele que exerce sua tirania sobre o mundo, escravizando as pessoas. E
Moisés é um tipo de Cristo, o Libertador.
Quando Moisés fala as palavras de Deus a faraó: "Depois,
foram Moisés e Arão e disseram a Faraó: Assim diz o SENHOR, Deus de Israel:
Deixa ir o meu povo, para que me celebre uma festa no deserto." Êxodo 5:1,
surge então, a resposta do que falamos no parágrafo anterior, como sendo um
sintoma daquilo que se repete ao longo da história. Faraó responde o seguinte:
"Agrave- se o serviço sobre esses homens, para que nele se apliquem e não
deem ouvidos a palavras mentirosas." Êxodo 5:9.
Não sei se você que me lê, consegue perceber o que estou
querendo dizer. Hoje em dia a situação não mudou. Quando analisamos os alicerces
que sustentam o mundo (Egito), e a maneira que o inimigo de nossas almas
(satanás), continua agindo, ainda hoje, para impedir que a palavra de libertação
e de alegria trazida pelo nosso libertador (Cristo), da parte de Deus, nos
alcance, vemos que o seu modo de agir continua o mesmo:"...Agrave- se o
serviço sobre esses homens...".
Sabemos que o arsenal do inimigo da vida é variado, não
queremos ser ingênuos e suscitar a ideia de que seja o único. Contudo, não
podemos negar que uma de suas armas mais eficientes, continua sendo o ativismo e
a sobrecarga de trabalho. Vivemos num mundo agitado, competitivo, inóspito,
violento e exaustivo. As pessoas, devido às suas intensas atividades
profissionais ou não, vivem cansadas, estressadas e nervosas. A palavra de Deus
já havia nos advertido sobre isto. "Sabe, porém, isto: nos últimos dias,
sobrevirão tempos difíceis". 2 Timóteo 3:1.
A primeira questão sobre a qual queremos refletir neste texto é
o fato de que a escravidão no mundo é a sua atmosfera. Faz parte de sua
constituição, está na forma do mundo ser mundo. Por esta razão, o trabalho é
sempre um valor no mundo, para que os escravos se sintam valorizados, ainda que
em meio aos grilhões. Quando entendemos isto, começa a fazer sentido a fala do
povo liberto a caminho da terra prometida, exaltando a terra da escravidão e
suas benesses em detrimento da liberdade, da promessa divina e do sustento dado
por Deus. “Falou o povo contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizestes
subir do Egito para morrermos no deserto? pois não há pão e não há água; e a
nossa alma tem fastio deste miserável pão”. Números 21:5.
Podemos admitir que as pessoas que vivem no mundo estão
sujeitas às regras do jogo, e por isso conseguem encontrar sentido lógico para o
mundo tal como ele é. Porem, quando somos libertos, transportados do império das
trevas para o Reino de Cristo, nossa maneira de ver todas as coisas e
valorizá-las, deve também sofrer transformações condizentes com a mudança de
reino. O que não é cabível é quando os filhos de Deus vivem no reino de seu Pai
como se vivessem no Egito, como escravos.
Mas, como pode ser isto? Isto só é possível à medida que nos
deixamos envolver pela rapidez, pelo barulho e a forma de ser do mundo, e
começamos a ter prejuízo no que diz respeito à comunhão com a palavra de Deus.
Quando isto acontece, passamos a viver pela lógica e sabedoria humanas, e não
pela fé no que Deus diz em sua palavra. “Respondeu Jesus: Não provém o vosso
erro de não saberdes as Escrituras, nem o poder de Deus”? Marcos 12:24.
O que podemos constatar, e isto dentro das Igrejas; são pessoas
sofrendo, ou que sofrerão a médio e longo prazo, por não dar ouvidos à palavra
de Deus. Vemos muitas pessoas vivendo no ambiente das igrejas, contudo, não
vivendo na dimensão do Reino de Deus. Por esta razão, continuam norteando suas
vidas com valores até bons do ponto de vista moral, mas ainda assim, valores
mundanos, que no fundo servem para exaltar o homem que faz do seu braço a sua
força, enquanto a palavra de Deus diz: “É inútil que madrugueis, que tarde
repouseis, que comais o pão de dores: aos seus amados ele o dá enquanto
dormem”. Salmos 127:2.
Mas, alguns logo poderão dizer: “Mas nós vivemos no mundo!”
Sim, é verdade que vivemos na ambiência do mundo. Mas, se somos filhos de Deus,
isto significa que não pertencemos ao mundo. Além do mais, precisamos entender
que viver na dimensão do reino de Deus, não está ligado a geografias ou a
mudanças externas e geográficas, como Jesus nos ensinou. “Dei-lhes a tua
palavra, mas o mundo os odeia, porque eles não são do mundo, como também eu não
sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas sim que os livres do mal”.
João 17:14-15.
Viver na dimensão do reino de Deus, antes, está relacionado a
uma mudança de coração, pela instrumentalidade da cruz, onde Deus arranca o
coração de pedra e coloca no lugar um coração de carne. Onde a única explicação
possível, não explica nada para os que não nasceram de novo e, portanto, não
podem ver o Reino de Deus. É uma explicação do tipo: “Eu era cego e agora vejo”.
“Dar-lhes-ei um só coração, e porei dentro deles um novo espírito; tirarei da
sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne”: Ezequiel
11:19.
Viver no reino de Deus significa ser livre do mal, para que uma
mentalidade má, que desconfia do caráter de Deus possa ser renovada por Sua
palavra. “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela
renovação da vossa mente, para que proveis qual é a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus”. Romanos 12:2. E Assim, possamos entender que, mesmo
vivendo no mundo, somos chamados a manifestar o sabor do Reino, não da pimenta,
mas do sal, que produz sede por Deus, para brilharmos como luzeiros no mundo.
Luz esta que, ao mesmo tempo em que expõe a maldade do mundo, também é um
testemunho da graça, da misericórdia e do amor de Deus, manifestado em Cristo
crucificado.
Antes que alguém pense que a intenção deste texto é fazer uma
apologia à preguiça, gostaria de contrariá-los, e desde já anunciar que o
objetivo é justamente o oposto. A intenção aqui é na verdade enfatizarmos a
importância do trabalho no projeto de Deus, e a disposição do filho de Deus em
se envolver com o trabalho de Deus e com aquilo que o Pai está fazendo, como bem
disse Jesus: "Mas ele lhes disse: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho
também". João 5:17.
Porém, o que vemos muitas vezes são pessoas fazendo do trabalho
um meio de se achegar a Deus. Só que neste caso, deus é Mamon, que exige
sacrifício e fidelidade. Sacrificamos nossa saúde, nossa família, nossos
relacionamentos, os irmãos, nossa comunhão com Deus, nosso serviço no corpo,
nosso humor. Tudo isto sem atentarmos para a armadilha em que estamos nos
metendo. O trabalho quando feito em Deus é uma dádiva, e a palavra de Deus nos
ensina que se alguém quer ficar sem trabalhar, que lhe seja suprimido toda a sua
alimentação. “Quando ainda estávamos com vocês, nós lhes ordenamos isto: se
alguém não quiser trabalhar, também não coma”. 2 Tessalonicenses 3:10.
A questão aqui, não é trabalhar ou não trabalhar. A questão
aqui é de confiança e de glória. Até que ponto a minha confiança está no meu
trabalho, e até que ponto minha confiança está em Deus? É saber se meu trabalho
é motivado por minha glória pessoal ou é motivado pela glória de Deus, como
vocação de Deus em minha vida. São estas as questões que gostaríamos de
refletir, além de propor uma mudança de mentalidade em relação ao trabalho,
concedendo ao trabalho status de dádiva, e não de sustento, base,
alicerce ou fundamento.
A questão aqui é se trabalhamos com a alma descansada, até
porque Jesus não prometeu descanso para o corpo, e sim para a alma “Venham a
mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso.
Tomem sobre vocês o meu jugo e aprendam de mim, pois sou manso e humilde de
coração, e vocês encontrarão descanso para as suas almas”. Mateus 11:28-29;
sem, contudo, negligenciarmos o fato de que o corpo também precisa de descanso,
razão pela qual Deus estipula um dia de descanso para o homem.
Por esta razão, iniciamos nosso texto com as palavras de Paulo:
“Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e sua graça para comigo não foi em
vão; antes, trabalhei mais do que todos eles; contudo, não eu, mas a Graça de
Deus comigo”. 1 Coríntios 15:10. Que percepção fantástica do trabalho, que
encontra na graça o contentamento de ser quem é, ficando livre assim da tentação
de querer ser alguém por meio daquilo que faz.
Que maravilhosa visão do Reino, que enxerga na Graça, que já
fez tudo e nos deu tudo em Cristo, a Graça encarnada, a grande motivação para
fazer o que Deus quer que façamos. Não invalidando a Graça e nem a distorcendo
como desculpa para a preguiça, antes, vendo na Graça a grande motivação para o
trabalho, e não somente a motivação, mas também como a realizadora do
trabalho.
Que possamos viver a cada dia, mesmo em um mundo agitado,
descansados em nosso Pai, fazendo parte do que Ele está fazendo, servindo os
irmãos com alegria e contentamento, como quem serve o próprio Deus, sabendo
sempre que: “Ele fortalece ao cansado e dá grande vigor ao que está sem
forças. Até os jovens se cansam e ficam exaustos, e os moços tropeçam e caem;
mas aqueles que esperam no Senhor renovam as suas forças. Voam bem alto como
águias; correm e não ficam exaustos, andam e não se cansam”. Isaías
40:29-31. Louvado seja o Pai pelo privilégio de trabalharmos, enquanto
descansamos Nele.
Soli Deo Glória.
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sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
QUIETUDE
Quietude
Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa; dele vem a
minha salvação.Salmo 62:1.
O homem moderno, muito mais do que em outras épocas, não é dono
de sua própria vida. Vive correndo contra o relógio e arrastado pela avalanche
do con- sumismo compulsivo. Os marketeiros sabem muito bem usar o arsenal
tecnológico de comunicação disponibilizado pela ciência, para tentar preencher o
nosso vazio existencial com coisas.
Além disso, esses sedutores brinquedinhos tecnológicos permitem
que estejamos “conectados”, ou seja, desfrutando de uma falsa sensação de “estar
juntos” em silêncio. É uma espécie de presença à distância, minimizando a
solidão coletiva e a nossa barulheira interior. Chamam isso de Rede Social, à
qual você pode pertencer enquanto lhe for conveniente, porquanto, para desfazer
o vínculo basta apenas um Clic.
Mas, a nossa relação com Deus se dá numa dimensão muito mais
significativa. O propósito de Deus em nos criar foi para que pudéssemos ter
Comunhão Pessoal com Ele. Acontece que, logo após a nossa queda, nos tornamos
inadequados para este propósito. Porém, a presença de Jesus neste mundo tem o
propósito de nos fazer adequados, isto é, andar com Deus, na quietude do coração
porque: nada neste mundo pode satisfazer o coração do homem a não ser Deus.
Portanto, precisamos buscar diligentemente a quietude se
quisermos ter uma vida significativa enquanto peregrinos aqui na terra. Sêneca,
velho filósofo e dramaturgo, há muitos séculos dizia que, quando saía com os
intelectuais ou se fazia acompanhar dos dramaturgos, voltava para casa exausto e
terrivelmente rouco.
Às vezes temos a mesma experiência quando estamos com as
pessoas; falamos... falamos... e falamos, somos compulsivos no falar. Qual o
remédio contra a tagarelice? Com certeza precisamos do toque da graça de Deus.
Bonhoeffer escreve: “O silêncio real, a quietude real e segurar de fato a língua
são coisas que surgem apenas como conseqüência sóbria da quietude
espiritual.”
Relata-se que Domingo de Guzmán visitou Francisco de Assis e
que, no transcorrer do encontro, nenhum dos dois falou uma palavra sequer.
Somente depois de aprender a ficar verdadeiramente quietos é que seremos capazes
de falar ao mundo.
Catherine de Haeck Doherty escreve: “Tudo em mim está
silencioso ... estou imersa no silêncio de Deus.” É na quietude que
experimentamos o “silêncio de Deus”, e no silêncio de Deus ouviremos a Sua voz.
Quietude em que, o espírito está pronto para ouvir Deus e estabelecer comunhão
com Ele.
Se quisermos ter uma vida significativa nos relacionamentos
precisamos da quietude do “quarto”: Tu, porém, quando orares, entra no
teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai,
que vê em secreto, te recompensará. Mateus 6:6.
É muito importante que tenhamos a consciência da presença do
Pai - que Ele nos vê e nos ouve. E que, quando abrirmos a porta e “sairmos” do
“quarto”, na alegria daquela presença - alegria esta que ninguém pode tirá-la -
outros possam ser contagiados por essa alegria: Tenho-vos dito isto, para que
o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo. João 15:11.
É na quietude e no silêncio do coração que os significados
ocultos das Escrituras se revelarão. É na quietude do coração que aprendemos a
ouvir Deus, e a Sua fala é sempre nos convidando para descansar: Vinde a mim,
todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Mateus
11:28.
Aquietar e permanecer em silêncio diante de Deus é ter a
capacidade de “ver” e ouvir. Há,sem dúvida, muitos tipos de vozes no mundo, por
esta razão, precisamos nos aquietar em Sua presença para discernirmos de onde
vem aquela voz.
Mas, você pode se perguntar: por que necessito tanto ouvir
Deus? A resposta pode ser simplória, mas a necessidade de se ouvir Deus, é
porque precisamos conhecê-Lo como um filho que precisa conhecer seu pai. Esse
conhecimento só acontece por meio de um relacionamento no qual um fala e o outro
escuta. Para ouvir é necessário estar calado, quieto, em silêncio.
Muitas são as razões porque não gostamos da quietude ou do
silêncio. Uma delas é que o silêncio nos faz sentir desamparados e podemos até
mesmo pensar que é perda de tempo. Outra razão é que, quando falamos, nos
sentimos no controle da situação. Porque, se ficarmos em silêncio, quem assumirá
o controle? Muitas vezes usamos a nossa fala como meio de manipulação. Ao
contrário daquele que se mantém em silêncio, o falador sugere que está
confiante.
O silêncio pode ser sinônimo do que João da Cruz chamou de
“noite escura da alma”. Segundo ele, a noite escura tem como propósito nos levar
às delícias de amor com o Amado. Ele chama isso de graça, e acrescenta: “Oh
noite que me guiaste, oh! Noite mais amável que a alvorada; oh! Noite que
juntaste Amado com amada, Amada já no Amado transformada!”
Aqui vemos a nossa união com Deus em Cristo. Deus nos atraiu
para Si e quer nos conduzir para a “sala do banquete”. Fomos unidos em Cristo e
levados para a Sua intimidade: Leva-me tu, correremos após ti. O rei me
introduziu nas suas recâmaras. Em ti nos regozijaremos e nos alegraremos; do teu
amor nos lembraremos, mais do que do vinho; os retos te amam. Cantares
1:4
O que vem após a experiência de morte? Vem o convite. O Senhor
Jesus como Rei nos convida para a Sua intimidade - “O rei me introduziu nas suas
recâmaras”. É aqui que em silêncio desfrutaremos de Sua presença. É neste lugar
que em silêncio contemplaremos o Rei da glória.
Estamos falando daquilo que Tomás Kempis chama de uma “amizade
familiar com Jesus”. Nosso amigo que é visto pelos olhos da fé. O Amigo de fato
de nossas almas. Que privilégio sermos chamados Seus amigos! Já vos não
chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos
chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.
João 15:15
A amizade com Deus é a amizade de um filho com o pai. Assim
como um filho passa a ter diariamente um relacionamento mais íntimo com o pai,
podemos estreitar nosso amor por Deus, ampliando Seus interesses, tendo Seus
pensamentos e compartilhando de Suas iniciativas. Uma grande amizade requer
crescimento, amigos devem andar juntos.
Tenho-vos chamado amigos. Quão profundamente essas
palavras expõem o segredo da vida de Cristo na terra, e de Sua vida, agora, em
nós. Estar a sós com Ele é uma das maiores bênçãos da vida, pois Ele vive em nós
pelo Espírito Santo e nos revela e partilha conosco o significado da Palavra
“sozinho com Ele”.
Sozinho com Ele na quietude, ouvindo a Sua voz. Que maravilhoso
e inacreditável privilégio poder ouvir a Sua voz, e também nos expor por
completo a Ele! Ouço a voz do meu Amado; ei-lo galgando os montes, pulando
sobre os outeiros. Cantares 2:8. Voz que vem acompanhada de boas novas.
Temos a maior das bem-aventuranças quando na quietude ouvimos a
voz de Deus. Não somente uma voz, mas uma voz reveladora. É a voz da
“ressurreição” quando tudo era “morte”. É a voz do “não temas” quando não havia
nenhuma saída, quando tudo era pavor, dizendo: “nunca te deixarei e nunca te
desampararei”.
Na psicanálise foi Freud quem revelou o imenso poder do
silêncio. Há um momento em que a pessoa sente o terrível peso do silencio.
Anseia que o médico lhe diga alguma coisa. Para Paul Tournier ( 1898-1986),
médico e conselheiro cristão, questionado sobre como ajudar a outros em suas
dificuldades, ele disse:“Não tenho condições de saber qual a vontade de Deus
para outra pessoa. Mesmo na psicanálise, os médicos preferem que seus pacientes
façam suas descobertas. Se ele começa a dar sugestões, quase sempre os pacientes
acabam errando o caminho.”
Escreve Thomas à Kempis, “A pessoa que deseja viver uma vida
significativa precisa deixar a “multidão” e passar mais tempo com Jesus. Porque
em tempo de quietude tiramos o “mundo” dos ombros e suspendemos a necessidade de
dominar e controlar todos e tudo.” Alguém disse para Richard Foster, com grande
alivio: “De agora em diante, demito-me de ser o executivo do universo.”
Quando lemos os Evangelhos, com freqüência vemos Jesus se
retirando da multidão para um lugar ermo para ficar a sós com Seu Pai. E,
despedidas as multidões, subiu ao monte, a fim de orar sozinho. Em caindo a
tarde, lá estava Ele, só. Mateus 14:23. Antes mesmo de escolher os 12
discípulos, o nosso Senhor orou: Naqueles dias retirou-se para o monte a fim
de orar, e passou a noite orando a Deus. Lucas 6:12.
Estar a sós com Deus na quietude do coração não é uma opção, é
uma necessidade do cristão. Se tivermos a consciência de que nada podemos e que,
em nós, não há força, descobriremos que o caminho da quietude é o lugar mais
adequado.
Certa vez o irmão Lawrence foi interrogado por um dos homens
que fazia parte de sua comunidade, sobre seus métodos para chegar à intimidade
com Deus. Ele respondeu: “Desde a minha chegada ao mosteiro considerei Deus como
o objetivo de todos os meus pensamentos e desejos... Procurei sempre ter uma
consciência da presença de Deus... (...)... Quando começava meu trabalho, sempre
dizia a Deus, com a confiança de um filho: “Oh, meu Deus, desde que está comigo
e que devo agora, em obediência a Tua palavra, dedicar a Ti o que estou
fazendo... (...)... Peço-Te que me concedas a graça para continuar em Tua
presença. Para isso, faze-me próspero por meio de Tua assistência.”
Estar a sós com Jesus é também desejar ser parecido com Ele.
Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de Seu Filho Jesus Cristo
nosso Senhor. I Coríntios 1:9.
Ser chamado para andar com Jesus não é um privilégio de alguns,
esse chamado é para todos os filhos de Deus. O homem foi criado simplesmente
para viver para Deus e, nessa caminhada, permitir que Cristo seja revelado em
todo o seu viver.
Deus Pai anela comunicar ao homem a grandeza do Seu amor,
comunicar-lhe Sua bondade e Sua graça. Não podemos pensar na salvação como um
escape do inferno e nem tão pouco pela beleza do céu. Precisamos da revelação da
parte de Deus de que, o nosso chamado vai além de nos livrar do inferno e nos
levar para o céu. O supremo chamado de Deus é para que o conheçamos na revelação
de Seu Filho.
O projeto de Deus em nós restaurar ao estado que nos
encontrávamos é para andarmos com Ele. Que Deus pela Sua infinita graça nos
cative para isto. Amém.
Soli Deo Glória.
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