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FÉ REFORMADA
O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
sábado, 21 de junho de 2014
A COMPAIXÃO DE CRISTO OU A ESPADA DO EGO
quarta-feira, 18 de junho de 2014
O CAMINHO DA ADORAÇÃO: A ADORAÇÃO NA HUMILHAÇÃO
Recordar-te-ás de todo o caminho pelo qual o SENHOR, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias ou não os seus mandamentos.Deuteronômio 8:2
Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.Mateus 5.3
O caminho da Adoração nos conduz por lugares não muito agradáveis à natureza humana que, pelo medo da dor, não queremos percorrer. A natureza humana rejeita qualquer tipo de ação que tenha por objetivo tirar sua autoconfiança, algo de valor que pensa ter em si mesmo.
O povo de Israel foi por Deus tirado do Egito, onde por mais de 400 anos viveu como escravo, sob opressão. Deus então faz uma aliança com Israel e promete ter o povo como propriedade exclusiva Sua, de ser o seu Deus abençoador, amoroso e misericordioso. Yahweh libertou o povo do Egito, mas o povo ainda não havia sido liberto de si mesmo. Havia soberba no coração que precisava ser exposta para que entendessem a profundidade e a amplitude da separação que tinham de Deus assim como a profundidade e a amplitude do amor de Deus por eles. No deserto Deus provou e humilhou a Israel para saber/mostrar o que estava em seu coração.
Segundo a Enciclopédia Wikipédia, “humilhação é literalmente o ato de ser tornado humilde, ou diminuído de posição ou prestígio”. A humilhação não é geralmente uma experiência agradável, visto que diminui o ego. A humilhação não precisa envolver outra pessoa; ela pode ser um reconhecimento da própria posição de alguém, e pode ser um modo de lançar fora o falso orgulho.
O século XVIII foi chamado de século de luzes. O Iluminismo, que já estava surgindo desde o fim da Idade Média, foi baseado nas ideias de filósofos da época tais como: Francis Bacon, René Descartes, Isaac Newton (cientista), Thomas Hobbes, John Locke e Benedito Espinosa. As questões mais debatidas nessa época foram o racionalismo, empirismo, a lei natural e ainda, o liberalismo, direitos naturais e democracia. Afirmava-se que a razão é capaz de produzir evolução e progresso sendo o homem um ser perfectível. “O homem é o centro do Universo”.
René Descartes disse: “só se pode dizer daquilo que for provado”. No Discurso do Método, Descartes cunhou a frase Cogito ergo sum – penso, logo existo – a afirmação da fé no poder da razão humana. Filósofos e economistas procuraram novas maneiras de dar felicidade ao homem. O princípio organizador da sociedade deveria ser a busca da felicidade; ao governo caberia garantir direitos naturais: a liberdade individual e a livre posse de bens. Para encontrar Deus, bastaria levar uma vida piedosa e virtuosa. Nesse período há um grande interesse pelas artes, pois elas revelam o que o homem tem de “melhor” em si. O doutor David Martyn Lloyd-Jones, teólogo protestante do século XX disse: “Por toda a parte manifesta-se essa trágica confiança no poder do conhecimento e da esmerada educação como tais, como se fossem meios de salvação do ser humano, meios capazes de transformá-lo e torná-lo um indivíduo decente”.
Mesmo em deplorável situação o orgulho faz com que o homem não se dobre e clame por misericórdia. O intolerável egocentrismo alavanca o pensamento positivo para a altivez, de tal modo que prefere executar o Harakiri do código de honra do Samurai, de que ser liberto pela misericórdia. O Iluminismo, chamado de Era da Razão, colocou o homem numa posição de exaltação, contrária à que o Deus encarnado, Jesus Cristo, assumiu. O homem por natureza não quer ser humilde e quando quer mostrar por si só algo diferente, oculta o real desejo de ser exaltado.
Vemos na Palavra de Deus que não é possível ser humilde sem humilhação. Jesus Cristo disse em Mateus 5.3 Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus. Temos nesta verdade alguma coisa que o mundo não somente não admira como também despreza. Pelo contrário, a autodependência, autoconfiança e auto-expressão controlam os aspectos da vida fora da pessoa de Cristo. Friedrich Wilhelm Nietzsche, um filósofo do século XIX, filho de família Luterana, coloca a humilhação como um jogo político religioso repressor. Ele não entendeu que a religião não humilha, mas exalta o ego. A religião escraviza e subjuga o homem na sua própria ambição, por isso quando a Igreja falhou em libertar o homem, esse buscou sua libertação na Razão. Então Nietzsche disse “Deus morreu”. Sim, se o seu deus morreu o homem precisa se virar sozinho! Se Deus não é o centro de todas as coisas, o homem será o centro de todas as coisas, adorado e exaltado. Esse é o pensamento filosófico Iluminista antropocêntrico. Protágoras de Abdera - (Abdera, 480 a.C. - Sicília, 410 a.C.) foi um filósofo da Grécia Antiga, responsável por cunhar a frase: "O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são."
Entretanto, contrariando a arrogância iluminista, a Palavra de Deus afirma: Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Filipenses 2.5-8. Os judeus esperavam um Salvador exaltado e não humilhado. A religião sem nenhum Salvador insultado e humilhado não suportará insultos e humilhação. A religião está destinada a tentar realizar a impossível tarefa de defender uma honra sem a humilhação da morte de Cruz. Mas, ser cristão significa que os seguidores de Cristo devem ser desejosos de ter a “participação dos seus sofrimentos, conformando-se a Ele na sua morte” (Filipenses 3:10)
Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado. Mateus 23.12. Porém a humilhação de Cristo tem sido sutilmente rejeitada pela igreja contemporânea. A “humildade de espírito” não é popular nem mesmo dentro da igreja. No entanto, o Caminho da Adoração começa quando somos solapados pelo fracasso do desempenho de nossa vida. Deus sabe o que está no meu e no teu coração e precisa nos expor para nos rendermos a sua Justiça. Somente podemos ser cheios do Espírito de gratidão e louvor ao Senhor, se somos esvaziados da arrogância, do senso de direito da justiça própria. Queremos nossos direitos, nossas vontades realizadas, o nosso EU no trono. Enquanto o EU estiver no trono, é o EU que será adorado e não o Senhor Jesus Cristo.
O que significa ser “humilde de espírito”? Ser “humilde de espírito” não significa ser retraído ou covarde. Também não significa reprimir sua verdadeira personalidade, fazendo coisas para parecer humilde. A falsa humildade se revela no desejo de exaltação pessoal, mascarada pela modéstia. Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não sejais sábios aos vossos próprios olhos. Romanos 12:16. Humilhação é ser categorizado abaixo de outros que são honrados ou recompensados. Que tipo de sentimento cresce em nosso coração quando isto acontece conosco? Que tipo de sentimento temos quando isso acontece com os outros? Se tivermos a perspectiva da Cruz, veremos que ser humilhado e tratado por Deus produz posterior honra e também glórias a Deus, mas se veladamente alimentamos o desejo de exaltação, estamos no centro e Deus não está sendo glorificado.
Não há humildade sem humilhação. A humildade autêntica parte do coração tratado pela Cruz; parte da convicção íntima e profunda da própria insignificância diante de Deus. Enquanto Jesus se humilhou, esquecendo sua dignidade de Filho de Deus, o homem, para ser humilde, deve considerar o que é: criatura subsistente não por virtude própria, mas somente pela graça de Deus. Criatura que, por causa do pecado, se tornou um miserável moral. Só a graça proveniente da humilhação de Cristo pode tornar-nos humildes de espírito.
O deserto é algo inevitável quando Deus trata com a motivação do nosso coração. Enquanto resistirmos ao trato de Deus, mais doloroso será o tratamento. Quanto mais obstinado for o nosso coração, maior será a aflição. João Batista entendeu que embora sendo o enviado por Deus para anunciar a vinda do Senhor Jesus Cristo, não deveria se gabar disso. O qual vem após mim, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias. João 1:27. O verdadeiro adorador é conduzido pelo Pai amoroso no mesmo caminho percorrido por Jesus. O caminho da adoração é o caminho do esvaziamento (Fp 2.7), da humilhação (Fp 2.8), de quebrantamento e da exaltação divina (Fp 2.9).
Não somos capazes de produzir humildade. Humilhai-vos (ou seja, tenha uma correta visão de si mesmo a partir de Cristo), portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte. 1 Pedro 5:6.Somente um coração quebrantado que clama ao Senhor reconhecendo sua indignidade, pode ser feito humilde.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Mateus 11:29. Se o meu Jesus deixou-se humilhar se fazendo homem e assumindo o meu pecado; logo Ele que tinha todas as prerrogativas para não aceitar tal humilhação, por que eu, que creio ser um cristão, tento defender a todo custo minha reputação?
Compartilho os versos de Lloyd-Jones:“Nada trago em minha mão. Só na tua cruz me agarro. Vazio, desamparado, nu e vil. Entretanto, Ele é o Todo-suficiente – Sim, tudo quanto me falta em Ti encontro. Oh, Cordeiro de Deus venho a Ti”. Somente quando chegamos ao fim de nós mesmos, podemos nos prostrar e adorar ao Cordeiro, o único digno de toda adoração.
Soli Deo Glória
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terça-feira, 17 de junho de 2014
NATUREZA TERRENA E VELHO HOMEM
segunda-feira, 16 de junho de 2014
OS PURITANOS E O QUARTO MANDAMENTO
Por J.I. Packer
O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado. (Mc 2:27)
Neste ponto, os puritanos iam à frente dos reformadores. Estes últimos tinham seguido Agostinho e o ensino medieval em geral, negando que o domingo fosse, em qualquer sentido, um dia de descanso. Eles afiançavam que o sábado, prescrito pelo quarto mandamento, era um mandamento tipicamente judaico, prefiguração do “descanso” da relação da graça-fé com Cristo.
Eis a explicação de Calvino:
Neste ponto, os puritanos iam à frente dos reformadores. Estes últimos tinham seguido Agostinho e o ensino medieval em geral, negando que o domingo fosse, em qualquer sentido, um dia de descanso. Eles afiançavam que o sábado, prescrito pelo quarto mandamento, era um mandamento tipicamente judaico, prefiguração do “descanso” da relação da graça-fé com Cristo.
Eis a explicação de Calvino:
“...é extremamente apta a analogia entre o sinal externo e a realidade simbolizada, visto que a nossa santificação consiste na mortificação de nossa própria vontade... Devemos desistir de todos os atos de nossa própria mente a fim de que, operando Deus em nós, possamos descansar nEle, conforme ensina o apóstolo (Hb.3:13;4:3,9). Mas agora que Cristo já veio, o tipo foi cancelado, e seria um erro perpetuá-lo, tal como seria um equívoco continuar a oferecer os sacrifícios levíticos.”
Calvino apelava aqui para Colossenses 2:16, que ele interpretava como alusão ao dia semanal de descanso. Ele admitia que, além e acima de sua significação típica, o quarto mandamento também ensina o princípio que deve haver adoração pública e privada, além de servir de dia de descanso para os servos e empregados, pelo que a plena interpretação cristã seria:
Primeiro, por toda a nossa vida podemos ter por alvo um descanso constante de nossas próprias obras, a fim de que o Senhor possa operar em nós por meio do Seu Santo Espírito; segundo, cada indivíduo deveria se exercitar com diligência em meditação devota nas obras de Deus, e... todos devem observar a ordem legal determinada pela Igreja para que se ouça a Palavra, administrando as ordenanças e a oração pública; terceiro, devemos evitar oprimir àqueles que nos estiveram sujeitos.
Mas Calvino falava como se isso fosse tudo quanto aquele mandamento agora prescreve, nada encontrando no mesmo, em seu sentido cristão, que proíba trabalho ou diversão no domingo, com prejuízo do tempo de culto. A maior parte dos reformadores falava no mesmo tom. O que há de notável é que suas declarações, em outros contextos, mostram que “os reformadores, como um grupo, defendiam a autoridade divina e a obrigação de se observar o quarto mandamento, requerendo que um dia em cada sete fosse empregado na adoração e serviço de Deus, admitindo somente as obras de necessidade e de misericórdia, em favor dos pobres e aflitos”. É um quebra cabeça, porém, porque eles nunca perceberam a incoerência entre afirmar isso, em termos gerais, ao mesmo tempo em que defendiam a exegese de Agostinho sobre o domingo cristão. Podemos apenas supor que isso se deve ao fato que não queriam entreter a idéia de que Agostinho poderia estar enganado, razão que os cegava para o fato que estavam montando dois cavalos ao mesmo tempo.
Os puritanos, contudo, corrigiram essa incoerência. Eles insistiam, de forma virtualmente unânime que, embora os reformadores estivessem certos ao enxergarem apenas um sentido típico e temporário em algumas das prescrições detalhadas no sábado judaico, contudo, eles também percebiam o princípio de um dia de descanso, para efeito de adoração pública e privada a Deus, no fim de cada seis dias de trabalho, como uma lei da criação, estabelecida em benefício do homem, e, portanto, obrigatória para o homem, enquanto ele viver neste mundo. Também destacavam que, figurando entre nove leis indubitavelmente morais e permanentes do decálogo, o quarto mandamento dificilmente teria uma natureza apenas típica e temporária.
De fato, eles viam esse mandamento como parte integral da primeira tábua da lei, que aborda sistematicamente a questão da adoração: “O primeiro mandamento fixa o objetivo, o segundo, o meio, o terceiro, a maneira, e o quarto, o tempo”. Também observaram que o quarto mandamento começa com as palavras “lembra-te...”. E isso nos faz recuar até antes da instituição mosaica. Observaram que o trecho de Gênesis 2:1 ss. representa o sétimo dia de descanso como o próprio descanso de Deus, terminada a criação, e que a sanção atrelada ao quarto mandamento, em Êxodo 20:8 ss., olha de volta para aquele fato, retratando o dia como um memorial semanal da criação, “para ser observado para a glória do Criador, como dever que temos de servi-Lo, e como um encorajamento para confiarmos naquele que criou os céus e a terra. Por meio da santificação do sábado, os judeus declaravam que eles adoravam ao Deus que criou a terra...”. Assim falou Matthew Henry, exegeta de um período posterior aos puritanos, mas que os representou em sua própria época ao comentar sobre Êxodo 20:11. Henry também frisou que o mandamento afirma que Deus santificou o sétimo dia (ou seja, apropriou-o para Si mesmo) e o abençoou (isto é, “injetou bênçãos no mesmo, encorajando-nos a esperar bênçãos da parte Dele, na observância religiosa daquele dia”); e também frisou que Cristo, embora tivesse reinterpretado a lei sobre o sábado, não o cancelou, mas antes, firmou-o, observando-o Ele mesmo, e mostrando que esperava que seus discípulos continuassem a observá-lo (cf. Mt.24:20).
Tudo isso, argumentavam os puritanos, mostra que o descanso do sétimo dia, era mais que um mandamento judaico; antes, era um memorial da criação, parte da lei moral (primeira tábua que prescreve a adoração apropriada ao Criador), e, como tal, era perpetuamente obrigatória para todos os homens. Assim, quando o Novo Testamento diz-nos que os cristãos se reuniam para adorar no primeiro dia da semana (ver Atos 20:7; cf. I Co.16:1), guardando aquele dia como “o dia do Senhor” (Ap.1:10), isso só pode significar uma coisa: por preceito apostólico, e, provavelmente, de fato, por injunção dominical durante os quarenta dias antes da ascensão, esse tornara-se o dia em que os homens, doravante, deveriam guardar o dia de descanso prescrito pelo quarto mandamento. Os puritanos notavam que essa mudança, do sétimo dia da semana (o dia que assinalara o fim da antiga criação) para o primeiro (o dia da ressurreição de Cristo, que assinala o início da nova criação), não excluía pelas palavras do quarto mandamento, meramente determina que “devemos descansar e guardar, como descanso, cada sétimo dia... mas... de modo algum determina onde deve começar a sequência de dias... Não há no quarto mandamento, qualquer orientação sobre como computar o tempo...”. Portanto, coisa alguma impede-nos de supor que o Novo Testamento parece requerer que foram os apóstolos que fizeram a alteração. Nesse caso, tornara-se claro que a condenação (em Cl.2:16) do sabatismo judaico nada tem a ver com a observância do dia do Senhor. Essas, em esboço, eram as considerações feitas pelos puritanos, com base na doutrina do dia do Senhor, a qual é bem sintetizada na Confissão de Fé de Westminster (XXI: vii-viii):
Tudo isso, argumentavam os puritanos, mostra que o descanso do sétimo dia, era mais que um mandamento judaico; antes, era um memorial da criação, parte da lei moral (primeira tábua que prescreve a adoração apropriada ao Criador), e, como tal, era perpetuamente obrigatória para todos os homens. Assim, quando o Novo Testamento diz-nos que os cristãos se reuniam para adorar no primeiro dia da semana (ver Atos 20:7; cf. I Co.16:1), guardando aquele dia como “o dia do Senhor” (Ap.1:10), isso só pode significar uma coisa: por preceito apostólico, e, provavelmente, de fato, por injunção dominical durante os quarenta dias antes da ascensão, esse tornara-se o dia em que os homens, doravante, deveriam guardar o dia de descanso prescrito pelo quarto mandamento. Os puritanos notavam que essa mudança, do sétimo dia da semana (o dia que assinalara o fim da antiga criação) para o primeiro (o dia da ressurreição de Cristo, que assinala o início da nova criação), não excluía pelas palavras do quarto mandamento, meramente determina que “devemos descansar e guardar, como descanso, cada sétimo dia... mas... de modo algum determina onde deve começar a sequência de dias... Não há no quarto mandamento, qualquer orientação sobre como computar o tempo...”. Portanto, coisa alguma impede-nos de supor que o Novo Testamento parece requerer que foram os apóstolos que fizeram a alteração. Nesse caso, tornara-se claro que a condenação (em Cl.2:16) do sabatismo judaico nada tem a ver com a observância do dia do Senhor. Essas, em esboço, eram as considerações feitas pelos puritanos, com base na doutrina do dia do Senhor, a qual é bem sintetizada na Confissão de Fé de Westminster (XXI: vii-viii):
vii. Como é lei da natureza que, em geral, uma devida proporção do tempo seja destinada ao culto de Deus, assim também em sua palavra, por um preceito positivo, moral e perpétuo, preceito que obriga a todos os homens em todos os séculos, Deus designou particularmente um dia em sete para ser um sábado (descanso) santificado por Ele; desde o princípio do mundo, até a ressurreição de Cristo, esse dia foi o último da semana; e desde a ressurreição de Cristo foi mudado para o primeiro dia da semana, dia que na Escritura é chamado Domingo, ou dia do Senhor, e que há de continuar até ao fim do mundo como o sábado cristão. Ref. Ex. 20:8-11; Gen. 2:3; I Cor. 16:1-2; At. 20:7; Apoc.1:10; Mat. 5: 17-18
viii. Este sábado é santificado ao Senhor quando os homens, tendo devidamente preparado os seus corações e de antemão ordenado os seus negócios ordinários, não só guardam, durante todo o dia, um santo descanso das suas próprias obras, palavras e pensamentos a respeito dos seus empregos seculares e das suas recreações, mas também ocupam todo o tempo em exercícios públicos e particulares de culto e nos deveres de necessidade e misericórdia. Ref. Ex. 16:23-26,29:30, e 31:15-16; Isa.58:13.
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domingo, 15 de junho de 2014
A CRUZ E A FRUTIFICAÇÃO
sexta-feira, 13 de junho de 2014
O PESCADOR DE ALMAS
Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. João 12:24.
Quando o Senhor nos pescou, Ele nos pescou pela Sua palavra. A palavra é a isca de Deus para pescar homens. Agora, aquele que foi capturado pelo Senhor, foi capturado para pescar outros peixes. Não pescamos para nós mesmos, mas para Cristo. O alvo do pescador é pescar o peixe, não pra si, mas para o Senhor.
Os discípulos do Senhor precisam saber: paraque foram salvos e de que maneira foram salvos. Este é o fundamento dos pescadores de homens. Os discípulos aprendem que eram pecadores e que o pecado os afastou de Deus. Mas, agora, foram reconciliados mediante a morte de Jesus.
Por causa do pecado o céu se fechou para nós. O pecado não só danificou o homem, como também o universo inteiro. O pecado não só nos separou de Deus, como também separou o céu da terra. As melhores filosofias jamais abrirão os céus para o homem entrar.
A mensagem a ser pregada é a mensagem que nos foi anunciada: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo!” (João 1:29). Antes de nos tornamos pescadores de homens, devemos conhecer o Pescador e a mensagem a ser pregada. Muitos têm pressa para cumprir o Ide, mas fogem do chamado para vir: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Mateus 16:24.
Depois de irmos a Ele, a nossa vida por inteiro passa a ser o resultado de um milagre de substituição - da vida velha para uma Nova vida. Agora temos uma verdadeira historia para contar. A Cruz pôs fim na velha vida. A nossa historia antiga foi para a Cruz. Uma nova historia começou a ser escrita em nós.
O Espírito Santo bordará em cada filho de Deus a beleza de Cristo. Ele escreverá a biografia de Cristo em nossas vidas. Toda ligação com a vida do passado foi destruída na Cruz. “O escrito de dívida que era contra nós foi cancelado na Cruz”. (Rm 6:6 ;Col 3:9; 2 Cor 5:17) Agora, vamos contar para o mundo a história de Cristo, que vive em nós.
Não há necessidade de discussões acerca da lei ou de pontos teológicos. As discussões só afastam as pessoas. Filipe nos deixa um pequeno segredo de como evangelizar: Vem e vê. Filipe encontrou a Natanael e disse-lhe: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José. Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair alguma coisa boa? Respondeu-lhe Filipe: Vem e vê. Jo 1:45-46. Se alguém perguntasse para Filipe, qual era a sua teologia, ele diria “Não tenho; encontrei o Senhor”.
Antes a vida estava Nele, agora, porém, esta Vida está em nós: A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. João 1:4. A menos que tenhamos a Vida de Cristo, mesmo que tenhamos sido limpos dos pecados, estaremos vazios por dentro. A plenitude da salvação é que a Vida de Cristo esteja dentro de nós. “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2:19).
Na pescaria, o pescador sabe que qualquer movimento ou barulho só vai contribuir para afugentar os peixes. Então, o silêncio é a matéria prima para uma boa pescaria. O pescador também deve ser bastante discreto, o peixe foge ao perceber a presença de alguém.
Outro fator importante que o pescador precisa saber é a natureza de cada peixe, para poder usar a isca certa. O pescador de almas para o reino de Deus deve ter conhecimento de que, cada homem é possuidor de uma natureza pecaminosa, por isso, tem que buscar em Deus a Palavra certa para fisgá-lo.
Muitas vezes pregamos o Evangelho, mas nos projetamos na mensagem. Queremos pescar com as nossas estratégias, ou com a isca inadequada. Assim como na pescaria, o peixe, ao perceber a presença do pescador foge, do mesmo modo, o pecador, ao perceber a “presença” do pregador acaba fugindo. Quando o pescador se projeta, os peixes percebem, e vão embora.
É de suma importância que na pregação o mensageiro não apareça. Não é somente a mensagem que é importante, mas também o mensageiro. O mensageiro não tem historia própria para contar, a única historia que ele tem é a historia de Cristo.
Vida frutífera ou pescar almas para o reino de Deus, não será realidade se o “Vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim” não for a realidade de nossa vida. Enquanto o pregador estiver pregando algo de si mesmo, não haverá frutos. Lembre-se da inutilidade das nossas obras. Precisamos ouvir o Senhor dizendo: Eu te ouvirei e cuidarei de ti; sou como o cipreste verde; de mim procede o teu fruto. Oséias 14:8. Ao ser levantado naquela Cruz, o Senhor Jesus atraiu todos os homens para Si. A Sua morte produziu muitos frutos. E, aquele que morreu em Cristo torna-se canal de vida para outros.
Assim como o Senhor produziu muitos frutos pela Sua morte, o princípio é o mesmo para aquele que quer produzir frutos: é necessário morrer. Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto. João 12:24.
A vida de Deus flui através de nós e flui do nosso interior. Tornamos-nos canais por onde o Espírito Santo nos usará para fluir a Vida de Cruz para aqueles que vivem ao nosso redor.
Esse fluir é algo muito natural; não é por meio de manobras, pelo tom de voz, pela eloquência discursiva, por doutrinas ou por conhecimento. Queremos dizer com tudo isto que esse fluir dispensa qualquer labor humano. Pelo contrário, tudo flui de maneira muito natural: Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. João 7:38. Essa vida que flui de dentro de nós, nada mais é do que a Vida de Cristo.
Devemos, não apenas ter a experiência de morte com Cristo, mas, além disso, ter o espírito de Cruz operando em nosso viver diário. Isso significa que manifestamos no viver diário o Espírito do Senhor Jesus.
A Cruz que levamos diariamente, não só se aplica ao nosso viver diário, mas também, para que outros possam conhecê-la: Levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal. De modo que, em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida. 2 Coríntios 4:10-12.
O que significa o processo de morte de Jesus? Significa a Cruz, isto é, tudo o que está envolvido no princípio da Cruz. A palavra de Deus diz que a morte opera em nós. Isto significa que o processo de morte de Jesus, é o princípio da Cruz que está se movendo dentro de nós.
Quando o Apóstolo Paulo diz aos crentes de Corinto: De modo que em nós opera a morte; mas em vós, a vida, ele está se referindo a ele mesmo e ao seu irmão Timóteo, os quais levavam sempre no corpo o morrer de Jesus (v 10), para que a Vida transbordasse a favor dos corintos. Assim, quando o princípio da Cruz está operando em nós ele, de alguma forma, se manifestará na vida de outras pessoas.O Espírito Santo estará trabalhando em nós, pela instrumentalidade da Cruz, como uma espada de dois gumes, cortando e separando o que é da alma e o que é do espírito.
A palavra “vida” nesse versículo é zoe, que na língua original significa a vida espiritual. É essa Vida que precisa fluir de cada um dos filhos de Deus.
É o espírito da Cruz que trabalhará mesmo quando insultados, perseguidos, abatidos, isto é, sob quaisquer circunstancias há um único propósito em tudo isto, forjar a imagem de Seu Filho, na vida dos Seus.
Sempre que a Cruz opera em nós, nos cortando, nos moendo e nos quebrando tem como finalidade nos curar. É neste processo que Deus estará nos curando do excesso de “gordura” de nossas almas. Gordura na Bíblia significa força natural.
Essa cura não está em nós mesmos. O fundamento da cura de todas as nossas dificuldades emocionais está baseada na obra consumada de Cristo. O Espírito Santo está aplicando em nós o princípio da Cruz para nos tornar “inativos”.
Inativos quanto à força que se origina na alma. Porque, mesmos depois de nascido de novo, descobriremos o quanto somos “fortes”, força essa que a chamamos de “força natural”, da alma que tenta viver a vida cristã.
Cada um de nós tem dons naturais. Alguns podem ter mais; outros menos. Após ter passado pela experiência de morte de Cruz, temos a tendência de confiar na força natural, ou nos valer dela para anunciar a Cruz que acabamos de experimentar.
O poder da manifestação da vida de Cristo em nós está na proporção do “quanto” somos fracos: Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte. 2 Coríntios 12:10.
Então, a parte que nos cabe para que a vida de Cristo se manifeste é “levar sempre” o morrer de Jesus. Na medida em que confessamos o nosso morrer em Jesus, a vida Dele fluirá naturalmente.
Por causa desse processo, a vida de Cristo se manifesta. Assim, podemos ver a vida ressurreta na vida dos filhos de Deus. Ele está sofrendo, está sendo moído, mas podemos ver Cristo em suas vidas.
Podemos ver o quanto Deus é gracioso. A vida de ressurreição está em seus filhos, e está sendo revelada através deles. Quando isto acontece, então outros serão abençoados. Quando nascemos de novo, não só a Cruz vai nos transformar à imagem de Cristo, mas também, o mundo “verá” Cristo em nós.
“De mim procede o teu fruto”. Podemos nos perguntar: É a vida de Cristo que está se manifestando ou, é a nossa própria vida? Se for a nossa vida, é a nós que as pessoas estarão vendo, e não Cristo.
Mas, se for a vida de Cristo que estiver se manifestando, Cristo será engrandecido e glorificado. É dessa forma que este mundo vai ser evangelizado: não somente pela pregação, mas também por meio do viver cristão. Vem e vê. Amém.
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Soli Deo Glória |
quarta-feira, 11 de junho de 2014
CRISTIANISMO DENOREX. PARECE MAS NÃO É!
Ora, havia certo homem, chamado Simão, que ali praticava a arte mágica, iludindo o povo de Samaria, insinuando ser ele grande vulto; ao qual todos davam ouvidos, do menor ao maior, dizendo: Este é o poder de Deus, chamado o Grande Poder. Atos 8:9-10
Se fosse possível, na linha do tempo, aproximar momentos históricos distantes entre si, quantas atividades e realizações que hoje para nós não passam de banalidades, em outras épocas causariam espanto e admiração? Quantas coisas que hoje são comuns poderiam, em tempos passados, serem consideradas impossíveis e admitidas tão somente como milagres realizados por um ser divino ou, por alguém muito próximo da divindade?
Quanta perplexidade causaria no século primeiro uma simples lâmpada elétrica ou até mesmo um isqueiro, que hoje é comprado em qualquer botequim de esquina, cuspindo fogo e sustentando sua chama, sem que tenha nada visível para consumir e alimentá-lo? Tais coisas poderiam lembrar a sarça ardente da visão de Moisés, que mantinha o fogo sem se consumir.
Voltando um pouco mais no tempo, quanto assombro causaria Salomão aos seus visitantes se, em seu palácio, existisse um forno de microondas capaz de aquecer, cozinhar e até assar os alimentos, sem que para isto fosse necessário o fogo? Divinizado seria Salomão, com certeza. Milagre, diriam todos!
Como cidadãos do século vinte e um, comparando-nos com os povos que viviam no século primeiro, constatamos que certas coisas que para eles causavam espanto, sendo admitidas apenas pela imaginação ou como ações de Deus, hoje fazem parte do nosso cotidiano. Após séculos, o que para eles eram fenômenos inexplicáveis, para nós, não passam de banalidades que qualquer criança razoavelmente instruída saberá explicar a sua lógica e o seu mecanismo de funcionamento!
O que pode explicar todas essas diferenças? A resposta esta na árvore do conhecimento do bem e do mal, no conhecimento e no saber humano. Aquilo que não se podia explicar e nem realizar, tendo em vista a falta de conhecimento, hoje, a partir do conhecimento acumulado pela ciência é perfeitamente possível controlar e manipular. Nada de errado com o conhecimento ou com o saber, se isto é fruto da vida de Cristo, Em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos. Colossenses 2:3.
O problema é quando o conhecimento e o saber resultam da busca humana por ser Deus. Envolto em boas intenções, o homem esconde o desejo real que está por detrás de sua busca, ou seja, servir como via para usurpar o lugar de Deus. O gênero humano caído segue a trilha de morte proposta pela serpente no Éden, de usurpar o lugar de Deus, através do conhecimento.Porque Deus sabe que no dia em dele comerdes se abrirão os vossos olhos e, como Deus, sereis CONHECEDORES do bem e do mal. Gênesis 3:5.
O incrível é perceber que muitos daqueles que deveriam ser testemunhas de Deus aos homens, avisando-os do perigo que se encontra nesta trilha, e das implicações que estão por detrás desta atitude, hoje, conscientemente ou inconscientemente, são na verdade, agentes da serpente, perpetuadores da tentação que diz: “Seja como Deus! usurpe seu lugar! Para tanto, basta saber”.
Para muitos cristãos, atualmente, tem sido ensinado que a vida cristã, ou a vida eterna, é uma questão de conhecimento e não de revelação. Os “mestres” que ensinam tais coisas são aqueles que fecham o reino de Deus a qualquer pessoa sem um título de pós ou posses. Os candidatos têm que saber pelo menos um pouco de quadrado semiótico, pois, sem o MBI da religião, jamais poderão ser plenos. Insinuam com isto, que a causa de suas vidas fracassadas está no fato de não saberem o bem e nem o mal, o certo e o errado, e não na sua incredulidade na palavra de Deus.
Isto não é novo, já nos tempos de Jesus este pensamento vigorava. Os religiosos eruditos costumavam rejeitar as pessoas menos instruídas, chamando-as de plebe maldita. Por isso, quando o cego de nascença expôs aquilo que tinha vivido, coisas que ele não conseguia explicar, mas podia testemunhar dizendo: “Eu era cego agora vejo”, o injuriaram.
Diante do testemunho do cego, o saber só serviu para uma coisa: inchar ainda mais os sábios religiosos do sinédrio. A resposta deles é cheia de soberba e desprezo, diante do testemunho da vida. Tu és nascido todo em pecado e nos ensina a nós? E o expulsaram. João 9:34.
Como é difícil para a religião crer na resposta simples, que tem como chão a Rocha que é a palavra de Deus! Parece que tudo tem que ter uma explicação, que no fundo, servirá para o controle do homem sobre o processo e seu comercio, além de promover a exaltação humana e, ao mesmo tempo, negar Deus. Isto é a evidência de um espírito humanista, que quer fazer do homem o centro, que pretende fazer do homem um deus.
Diante de uma explicação simples como: “Eu era torto agora sou reto”, sustentada simplesmente na graça de Deus e na fé, ou seja, pelo milagre da vida de Deus atuando em alguém - algo que não tem explicação e que só pode ser recebido por fé - a religião humanista manifesta desprezo.
A religião expulsa os que ousam dizer: “a minha vida mudou porque eu fui alvo da bondade e da graça divina”. É mal visto, todo aquele que atribui a Deus e somente a Deus, o milagre de uma vida que dá testemunho de Deus, pelo simples fato que está implícito neste testemunho: “só a Deus glória”.
Para o ser humano caído, que não experimentou a obra do novo nascimento, é inadmissível o fato de não ter glória nenhuma em si mesmo. Olhar para alguém que não merecia e nem sabia como obter o favor divino, e vê-lo testemunhando de Deus como um milagre irrefutável é algo que o homem natural repudia. Pois, para admitir tal coisa teria que abrir mão de si mesmo e reconhecer a verdade de Deus que diz: Não há um justo, nenhum sequer. Não há ninguém que entenda; não a ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nenhum só. Romanos 3:10-12.
Mais uma vez quero reiterar que o problema não está no saber, e sim em fazer do saber um meio para a plenitude: “Cristo é tudo em todos”. A Bíblia nos ensina que: Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade. E recebestes esta plenitude Nele. Colossenses 2:9-10. Quando agimos assim, tentamos fazer do conhecimento um meio capaz de proporcionar ao homem, o poder de determinar os rumos da vida e, assim, negando a Cristo.
Esta mentalidade leva em conta que um ladrão pode deixar de roubar, pelo simples fato de ter feito um curso no qual aprendeu os malefícios do ato de roubar e sobre os danos que isso causa à sua reputação. O problema não é de conhecimento e nem a falta dele, mas sim, a cobiça e a avareza, próprias do velho homem, que só a cruz põe fim.
Neste espírito, e inspirado pelo Espírito, Paulo também nos deixou escrito na carta aos gálatas que o saber religioso das práticas corretas, representado pela circuncisão, e nem a ausência desta, representado pela incircuncisão, tem valor algum. O importante é a experiência de fé de estar unido a Cristo e, as implicações deste fato, que culmina no novo ser, como está escrito: Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum, mais sim o ser uma nova criatura. Gálatas 6:15.
Esta fala vem em decorrência do enunciado exposto por Paulo no versículo anterior, o qual, expressa qual deve ser a relação do crente, por fé, com toda esta estrutura mundana que quer fazer do homem um ser independente e autossuficiente, tendo como alimento principal em sua dieta anticristo: os frutos da árvore do conhecimento do bem e do mal, quando escreve: Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo esta crucificado para mim e eu, para o mundo. Gálatas 6:14.
Quanta diferença entre aquilo que só Deus poderia fazer, e que hoje qualquer criança pode? Como a simples passagem do tempo, pode transformar um milagre em banalidade? Hoje, para o mundo como sistema, e para homem degradado pelo pecado e governado pelo egoísmo e que não se contenta com nada menos que o trono de Deus, para este homem, Deus foi infantilizado. Para ele, Deus não passa de um menino diante de suas pretensões soberbas.
Hoje, sem nos darmos conta, é assim que muitos agem na vida cristã. Buscando um conhecimento para imitar a obra de Deus em suas vidas, tendo como origem a capacidade e a sabedoria humana, como fizeram Janes e Jambres diante de Moisés, ou como pensou poder fazer Simão, diante de Pedro e João. Agindo assim, não só promovem a farsa como também impedem as pessoas de experimentarem o milagre do dom de Deus sendo, inexplicavelmente, manifestado em suas vidas pela ação sobrenatural de Deus.
O homem pode imitar a prática Cristã, mas, vida de Cristo, só Cristo pode manifestar. E isto só acontece de modo sobrenatural quando, pela fé, eu entendo que de fato, estou morto, e levo isto em todo tempo e em todo lugar, de modo que não viva mais eu, mas Cristo viva em mim. Levando sempre e por todo lugar o morrer do Senhor Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossos corpos. 2 Coríntios 4:10.
Que Deus nos livre de confiar na carne, posto que:Todos os que querem mostrar boa aparência na carne, esses vos obrigam a circuncidar-vos, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo. Gálatas 6:12. Que isto esteja longe de nós, e que nossa glória esteja na cruz de Cristo.
Soli Deo Gloria
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