Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o
conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela
loucura da pregação. 1Coríntios 1:21
Vimos na série, o Pecado dos Pecados, a definição de Jesus
sobre o que é o pecado, como sendo a descrença em sua pessoa. Para o Senhor,
errar o alvo, isto é, pecar, significa não crer nele. O pecador é o incrédulo
diante da pessoa de Cristo Jesus.
Também vimos que todos nós nascemos neste mundo descrentes em
relação a Cristo Jesus. Nós viemos ao mundo, redondamente, ateus. Ninguém
aparece aqui na terra crendo em Deus, naturalmente. Toda a nossa experiência é
sensória. Já dizia Tomas de Aquino: "nihil est in intelectu quod prius non
fuerit in sensu", (não há nada no intelecto que não tenha passado primeiro
pelos sentidos). O problema é que Deus é espírito puro, e espírito não é matéria
sensorial.
Ainda que alguns filósofos quisessem apresentar um apriorismo
da realidade divina no entendimento subjetivo, a mente humana é basicamente
tridimensional. Nós só compreendemos a realidade das coisas a partir do seu
cumprimento, altura e largura. Não há abstração no pensamento da criança. Tudo é
muito concreto e material. Todo ateu é rigorosamente materialista.
Cristo é Deus. Deus é espírito. Espírito é algo inexplicável
para a mente que pensa em três dimensões, pois o espírito não tem forma, não tem
cor, não tem cheiro, não ocupa lugar no espaço, além disso, o ser humano
encontra-se morto espiritualmente. Como um morto no espírito, sem a abrangência
da realidade espiritual, pode admiti-la, se lhe faltam as condições de
percepção?
Como vimos também, todas as crianças nascem ateias e a toas em
relação à realidade de Deus. Do céu olha o SENHOR para os filhos dos
homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus. Salmos
14:2. A Bíblia mostra que todos nós viemos ao mundo pecadores por
natureza, e, conseqüentemente, incrédulos no que diz respeito à existência
divina, ainda que possamos vislumbrar as pegadas da divindade através da
criação, mas a criatura é cega espiritual.
É impossível uma pessoa fisiologicamente cega ver a realidade
das coisas, mesmo quando há luz fulgurante no ambiente. Por outro lado, sem
luminosidade ninguém pode enxergar coisa alguma. Muitos cegos têm os globos
oculares completos, embora estejam desconectados do cérebro. Eles têm o aparelho
visual e há luz no ambiente, todavia os olhos estão impedidos de ver, por falta
de conexão cerebral. A maioria não vê a realidade por deficiência no sistema da
visão.
O morto espiritual também não pode entender as coisas do âmbito
imaterial. Ele está desconectado da fonte espiritual que é Deus. Não as entende
porque lhe faltam as categorias do juízo espiritual. Ora, o homem natural
não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode
entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. 1 Coríntios
2:14.
O homem natural ou psíquico só compreende a realidade material
a partir da sua concepção de coerência psicológica. Como se acha separado da
vida espiritual de Deus, não alcança qualquer evento extra-sensório. Para intuir
algo como espiritual carece de sentimentos ou sensações. Se não sentir algum
arrepio, por exemplo, não consegue determinar a realidade espiritual. Ora, isto
é o contrário da vida espiritual. Se algo for do espírito, não pode ser
sentido.
Todos nós nascemos neste mundo com a vida bios ou
biológica, que se expressa em sua pessoalidade através da vida psique ou
psicológica, mas todos nós nascemos destituídos da vida zoê ou
espiritual. Se um cego não pode ver sem que haja uma cura do seu sistema visual,
um morto no espírito não pode se envolver na realidade espiritual se não nascer
de novo. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é
espírito. João 3:6.
Nós nascemos mortos espiritualmente e precisamos nascer do
espírito. – Como pode ser isto? Perguntou Nicodemos, catedrático da religião
judaica e PhD em Bíblia. Jesus mostrou que é um milagre do vento soprando ou uma
atuação prodigiosa do Espírito Santo.
Lázaro estava morto no plano físico. Era um defunto de quatro
dias e encontrava-se podre. Jesus proclamou a sua palavra, chamando-o:
Lázaro! Vem para fora. Ele foi vivificado, ouviu a palavra de
Jesus e saiu da sepultura como se fosse um charuto enrolado. A palavra de Jesus
deu-lhe vida e Lázaro foi capacitado a ouvir a ordem. O avivamento é um efeito
da pregação da palavra de Deus. Estou aflitíssimo; vivifica-me, SENHOR,
segundo a tua palavra. Salmos 119:107.
Os mortos espirituais não podem ouvir espiritualmente a palavra
de Deus. Eles carecem, antes de tudo, de serem vivificados pelo poder da
pregação do evangelho. A loucura da pregação aos mortos no pecado é a insanidade
que aciona o agente germinador da vida zoê que está em Cristo, e, por
conseguinte, o autor da fé gera a confiança no ouvinte. E, assim, a fé vem
pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo. Romanos 10:17.
Cristo Jesus é a vida zoê e o autor da fé. Pregar a Cristo
crucificado e ressurreto é promover o agir da vivificação do morto espiritual e
o seu reagir em fé. Kéruxon tòn lógon – (kerúkson ton lógon, 2 Timóteo 4:2) isto
é, prega a palavra, mas, a palavra do evangelho, que é a única
operação vivificadora dos mortos no pecado, e, ao mesmo tempo, a semente que faz
brotar a fé.
Os mortos em delitos e pecados só podem renascer,
espiritualmente falando, pela pregação do evangelho. Jesus ressuscitado foi
enfático com os seus discípulos e disse-lhes: Ide por todo o mundo e
pregai o evangelho a toda criatura. Marcos 16:15. Ele não mandou que
fossem ensinar aos incrédulos, mas pregar o evangelho a eles. A pregação
antecede ao discipulado.
Nós podemos ensinar doutrinas aos filhos de Adão por meio de
uma boa didática, mas não podemos dar vida a eles, senão pela pregação do
evangelho. Um religioso se faz pelo ensino, contudo, os filhos de Deus são
gerados pela pregação do evangelho de Cristo. Veja esse argumento paulino:
Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não
teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo
Jesus. 1 Coríntios 4:15.
Antes de ensinar ao pecador as palavras de Cristo, precisamos
primeiro proclamá-lo como Salvador e Senhor, para que o incrédulo possa ser
vivificado e capacitado a responder à mensagem pela fé e com arrependimento. A
regeneração antecede ao discipulado. O problema é que muitos até assentem à
crença, mas não crêem de fato, pois não foram avivados pela pregação que dá
vida. Uma coisa é acreditar, outra bem diferente é crer em Cristo. Acreditar é
saber que o avião voa. Crer é entrar no avião e voar. Muitos acreditam em
Cristo, mas não se confiam totalmente a ele.
A loucura da pregação do evangelho inocula a vida zoê no
morto espiritual, que foi trabalhado, previamente pela graça, ao incitar a fé
que foi doada por Deus, levando o crente ao arrependimento ativo e permanente. A
palavra de Deus gera vida espiritual e uma reação correspondente de fé e mudança
de vida. Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da
verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas. Tiago
1:18.
O homem natural não possui vida espiritual e não tem fé em
Cristo. Ele pode se tornar um bom religioso, praticante de boas obras e piedoso,
com vasto conhecimento a respeito de Deus, mas nunca se confiará totalmente a
Cristo para a sua salvação. Uma das principais características de um religioso é
que ele sempre tem que fazer alguma coisa para ser aceito diante de Deus.
Pecado é viver por conta própria, separado de Cristo. Salvação
do pecado é viver confiado apenas em Cristo. Como todos nós nascemos em pecado,
todos nós vivemos por nossa conta. Assim, nos tornamos religiosos cristãos,
dizendo que confiamos em Cristo.
Viver pela fé é desistir de si mesmo e depender somente de
Cristo para sua aceitação diante de Pai e dos homens. Quando recebemos a palavra
de Deus como palavra de Deus, ganhamos a vida da ressurreição de Cristo que nos
regenera e a fé que vem por Jesus, habilitando-nos a responder confiantemente em
tudo o que Cristo fez e faz em nosso favor.
O abc da fé é uma série de estudos voltada para a vida de
certeza em Cristo. Vamos analisar a fé como um dom da graça de Deus, oposto ao
pecado, e o seu desenvolvimento em nossa nova vida, compartilhado por meio de
Cristo. Nada que não seja doado por Deus merece crédito. Por isso, Amados,
quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum
salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a
batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi dada aos santos.
Judas 1:3. Aleluia.
Solo Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
sábado, 11 de agosto de 2012
O ABC DA FÉ - A CAUSA
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