Tira a minha alma do cárcere, para que eu dê graças ao teu
nome. Salmos 142:7
Sabemos, pela palavra de Deus, que a humanidade está
sequestrada no cárcere do pecado. Ele aprisiona com os mais terríveis grilhões,
causando dano e sequelas horríveis. Não sabemos por quanto tempo Adão e Eva
usufruíram da liberdade na presença de Deus no jardim do Éden, livres do pecado.
Contudo podemos ver o estrago e a consequência que a desobediência trouxe à raça
humana. Todo aquele que vive no pecado, sem o novo nascimento, está recolhido e
trancado na penitenciária mais obscura e fétida do seu egocentrismo, promovendo
doenças das mais variadas contra si e contra os outros. Desde a planta do pé
até a cabeça não há nele coisa sã, sendo feridas, contusões e chagas inflamadas,
umas e outras não espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo. Isaías
1:6.
Um dos livros que aparece no topo dos mais lidos em 2011 no
Brasil relata a história de uma menina de apenas oito anos de idade que foi
sequestrada, no caminho da escola, por um engenheiro de telecomunicação. Isto
aconteceu no ano de 1998, em Viena, Áustria e ela ficou encarcerada 3096 dias e
relata que foi submetida a todo tipo de abuso físico e psicológico. Lamenta que
nesses oito anos e meio no cativeiro, não pôde comemorar os aniversários com os
parentes e amigos, os encontros de família, e tanta coisa boa que a liberdade
traz. Também enfrentou dor, medo, fome, solidão e maus tratos. Felizmente, num
descuido do sequestrador, ela pôde fugir e buscar ajuda. E agora se recupera dos
seus traumas.
Esta humanidade, marcada pela rebelião, se deixou ser
sequestrada pelo diabo, virou as costas ao Deus Todo Poderoso. É uma grande
reprodutora de escravizadores e escravizados nos mais diversos segmentos:
político, social, religioso, material, espiritual. Vive numa insatisfação, e, em
consequência uma satisfação exacerbada dos desejos, na busca de significado, que
só podemos encontrar em Cristo, em Deus. Porque dois males cometeram o meu
povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas rotas,
que não retém as águas. Acaso, é Israel escravo ou servo nascido em casa? Por
que, pois, veio a ser presa? Jeremias 2:13-14.
A história do Êxodo que aconteceu 1400 anos a. C. relata a
exposição de fatos do povo hebreu que viveu no Egito durante 430 anos, sendo
que, a maior parte do tempo, em regime de escravidão. Quando contemplamos os
filhos de Israel no meio dos fornos de tijolos no Egito, temos perante nós uma
figura exata da condição de todo filho de Adão na sua escravidão espiritual.
A crueldade do pecado esmaga, sob o jugo mortífero, a raça
humana na sua escravidão. Sabe, porém, isto: nos últimos dias sobrevirão
tempos difíceis; porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos,
presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos,
profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes,
cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais
amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas
negando a eficácia dela. 2 Timóteo 3:1-5.
Onde estavam os recursos para pagar o seu resgate? Ou onde
estava a força para quebrar as cadeias? Por si só, estavam impossibilitados,
como disse o profeta Isaías (42:22), assim como todos nós em nossa própria
suficiência. Somente o Deus criador é capaz de resgatar os encarcerados de todos
os tempos, nele estava a salvação do povo de Israel oprimido e arruinado. Não
há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome,
dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos. Atos 4:12.Só em
Jesus Cristo os encarcerados como nós podem ser libertos daquele que os domina
com um poder despótico, tirano. O pecado encarcera e oprime. Jesus veio trazer
liberdade aos cativos.
O Deus trino, que é livre em si mesmo, manifesta-se em nosso
meio, deixando-se aprisionar em uma cruz, para tirar a nossa natureza de
escravos. No domingo da liberdade, da ressurreição, quebra as correntes e as
algemas. Temos que aprender e crer para proteger nossa emoção, caso contrário
podemos ser escravos vivendo em uma sociedade livre. Quem é controlado pelo
ciúme, inveja, raiva, medo e ansiedade, vive num cárcere emocional, numa
masmorra psíquica, e é refém dos seus traumas e conflitos.
É bem verdade que a história de vida de cada um acaba
provocando as ações e reações do dia-a-dia. O novo nascimento, a vida de Cristo
em nós, é o caminho da liberdade e para a liberdade. O Espírito do Senhor
Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos
quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar
libertação aos cativos e a pôr em liberdade aos algemados. Isaías 61:1.
A história de Soon Ok Lee, contada no livro “Os olhos dos
animais sem cauda”, aconteceu na Coréia do Norte no ano 1986. Essa história
provocou horror e revolta por tanta agressividade e tortura exercida por
soldados comunistas. Soon era supervisora do centro de distribuição de materiais
e foi intimada a sair e apresentar-se ao seu superior, mas foi jogada para
dentro de um carro e levada à estação de trem. Ela não retornou para sua família
naquela noite, foi levada à prisão, onde suportou seis anos de tratamento
desumano. O seu crime foi recusar-se a satisfazer a ganância de um oficial do
governo comunista.
Encontramos nas Escrituras sagradas José, penúltimo filho de
Jacó e Raquel (Gênesis 30:22-24). Ele tinha revelações em sonhos sobre
acontecimentos futuros e destacava-se entre os seus irmãos e, por isso, era
perseguido e invejado por eles. Conspiraram para matá-lo, mas pela interferência
de Ruben, o primogênito de Jacó, o fato não se concretizou, mas acabaram por
vendê-lo como escravo aos mercadores midianitas, e esses o venderam no Egito a
Potifar, capitão comandante da guarda do palácio real.
Potifar entregou nas mãos de José tudo o que ele possuía, e o
Senhor o abençoava. Ele era formoso de parecer e de vista, atraindo os desejos
da mulher de seu senhor, que queria deitar-se com ele. Porém José recusou,
porque era temente a Deus. Em outra tentativa, a mulher novamente o segurou, e,
vendo ela que José deixara as vestes em suas mãos ao tentar fugir, acusou-o de
tentar seduzi-la.
Ouvindo Potifar as palavras de sua mulher, encerrou José no
cárcere, onde permaneceu por dois anos. Os escravos da inveja, da mentira, da
compulsividade sexual, levaram-no como prisioneiro, mas, na prisão construída
por homens, ele ganhou sabedoria do Alto e, na dependência de Deus, libertou da
fome os seus irmãos, familiares e algozes. José é um ramo frutífero, ramo
frutífero junto à fonte; seus galhos se estendem sobre o muro. Os flecheiros lhe
dão amargura, atiram contra ele e o aborrecem. O seu arco, porem, permanece
firme, e os seus braços são feitos ativos pelas mãos do Poderoso de Jacó, sim,
pelo Pastor e pela Pedra de Israel. Gênesis 49:22-24.
Lamentavelmente muitos de nós temos cedido diante das
tentações, nas mais diversas áreas, resultando em estragos irreparáveis. O
pecado nos mina trazendo rachaduras em nossa estrutura. É bem verdade que na
área sexual o dano provocado é um dos maiores, porque é contra o próprio corpo,
assim como diz a palavra de Deus. Fugi da prostituição. Todo pecado que o
homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio
corpo. Ou não sabeis que o nosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em
vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? 1 Coríntios
6:18-19.
A lição que podemos tirar da vida de José diante das situações
que ele enfrentou com os seus irmãos, e da proposta recebida da mulher de
Potifar, é que o plano divino é mais alto no verdadeiro sentido da vida.
Podemos também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de
testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos
assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando
firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria
que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está
assentado à destra do trono de Deus. Hebreus 12:1-2.
Não foi tão simples assim. Contudo a sua fonte fez toda
diferença, conforme o texto acima. Ele tinha consciência do manancial eterno do
Deus Todo Poderoso que cura, supre e liberta, e por isso não quis as cisternas
rotas. José é um ramo frutífero junto à fonte. Ele não quis ficar
encarcerado na mágoa do passado e não usou seu posto para se vingar. A vida em
Deus nos liberta da escravidão, para aquilo que de fato vale a pena ser vivido.
Todos nós já sofremos algum tipo de violência ou abuso,
injustiças e até mesmo agressões, e também já fomos instrumentos de dor e
sofrimento semelhantes na vida de alguém. Agora, em nossa inclusão na morte e
ressurreição em Cristo tudo se fez novo, e por isso podemos experimentar
graciosamente a libertação do nosso cárcere, porque esta é a proposta do
verdadeiro Evangelho da graça de Deus.
Somos tentados diariamente e, por isso, ao crermos, pela graça
de Deus, na pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo, não há mais possibilidade para
continuarmos encarcerados nos laços malditos do pecado. Ora, àquele que é
poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação
imaculado diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus
Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as
eras, e agora, e por todos os séculos. Amém! Judas 1:24-25.Também temos algo
precioso na Palavra de Deus que é libertador. Não vos sobreveio tentação que
não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das
vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá
livramento, de sorte que possais suportar. 1 Coríntios 10:13.
Na nossa morte em Cristo perdemos, por graça, toda herança
maldita de encarcerados e encarceradores, e na nossa ressurreição em Cristo
ganhamos também, por graça, um novo viver, em plena liberdade, e pregamos a
liberdade, que é a vida nova de Cristo em nós. Mas alguém dirá: Como
ressuscitam os mortos? E em que corpo vêm? Insensato! O que semeias não nasce se
primeiro não morrer. Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para
que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim
também andemos nós em novidade de vida. Porque, se fomos unidos com ele na
semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua
ressurreição. 1 Coríntios 15:35-36; Romanos 6:4-5.
Será que precisamos continuar vivendo como de fato estamos? Por
mais que possamos estar marcados por algum tipo de prisão, ou tenhamos
fracassado em alguma área, o Deus da graça está com as suas mãos libertadoras
estendidas para nós. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono
da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em
ocasião oportuna ... Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para
nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Hebreus 4:16; 1
João 1:9.
Somente pela atuação do Espírito Santo em nós é que somos
convencidos do pecado, da justiça e do juízo. É na regeneração que ganhamos a
vida do Espírito e, assim, somos incluídos na esfera da liberdade interior, para
desfrutarmos da presença do Pai, porque só na presença dele há o verdadeiro
caminho da vida. Tu me farás ver os caminhos da vida: na tua presença há
plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente. Pois em ti está o
manancial da vida; na tua luz, vemos a luz. Salmos 16:11; 36:9.
A lei do Espírito da vida é a força maior e única na ação
contra a escravidão espiritual. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo
Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. Porque não recebestes o espírito
de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito
de adoção, baseados no qual clamamos: Abba, Pai. Romanos 8:2;15.O
profeta Isaías tinha razão quando expressou que não há ninguém terreno capaz de
libertar os encarcerados pelo pecado. O apóstolo Paulo fez uma colocação
parecida, contudo encontrou a resposta, a mais importante da sua vida.
Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a
Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. Para a liberdade foi que Cristo nos
libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de
escravidão. Romanos 7:24-25; Gálatas 5:1.
Solo Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
sábado, 25 de agosto de 2012
DO CÁRCERE PARA A LIBERDADE EM CRISTO
A FÉ SEM OBRAS É MORTA
“Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim
de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive,
mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no
Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Não anulo a graça
de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em
vão.” Gálatas 2:19-21.
A confissão que o Apóstolo Paulo faz nos versículos 19 e 20 do
capítulo 2 de sua Carta escrita aos Gálatas é importantíssima para o nosso
entendimento em relação à vida regenerada e à sedimentação de nossa experiência
de fé. Porém, o verso 21, com o qual não temos tanta intimidade, não é menos
importante para o “conhecimento da verdade” e entendimento quanto ao viver pela
justiça de Cristo, que se opera por meio da graça. Pois, se assim não fosse, a
justiça seria aplicada mediante a lei, e a verdade, é que teria Cristo morrido
em vão.
A convicção de pecado é o primeiro passo para uma nova
experiência de vida. Entre os salvos, é uma nova visão da Cruz e da redenção
consumada em Cristo Jesus. A vida que vivo agora na carne tem um olhar duplo,
para o pecado do qual fui resgatado e para a obra de Cristo na cruz que me
libertou dele. Por isso Paulo nos recomenda: “Levando sempre no corpo o
morrer de Jesus, para que também sua vida se manifeste em nosso corpo.” 2
Coríntios 4:10
O arrependimento, o quebrantamento, a confissão e a restituição
ou restauração, são os passos seguintes que compõem uma vida de plenitude na
presença do Pai. Chamamos de vida plena, o ato da salvação e o processo da
santificação ou vida em santidade.
“Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a
vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” “E conhecereis a verdade, e a verdade
vos libertará.” “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.”
João 14:6; 8:32 e 36.
Dia desses, estava eu me deleitando na leitura do estudo
intitulado “O Evangelho para os evangélicos” escrito pelo irmão Claudio Morandi,
pastor da nossa Congregação de São José do Rio Preto, que, com muita propriedade
e com certeza sob a unção do Espírito Santo de Deus, redigiu o seguinte
texto:
“A verdadeira graça procede de Jesus, por isso não se precisa
afirmar a graça ao lado de Cristo, pois sem Cristo não há graça. E graça é favor
imerecido, ou seja, “é Deus dando e fazendo tudo a quem nada merece.” É o
'cordeiro que foi imolado desde a fundação do mundo', que é o precipitador e
mantenedor de toda graça. É por isto que não podemos falar Cristo e a graça,
porque sem Cristo não há graça. Também não podemos dizer só Cristo mais a fé,
porque sem Cristo não há fé. Não podemos dizer só Cristo mais as Escrituras,
porque as Escrituras concorrendo com Jesus esquizofreniza a mente, por isso o
que nós precisamos é só de Jesus. As Escrituras Sagradas serão realmente
entendidas verdadeiramente quando lidas a partir do Verbo Encarnado.”
E é nesse sentido, meus irmãos, que hoje queremos traçar um
paralelo de nossas vidas encarnadas com a vida de Cristo e as Escrituras
Sagradas.
Muitas vezes somos tentados pela nossa própria soberba
espiritual de acharmos que a plenitude da salvação e da santidade está em sermos
exímios ouvintes da Palavra; conhecedores das Escrituras; assíduos leitores da
Bíblia; e ferrenhos militantes de todas as atividades da igreja.
“Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente
ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e
não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto
natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de
como era a sua aparência. Mas aquele que considera atentamente, na lei perfeita,
lei da liberdade e nela persevera, não sendo ouvinte
negligente, mas operoso praticante, esse será
bem-aventurado no que realizar.” Tiago 1:22-25.
Outros vêm as Escrituras como poesia, de forma romântica, mas
não as tomam de forma racional e pratica em suas vidas. “Quanto a ti, ó filho
do homem, os filhos do teu povo falam de ti junto aos muros e nas portas das
casas; fala um com o outro, cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e
ouvi qual é a palavra que procede do SENHOR. Eles vêm a ti, como o povo costuma
vir, e se assentam diante de ti como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não
as põem por obra; pois, com a boca, professam muito amor, mas o coração só
ambiciona lucro. Eis que tu és para eles como quem canta canções de amor, que
tem voz suave e tange bem; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por
obra. Ezequiel 33:30-32. O conhecimento de algo pode não se transformar em
ação. Em Colossenses 3:15(NVI) diz: “Que a paz de Cristo seja o juiz em seu
coração, visto que vocês foram chamados para viver em paz, como membros de um só
corpo. E sejam agradecidos.” Quando não agimos segundo a paz de Deus em
nosso coração, algo está errado. Muitas vezes não fazemos o que devíamos e
ficamos nos justificando procurando apaziguar a nossa consciência.
Meus irmãos, permitamos que o Espírito Santo venha trazer
compreensão do texto aos nossos corações, a fim de que não tenhamos um
entendimento equivocado a respeito da manifestação da vida de Cristo através de
nossos atos. Quando o texto fala em “ouvir” e “praticar”, é preciso entender que
não temos nenhuma condição de colocar em prática os propósitos de Deus em nossas
vidas, somente pelo ouvir, ler e falar, sem que a ação da lei perfeita ou da lei
da liberdade, o Evangelho da Salvação venham poderosamente operar uma obra de
morte e ressurreição EM CRISTO, em nós.
Como vimos, a graça está em Cristo, a justiça está em Cristo, a
fé está em Cristo e a revelação das Escrituras aponta para a pessoa de Cristo.
Não há graça sem Cristo, não há justiça sem Cristo, não há fé sem Cristo, não há
salvação fora da pessoa de Cristo e não há sentido nas Escrituras sem a
exaltação de Cristo Jesus Nosso Senhor.
Porém, em Cristo tudo foi consumado. “Disse-me ainda: Tudo
está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede,
darei de graça da fonte da água da vida.” Apocalipse 21:6.
Em Gálatas, Paulo afirma que não anula a graça de Deus e que a
justiça de Deus não procede de lei, mas da graça. Em 1 Coríntios 15:10, com a
mesma coerência, própria do Espírito, ele diz: “Mas, pela graça de Deus, sou
o que sou, e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes,
trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus
comigo.”
Diferentemente do que muitos salvos possam entender o trabalho
pode não ser sinônimo de religião ou de humanismo. O que faz a diferença é a
motivação que resulta no trabalho ou a fonte geradora do esforço. Mas não se
iludam o amor derramado por Deus em nossos corações nos impele em direção ao
nosso próximo, às suas necessidades, às suas dores, às suas alegrias,
simplesmente porque Aquele que mora em nós veios para servir! “Quando o homem
caiu e escolheu fazer de si mesmo - em vez de Deus - o centro da sua vida, o
resultado não só foi o homem perder a comunhão com Deus, mas também com o seu
semelhante” (Roy Hession). Precisamos permanecer em Cristo para que Ele
mesmo nos dirija em nosso caminho de serviço.
A Bíblia nos garante que a salvação veio a nós por meio e por
graça do Senhor Jesus (Atos 15:11). Logo, nenhum trabalho e nenhum esforço
gerado por mérito do homem foi necessário ou fez qualquer diferença em relação à
salvação, mas a graça do Senhor Jesus.
“Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos
os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas,
vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita
esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo
Jesus, o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e
purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras.”
Tito 2:11-14.
“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não
vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos
feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão
preparou para que andássemos nelas.” Efésios 2:8-10.
Nenhum poder, nenhum mérito, nenhum trabalho, nenhuma
contribuição, tivemos, temos ou teremos que possam influenciar ou ter
influenciado na obra salvadora que Cristo Jesus já consumou na Cruz em nosso
favor. Foi somente a graça de Deus que se manifestou salvadora a todos os
homens, sem que nenhum deles merecesse ou tivesse feito algo para merecer, mas,
foi por pura misericórdia. “Não há nada que você possa fazer para Deus te
amar mais; e não há nada que você possa fazer para Deus te amar menos".
Philip Yancey - Livro Maravilhosa Graça).
Dito isso, voltamos então ao nosso tema que é: O que ocorre
entre o ouvir e o praticar?
Está escrito que o Espírito Santo de Deus veio para nos
convencer do pecado, da justiça e do juízo. Pois bem, uma vez que ouvimos a voz
do Espírito, somos convencidos da presença do pecado em nós, e daí não temos
alternativas para a salvação, senão receber a justificação consumada pelo sangue
de Jesus que foi derramado na Cruz em nosso favor – o preço foi pago. A alegre
experiência do poder do sangue de Jesus nos limpa completamente do pecado e
restaura e cura tudo que o pecado arruinou e nos fez perder.
A justiça de Deus opera mediante a Sua graça.
A autoridade espiritual é baseada num paradoxo. Jesus disse:
“Quem quiser ser o primeiro entre vós, será o último e servo de todos.”
Mateus 20:27. Ele mesmo deu uma demonstração prática deste princípio quando
lavou os pés dos discípulos. A fonte dessa autoridade não é o orgulho, nem a
força, e nem a autoconfiança, mas a humildade. O paradoxo é um rei que lava os
pés de seus súditos! Aquele que quiser exercer autoridade espiritual deve ser o
servo de todos ... e estar disposto a morrer em favor daqueles por quem é
responsável! “Tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas
para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” Mateus 20:28.
“A fé não é uma fortaleza onde nos refugiamos para ficar
acima dos conflitos e tribulações da vida. É antes uma arma com o qual
enfrentamos todas as batalhas e embates que se nos apresentam. Sofremos golpes e
derrotas; ficamos como que presos no solo das incertezas e dúvidas; mas
permanecemos na luta. E vencemos porque ousamos exercitar nossa fé. A fé não nos
coloca numa posição privilegiada em que podemos dispensar a experiência e de
onde contemplamos a realidade de Deus, numa espécie de esplendor à parte. Ao
contrário, a fé deve poder ser aplicada na cozinha, no escritório, nas quadras
de jogos etc. Não nos retira do dia a dia, mas traz Deus para eles.” Larry
Christenson.
Não sejamos ouvintes negligentes, mas pelo poder de Cristo que
nos tirou das trevas e nos transportou para o Seu Reino de luz, e transformou o
velho em novo, sejamos operosos praticantes. Não mais eu, mas Cristo em mim.
Amém.
Solo Deo Glória.
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domingo, 19 de agosto de 2012
PASTOREADOS POR DEUS, PASTOREANDO CRIANÇAS
E traziam-lhe crianças para que lhes tocasse, mas os discípulos
repreendiam aos que lhas traziam. Marcos 10:13
Esta temática sobre as crianças é assunto de gente adulta. Não
seria apenas um tema relacionado ao Ministério Pastoral para a Infância? Não! É
assunto da Igreja de Cristo agraciada pela presença das crianças! A expressão
“pastoreados” pode ser escolhida todas as vezes que pensarmos, como Corpo de
Cristo, nos pronomes eu e nós. Ambos, o eu e o nós,
precisam ser pastoreados. O termo “pastoreando” é cabível quando se pensa nos
pronomes eles ou elas ao se referir às pessoas para as quais
nossos ministérios estão voltados.
O que significa sermos pastoreados por Deus? Significa a
experiência de vivermos a suficiência da vida de Deus em nós! Em sentido
bíblico, sermos pastoreados é também sermos saciados pela pessoa do Pai! É viver
sob o cuidado amoroso de nosso Pai Celestial. É quando chegamos ao fundo do poço
da insuficiência humana e somos invadidos pela suficiência do amor e o cuidado
pastoral Divino!
Adonai é meu pastor; não preciso de nada Salmo 23:1
(Bíblia Judaica Completa). Nada poderá ser falado sobre o assunto do ministério
pastoral para a infância se não houver desfrute e compreensão da verdadeira
dimensão do cuidado amoroso do Pai sobre as vidas consideradas adultas. Somente
as pessoas tocadas por Deus podem tocar nas crianças. Portanto, precisamos ser
cuidados, pastoralmente (tocados) por Yahweh antes de ministrarmos às crianças.
Por que e para quê precisamos ser pastoreados por Deus? Porque
Seu amor invencível quer nos possuir! Sim, apascentarei minhas ovelhas; eu as
levarei ao descanso, diz Adonai Elohim… Levantarei um pastor que esteja a cargo
delas, e ele as alimentará – meu servo Davi. Ele as apascentará e será o pastor
delas. Eu, Adonai, serei o Deus delas; e meu servo Davi, será príncipe entre
elas. Eu, Adonai, falei. Ezequiel 34:15,23,24 (BJC). Somos ovelhas do pasto
Divino e totalmente carentes do Seu cuidado pastoral. Pela necessidade que temos
dos cuidados pastorais de Deus, precisamos compreender que uma visão bíblica do
ministério pastoral com crianças começa pelo pastoreio exercido por Deus sobre
as nossas vidas.
Sermos pastoreados pelo nosso Sumo Pastor só ocorre em nossa
desistência, desconstrução e dependência Dele. É na
desistência de nossas possibilidades que O Pai inicia a Sua boa obra em
nós. Nossa possibilidade diante da obra do Pai em Cristo só se dá na desistência
de nossas capacidades próprias. Nosso Pai só constrói e re-constrói a vida de
alguém com recursos próprios.
A nossa desconstrução é a faxina terapêutica e
santificadora de Deus, nos fazendo ser parecidos com o Seu Filho. É quando a
Vida que vivemos sob as limitações físicas desta carne humana não depende mais
de nós mesmos e está fora de nosso controle pessoal.
E, a dependência do Pai só é possível de ser
experimentada quando O Seu Espírito nos faz descansar no fato de que não nos
pertencemos mais! Isto significa vivermos na dimensão do “plêroma” Divino, isto
é, na dimensão da plenitude de Deus em Cristo e pela ação do Espírito.
Será que nós, pais, pastores, professores de crianças ou
membros desta igreja, estamos experimentando e desfrutando da pastoralidade
Divina sobre as nossas vidas? Não precisamos estar diretamente ligados ao
ministério pastoral com crianças para que sejamos incomodados e desafiados a ter
um relacionamento sob os cuidados pastorais do nosso Pai Celestial!
Os discípulos de Jesus ainda não haviam entendido a proposta do
Seu Mestre. Ele queria tocar nas pessoas e exemplificou este fato através
da preciosa lição contida na narrativa do evangelho de Marcos. Naquele contexto
específico o Seu toque redentor e curador estavam voltados às crianças excluídas
da sociedade e religiosidade vigentes.
Será que nós já assimilamos esta proposta de Jesus em relação
às crianças de nosso convívio familiar, eclesiástico ou social? Esta pergunta
não precisa de mais uma resposta verbal e teologicamente correta. Antes,
carecemos de uma ação avivadora do Espírito em nossas vidas e ministérios!
As crianças estão presentes em nosso meio desde o início da
igreja cristã. Mesmo que não tenhamos um chamado específico voltado aos
pequeninos, temos um compromisso de intercessão ao Pai pelas nossas crianças e
pela continuidade histórica da Igreja de Cristo através do evangelho de Deus
pregado e ensinado às mesmas.
A outra parte do nosso estudo nasce da seguinte pergunta: o que
significa pastorear crianças? Pastorear crianças significa “tocá-las” com o
toque de Jesus! É transmitir às crianças o olhar pastoral de Jesus.
De modo geral, o ministério com crianças é assunto de todas as
pessoas pertencentes a todas as comunidades cristãs e em todas as épocas. Não é
somente uma temática para pais, tutores e professores de crianças. É um tópico
fundamental a toda igreja de Cristo. Porém, de maneira específica, todos os pais
e responsáveis por crianças são chamados por Deus e possuem um ministério
pastoral voltado às crianças que estão sob seus cuidados.
Esta pastoralidade não é uma função legitimada e desempenhada
somente no âmbito eclesiástico formal. É coisa do dia-a-dia de uma família
alcançada pela obra de Cristo. É função de pessoas pastoreadas pelo Pastor
Divino, que exercem seus ministérios com suas crianças em seus lares e não
somente as entregam rotineiramente, nos domingos, aos cuidados bíblicos e
pastorais dos professores das classes de berçário, maternal, primários e
juniores.
E quanto ao nosso departamento infantil, seria apenas um local
que as comunidades cristãs possuem para a acomodação de gente miúda ou um
ambiente ministerial de pregação (evangelização) e ensino
(discipulado) da Palavra do Deus que converte e transforma gente pequena na
imagem do Seu Filho amado? Precisamos dizer às crianças que estar nas reuniões
da igreja não é a mesma coisa que serem salvas em Cristo.
Qual é a maior necessidade de uma criança? A sua regeneração em
Cristo! Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha
mãe Salmo 51:5. Em sentido bíblico, reconhecer o “potencial” de nossos
filhos e filhas é reconhecer, antes de qualquer outra coisa, a sua capacidade
para pecar contra o seu Criador. Toda criança já nasce com uma natureza que gera
todas as outras formas de rebeldia características da infância.
O assunto mais importante para ser ministrado a uma criança é
sobre a necessidade vital que elas têm de reconhecer a sua degeneração humana e
da sua possibilidade de regeneração somente por e em Cristo! Toda
criança precisa saber que a sua vida só terá sentido através da inserção da Vida
de Cristo nelas! Não pregar este fato às nossas crianças é enganá-las de maneira
fatal e negar-lhes o “toque redentor e curador de Jesus”.
Um grave erro que cometemos como pais e pastores das crianças
que O Senhor nos confiou temporariamente é o de tentarmos educá-las por meio de
nossas concepções próprias ou das influências acolhidas ao longo de uma
trajetória de dores. Se não formos pastoreados pelo Pastor Amado, de maneira
redentora e curadora, não temos a mínima condição de transmitir às crianças
absolutamente nada da vida deste Pastor.
Um detalhe importante a ser observado da narrativa de Jesus em
seu ministério voltado às crianças está no fato das crianças não terem
participação efetiva ou adequação a nenhum sistema religioso. Apesar das
crianças nascerem em pecado e expressarem a sua natureza pecaminosa no decorrer
de sua infância, são desprovidas de apego aos sistemas religiosos construídos
por nós adultos.
Portanto, podemos constatar que Jesus usou este desprendimento
de valores religiosos observado nas crianças como parâmetro para ensinar que o
despojamento pessoal delas validava o ingresso e a aceitação em Seu Reino. As
crianças não possuem defesas para O Seu Criador. Por isso manifestam menos
barreiras humanas em relação à obra de Cristo!
Existe um paradigma melhor do que uma criança para falarmos de
despojamento e dependência do Pai? A criança é desprovida de
predicados religiosos e morais que a qualificariam como cidadã do Reino de Deus.
É por isso que são aceitas pelo Pai! O Mestre nos ensina aquilo que também
ensinou aos seus discípulos!
Jesus proferiu este precioso ensinamento de que é a falta do
mérito que conduz ao Seu Reino! Isto é para que sempre saibamos que é justamente
em nossa total fragilidade, como aquela manifestada pelas crianças trazidas a
Jesus, que podemos ser aceitos e agradar ao Pai Celestial.
Que possamos ser incomodados e impactados por este ensino
bíblico de que o evangelho da graça de Deus em Cristo é transmitido às nossas
crianças pelo toque de Jesus atingindo primeiramente as nossas vidas enquanto
adultos! Fora desta realidade em Cristo, não temos nada a ensinar às nossas
crianças a não ser a perpetuação do nosso fracasso humano, através de sistemas
religiosos ou uma moralidade admirável que não as transforma em filhos e filhas
do seu Criador.
Marcos 10:13-16 nos ensina que há uma diferença essencial e
crucial entre o toque humano (moral e religioso) e o toque Divino
(libertador e pastoral) ministrado sobre a vida das crianças!
Que sejamos primeiramente tocados (pastoreados) pelo
Senhor para que possamos tocar (pastorear) as crianças que Ele trouxer
para cuidarmos!
Solo Deo Glória.
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sexta-feira, 17 de agosto de 2012
ANTES DE TUDO...
Salvador Jesus Cristo. A ele seja
dada a glória, assim agora, como até o dia da eternidade. Amém. 2 Pedro 3.18
É impressionante a diversidade das
descrições a respeito da pessoa de Jesus. Elas, em sua grande maioria, não tem
nada a ver com o Jesus da Bíblia. Os que falam Dele tem mania de domesticá-lo.
Escolhem uma característica que mais se adapta à sua religião, plataforma
política ou estilo de vida, e assim tentam nos convencer de que Ele "é um dos
seus". Um exemplo atual e marcante é do presidente da Venezuela, Hugo Chaves, o
qual exibiu em passeata pelas ruas do país, cartazes de Jesus com a seguinte
frase: "O primeiro Revolucionário". Assim fazem os malucos, os socialistas, os
anarquistas, os "crentes" fundamentalistas, liberais, reacionários,
revolucionários. Mas todos, a partir apenas do conhecimento histórico,
apresentam um Jesus incompleto, distorcido e piegas.
T. A Sparks diz que em relação a
Jesus existem três tipos de conhecimento: o histórico, o teológico e o
espiritual . O grande perigo e erro, é tentar conhecer Jesus Cristo apenas como
homem, como dizem, os teólogos o "Jesus de Nazaré." Muitos se debruçam em
desvendar os mistérios de Jesus Cristo através da pesquisa histórica e
acadêmica, o que encontram é apenas o Jesus histórico. Porém a via que permite
conhecer a beleza do resplendor de Jesus Cristo inicia-se em Deus. "Ninguém
conhece plenamente o Filho senão o Pai". Mateus 11.27. Este conhecimento se
realiza pelo caminho da revelação, onde o Espírito de Deus age para nos levar a
uma percepção direta da pessoa de Jesus.
Jesus é o único completo. Completo
em sua humanidade e completo em sua divindade. Como registrou o apóstolo Paulo,
"pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade"
Colossenses 2.9. Ele é atemporal. Não é apenas o menino que nasceu
O perigo de depositarmos a nossa fé
em Jesus que não corresponda o Cristo das Escrituras, não é coisa nova. O
apóstolo Pedro já advertia a Igreja para tomar cuidado com ensinamentos que eram
apenas caricaturas de Jesus. Foi por esta razão que o apóstolo Pedro ao concluir
o que chamamos de segunda carta de Pedro, o faz com as seguintes palavras:
"Antes de tudo, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo." 2 Pedro 3.18. Diante dos perigos de enveredar por algum novo
ensinamento, "antes" de mais nada, preste a atenção em duas coisas. Primeiro
avance somente se estiver pisando no caminho da graça. Segundo, o foco do nosso
conhecimento deve ser o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Pedro sabia do que
estava falando, ele mesmo escreve: "Porque não vos demos a conhecer o poder e
a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fabulas engenhosamente
levantadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade." 2
Pedro 1.16.
Porém quando vemos nos Evangelhos a
história de Pedro desde o seu chamado, percebemos que o seu aprendizado em
crescer na graça e no conhecimento de Jesus não foi algo
tão tranqüilo e isento de crises. Mesmo tendo oportunidade de conhecer o Jesus
encarnado pessoalmente, descobriu que este tipo de conhecimento era insuficiente
e ineficaz. Ele aprendeu por experiência a diferença de conhecer Jesus segundo a
carne e conhecer Jesus segundo o Espírito. Descobriu que conhecer Jesus implica
em transformação, ou seja, conhecer a si próprio à luz do conhecimento divino.
Encontramos um Pedro passando por um
processo de quebrantamento contínuo, onde conforme avançava com Jesus ficava
evidente as intenções não transformadas de seu coração. O mesmo ocorre com todos
os que já tiveram uma experiência de salvação com o Senhor Jesus e iniciaram a
caminhada na estrada da santificação. Estes descobrem que seguir o Senhor Jesus
não é algo teórico, mas sim uma experiência pessoal, envolvente e
transformadora. Conforme avançam no terreno da graça, ganham uma auto-percepção
mais acurada das intenções e pensamentos ocultos de seu íntimo. Pois na verdade
a luz que irradia de Jesus expõe toda a pecaminosidade, religiosidade e
egocentrismo de cada um de seus discípulos. Crescer na graça e manter
relacionamento permanente com o Senhor Jesus significa transformação continua,
marcada primeiramente por abalos sísmicos, desmoronando valores, conceitos e
paradigmas tão incrustados no nosso eu. Esta foi a realidade na caminhada do
apóstolo Pedro com o Senhor Jesus.
Em Cesaréia de Filipos, Jesus fez um
teste com os discípulos para ver se eles haviam entendido o tipo de Messias que
ele era. Isso aconteceu cerca de seis meses antes de sua crucificação e
ressurreição. Ele perguntou: "Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?"
Mateus 16.13. Eles deram várias respostas. O povo atribuiu ao Senhor a
identidade de profeta. É verdade que o compararam aos profetas mais contundentes
que Israel já conheceu: Elias, Jeremias e João Batista. Mas apenas um profeta. A
partir deste julgamento equivocado as pessoas mantinham um relacionamento
equivocado com Jesus.
Então ele lhes perguntou
diretamente: "Mas vós, quem dizeis que eu sou ?" Foi Pedro, num de seus
repentes, quem deu, em síntese, a resposta correta: "Tu és o Cristo, o Filho
do Deus vivo". Mateus 16:16. " O Cristo" se refere Àquele a respeito
de quem Deus profetizou no Antigo Testamento por meio dos profetas. Àquele que
viria para realizar a vontade de Deus. O ungido de Deus. "O Filho do Deus
vivo", refere-se a segunda pessoa da Trindade, fala de sua Pessoa de Deus. O
Deus vivo, estava agindo na história, através de Cristo com a missão de cumprir
o Seu propósito eterno.
Jesus disse a Pedro:
"Bem-aventurado é você, Simão, filho de Jonas! Pois isto não lhe foi revelado
por carne nem sangue, mas por meu Pai que está nos céus". Mateus 16.16. Mas
Pedro foi uma pessoa inusitada. ao mesmo tempo que recebe uma revelação
majestosa do Pai, é usado por satanás para impedir que Cristo fosse para a cruz.
Em outro momento Pedro nega covardemente o Cristo por três vezes. Aquele líder
forte e impetuoso passará por um tratamento antes de reconhecer com o coração,
Jesus como o Cristo. Nós somos como Pedro, confessamos com a boca, mas o nosso
coração está distante do Senhor.
A partir da revelação de Deus para
Pedro, o Senhor Jesus começou a mostrar que deveria ir a Jerusalém e provar a
cruz. Foi quando Simão Pedro imediatamente fala sem pensar: "Não, Senhor.
Deve haver outro caminho. O Senhor não precisa ser tão tolo. O Senhor pode obter
a coroa e o trono sem a cruz. Seja bondoso para Consigo mesmo." Mateus
16.21 Pedro revelou ser uma pessoa de mentalidade própria, independente do
Senhor. O homem natural nunca está disposto a tomar a cruz. "Para trás de
mim, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de
Deus, e sim, nas dos homens." Mateus 16.23 Quando não cogitamos das coisas
de Deus, e sim, nas dos homens, tornamo-nos como Satanás, uma pedra de tropeço
para o Senhor no seu Caminho de cumprir o propósito de Deus. Portanto, a palavra
do Senhor Jesus foi: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome
a sua cruz e siga-me" Mateus 16.24. Negar a si mesmo é abrir mão da vida de
alma, da vida natural.
Parece que somos como Pedro queremos
um Cristo sem cruz. Mas, se quisermos conhecer Jesus Cristo é preciso olhar a
partir da perspectiva da cruz. A missão do Cristo somente podia se concretizar
por meio de sua crucificação, ressurreição, ascensão e segunda vinda. O Cristo
crucificado é a única garantia de salvação dos pecadores. Para os crentes a cruz
tem dois momentos. O primeiro onde fomos crucificados juntamente com Cristo. No
momento que Cristo foi suspenso entre os céus e a terra, o lugar de demônios,
ele nos incluiu para participarmos de sua morte. O segundo momento, carregamos a
cruz para poder segui-lo. Carregar a cruz é permanecer sob o efeito aniquilador
da morte de Cristo, para dar fim ao nosso ego, à nossa vida natural e ao nosso
velho homem. Assim fazendo, negamos a nós mesmos para seguir o Senhor.
Poucos dias depois, Pedro recebe
outra confirmação divina da identidade de Jesus e do seu compromisso com a cruz:
"Este é o meu Filho amado em quem me agrado. Ouçam a ele!" Mateus 17.5.
Novamente Pedro fala demais, propõe construir tendas no monte da transfiguração.
Ele queria perpetuar a experiência espiritual que estava vivenciando. Era um
caso de auto-satisfação. Mas, Pedro, precisava ainda aprender a falar menos e a
ouvir mais, principalmente a Jesus.
O conhecimento de Pedro sobre Jesus
entrou em colapso depois que o Senhor anunciou que ele iria nega-lo três vezes.
Pedro, não admitiu e insistiu com Jesus: "Ainda que me seja necessário morrer
contigo, de modo nenhum te negarei." Mateus 26.33-35. Quais palavras
prevaleceram, a de Pedro ou a de Jesus? Brennan
Manning, escreveu:"O Apóstolo Pedro construira todo o seu relacionamento com
Cristo no pressuposto de que era capaz de agir da forma adequada. É por isso que
foi tão difícil para ele encarar a sua negação ao Senhor. A sua força, a sua
lealdade e a sua fidelidade eram bens fornecidos por ele ao discipulado. A
falácia na mente de Pedro era a seguinte: ele cria que o seu relacionamento
dependia da sua consistência em produzir as qualidades pelas quais ele achava
que havia conquistado a aprovação do Senhor." A revelação de Jesus
como o Cristo estava fazendo efeitos. O orgulho e jactância de Pedro caíram tão
drasticamente que ele chegou ao fim de si mesmo.
Mentalidade própria, deleite
próprio, decisões próprias e justiça própria. Estas são algumas das
características auto-centrada que Pedro exibiu diante do Senhor. Porém, o Senhor
não deixou passar nenhuma delas, de expor o "eu" que havia no seu discípulo. E
após cada ponto ser exposto, era corrigido pelo Senhor. Os incidentes na vida de
Simão Pedro,revelam a condição interior dos discípulos de Cristo Muitos de nós enfrentamos o mesmo problema. "Projetamos
no Senhor o nosso padrão mensurado de aceitação. Toda a nossa compreensão Dele
está baseada num toma-lá-dá-cá de amor permutado. Ele nos amará se formos bons,
éticos e diligentes. Mas nós trocamos as perspectivas: tentamos viver de
modo a que Ele nos ame em vez de viver porque ele nos
amou"
Quando Deus faz o processo de
desmantelamento, então corremos para Cristo. Um relacionamento pessoal e
permanente com o Deus vivo que afeta todas as dimensões da vida humana. É um
conhecimento libertador, que nos solta das amarras da tradição e religião. Nos
dá consciência dos mecanismos que usamos para manter a nossa incredulidade e
aparentar piedade para os outros. Jesus foi lapidando a pedra Pedro e
esculpindo-a em Sua própria imagem. É isto que ele deseja fazer conosco. Jesus
permite situações em nossa caminhada onde percebemos a nossa necessidade Dele
mesmo. É a necessidade que nos faz se voltar para Cristo. As nossas fraquezas
manifestas servem de espelho para enxergar que em nossa carne não há nada de
bom, e que carecemos urgentemente de Cristo em nosso
viver.
A vida de Cristo no nosso tem o
poder de demolir e transformar em pó os pensamentos, sentimentos e vontades que
tiveram origem na carne e não no Espírito de Deus. Esvaziados de nós mesmos, dos
sentimentos de retidão, da justiça própria e das realizações apreciáveis, sem
nada para nos recomendar a não ser a nossa profunda necessidade. Como dizia
Santo Agostinho: "Veres a ti mesmo como pecador, é o começo da salvação". Então
a graça é atraída para aquela necessidade, a fim de atende-lá, tal como a água é
atraída para as profundezas, enchendo-as.
Conhecer o Senhor Jesus Cristo não é
meramente chegar a um conhecimento teórico dele. É um relacionamento objetivo e
experimental que começa em nosso intimo, mas se manifesta às pessoas que estão
ao nosso redor. Este tipo de conhecimento afasta toda a prepotência, orgulho,
arrogância e julgamento e nos faz identificar com os mais miseráveis dos
pecadores. Venho a ele tão somente por causa dos seus méritos e nada mais, e
nisto reside a força do nosso testemunho ao mundo. Por esta razão, antes de tudo
continuemos crescendo na graça e no conhecimento de Jesus Cristo. A ele seja
dada toda glória hoje e sempre. Amém.
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A RELIGIÃO HUMANISTA VERSUS O EVANGELHO DE DEUS
Pois os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem
os vossos caminhos são os meus caminhos, diz Jeová. (Isaías 55:8 TB10)
Este é um assunto que requer luz fulgurante dos holofotes
Divinos. Não há muita clareza para uma multidão que vive à sombra da velha tenda
judaica. Muito do chamado cristianismo atual, não passa do antigo odre com um
verniz brilhante por fora. Parece coisa nova, mas é o mesmo modelo do
babilonismo judaico pós-exílico.
Parece que essa profecia, já consumada, ainda não se tornou
realidade para uma grande maioria: O povo que andava em trevas viu grande
luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz.
Isaías 9:2. Tudo indica que essa gente continua na penumbra dos tipos que
serviram de sombra para a realidade. Cristo não é suficiente para uma turma
incontável de iludidos ou alucinados. Sei lá!
O que percebo é uma tentativa de reeditar, a todo custo, algo
que já ficou para trás. Aquela religião caduca e ultrapassada do mérito ainda
continua se infiltrando nas fileiras dos indigentes, dos mendigos indignos,
propondo a excelência dos executivos como se fosse um portfólio da aceitação na
casa do Amor incondicional de Abba.
Desconstruir esse modelo esnobe não é fácil, pois o velho
leviatã se parece mais com um polvo com muitos tentáculos ou com a cabeça da
Medusa, do que com um crocodilo magro. Cada vez que se fere um braço sufocante,
aparece outro mais ardiloso, do meio dessa lama turva da religião. E eis aí o
caos!
Vou procurar, neste estudo, repetir o curso que estamos
ministrando na Colina da Graça para um grupo de peregrinos que aceita ser
demolido de sua tradição religiosa, enquanto se deleita na suficiência do
Cordeiro que acolhe cada um em Seu seio amoroso.
Você sabe o que é religião? A etimologia da palavra talvez nos
aponte para a pretensão da criatura tentando se religar com o Criador, pelos
seus esforços. Seja o que for, nossos primeiros pais fizeram algo para serem
aceitos. Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus,
coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si. Gênesis 3:7.
Quando o ser humano faz algo para se tornar aceitável diante de
Deus, então, entramos no terreno religioso. Aqui neste perímetro, temos o mérito
pessoal como moeda de negociação. Por outro lado, quando somos aceitos pelo que
Deus faz, neste caso, temos o milagre do Evangelho tomando conta de nossas vidas
indignas.
Se, as tangas confeccionadas pelo casal, nu e envergonhado,
evidenciam a tal religiosidade humana, as túnicas feitas por Deus, para cobrir a
vergonha da dupla despida e transgressora, falam, claramente, de uma Boa Nova:
Deus nos aceitou, por inteiro, em sua Graça plena, através de um substituto.
Fez o SENHOR Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu.
Gênesis 3:21.
Na religião, o sujeito da ação é o ser humano atuando no palco.
No Evangelho, esse agente atuante se torna, tão somente num paciente, realmente
passivo, pois é Deus quem faz tudo em seu benefício, enquanto ele é beneficiado
pelo favor Divino.
Você precisa discernir bem esta diferença. Quem é o executivo?
Na religião sou eu ou você. No Evangelho é a Trindade. Se não percebermos com
clareza esta questão podemos nos envolver seriamente na religião, achando que
estamos lidando com o Evangelho. Mas o suor, o cansaço, a carga pesada e o mau
humor vão nos denunciar.
A segunda distinção entre religião e Evangelho fica por conta
da aquisição. Caim e Abel são modelos de dois programas distintos. Caim é
conquista de Eva, enquanto Abel é um presente de Deus. Coabitou o homem com
Eva, sua mulher. Esta concebeu e deu à luz a Caim; então, disse: Adquiri um
varão com o auxílio do SENHOR. Gênesis 4:1.
Vemos nesta cena a mulher como a personagem principal e Deus,
sendo um mero auxiliar. Ela adquire o varão com a ajuda de Deus. Você ordena e
Deus cumpre. Talvez você conheça algumas sentenças desta proposta: "Deus te
ajude"; "Deus ajuda a quem cedo madruga" ou "Deus te acompanhe"; em todas, Ele é
apenas o coadjuvante.
Todavia, Abel é uma dádiva. Eva não se viu como obreira. Era só
uma agraciada que recebia um presente de Deus. Depois, deu à luz a Abel, seu
irmão. Abel foi pastor de ovelhas, e Caim, lavrador. Gênesis 4:2. O
Evangelho é uma dádiva Divina e nunca uma conquista humana. Se for conquista é
religião; se for dom é Evangelho. Certo?
Neste versículo acima vemos também a terceira diferença. O
Evangelho tem como ocupação uma atividade sem preocupação. Estamos aqui e agora,
bem antes do Dilúvio, portanto, todos os animais eram herbívoros. Pastorear um
rebanho naquela época tornava-se um passeio agradável por entre as pastagens.
Não havia predadores para atacar as ovelhas e os pastores lidavam com o rebanho
como um lazer, divertindo-se. O pastor não vivia estressado na lida do
campo.
Mas, uma das consequências do pecado foi lavrar a terra com o
suor do rosto. Ser lavrador significava esforço no plantio, cansaço no cultivo,
apreensão na colheita, preocupação no armazenamento e vanglória ou frustração
nos resultados. O lavrador tem mérito no paiol cheio e desilusão com o fracasso
da ceifa. Por isso, ele vive apreensivo.
A religião faz com que o seu executivo trabalhe duro para
conquistar, pelo seu mérito, um lugar no altar dos vencedores. Ela só aprova
aqueles que se esmeram para trazer uma oferta que lhe tenha custado esforço,
lágrimas e suor. É preciso um bom currículo na labuta para conseguir algum
resultado no altar.
A quarta distinção da religião e do Evangelho é a oferta.
Trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel, por sua vez, trouxe
das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Gênesis 4:3-4. Os dois têm algo
a ofertar. O primeiro oferta o sacrifício pessoal. É o auto-sacrifício ou o
esforço do próprio trabalhador que está em jogo. O segundo oferta a vítima, o
substituto, focalizando o holocausto do alto, que estava identificado no animal
imolado por Deus, para cobrir a vergonha do casal pelado e pilhado de sua
identidade entre as moitas, no Jardim do Éden. Era um tipo da Cruz de Cristo,
que tem sangue na base.
A oferta humanista dispensa o sangue do Cordeiro, enquanto
compensa a sua oblação com o suor escorrido de sua fronte erguida pela soberba
do seu ego. Caim trouxe para o altar de Deus os frutos da sua lida, como uma
conquista. Ele queria ser aceito pela justiça própria. A religião sempre
enfatiza as boas obras como atributos dignos diante de Deus. Assim, seremos
salvos pelo que fazemos e não pelo que foi feito por Cristo.
No Evangelho, o cheiro do holocausto queimado e o sangue
espargido sobre o altar da Misericórdia, têm marca de oferta agradável. A
Trindade nos fez agradáveis a Ela mesma, no Amado. Abel trouxe um sacrifício que
apontava para a suficiência dAquele que nos aceita apenas pelos Seus méritos.
Nele há somente inspiração, jamais transpiração.
A oferta do religioso é de puro sacrifício pessoal, cheio de
méritos, direitos e com um discurso com cheiro de sindicato rural. A indignação
é patente quando se vê que a aceitação da Graça nada tem a ver com o desempenho
do sujeito, mas com o caráter digno do substituto que inclui a iniquidade do
indigno em sua morte.
Agora, aparece a quinta sutileza nas entrelinhas, ao vermos a
diferença dos traços marcantes de um religioso e a fisionomia de um filho de
Deus. Então, lhe disse o SENHOR: Por que andas irado, e por que descaiu o teu
semblante? Gênesis 4:6.
A ira subcutânea e o olhar para o mundo subterrâneo são sinais
de uma inadequação diante do trono da Graça. A fisionomia fechada de Caim e seu
semblante para baixo denunciam ausência de sua aceitação incondicional. Vejam
como os sindicalistas pós-Éden encontram-se sempre azucrinados e com a cara
carrancuda, carregando nos pensamentos um defunto em seu ser. O Apóstolo João
diz que, quem odeia é assassino.
Não há alternativa: Deus é amor. Quem nasceu de Deus ama,
não segundo Caim, que era do Maligno e assassinou a seu irmão; e por que o
assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas. 1 João
3:12. Uma melhor tradução seria: suas obras foram justificadas? Abel foi
aceito no Cordeiro e festejava.
Com certeza, a face exultante de um filho de Deus facilita ver
a presença de Cristo arrumando o porão de sua vida, ainda desorganizada e
confusa. Quem passou pela operação da Cruz tem motivos suficientes para fazer
festa, mesmo em tempos de guerra.
O religioso de modo geral é enfezado e mal-humorado. Por isso,
o sexto sinal para identificar o que é religião e o que é Evangelho, vem da
tendência que o religioso tem de perseguir, caçoar, menosprezar, zombar e
criticar os que foram aceitos pela Graça. Essa gente não aprecia a Graça de
Deus, mas gosta mesmo é de provocação.
Há uma perseguição que corre feroz no front e, há
também, uma perseguição velada, nos bastidores, mas ambas são cruéis e
contrárias ao modelo do Evangelho. Qualquer tipo de flagelo, açoites, ultrajes
vem patrocinado por um espírito do anticristo. No Reino de Deus não há lugar
para provocações e martírio, sob qualquer pretexto.
O Evangelho nada tem a ver com a religião. São duas realidades
diferentes e opostas em suas origens e em seus objetivos. A religião é uma
iniciativa humana em busca de sua aceitação diante de Deus pelos esforços da
meritocracia, enquanto o Evangelho é uma operação da Graça de Deus, aceitando o
indigno pelos méritos de Cristo.
Os pensamentos de Deus não são como os nossos pensamentos,
nem os nossos caminhos são como os caminhos de Deus. Nós queremos ser como
Deus, e por isso, nos elevamos em nossos ideais narcotizados por perfeccionismo.
Por outro lado, para nos salvar de nossa altivez, Deus se faz
como um de nós, esvaziando-se até a morte e morte de Cruz. Neste ponto Ele nos
encontrou e nos incluiu em Sua morte para fazer-nos morrer juntamente com Ele,
e, desde modo, nos libertar de nossa mania de ascensorista juramentado em busca
de altares.
O sétimo sinal é este: enquanto a religião tenta exaltar o ser
humano aos píncaros da glória, o Evangelho esvazia Deus até o lugar dos mortos,
a fim de nos esvaziar juntamente com Ele, para ganharmos a condição legítima de
filhos do Altíssimo, isto é: somos os mais elevados, quando estivermos mais
esvaziados de nós mesmos.
Diante da supervisão Divina, quanto maior for a postura de uma
pessoa, menor será a sua avaliação. Por isso, Deus escolheu as coisas
humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada
as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus. 1 Coríntios
1:28-29.
Aqui demos uma vista rápida entre estes dois modelos de
vivência no campo "espiritual", se bem que, a religião nada tem a ver com a vida
de cima, é coisa mesmo da terra. Agora você pode se aprofundar com mais acuidade
nesta observação. Não se esqueça: se alguém quiser lhe enganar e você for
iludido, a culpa é sua. Jesus foi claro e sucinto. E ele lhes respondeu: Vede
que ninguém vos engane. Mateus 24:4.
Solo Deo Glória.
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segunda-feira, 13 de agosto de 2012
ESCRAVOS LIVRES
Para a liberdade foi que Cristo nos libertou.
Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de
escravidão. Galátas 5:1.
O escravo não possui liberdade. Um escravo pode ser libertado
da sua escravidão, e, neste caso, ele não será mais escravo. Um ex-escravo pode
ter sido liberto, porém, um escravo livre é uma contradição de termos. Se for
escravo, não estará livre. Se estiver livre, não será mais escravo. A questão é
que: o cristão é um escravo de Jesus Cristo, mas é livre. E, agora, não há
contradição.
Nós éramos escravos do pecado. Jesus foi muito enfático ao
dizer: Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do
pecado. João 8:34. Como todos nós nascemos pecadores, todos nós nascemos
escravos do pecado. Aqui, neste caso, não há liberdade.
Adão e Eva foram criados livres. Aliás, eles foram as únicas
pessoas criadas, de fato, com livre-arbítrio. Somente eles tinham a condição de
poder não pecar e poder pecar. A sua descendên-cia já nasceu escrava do pecado.
Nós não podemos não pecar, pois viemos ao mundo com a escra-vidão do pecado no
DNA de nossas células. Todos nós nascemos escravos da rebeldia pecaminosa.
Todavia, Jesus foi também muito incisivo, quando afirmou:
Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. João 8:36.
Todos nós viemos ao mundo escravos do pecado, mas podemos ser tornados livres.
Nós não podemos nos libertar do pecado, embora possamos ser liber-tos dele. O
xis do problema é que a pessoa liberta do pecado acaba se tornando uma escrava
de Cristo. Contudo, Cristo nos libertou para a liberdade, visto que, só seremos
seus escravos, sendo livres.
A proposta de Cristo é em favor de uma libertação que nos
transforma em livres do pecado da incredulidade e da soberba do egoísmo, embora,
servos permanentes da Trindade divina Agora, porém, libertados do pecado,
transformados em servos de Deus, tendes o vosso fruto para a santificação e, por
fim, a vida eterna. Romanos 6:22. Esta implicação acaba promovendo a
escravatura da liberdade dos filhos de Aba, como escravos livres em Jesus
Cristo.
Ser um escravo livre é algo extraordinário. Isto significa
viver livre com um escravo na escravidão da liberdade. Nada além da emancipação
alforriada em Cristo pode contagiar os filhos de Deus. Por isso o Pai nos
libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu
amor, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados. Colossenses 1:13-14.
O cristão é um sujeito liberto, apesar de viver sujeito à
escravidão da liberdade. Ele é um objeto da libertação de Cristo, mas só existe,
sujeito à liberdade, como um sujeito da liberdade. Sua vivência como um sujeito
da liberdade tem como escopo a libertação de outros escravos do pecado, para
liberdade dos escravos livres. Somente o escravo da liberdade pode defender a
liberdade dos escravos do pecado. A verdadeira liberdade consiste na observância
da lei da liberdade.
A libertação do império das sombras não nos permite viver mais
assombrados com as som-brias assombrações das ditaduras do medo, do preconceito,
do legalismo e de todas as prisões das religiões. Uma pessoa liberta em Cristo é
uma advogada de libertação dos escravos. Deste modo, ela nunca poderá pregar
algo que venha a se constituir numa forma de cerceamento da liberdade.
Restringir ou proteger a liberdade revela total ignorância de
sua essência. Liberdade vigiada é pseudo liberdade, que mais se parece com uma
prisão disfarçada. Ninguém pode seguir a Cristo, livremente, tendo de prestar
contas às pessoas intrusas que especulam e exigem relatórios, querendo
satisfação daqueles atos executados diante do trono. Ninguém pode ser livre com
um fiscal no pé.
Foi para liberdade que Cristo nos libertou e é apenas,
permanecendo na liberdade, que po-demos continuar verdadeiramente livres,
promovendo libertação aos aprisionados do pecado e justiça entre os
injustiçados. Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo,
viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes entregues; e, uma
vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça. Romanos 6:17.
Obediência de má vontade ou submissão à força não procedem do
estilo livre do Evange-lho de Cristo. É preciso uma vontade liberta para uma
obediência voluntária. Se estivermos livres, de fato, estaremos livremente
envolvidos com os fatos marcantes, que conduzem ao programa da libertação dos
algemados da religião e dos prisioneiros do pecado.
É impossível alguém ser liberto e, ao mesmo tempo, ser um
carcereiro contundente de uma penitenciária de segurança máxima. A igreja nunca
foi uma cadeia, nem a assembléia do povo de Deus um campo de concentração com
vigias a postos. Por outro lado, nenhum liberto é libertino, tampouco pode se
tornar num delegado da polícia clerical, dando voz de prisão aos prisioneiros do
pecado, que ainda não conhecem a suficiência da graça plena em Cristo Jesus.
Não há um filho de Deus que seja legalista. Aquele que foi
liberto do pecado jamais viverá como escravizado da lei, escravizando legalmente
as vítimas do medo, com regras de regimentos arbitrários. Todos os libertos do
pecado são libertários e promotores da plena libertação em Cristo Jesus. A
mensagem da graça é de soltura e nunca de detenção do réu. O pregador do
Evangelho é um arauto do habeas-corpus eterno de Deus.
Temos que entender ainda que, falar de uma liberdade
condicional não tem nada a ver com a obra do Espírito Santo. Ora, o Senhor é
o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade. 2 Coríntios
3:17. Se a minha liberdade em Cristo pressupõe uma condição para usu-fruí-la,
então esta condicional torna-se num limitador incontestável, que acaba cerceando
todo e qualquer sentido da verdadeira liberdade cristã. Essa condição
acondiciona a liberdade numa prisão.
Ora, se nascemos escravos do pecado e só podemos pecar, a
libertação desta escravatura tem que ser, necessariamente, a possibilidade de
que, em algum momento, também, não possamos pecar. O ser humano só será livre de
fato se ele puder fazer ou deixar de fazer algo que faz. Veja como Paulo coloca
esta tese: Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as
coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas. 1
Coríntios 6:12.
Por que ele tinha esta postura de não se deixar dominar por
nada? Porque ele era livre. A pessoa liberta pode fazer ou não fazer qualquer
coisa. A pessoa que é escrava do fazer algo, só poderá fazer aquilo a que ela
está escravizada, bem como aquela que é uma escrava do não fazer, somente poderá
não fazer. Neste caso, tanto a escravatura da ação, como da abstenção são
opressivas.
O ébrio é o escravo do álcool e o abstêmio é o escravo da
ausência da bebida alcoólica. Em termos práticos, na vida comunitária, o
abstêmio leva vantagem, mas em termos morais e espirituais, ele pode se tornar
um arrogante legalista, dando de dedo nos outros que são dependentes alcoólicos.
A conveniência de fazer ou não fazer alguma coisa deve me deixar conveniente
para não impor o meu modelo de vida aos outros que são diferentes de mim.
Uma pessoa liberta tem uma conduta libertadora. Conviver com os
legítimos cristãos é conviver com pessoas destituídas de camisa de força, pois a
lei do Evangelho é a lei da liberdade em que os filhos de Aba vivem para si
mesmos, na dependência da lei do amor. Mas aquele que considera, atentamente,
na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte
negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que
realizar. Tiago 1:25.
Quem é liberto não se preocupa em aprisionar ninguém. Todo
sistema de segurança má-xima pressupõe ausência de liberdade. Tentar controlar
os irmãos e tentar julgar a aparência das pessoas é, no mínimo, ignorar a
jurisdição do verdadeiro Juiz, desconhecendo o código que pode disciplinar a
conduta dos autênticos filhos de Deus. Falai de tal maneira e de tal maneira
procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade. Tiago
2:12.
Não estou propondo anarquia generalizada, por meio do
anominianismo, isto é, a ausência de lei. Na vida cristã a presença e a vigência
da lei é o amor. A lei da liberdade é governada pela essência do amor de Deus
chovido em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. En-tão, o ponto
fica assim: se amo – não mato. Tudo se resume neste principio universal. O
amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o
amor. Romanos 13:10.
Veja isto como a verdade cabal. Somente as pessoas livres podem
amar com a liberdade do amor liberto. A fé cristã não encabresta as ovelhas do
rebanho. Todas elas precisam ser livres para obedecer com a liberdade da
obediência fundamentada no amor ao Pai. Qualquer obediência exi-gida não passa
de abuso moral pela conexão de um braço-de-ferro. O amor nunca decreta uma
conduta esperada, nem demanda por seus afetos ofertados. Ele não paga o que
recebe e não cobra o que dá.
A liberdade não é o direito de fazer o que se quer, mas, sim, o
privilegio de se fazer o que o amor motiva através da sua essência. Agostinho
foi milimétrico nesta afirmação: "ama e faze o que quiseres". Quem ama cumpre a
lei de Deus, pois o amor é o código que orienta a alma liberta dos filhos de
Aba, no modo de viver a legalidade do amor, a cada dia. "Seja o que for o amor,
ele não é passivo, nem destrutivo". No que se refere às coisas sacrificadas a
ídolos, reconhecemos que todos somos senhores do saber. O saber ensoberbece, mas
o amor edifica. 1 Coríntios 8:1.
Cristo nos libertou da escravidão do pecado, para que, nós,
livremente, fôssemos escravos da liberdade, pelo amor à liberdade dos outros que
vivem na escravidão do pecado. Quem é livre em Cristo prega a libertação que
conduz à liberdade por meio do Evangelho de Cristo. O rebanho do Senhor não foi
arrebanhado pela coação, nem é mantido por um servilismo estupidificado.
Na igreja de Cristo Jesus não há rebanhos aprisionados pelas
cercas dos regulamentos ou encabrestados pelas rédeas do dever, do interesse ou
do medo. Somos uma grei liberta pela graça a serviço da liberdade do amor sem
fronteira, pois, como dizia John Knox, "maior que os exércitos é a bondade; mais
forte do que as espadas é a liberdade". Liberdade sim, nunca liberalismo ou
libertinagem. Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não
useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros,
pelo amor. Gálatas 5:13. Amém.
Solo Deo Glória.
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