sábado, 25 de agosto de 2012

DO CÁRCERE PARA A LIBERDADE EM CRISTO

Tira a minha alma do cárcere, para que eu dê graças ao teu nome. Salmos 142:7
Sabemos, pela palavra de Deus, que a humanidade está sequestrada no cárcere do pecado. Ele aprisiona com os mais terríveis grilhões, causando dano e sequelas horríveis. Não sabemos por quanto tempo Adão e Eva usufruíram da liberdade na presença de Deus no jardim do Éden, livres do pecado. Contudo podemos ver o estrago e a consequência que a desobediência trouxe à raça humana. Todo aquele que vive no pecado, sem o novo nascimento, está recolhido e trancado na penitenciária mais obscura e fétida do seu egocentrismo, promovendo doenças das mais variadas contra si e contra os outros. Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, sendo feridas, contusões e chagas inflamadas, umas e outras não espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo. Isaías 1:6.
Um dos livros que aparece no topo dos mais lidos em 2011 no Brasil relata a história de uma menina de apenas oito anos de idade que foi sequestrada, no caminho da escola, por um engenheiro de telecomunicação. Isto aconteceu no ano de 1998, em Viena, Áustria e ela ficou encarcerada 3096 dias e relata que foi submetida a todo tipo de abuso físico e psicológico. Lamenta que nesses oito anos e meio no cativeiro, não pôde comemorar os aniversários com os parentes e amigos, os encontros de família, e tanta coisa boa que a liberdade traz. Também enfrentou dor, medo, fome, solidão e maus tratos. Felizmente, num descuido do sequestrador, ela pôde fugir e buscar ajuda. E agora se recupera dos seus traumas.
Esta humanidade, marcada pela rebelião, se deixou ser sequestrada pelo diabo, virou as costas ao Deus Todo Poderoso. É uma grande reprodutora de escravizadores e escravizados nos mais diversos segmentos: político, social, religioso, material, espiritual. Vive numa insatisfação, e, em consequência uma satisfação exacerbada dos desejos, na busca de significado, que só podemos encontrar em Cristo, em Deus. Porque dois males cometeram o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas rotas, que não retém as águas. Acaso, é Israel escravo ou servo nascido em casa? Por que, pois, veio a ser presa? Jeremias 2:13-14.
A história do Êxodo que aconteceu 1400 anos a. C. relata a exposição de fatos do povo hebreu que viveu no Egito durante 430 anos, sendo que, a maior parte do tempo, em regime de escravidão. Quando contemplamos os filhos de Israel no meio dos fornos de tijolos no Egito, temos perante nós uma figura exata da condição de todo filho de Adão na sua escravidão espiritual.
A crueldade do pecado esmaga, sob o jugo mortífero, a raça humana na sua escravidão. Sabe, porém, isto: nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis; porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. 2 Timóteo 3:1-5.
Onde estavam os recursos para pagar o seu resgate? Ou onde estava a força para quebrar as cadeias? Por si só, estavam impossibilitados, como disse o profeta Isaías (42:22), assim como todos nós em nossa própria suficiência. Somente o Deus criador é capaz de resgatar os encarcerados de todos os tempos, nele estava a salvação do povo de Israel oprimido e arruinado. Não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos. Atos 4:12.Só em Jesus Cristo os encarcerados como nós podem ser libertos daquele que os domina com um poder despótico, tirano. O pecado encarcera e oprime. Jesus veio trazer liberdade aos cativos.
O Deus trino, que é livre em si mesmo, manifesta-se em nosso meio, deixando-se aprisionar em uma cruz, para tirar a nossa natureza de escravos. No domingo da liberdade, da ressurreição, quebra as correntes e as algemas. Temos que aprender e crer para proteger nossa emoção, caso contrário podemos ser escravos vivendo em uma sociedade livre. Quem é controlado pelo ciúme, inveja, raiva, medo e ansiedade, vive num cárcere emocional, numa masmorra psíquica, e é refém dos seus traumas e conflitos.
É bem verdade que a história de vida de cada um acaba provocando as ações e reações do dia-a-dia. O novo nascimento, a vida de Cristo em nós, é o caminho da liberdade e para a liberdade. O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade aos algemados. Isaías 61:1.
A história de Soon Ok Lee, contada no livro “Os olhos dos animais sem cauda”, aconteceu na Coréia do Norte no ano 1986. Essa história provocou horror e revolta por tanta agressividade e tortura exercida por soldados comunistas. Soon era supervisora do centro de distribuição de materiais e foi intimada a sair e apresentar-se ao seu superior, mas foi jogada para dentro de um carro e levada à estação de trem. Ela não retornou para sua família naquela noite, foi levada à prisão, onde suportou seis anos de tratamento desumano. O seu crime foi recusar-se a satisfazer a ganância de um oficial do governo comunista.
Encontramos nas Escrituras sagradas José, penúltimo filho de Jacó e Raquel (Gênesis 30:22-24). Ele tinha revelações em sonhos sobre acontecimentos futuros e destacava-se entre os seus irmãos e, por isso, era perseguido e invejado por eles. Conspiraram para matá-lo, mas pela interferência de Ruben, o primogênito de Jacó, o fato não se concretizou, mas acabaram por vendê-lo como escravo aos mercadores midianitas, e esses o venderam no Egito a Potifar, capitão comandante da guarda do palácio real.
Potifar entregou nas mãos de José tudo o que ele possuía, e o Senhor o abençoava. Ele era formoso de parecer e de vista, atraindo os desejos da mulher de seu senhor, que queria deitar-se com ele. Porém José recusou, porque era temente a Deus. Em outra tentativa, a mulher novamente o segurou, e, vendo ela que José deixara as vestes em suas mãos ao tentar fugir, acusou-o de tentar seduzi-la.
Ouvindo Potifar as palavras de sua mulher, encerrou José no cárcere, onde permaneceu por dois anos. Os escravos da inveja, da mentira, da compulsividade sexual, levaram-no como prisioneiro, mas, na prisão construída por homens, ele ganhou sabedoria do Alto e, na dependência de Deus, libertou da fome os seus irmãos, familiares e algozes. José é um ramo frutífero, ramo frutífero junto à fonte; seus galhos se estendem sobre o muro. Os flecheiros lhe dão amargura, atiram contra ele e o aborrecem. O seu arco, porem, permanece firme, e os seus braços são feitos ativos pelas mãos do Poderoso de Jacó, sim, pelo Pastor e pela Pedra de Israel. Gênesis 49:22-24.
Lamentavelmente muitos de nós temos cedido diante das tentações, nas mais diversas áreas, resultando em estragos irreparáveis. O pecado nos mina trazendo rachaduras em nossa estrutura. É bem verdade que na área sexual o dano provocado é um dos maiores, porque é contra o próprio corpo, assim como diz a palavra de Deus. Fugi da prostituição. Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis que o nosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? 1 Coríntios 6:18-19.
A lição que podemos tirar da vida de José diante das situações que ele enfrentou com os seus irmãos, e da proposta recebida da mulher de Potifar, é que o plano divino é mais alto no verdadeiro sentido da vida. Podemos também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus. Hebreus 12:1-2.
Não foi tão simples assim. Contudo a sua fonte fez toda diferença, conforme o texto acima. Ele tinha consciência do manancial eterno do Deus Todo Poderoso que cura, supre e liberta, e por isso não quis as cisternas rotas. José é um ramo frutífero junto à fonte. Ele não quis ficar encarcerado na mágoa do passado e não usou seu posto para se vingar. A vida em Deus nos liberta da escravidão, para aquilo que de fato vale a pena ser vivido.
Todos nós já sofremos algum tipo de violência ou abuso, injustiças e até mesmo agressões, e também já fomos instrumentos de dor e sofrimento semelhantes na vida de alguém. Agora, em nossa inclusão na morte e ressurreição em Cristo tudo se fez novo, e por isso podemos experimentar graciosamente a libertação do nosso cárcere, porque esta é a proposta do verdadeiro Evangelho da graça de Deus.
Somos tentados diariamente e, por isso, ao crermos, pela graça de Deus, na pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo, não há mais possibilidade para continuarmos encarcerados nos laços malditos do pecado. Ora, àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação imaculado diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, e agora, e por todos os séculos. Amém! Judas 1:24-25.Também temos algo precioso na Palavra de Deus que é libertador. Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá livramento, de sorte que possais suportar. 1 Coríntios 10:13.
Na nossa morte em Cristo perdemos, por graça, toda herança maldita de encarcerados e encarceradores, e na nossa ressurreição em Cristo ganhamos também, por graça, um novo viver, em plena liberdade, e pregamos a liberdade, que é a vida nova de Cristo em nós. Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? E em que corpo vêm? Insensato! O que semeias não nasce se primeiro não morrer. Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida. Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição. 1 Coríntios 15:35-36; Romanos 6:4-5.
Será que precisamos continuar vivendo como de fato estamos? Por mais que possamos estar marcados por algum tipo de prisão, ou tenhamos fracassado em alguma área, o Deus da graça está com as suas mãos libertadoras estendidas para nós. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna ... Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Hebreus 4:16; 1 João 1:9.
Somente pela atuação do Espírito Santo em nós é que somos convencidos do pecado, da justiça e do juízo. É na regeneração que ganhamos a vida do Espírito e, assim, somos incluídos na esfera da liberdade interior, para desfrutarmos da presença do Pai, porque só na presença dele há o verdadeiro caminho da vida. Tu me farás ver os caminhos da vida: na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente. Pois em ti está o manancial da vida; na tua luz, vemos a luz. Salmos 16:11; 36:9.
A lei do Espírito da vida é a força maior e única na ação contra a escravidão espiritual. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Abba, Pai. Romanos 8:2;15.O profeta Isaías tinha razão quando expressou que não há ninguém terreno capaz de libertar os encarcerados pelo pecado. O apóstolo Paulo fez uma colocação parecida, contudo encontrou a resposta, a mais importante da sua vida. Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. Romanos 7:24-25; Gálatas 5:1.
 
Solo Deo Glória.

A FÉ SEM OBRAS É MORTA

Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão.” Gálatas 2:19-21.
A confissão que o Apóstolo Paulo faz nos versículos 19 e 20 do capítulo 2 de sua Carta escrita aos Gálatas é importantíssima para o nosso entendimento em relação à vida regenerada e à sedimentação de nossa experiência de fé. Porém, o verso 21, com o qual não temos tanta intimidade, não é menos importante para o “conhecimento da verdade” e entendimento quanto ao viver pela justiça de Cristo, que se opera por meio da graça. Pois, se assim não fosse, a justiça seria aplicada mediante a lei, e a verdade, é que teria Cristo morrido em vão.
A convicção de pecado é o primeiro passo para uma nova experiência de vida. Entre os salvos, é uma nova visão da Cruz e da redenção consumada em Cristo Jesus. A vida que vivo agora na carne tem um olhar duplo, para o pecado do qual fui resgatado e para a obra de Cristo na cruz que me libertou dele. Por isso Paulo nos recomenda: “Levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também sua vida se manifeste em nosso corpo.” 2 Coríntios 4:10
O arrependimento, o quebrantamento, a confissão e a restituição ou restauração, são os passos seguintes que compõem uma vida de plenitude na presença do Pai. Chamamos de vida plena, o ato da salvação e o processo da santificação ou vida em santidade.
Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” João 14:6; 8:32 e 36.
Dia desses, estava eu me deleitando na leitura do estudo intitulado “O Evangelho para os evangélicos” escrito pelo irmão Claudio Morandi, pastor da nossa Congregação de São José do Rio Preto, que, com muita propriedade e com certeza sob a unção do Espírito Santo de Deus, redigiu o seguinte texto:
“A verdadeira graça procede de Jesus, por isso não se precisa afirmar a graça ao lado de Cristo, pois sem Cristo não há graça. E graça é favor imerecido, ou seja, “é Deus dando e fazendo tudo a quem nada merece.” É o 'cordeiro que foi imolado desde a fundação do mundo', que é o precipitador e mantenedor de toda graça. É por isto que não podemos falar Cristo e a graça, porque sem Cristo não há graça. Também não podemos dizer só Cristo mais a fé, porque sem Cristo não há fé. Não podemos dizer só Cristo mais as Escrituras, porque as Escrituras concorrendo com Jesus esquizofreniza a mente, por isso o que nós precisamos é só de Jesus. As Escrituras Sagradas serão realmente entendidas verdadeiramente quando lidas a partir do Verbo Encarnado.”
E é nesse sentido, meus irmãos, que hoje queremos traçar um paralelo de nossas vidas encarnadas com a vida de Cristo e as Escrituras Sagradas.
Muitas vezes somos tentados pela nossa própria soberba espiritual de acharmos que a plenitude da salvação e da santidade está em sermos exímios ouvintes da Palavra; conhecedores das Escrituras; assíduos leitores da Bíblia; e ferrenhos militantes de todas as atividades da igreja.
Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Mas aquele que considera atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar.” Tiago 1:22-25.
Outros vêm as Escrituras como poesia, de forma romântica, mas não as tomam de forma racional e pratica em suas vidas. “Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo falam de ti junto aos muros e nas portas das casas; fala um com o outro, cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e ouvi qual é a palavra que procede do SENHOR. Eles vêm a ti, como o povo costuma vir, e se assentam diante de ti como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois, com a boca, professam muito amor, mas o coração só ambiciona lucro. Eis que tu és para eles como quem canta canções de amor, que tem voz suave e tange bem; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra. Ezequiel 33:30-32. O conhecimento de algo pode não se transformar em ação. Em Colossenses 3:15(NVI) diz: “Que a paz de Cristo seja o juiz em seu coração, visto que vocês foram chamados para viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam agradecidos.” Quando não agimos segundo a paz de Deus em nosso coração, algo está errado. Muitas vezes não fazemos o que devíamos e ficamos nos justificando procurando apaziguar a nossa consciência.
Meus irmãos, permitamos que o Espírito Santo venha trazer compreensão do texto aos nossos corações, a fim de que não tenhamos um entendimento equivocado a respeito da manifestação da vida de Cristo através de nossos atos. Quando o texto fala em “ouvir” e “praticar”, é preciso entender que não temos nenhuma condição de colocar em prática os propósitos de Deus em nossas vidas, somente pelo ouvir, ler e falar, sem que a ação da lei perfeita ou da lei da liberdade, o Evangelho da Salvação venham poderosamente operar uma obra de morte e ressurreição EM CRISTO, em nós.
Como vimos, a graça está em Cristo, a justiça está em Cristo, a fé está em Cristo e a revelação das Escrituras aponta para a pessoa de Cristo. Não há graça sem Cristo, não há justiça sem Cristo, não há fé sem Cristo, não há salvação fora da pessoa de Cristo e não há sentido nas Escrituras sem a exaltação de Cristo Jesus Nosso Senhor.
Porém, em Cristo tudo foi consumado. “Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida.” Apocalipse 21:6.
Em Gálatas, Paulo afirma que não anula a graça de Deus e que a justiça de Deus não procede de lei, mas da graça. Em 1 Coríntios 15:10, com a mesma coerência, própria do Espírito, ele diz: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo.”
Diferentemente do que muitos salvos possam entender o trabalho pode não ser sinônimo de religião ou de humanismo. O que faz a diferença é a motivação que resulta no trabalho ou a fonte geradora do esforço. Mas não se iludam o amor derramado por Deus em nossos corações nos impele em direção ao nosso próximo, às suas necessidades, às suas dores, às suas alegrias, simplesmente porque Aquele que mora em nós veios para servir! “Quando o homem caiu e escolheu fazer de si mesmo - em vez de Deus - o centro da sua vida, o resultado não só foi o homem perder a comunhão com Deus, mas também com o seu semelhante” (Roy Hession). Precisamos permanecer em Cristo para que Ele mesmo nos dirija em nosso caminho de serviço.
A Bíblia nos garante que a salvação veio a nós por meio e por graça do Senhor Jesus (Atos 15:11). Logo, nenhum trabalho e nenhum esforço gerado por mérito do homem foi necessário ou fez qualquer diferença em relação à salvação, mas a graça do Senhor Jesus.
Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras.” Tito 2:11-14.
Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” Efésios 2:8-10.
Nenhum poder, nenhum mérito, nenhum trabalho, nenhuma contribuição, tivemos, temos ou teremos que possam influenciar ou ter influenciado na obra salvadora que Cristo Jesus já consumou na Cruz em nosso favor. Foi somente a graça de Deus que se manifestou salvadora a todos os homens, sem que nenhum deles merecesse ou tivesse feito algo para merecer, mas, foi por pura misericórdia. “Não há nada que você possa fazer para Deus te amar mais; e não há nada que você possa fazer para Deus te amar menos". Philip Yancey - Livro Maravilhosa Graça).
Dito isso, voltamos então ao nosso tema que é: O que ocorre entre o ouvir e o praticar?
Está escrito que o Espírito Santo de Deus veio para nos convencer do pecado, da justiça e do juízo. Pois bem, uma vez que ouvimos a voz do Espírito, somos convencidos da presença do pecado em nós, e daí não temos alternativas para a salvação, senão receber a justificação consumada pelo sangue de Jesus que foi derramado na Cruz em nosso favor – o preço foi pago. A alegre experiência do poder do sangue de Jesus nos limpa completamente do pecado e restaura e cura tudo que o pecado arruinou e nos fez perder.
A justiça de Deus opera mediante a Sua graça.
A autoridade espiritual é baseada num paradoxo. Jesus disse: “Quem quiser ser o primeiro entre vós, será o último e servo de todos.” Mateus 20:27. Ele mesmo deu uma demonstração prática deste princípio quando lavou os pés dos discípulos. A fonte dessa autoridade não é o orgulho, nem a força, e nem a autoconfiança, mas a humildade. O paradoxo é um rei que lava os pés de seus súditos! Aquele que quiser exercer autoridade espiritual deve ser o servo de todos ... e estar disposto a morrer em favor daqueles por quem é responsável! “Tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” Mateus 20:28.
A fé não é uma fortaleza onde nos refugiamos para ficar acima dos conflitos e tribulações da vida. É antes uma arma com o qual enfrentamos todas as batalhas e embates que se nos apresentam. Sofremos golpes e derrotas; ficamos como que presos no solo das incertezas e dúvidas; mas permanecemos na luta. E vencemos porque ousamos exercitar nossa fé. A fé não nos coloca numa posição privilegiada em que podemos dispensar a experiência e de onde contemplamos a realidade de Deus, numa espécie de esplendor à parte. Ao contrário, a fé deve poder ser aplicada na cozinha, no escritório, nas quadras de jogos etc. Não nos retira do dia a dia, mas traz Deus para eles.” Larry Christenson.
Não sejamos ouvintes negligentes, mas pelo poder de Cristo que nos tirou das trevas e nos transportou para o Seu Reino de luz, e transformou o velho em novo, sejamos operosos praticantes. Não mais eu, mas Cristo em mim. Amém.
 
Solo Deo Glória.

domingo, 19 de agosto de 2012

PASTOREADOS POR DEUS, PASTOREANDO CRIANÇAS

E traziam-lhe crianças para que lhes tocasse, mas os discípulos repreendiam aos que lhas traziam. Marcos 10:13
Esta temática sobre as crianças é assunto de gente adulta. Não seria apenas um tema relacionado ao Ministério Pastoral para a Infância? Não! É assunto da Igreja de Cristo agraciada pela presença das crianças! A expressão “pastoreados” pode ser escolhida todas as vezes que pensarmos, como Corpo de Cristo, nos pronomes eu e nós. Ambos, o eu e o nós, precisam ser pastoreados. O termo “pastoreando” é cabível quando se pensa nos pronomes eles ou elas ao se referir às pessoas para as quais nossos ministérios estão voltados.
O que significa sermos pastoreados por Deus? Significa a experiência de vivermos a suficiência da vida de Deus em nós! Em sentido bíblico, sermos pastoreados é também sermos saciados pela pessoa do Pai! É viver sob o cuidado amoroso de nosso Pai Celestial. É quando chegamos ao fundo do poço da insuficiência humana e somos invadidos pela suficiência do amor e o cuidado pastoral Divino!
Adonai é meu pastor; não preciso de nada Salmo 23:1 (Bíblia Judaica Completa). Nada poderá ser falado sobre o assunto do ministério pastoral para a infância se não houver desfrute e compreensão da verdadeira dimensão do cuidado amoroso do Pai sobre as vidas consideradas adultas. Somente as pessoas tocadas por Deus podem tocar nas crianças. Portanto, precisamos ser cuidados, pastoralmente (tocados) por Yahweh antes de ministrarmos às crianças.
Por que e para quê precisamos ser pastoreados por Deus? Porque Seu amor invencível quer nos possuir! Sim, apascentarei minhas ovelhas; eu as levarei ao descanso, diz Adonai Elohim… Levantarei um pastor que esteja a cargo delas, e ele as alimentará – meu servo Davi. Ele as apascentará e será o pastor delas. Eu, Adonai, serei o Deus delas; e meu servo Davi, será príncipe entre elas. Eu, Adonai, falei. Ezequiel 34:15,23,24 (BJC). Somos ovelhas do pasto Divino e totalmente carentes do Seu cuidado pastoral. Pela necessidade que temos dos cuidados pastorais de Deus, precisamos compreender que uma visão bíblica do ministério pastoral com crianças começa pelo pastoreio exercido por Deus sobre as nossas vidas.
Sermos pastoreados pelo nosso Sumo Pastor só ocorre em nossa desistência, desconstrução e dependência Dele. É na desistência de nossas possibilidades que O Pai inicia a Sua boa obra em nós. Nossa possibilidade diante da obra do Pai em Cristo só se dá na desistência de nossas capacidades próprias. Nosso Pai só constrói e re-constrói a vida de alguém com recursos próprios.
A nossa desconstrução é a faxina terapêutica e santificadora de Deus, nos fazendo ser parecidos com o Seu Filho. É quando a Vida que vivemos sob as limitações físicas desta carne humana não depende mais de nós mesmos e está fora de nosso controle pessoal.
E, a dependência do Pai só é possível de ser experimentada quando O Seu Espírito nos faz descansar no fato de que não nos pertencemos mais! Isto significa vivermos na dimensão do “plêroma” Divino, isto é, na dimensão da plenitude de Deus em Cristo e pela ação do Espírito.
Será que nós, pais, pastores, professores de crianças ou membros desta igreja, estamos experimentando e desfrutando da pastoralidade Divina sobre as nossas vidas? Não precisamos estar diretamente ligados ao ministério pastoral com crianças para que sejamos incomodados e desafiados a ter um relacionamento sob os cuidados pastorais do nosso Pai Celestial!
Os discípulos de Jesus ainda não haviam entendido a proposta do Seu Mestre. Ele queria tocar nas pessoas e exemplificou este fato através da preciosa lição contida na narrativa do evangelho de Marcos. Naquele contexto específico o Seu toque redentor e curador estavam voltados às crianças excluídas da sociedade e religiosidade vigentes.
Será que nós já assimilamos esta proposta de Jesus em relação às crianças de nosso convívio familiar, eclesiástico ou social? Esta pergunta não precisa de mais uma resposta verbal e teologicamente correta. Antes, carecemos de uma ação avivadora do Espírito em nossas vidas e ministérios!
As crianças estão presentes em nosso meio desde o início da igreja cristã. Mesmo que não tenhamos um chamado específico voltado aos pequeninos, temos um compromisso de intercessão ao Pai pelas nossas crianças e pela continuidade histórica da Igreja de Cristo através do evangelho de Deus pregado e ensinado às mesmas.
A outra parte do nosso estudo nasce da seguinte pergunta: o que significa pastorear crianças? Pastorear crianças significa “tocá-las” com o toque de Jesus! É transmitir às crianças o olhar pastoral de Jesus.
De modo geral, o ministério com crianças é assunto de todas as pessoas pertencentes a todas as comunidades cristãs e em todas as épocas. Não é somente uma temática para pais, tutores e professores de crianças. É um tópico fundamental a toda igreja de Cristo. Porém, de maneira específica, todos os pais e responsáveis por crianças são chamados por Deus e possuem um ministério pastoral voltado às crianças que estão sob seus cuidados.
Esta pastoralidade não é uma função legitimada e desempenhada somente no âmbito eclesiástico formal. É coisa do dia-a-dia de uma família alcançada pela obra de Cristo. É função de pessoas pastoreadas pelo Pastor Divino, que exercem seus ministérios com suas crianças em seus lares e não somente as entregam rotineiramente, nos domingos, aos cuidados bíblicos e pastorais dos professores das classes de berçário, maternal, primários e juniores.
E quanto ao nosso departamento infantil, seria apenas um local que as comunidades cristãs possuem para a acomodação de gente miúda ou um ambiente ministerial de pregação (evangelização) e ensino (discipulado) da Palavra do Deus que converte e transforma gente pequena na imagem do Seu Filho amado? Precisamos dizer às crianças que estar nas reuniões da igreja não é a mesma coisa que serem salvas em Cristo.
Qual é a maior necessidade de uma criança? A sua regeneração em Cristo! Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe Salmo 51:5. Em sentido bíblico, reconhecer o “potencial” de nossos filhos e filhas é reconhecer, antes de qualquer outra coisa, a sua capacidade para pecar contra o seu Criador. Toda criança já nasce com uma natureza que gera todas as outras formas de rebeldia características da infância.
O assunto mais importante para ser ministrado a uma criança é sobre a necessidade vital que elas têm de reconhecer a sua degeneração humana e da sua possibilidade de regeneração somente por e em Cristo! Toda criança precisa saber que a sua vida só terá sentido através da inserção da Vida de Cristo nelas! Não pregar este fato às nossas crianças é enganá-las de maneira fatal e negar-lhes o “toque redentor e curador de Jesus”.
Um grave erro que cometemos como pais e pastores das crianças que O Senhor nos confiou temporariamente é o de tentarmos educá-las por meio de nossas concepções próprias ou das influências acolhidas ao longo de uma trajetória de dores. Se não formos pastoreados pelo Pastor Amado, de maneira redentora e curadora, não temos a mínima condição de transmitir às crianças absolutamente nada da vida deste Pastor.
Um detalhe importante a ser observado da narrativa de Jesus em seu ministério voltado às crianças está no fato das crianças não terem participação efetiva ou adequação a nenhum sistema religioso. Apesar das crianças nascerem em pecado e expressarem a sua natureza pecaminosa no decorrer de sua infância, são desprovidas de apego aos sistemas religiosos construídos por nós adultos.
Portanto, podemos constatar que Jesus usou este desprendimento de valores religiosos observado nas crianças como parâmetro para ensinar que o despojamento pessoal delas validava o ingresso e a aceitação em Seu Reino. As crianças não possuem defesas para O Seu Criador. Por isso manifestam menos barreiras humanas em relação à obra de Cristo!
Existe um paradigma melhor do que uma criança para falarmos de despojamento e dependência do Pai? A criança é desprovida de predicados religiosos e morais que a qualificariam como cidadã do Reino de Deus. É por isso que são aceitas pelo Pai! O Mestre nos ensina aquilo que também ensinou aos seus discípulos!
Jesus proferiu este precioso ensinamento de que é a falta do mérito que conduz ao Seu Reino! Isto é para que sempre saibamos que é justamente em nossa total fragilidade, como aquela manifestada pelas crianças trazidas a Jesus, que podemos ser aceitos e agradar ao Pai Celestial.
Que possamos ser incomodados e impactados por este ensino bíblico de que o evangelho da graça de Deus em Cristo é transmitido às nossas crianças pelo toque de Jesus atingindo primeiramente as nossas vidas enquanto adultos! Fora desta realidade em Cristo, não temos nada a ensinar às nossas crianças a não ser a perpetuação do nosso fracasso humano, através de sistemas religiosos ou uma moralidade admirável que não as transforma em filhos e filhas do seu Criador.
Marcos 10:13-16 nos ensina que há uma diferença essencial e crucial entre o toque humano (moral e religioso) e o toque Divino (libertador e pastoral) ministrado sobre a vida das crianças!
Que sejamos primeiramente tocados (pastoreados) pelo Senhor para que possamos tocar (pastorear) as crianças que Ele trouxer para cuidarmos!

Solo Deo Glória.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

ANTES DE TUDO...

Salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como até o dia da eternidade. Amém. 2 Pedro 3.18
É impressionante a diversidade das descrições a respeito da pessoa de Jesus. Elas, em sua grande maioria, não tem nada a ver com o Jesus da Bíblia. Os que falam Dele tem mania de domesticá-lo. Escolhem uma característica que mais se adapta à sua religião, plataforma política ou estilo de vida, e assim tentam nos convencer de que Ele "é um dos seus". Um exemplo atual e marcante é do presidente da Venezuela, Hugo Chaves, o qual exibiu em passeata pelas ruas do país, cartazes de Jesus com a seguinte frase: "O primeiro Revolucionário". Assim fazem os malucos, os socialistas, os anarquistas, os "crentes" fundamentalistas, liberais, reacionários, revolucionários. Mas todos, a partir apenas do conhecimento histórico, apresentam um Jesus incompleto, distorcido e piegas.
T. A Sparks diz que em relação a Jesus existem três tipos de conhecimento: o histórico, o teológico e o espiritual . O grande perigo e erro, é tentar conhecer Jesus Cristo apenas como homem, como dizem, os teólogos o "Jesus de Nazaré." Muitos se debruçam em desvendar os mistérios de Jesus Cristo através da pesquisa histórica e acadêmica, o que encontram é apenas o Jesus histórico. Porém a via que permite conhecer a beleza do resplendor de Jesus Cristo inicia-se em Deus. "Ninguém conhece plenamente o Filho senão o Pai". Mateus 11.27. Este conhecimento se realiza pelo caminho da revelação, onde o Espírito de Deus age para nos levar a uma percepção direta da pessoa de Jesus.
Jesus é o único completo. Completo em sua humanidade e completo em sua divindade. Como registrou o apóstolo Paulo, "pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade" Colossenses 2.9. Ele é atemporal. Não é apenas o menino que nasceu em Belém. Ele é Deus. Ele é eterno. Já estava com o Pai antes mesmo da criação. "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus". João 1.1-2. Como também estará glorioso no fim dos tempos. "... Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim." Apocalipse 22.12,13
O perigo de depositarmos a nossa fé em Jesus que não corresponda o Cristo das Escrituras, não é coisa nova. O apóstolo Pedro já advertia a Igreja para tomar cuidado com ensinamentos que eram apenas caricaturas de Jesus. Foi por esta razão que o apóstolo Pedro ao concluir o que chamamos de segunda carta de Pedro, o faz com as seguintes palavras: "Antes de tudo, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo." 2 Pedro 3.18. Diante dos perigos de enveredar por algum novo ensinamento, "antes" de mais nada, preste a atenção em duas coisas. Primeiro avance somente se estiver pisando no caminho da graça. Segundo, o foco do nosso conhecimento deve ser o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Pedro sabia do que estava falando, ele mesmo escreve: "Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fabulas engenhosamente levantadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade." 2 Pedro 1.16.
Porém quando vemos nos Evangelhos a história de Pedro desde o seu chamado, percebemos que o seu aprendizado em crescer na graça e no conhecimento de Jesus não foi algo tão tranqüilo e isento de crises. Mesmo tendo oportunidade de conhecer o Jesus encarnado pessoalmente, descobriu que este tipo de conhecimento era insuficiente e ineficaz. Ele aprendeu por experiência a diferença de conhecer Jesus segundo a carne e conhecer Jesus segundo o Espírito. Descobriu que conhecer Jesus implica em transformação, ou seja, conhecer a si próprio à luz do conhecimento divino.
Encontramos um Pedro passando por um processo de quebrantamento contínuo, onde conforme avançava com Jesus ficava evidente as intenções não transformadas de seu coração. O mesmo ocorre com todos os que já tiveram uma experiência de salvação com o Senhor Jesus e iniciaram a caminhada na estrada da santificação. Estes descobrem que seguir o Senhor Jesus não é algo teórico, mas sim uma experiência pessoal, envolvente e transformadora. Conforme avançam no terreno da graça, ganham uma auto-percepção mais acurada das intenções e pensamentos ocultos de seu íntimo. Pois na verdade a luz que irradia de Jesus expõe toda a pecaminosidade, religiosidade e egocentrismo de cada um de seus discípulos. Crescer na graça e manter relacionamento permanente com o Senhor Jesus significa transformação continua, marcada primeiramente por abalos sísmicos, desmoronando valores, conceitos e paradigmas tão incrustados no nosso eu. Esta foi a realidade na caminhada do apóstolo Pedro com o Senhor Jesus.
Em Cesaréia de Filipos, Jesus fez um teste com os discípulos para ver se eles haviam entendido o tipo de Messias que ele era. Isso aconteceu cerca de seis meses antes de sua crucificação e ressurreição. Ele perguntou: "Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?" Mateus 16.13. Eles deram várias respostas. O povo atribuiu ao Senhor a identidade de profeta. É verdade que o compararam aos profetas mais contundentes que Israel já conheceu: Elias, Jeremias e João Batista. Mas apenas um profeta. A partir deste julgamento equivocado as pessoas mantinham um relacionamento equivocado com Jesus.
Então ele lhes perguntou diretamente: "Mas vós, quem dizeis que eu sou ?" Foi Pedro, num de seus repentes, quem deu, em síntese, a resposta correta: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Mateus 16:16. " O Cristo" se refere Àquele a respeito de quem Deus profetizou no Antigo Testamento por meio dos profetas. Àquele que viria para realizar a vontade de Deus. O ungido de Deus. "O Filho do Deus vivo", refere-se a segunda pessoa da Trindade, fala de sua Pessoa de Deus. O Deus vivo, estava agindo na história, através de Cristo com a missão de cumprir o Seu propósito eterno.
Jesus disse a Pedro: "Bem-aventurado é você, Simão, filho de Jonas! Pois isto não lhe foi revelado por carne nem sangue, mas por meu Pai que está nos céus". Mateus 16.16. Mas Pedro foi uma pessoa inusitada. ao mesmo tempo que recebe uma revelação majestosa do Pai, é usado por satanás para impedir que Cristo fosse para a cruz. Em outro momento Pedro nega covardemente o Cristo por três vezes. Aquele líder forte e impetuoso passará por um tratamento antes de reconhecer com o coração, Jesus como o Cristo. Nós somos como Pedro, confessamos com a boca, mas o nosso coração está distante do Senhor.
A partir da revelação de Deus para Pedro, o Senhor Jesus começou a mostrar que deveria ir a Jerusalém e provar a cruz. Foi quando Simão Pedro imediatamente fala sem pensar: "Não, Senhor. Deve haver outro caminho. O Senhor não precisa ser tão tolo. O Senhor pode obter a coroa e o trono sem a cruz. Seja bondoso para Consigo mesmo." Mateus 16.21 Pedro revelou ser uma pessoa de mentalidade própria, independente do Senhor. O homem natural nunca está disposto a tomar a cruz. "Para trás de mim, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim, nas dos homens." Mateus 16.23 Quando não cogitamos das coisas de Deus, e sim, nas dos homens, tornamo-nos como Satanás, uma pedra de tropeço para o Senhor no seu Caminho de cumprir o propósito de Deus. Portanto, a palavra do Senhor Jesus foi: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me" Mateus 16.24. Negar a si mesmo é abrir mão da vida de alma, da vida natural.
Parece que somos como Pedro queremos um Cristo sem cruz. Mas, se quisermos conhecer Jesus Cristo é preciso olhar a partir da perspectiva da cruz. A missão do Cristo somente podia se concretizar por meio de sua crucificação, ressurreição, ascensão e segunda vinda. O Cristo crucificado é a única garantia de salvação dos pecadores. Para os crentes a cruz tem dois momentos. O primeiro onde fomos crucificados juntamente com Cristo. No momento que Cristo foi suspenso entre os céus e a terra, o lugar de demônios, ele nos incluiu para participarmos de sua morte. O segundo momento, carregamos a cruz para poder segui-lo. Carregar a cruz é permanecer sob o efeito aniquilador da morte de Cristo, para dar fim ao nosso ego, à nossa vida natural e ao nosso velho homem. Assim fazendo, negamos a nós mesmos para seguir o Senhor.
Poucos dias depois, Pedro recebe outra confirmação divina da identidade de Jesus e do seu compromisso com a cruz: "Este é o meu Filho amado em quem me agrado. Ouçam a ele!" Mateus 17.5. Novamente Pedro fala demais, propõe construir tendas no monte da transfiguração. Ele queria perpetuar a experiência espiritual que estava vivenciando. Era um caso de auto-satisfação. Mas, Pedro, precisava ainda aprender a falar menos e a ouvir mais, principalmente a Jesus.
O conhecimento de Pedro sobre Jesus entrou em colapso depois que o Senhor anunciou que ele iria nega-lo três vezes. Pedro, não admitiu e insistiu com Jesus: "Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei." Mateus 26.33-35. Quais palavras prevaleceram, a de Pedro ou a de Jesus? Brennan Manning, escreveu:"O Apóstolo Pedro construira todo o seu relacionamento com Cristo no pressuposto de que era capaz de agir da forma adequada. É por isso que foi tão difícil para ele encarar a sua negação ao Senhor. A sua força, a sua lealdade e a sua fidelidade eram bens fornecidos por ele ao discipulado. A falácia na mente de Pedro era a seguinte: ele cria que o seu relacionamento dependia da sua consistência em produzir as qualidades pelas quais ele achava que havia conquistado a aprovação do Senhor." A revelação de Jesus como o Cristo estava fazendo efeitos. O orgulho e jactância de Pedro caíram tão drasticamente que ele chegou ao fim de si mesmo.
Mentalidade própria, deleite próprio, decisões próprias e justiça própria. Estas são algumas das características auto-centrada que Pedro exibiu diante do Senhor. Porém, o Senhor não deixou passar nenhuma delas, de expor o "eu" que havia no seu discípulo. E após cada ponto ser exposto, era corrigido pelo Senhor. Os incidentes na vida de Simão Pedro,revelam a condição interior dos discípulos de Cristo Muitos de nós enfrentamos o mesmo problema. "Projetamos no Senhor o nosso padrão mensurado de aceitação. Toda a nossa compreensão Dele está baseada num toma-lá-dá-cá de amor permutado. Ele nos amará se formos bons, éticos e diligentes. Mas nós trocamos as perspectivas: tentamos viver de modo a que Ele nos ame em vez de viver porque ele nos amou"
Quando Deus faz o processo de desmantelamento, então corremos para Cristo. Um relacionamento pessoal e permanente com o Deus vivo que afeta todas as dimensões da vida humana. É um conhecimento libertador, que nos solta das amarras da tradição e religião. Nos dá consciência dos mecanismos que usamos para manter a nossa incredulidade e aparentar piedade para os outros. Jesus foi lapidando a pedra Pedro e esculpindo-a em Sua própria imagem. É isto que ele deseja fazer conosco. Jesus permite situações em nossa caminhada onde percebemos a nossa necessidade Dele mesmo. É a necessidade que nos faz se voltar para Cristo. As nossas fraquezas manifestas servem de espelho para enxergar que em nossa carne não há nada de bom, e que carecemos urgentemente de Cristo em nosso viver.
A vida de Cristo no nosso tem o poder de demolir e transformar em pó os pensamentos, sentimentos e vontades que tiveram origem na carne e não no Espírito de Deus. Esvaziados de nós mesmos, dos sentimentos de retidão, da justiça própria e das realizações apreciáveis, sem nada para nos recomendar a não ser a nossa profunda necessidade. Como dizia Santo Agostinho: "Veres a ti mesmo como pecador, é o começo da salvação". Então a graça é atraída para aquela necessidade, a fim de atende-lá, tal como a água é atraída para as profundezas, enchendo-as.
Conhecer o Senhor Jesus Cristo não é meramente chegar a um conhecimento teórico dele. É um relacionamento objetivo e experimental que começa em nosso intimo, mas se manifesta às pessoas que estão ao nosso redor. Este tipo de conhecimento afasta toda a prepotência, orgulho, arrogância e julgamento e nos faz identificar com os mais miseráveis dos pecadores. Venho a ele tão somente por causa dos seus méritos e nada mais, e nisto reside a força do nosso testemunho ao mundo. Por esta razão, antes de tudo continuemos crescendo na graça e no conhecimento de Jesus Cristo. A ele seja dada toda glória hoje e sempre. Amém.

Solo Deo Glória.

A RELIGIÃO HUMANISTA VERSUS O EVANGELHO DE DEUS

Pois os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos são os meus caminhos, diz Jeová. (Isaías 55:8 TB10)
Este é um assunto que requer luz fulgurante dos holofotes Divinos. Não há muita clareza para uma multidão que vive à sombra da velha tenda judaica. Muito do chamado cristianismo atual, não passa do antigo odre com um verniz brilhante por fora. Parece coisa nova, mas é o mesmo modelo do babilonismo judaico pós-exílico.
Parece que essa profecia, já consumada, ainda não se tornou realidade para uma grande maioria: O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz. Isaías 9:2. Tudo indica que essa gente continua na penumbra dos tipos que serviram de sombra para a realidade. Cristo não é suficiente para uma turma incontável de iludidos ou alucinados. Sei lá!
O que percebo é uma tentativa de reeditar, a todo custo, algo que já ficou para trás. Aquela religião caduca e ultrapassada do mérito ainda continua se infiltrando nas fileiras dos indigentes, dos mendigos indignos, propondo a excelência dos executivos como se fosse um portfólio da aceitação na casa do Amor incondicional de Abba.
Desconstruir esse modelo esnobe não é fácil, pois o velho leviatã se parece mais com um polvo com muitos tentáculos ou com a cabeça da Medusa, do que com um crocodilo magro. Cada vez que se fere um braço sufocante, aparece outro mais ardiloso, do meio dessa lama turva da religião. E eis aí o caos!
Vou procurar, neste estudo, repetir o curso que estamos ministrando na Colina da Graça para um grupo de peregrinos que aceita ser demolido de sua tradição religiosa, enquanto se deleita na suficiência do Cordeiro que acolhe cada um em Seu seio amoroso.
Você sabe o que é religião? A etimologia da palavra talvez nos aponte para a pretensão da criatura tentando se religar com o Criador, pelos seus esforços. Seja o que for, nossos primeiros pais fizeram algo para serem aceitos. Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si. Gênesis 3:7.
Quando o ser humano faz algo para se tornar aceitável diante de Deus, então, entramos no terreno religioso. Aqui neste perímetro, temos o mérito pessoal como moeda de negociação. Por outro lado, quando somos aceitos pelo que Deus faz, neste caso, temos o milagre do Evangelho tomando conta de nossas vidas indignas.
Se, as tangas confeccionadas pelo casal, nu e envergonhado, evidenciam a tal religiosidade humana, as túnicas feitas por Deus, para cobrir a vergonha da dupla despida e transgressora, falam, claramente, de uma Boa Nova: Deus nos aceitou, por inteiro, em sua Graça plena, através de um substituto. Fez o SENHOR Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu. Gênesis 3:21.
Na religião, o sujeito da ação é o ser humano atuando no palco. No Evangelho, esse agente atuante se torna, tão somente num paciente, realmente passivo, pois é Deus quem faz tudo em seu benefício, enquanto ele é beneficiado pelo favor Divino.
Você precisa discernir bem esta diferença. Quem é o executivo? Na religião sou eu ou você. No Evangelho é a Trindade. Se não percebermos com clareza esta questão podemos nos envolver seriamente na religião, achando que estamos lidando com o Evangelho. Mas o suor, o cansaço, a carga pesada e o mau humor vão nos denunciar.
A segunda distinção entre religião e Evangelho fica por conta da aquisição. Caim e Abel são modelos de dois programas distintos. Caim é conquista de Eva, enquanto Abel é um presente de Deus. Coabitou o homem com Eva, sua mulher. Esta concebeu e deu à luz a Caim; então, disse: Adquiri um varão com o auxílio do SENHOR. Gênesis 4:1.
Vemos nesta cena a mulher como a personagem principal e Deus, sendo um mero auxiliar. Ela adquire o varão com a ajuda de Deus. Você ordena e Deus cumpre. Talvez você conheça algumas sentenças desta proposta: "Deus te ajude"; "Deus ajuda a quem cedo madruga" ou "Deus te acompanhe"; em todas, Ele é apenas o coadjuvante.
Todavia, Abel é uma dádiva. Eva não se viu como obreira. Era só uma agraciada que recebia um presente de Deus. Depois, deu à luz a Abel, seu irmão. Abel foi pastor de ovelhas, e Caim, lavrador. Gênesis 4:2. O Evangelho é uma dádiva Divina e nunca uma conquista humana. Se for conquista é religião; se for dom é Evangelho. Certo?
Neste versículo acima vemos também a terceira diferença. O Evangelho tem como ocupação uma atividade sem preocupação. Estamos aqui e agora, bem antes do Dilúvio, portanto, todos os animais eram herbívoros. Pastorear um rebanho naquela época tornava-se um passeio agradável por entre as pastagens. Não havia predadores para atacar as ovelhas e os pastores lidavam com o rebanho como um lazer, divertindo-se. O pastor não vivia estressado na lida do campo.
Mas, uma das consequências do pecado foi lavrar a terra com o suor do rosto. Ser lavrador significava esforço no plantio, cansaço no cultivo, apreensão na colheita, preocupação no armazenamento e vanglória ou frustração nos resultados. O lavrador tem mérito no paiol cheio e desilusão com o fracasso da ceifa. Por isso, ele vive apreensivo.
A religião faz com que o seu executivo trabalhe duro para conquistar, pelo seu mérito, um lugar no altar dos vencedores. Ela só aprova aqueles que se esmeram para trazer uma oferta que lhe tenha custado esforço, lágrimas e suor. É preciso um bom currículo na labuta para conseguir algum resultado no altar.
A quarta distinção da religião e do Evangelho é a oferta. Trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Gênesis 4:3-4. Os dois têm algo a ofertar. O primeiro oferta o sacrifício pessoal. É o auto-sacrifício ou o esforço do próprio trabalhador que está em jogo. O segundo oferta a vítima, o substituto, focalizando o holocausto do alto, que estava identificado no animal imolado por Deus, para cobrir a vergonha do casal pelado e pilhado de sua identidade entre as moitas, no Jardim do Éden. Era um tipo da Cruz de Cristo, que tem sangue na base.
A oferta humanista dispensa o sangue do Cordeiro, enquanto compensa a sua oblação com o suor escorrido de sua fronte erguida pela soberba do seu ego. Caim trouxe para o altar de Deus os frutos da sua lida, como uma conquista. Ele queria ser aceito pela justiça própria. A religião sempre enfatiza as boas obras como atributos dignos diante de Deus. Assim, seremos salvos pelo que fazemos e não pelo que foi feito por Cristo.
No Evangelho, o cheiro do holocausto queimado e o sangue espargido sobre o altar da Misericórdia, têm marca de oferta agradável. A Trindade nos fez agradáveis a Ela mesma, no Amado. Abel trouxe um sacrifício que apontava para a suficiência dAquele que nos aceita apenas pelos Seus méritos. Nele há somente inspiração, jamais transpiração.
A oferta do religioso é de puro sacrifício pessoal, cheio de méritos, direitos e com um discurso com cheiro de sindicato rural. A indignação é patente quando se vê que a aceitação da Graça nada tem a ver com o desempenho do sujeito, mas com o caráter digno do substituto que inclui a iniquidade do indigno em sua morte.
Agora, aparece a quinta sutileza nas entrelinhas, ao vermos a diferença dos traços marcantes de um religioso e a fisionomia de um filho de Deus. Então, lhe disse o SENHOR: Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? Gênesis 4:6.
A ira subcutânea e o olhar para o mundo subterrâneo são sinais de uma inadequação diante do trono da Graça. A fisionomia fechada de Caim e seu semblante para baixo denunciam ausência de sua aceitação incondicional. Vejam como os sindicalistas pós-Éden encontram-se sempre azucrinados e com a cara carrancuda, carregando nos pensamentos um defunto em seu ser. O Apóstolo João diz que, quem odeia é assassino.
Não há alternativa: Deus é amor. Quem nasceu de Deus ama, não segundo Caim, que era do Maligno e assassinou a seu irmão; e por que o assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas. 1 João 3:12. Uma melhor tradução seria: suas obras foram justificadas? Abel foi aceito no Cordeiro e festejava.
Com certeza, a face exultante de um filho de Deus facilita ver a presença de Cristo arrumando o porão de sua vida, ainda desorganizada e confusa. Quem passou pela operação da Cruz tem motivos suficientes para fazer festa, mesmo em tempos de guerra.
O religioso de modo geral é enfezado e mal-humorado. Por isso, o sexto sinal para identificar o que é religião e o que é Evangelho, vem da tendência que o religioso tem de perseguir, caçoar, menosprezar, zombar e criticar os que foram aceitos pela Graça. Essa gente não aprecia a Graça de Deus, mas gosta mesmo é de provocação.
Há uma perseguição que corre feroz no front e, há também, uma perseguição velada, nos bastidores, mas ambas são cruéis e contrárias ao modelo do Evangelho. Qualquer tipo de flagelo, açoites, ultrajes vem patrocinado por um espírito do anticristo. No Reino de Deus não há lugar para provocações e martírio, sob qualquer pretexto.
O Evangelho nada tem a ver com a religião. São duas realidades diferentes e opostas em suas origens e em seus objetivos. A religião é uma iniciativa humana em busca de sua aceitação diante de Deus pelos esforços da meritocracia, enquanto o Evangelho é uma operação da Graça de Deus, aceitando o indigno pelos méritos de Cristo.
Os pensamentos de Deus não são como os nossos pensamentos, nem os nossos caminhos são como os caminhos de Deus. Nós queremos ser como Deus, e por isso, nos elevamos em nossos ideais narcotizados por perfeccionismo.
Por outro lado, para nos salvar de nossa altivez, Deus se faz como um de nós, esvaziando-se até a morte e morte de Cruz. Neste ponto Ele nos encontrou e nos incluiu em Sua morte para fazer-nos morrer juntamente com Ele, e, desde modo, nos libertar de nossa mania de ascensorista juramentado em busca de altares.
O sétimo sinal é este: enquanto a religião tenta exaltar o ser humano aos píncaros da glória, o Evangelho esvazia Deus até o lugar dos mortos, a fim de nos esvaziar juntamente com Ele, para ganharmos a condição legítima de filhos do Altíssimo, isto é: somos os mais elevados, quando estivermos mais esvaziados de nós mesmos.
Diante da supervisão Divina, quanto maior for a postura de uma pessoa, menor será a sua avaliação. Por isso, Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus. 1 Coríntios 1:28-29.
Aqui demos uma vista rápida entre estes dois modelos de vivência no campo "espiritual", se bem que, a religião nada tem a ver com a vida de cima, é coisa mesmo da terra. Agora você pode se aprofundar com mais acuidade nesta observação. Não se esqueça: se alguém quiser lhe enganar e você for iludido, a culpa é sua. Jesus foi claro e sucinto. E ele lhes respondeu: Vede que ninguém vos engane. Mateus 24:4.


Solo Deo Glória.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

ESCRAVOS LIVRES

Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. Galátas 5:1.
O escravo não possui liberdade. Um escravo pode ser libertado da sua escravidão, e, neste caso, ele não será mais escravo. Um ex-escravo pode ter sido liberto, porém, um escravo livre é uma contradição de termos. Se for escravo, não estará livre. Se estiver livre, não será mais escravo. A questão é que: o cristão é um escravo de Jesus Cristo, mas é livre. E, agora, não há contradição.
Nós éramos escravos do pecado. Jesus foi muito enfático ao dizer: Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado. João 8:34. Como todos nós nascemos pecadores, todos nós nascemos escravos do pecado. Aqui, neste caso, não há liberdade.
Adão e Eva foram criados livres. Aliás, eles foram as únicas pessoas criadas, de fato, com livre-arbítrio. Somente eles tinham a condição de poder não pecar e poder pecar. A sua descendên-cia já nasceu escrava do pecado. Nós não podemos não pecar, pois viemos ao mundo com a escra-vidão do pecado no DNA de nossas células. Todos nós nascemos escravos da rebeldia pecaminosa.
Todavia, Jesus foi também muito incisivo, quando afirmou: Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. João 8:36. Todos nós viemos ao mundo escravos do pecado, mas podemos ser tornados livres. Nós não podemos nos libertar do pecado, embora possamos ser liber-tos dele. O xis do problema é que a pessoa liberta do pecado acaba se tornando uma escrava de Cristo. Contudo, Cristo nos libertou para a liberdade, visto que, só seremos seus escravos, sendo livres.
A proposta de Cristo é em favor de uma libertação que nos transforma em livres do pecado da incredulidade e da soberba do egoísmo, embora, servos permanentes da Trindade divina Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna. Romanos 6:22. Esta implicação acaba promovendo a escravatura da liberdade dos filhos de Aba, como escravos livres em Jesus Cristo.
Ser um escravo livre é algo extraordinário. Isto significa viver livre com um escravo na escravidão da liberdade. Nada além da emancipação alforriada em Cristo pode contagiar os filhos de Deus. Por isso o Pai nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. Colossenses 1:13-14.
O cristão é um sujeito liberto, apesar de viver sujeito à escravidão da liberdade. Ele é um objeto da libertação de Cristo, mas só existe, sujeito à liberdade, como um sujeito da liberdade. Sua vivência como um sujeito da liberdade tem como escopo a libertação de outros escravos do pecado, para liberdade dos escravos livres. Somente o escravo da liberdade pode defender a liberdade dos escravos do pecado. A verdadeira liberdade consiste na observância da lei da liberdade.
A libertação do império das sombras não nos permite viver mais assombrados com as som-brias assombrações das ditaduras do medo, do preconceito, do legalismo e de todas as prisões das religiões. Uma pessoa liberta em Cristo é uma advogada de libertação dos escravos. Deste modo, ela nunca poderá pregar algo que venha a se constituir numa forma de cerceamento da liberdade.
Restringir ou proteger a liberdade revela total ignorância de sua essência. Liberdade vigiada é pseudo liberdade, que mais se parece com uma prisão disfarçada. Ninguém pode seguir a Cristo, livremente, tendo de prestar contas às pessoas intrusas que especulam e exigem relatórios, querendo satisfação daqueles atos executados diante do trono. Ninguém pode ser livre com um fiscal no pé.
Foi para liberdade que Cristo nos libertou e é apenas, permanecendo na liberdade, que po-demos continuar verdadeiramente livres, promovendo libertação aos aprisionados do pecado e justiça entre os injustiçados. Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo, viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues; e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça. Romanos 6:17.
Obediência de má vontade ou submissão à força não procedem do estilo livre do Evange-lho de Cristo. É preciso uma vontade liberta para uma obediência voluntária. Se estivermos livres, de fato, estaremos livremente envolvidos com os fatos marcantes, que conduzem ao programa da libertação dos algemados da religião e dos prisioneiros do pecado.
É impossível alguém ser liberto e, ao mesmo tempo, ser um carcereiro contundente de uma penitenciária de segurança máxima. A igreja nunca foi uma cadeia, nem a assembléia do povo de Deus um campo de concentração com vigias a postos. Por outro lado, nenhum liberto é libertino, tampouco pode se tornar num delegado da polícia clerical, dando voz de prisão aos prisioneiros do pecado, que ainda não conhecem a suficiência da graça plena em Cristo Jesus.
Não há um filho de Deus que seja legalista. Aquele que foi liberto do pecado jamais viverá como escravizado da lei, escravizando legalmente as vítimas do medo, com regras de regimentos arbitrários. Todos os libertos do pecado são libertários e promotores da plena libertação em Cristo Jesus. A mensagem da graça é de soltura e nunca de detenção do réu. O pregador do Evangelho é um arauto do habeas-corpus eterno de Deus.
Temos que entender ainda que, falar de uma liberdade condicional não tem nada a ver com a obra do Espírito Santo. Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. 2 Coríntios 3:17. Se a minha liberdade em Cristo pressupõe uma condição para usu-fruí-la, então esta condicional torna-se num limitador incontestável, que acaba cerceando todo e qualquer sentido da verdadeira liberdade cristã. Essa condição acondiciona a liberdade numa prisão.
Ora, se nascemos escravos do pecado e só podemos pecar, a libertação desta escravatura tem que ser, necessariamente, a possibilidade de que, em algum momento, também, não possamos pecar. O ser humano só será livre de fato se ele puder fazer ou deixar de fazer algo que faz. Veja como Paulo coloca esta tese: Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas. 1 Coríntios 6:12.
Por que ele tinha esta postura de não se deixar dominar por nada? Porque ele era livre. A pessoa liberta pode fazer ou não fazer qualquer coisa. A pessoa que é escrava do fazer algo, só poderá fazer aquilo a que ela está escravizada, bem como aquela que é uma escrava do não fazer, somente poderá não fazer. Neste caso, tanto a escravatura da ação, como da abstenção são opressivas.
O ébrio é o escravo do álcool e o abstêmio é o escravo da ausência da bebida alcoólica. Em termos práticos, na vida comunitária, o abstêmio leva vantagem, mas em termos morais e espirituais, ele pode se tornar um arrogante legalista, dando de dedo nos outros que são dependentes alcoólicos. A conveniência de fazer ou não fazer alguma coisa deve me deixar conveniente para não impor o meu modelo de vida aos outros que são diferentes de mim.
Uma pessoa liberta tem uma conduta libertadora. Conviver com os legítimos cristãos é conviver com pessoas destituídas de camisa de força, pois a lei do Evangelho é a lei da liberdade em que os filhos de Aba vivem para si mesmos, na dependência da lei do amor. Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar. Tiago 1:25.
Quem é liberto não se preocupa em aprisionar ninguém. Todo sistema de segurança má-xima pressupõe ausência de liberdade. Tentar controlar os irmãos e tentar julgar a aparência das pessoas é, no mínimo, ignorar a jurisdição do verdadeiro Juiz, desconhecendo o código que pode disciplinar a conduta dos autênticos filhos de Deus. Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade. Tiago 2:12.
Não estou propondo anarquia generalizada, por meio do anominianismo, isto é, a ausência de lei. Na vida cristã a presença e a vigência da lei é o amor. A lei da liberdade é governada pela essência do amor de Deus chovido em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. En-tão, o ponto fica assim: se amo – não mato. Tudo se resume neste principio universal. O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor. Romanos 13:10.
Veja isto como a verdade cabal. Somente as pessoas livres podem amar com a liberdade do amor liberto. A fé cristã não encabresta as ovelhas do rebanho. Todas elas precisam ser livres para obedecer com a liberdade da obediência fundamentada no amor ao Pai. Qualquer obediência exi-gida não passa de abuso moral pela conexão de um braço-de-ferro. O amor nunca decreta uma conduta esperada, nem demanda por seus afetos ofertados. Ele não paga o que recebe e não cobra o que dá.
A liberdade não é o direito de fazer o que se quer, mas, sim, o privilegio de se fazer o que o amor motiva através da sua essência. Agostinho foi milimétrico nesta afirmação: "ama e faze o que quiseres". Quem ama cumpre a lei de Deus, pois o amor é o código que orienta a alma liberta dos filhos de Aba, no modo de viver a legalidade do amor, a cada dia. "Seja o que for o amor, ele não é passivo, nem destrutivo". No que se refere às coisas sacrificadas a ídolos, reconhecemos que todos somos senhores do saber. O saber ensoberbece, mas o amor edifica. 1 Coríntios 8:1.
Cristo nos libertou da escravidão do pecado, para que, nós, livremente, fôssemos escravos da liberdade, pelo amor à liberdade dos outros que vivem na escravidão do pecado. Quem é livre em Cristo prega a libertação que conduz à liberdade por meio do Evangelho de Cristo. O rebanho do Senhor não foi arrebanhado pela coação, nem é mantido por um servilismo estupidificado.
Na igreja de Cristo Jesus não há rebanhos aprisionados pelas cercas dos regulamentos ou encabrestados pelas rédeas do dever, do interesse ou do medo. Somos uma grei liberta pela graça a serviço da liberdade do amor sem fronteira, pois, como dizia John Knox, "maior que os exércitos é a bondade; mais forte do que as espadas é a liberdade". Liberdade sim, nunca liberalismo ou libertinagem. Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. Gálatas 5:13. Amém.

Solo Deo Glória.