sábado, 11 de agosto de 2012

O ABC DA FÉ - A CAUSA

Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação. 1Coríntios 1:21
Vimos na série, o Pecado dos Pecados, a definição de Jesus sobre o que é o pecado, como sendo a descrença em sua pessoa. Para o Senhor, errar o alvo, isto é, pecar, significa não crer nele. O pecador é o incrédulo diante da pessoa de Cristo Jesus.
Também vimos que todos nós nascemos neste mundo descrentes em relação a Cristo Jesus. Nós viemos ao mundo, redondamente, ateus. Ninguém aparece aqui na terra crendo em Deus, naturalmente. Toda a nossa experiência é sensória. Já dizia Tomas de Aquino: "nihil est in intelectu quod prius non fuerit in sensu", (não há nada no intelecto que não tenha passado primeiro pelos sentidos). O problema é que Deus é espírito puro, e espírito não é matéria sensorial.
Ainda que alguns filósofos quisessem apresentar um apriorismo da realidade divina no entendimento subjetivo, a mente humana é basicamente tridimensional. Nós só compreendemos a realidade das coisas a partir do seu cumprimento, altura e largura. Não há abstração no pensamento da criança. Tudo é muito concreto e material. Todo ateu é rigorosamente materialista.
Cristo é Deus. Deus é espírito. Espírito é algo inexplicável para a mente que pensa em três dimensões, pois o espírito não tem forma, não tem cor, não tem cheiro, não ocupa lugar no espaço, além disso, o ser humano encontra-se morto espiritualmente. Como um morto no espírito, sem a abrangência da realidade espiritual, pode admiti-la, se lhe faltam as condições de percepção?
Como vimos também, todas as crianças nascem ateias e a toas em relação à realidade de Deus. Do céu olha o SENHOR para os filhos dos homens, para ver se há quem entenda, se há quem busque a Deus. Salmos 14:2. A Bíblia mostra que todos nós viemos ao mundo pecadores por natureza, e, conseqüentemente, incrédulos no que diz respeito à existência divina, ainda que possamos vislumbrar as pegadas da divindade através da criação, mas a criatura é cega espiritual.
É impossível uma pessoa fisiologicamente cega ver a realidade das coisas, mesmo quando há luz fulgurante no ambiente. Por outro lado, sem luminosidade ninguém pode enxergar coisa alguma. Muitos cegos têm os globos oculares completos, embora estejam desconectados do cérebro. Eles têm o aparelho visual e há luz no ambiente, todavia os olhos estão impedidos de ver, por falta de conexão cerebral. A maioria não vê a realidade por deficiência no sistema da visão.
O morto espiritual também não pode entender as coisas do âmbito imaterial. Ele está desconectado da fonte espiritual que é Deus. Não as entende porque lhe faltam as categorias do juízo espiritual. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. 1 Coríntios 2:14.
O homem natural ou psíquico só compreende a realidade material a partir da sua concepção de coerência psicológica. Como se acha separado da vida espiritual de Deus, não alcança qualquer evento extra-sensório. Para intuir algo como espiritual carece de sentimentos ou sensações. Se não sentir algum arrepio, por exemplo, não consegue determinar a realidade espiritual. Ora, isto é o contrário da vida espiritual. Se algo for do espírito, não pode ser sentido.
Todos nós nascemos neste mundo com a vida bios ou biológica, que se expressa em sua pessoalidade através da vida psique ou psicológica, mas todos nós nascemos destituídos da vida zoê ou espiritual. Se um cego não pode ver sem que haja uma cura do seu sistema visual, um morto no espírito não pode se envolver na realidade espiritual se não nascer de novo. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. João 3:6.
Nós nascemos mortos espiritualmente e precisamos nascer do espírito. – Como pode ser isto? Perguntou Nicodemos, catedrático da religião judaica e PhD em Bíblia. Jesus mostrou que é um milagre do vento soprando ou uma atuação prodigiosa do Espírito Santo.
Lázaro estava morto no plano físico. Era um defunto de quatro dias e encontrava-se podre. Jesus proclamou a sua palavra, chamando-o: Lázaro! Vem para fora. Ele foi vivificado, ouviu a palavra de Jesus e saiu da sepultura como se fosse um charuto enrolado. A palavra de Jesus deu-lhe vida e Lázaro foi capacitado a ouvir a ordem. O avivamento é um efeito da pregação da palavra de Deus. Estou aflitíssimo; vivifica-me, SENHOR, segundo a tua palavra. Salmos 119:107.
Os mortos espirituais não podem ouvir espiritualmente a palavra de Deus. Eles carecem, antes de tudo, de serem vivificados pelo poder da pregação do evangelho. A loucura da pregação aos mortos no pecado é a insanidade que aciona o agente germinador da vida zoê que está em Cristo, e, por conseguinte, o autor da fé gera a confiança no ouvinte. E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo. Romanos 10:17.
Cristo Jesus é a vida zoê e o autor da fé. Pregar a Cristo crucificado e ressurreto é promover o agir da vivificação do morto espiritual e o seu reagir em fé. Kéruxon tòn lógon – (kerúkson ton lógon, 2 Timóteo 4:2) isto é, prega a palavra, mas, a palavra do evangelho, que é a única operação vivificadora dos mortos no pecado, e, ao mesmo tempo, a semente que faz brotar a fé.
Os mortos em delitos e pecados só podem renascer, espiritualmente falando, pela pregação do evangelho. Jesus ressuscitado foi enfático com os seus discípulos e disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Marcos 16:15. Ele não mandou que fossem ensinar aos incrédulos, mas pregar o evangelho a eles. A pregação antecede ao discipulado.
Nós podemos ensinar doutrinas aos filhos de Adão por meio de uma boa didática, mas não podemos dar vida a eles, senão pela pregação do evangelho. Um religioso se faz pelo ensino, contudo, os filhos de Deus são gerados pela pregação do evangelho de Cristo. Veja esse argumento paulino: Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus. 1 Coríntios 4:15.
Antes de ensinar ao pecador as palavras de Cristo, precisamos primeiro proclamá-lo como Salvador e Senhor, para que o incrédulo possa ser vivificado e capacitado a responder à mensagem pela fé e com arrependimento. A regeneração antecede ao discipulado. O problema é que muitos até assentem à crença, mas não crêem de fato, pois não foram avivados pela pregação que dá vida. Uma coisa é acreditar, outra bem diferente é crer em Cristo. Acreditar é saber que o avião voa. Crer é entrar no avião e voar. Muitos acreditam em Cristo, mas não se confiam totalmente a ele.
A loucura da pregação do evangelho inocula a vida zoê no morto espiritual, que foi trabalhado, previamente pela graça, ao incitar a fé que foi doada por Deus, levando o crente ao arrependimento ativo e permanente. A palavra de Deus gera vida espiritual e uma reação correspondente de fé e mudança de vida. Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como que primícias das suas criaturas. Tiago 1:18.
O homem natural não possui vida espiritual e não tem fé em Cristo. Ele pode se tornar um bom religioso, praticante de boas obras e piedoso, com vasto conhecimento a respeito de Deus, mas nunca se confiará totalmente a Cristo para a sua salvação. Uma das principais características de um religioso é que ele sempre tem que fazer alguma coisa para ser aceito diante de Deus.
Pecado é viver por conta própria, separado de Cristo. Salvação do pecado é viver confiado apenas em Cristo. Como todos nós nascemos em pecado, todos nós vivemos por nossa conta. Assim, nos tornamos religiosos cristãos, dizendo que confiamos em Cristo.
Viver pela fé é desistir de si mesmo e depender somente de Cristo para sua aceitação diante de Pai e dos homens. Quando recebemos a palavra de Deus como palavra de Deus, ganhamos a vida da ressurreição de Cristo que nos regenera e a fé que vem por Jesus, habilitando-nos a responder confiantemente em tudo o que Cristo fez e faz em nosso favor.
O abc da fé é uma série de estudos voltada para a vida de certeza em Cristo. Vamos analisar a fé como um dom da graça de Deus, oposto ao pecado, e o seu desenvolvimento em nossa nova vida, compartilhado por meio de Cristo. Nada que não seja doado por Deus merece crédito. Por isso, Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi dada aos santos. Judas 1:3. Aleluia.

Solo Deo Glória.

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