Tira a minha alma do cárcere, para que eu dê graças ao teu
nome. Salmos 142:7
Sabemos, pela palavra de Deus, que a humanidade está
sequestrada no cárcere do pecado. Ele aprisiona com os mais terríveis grilhões,
causando dano e sequelas horríveis. Não sabemos por quanto tempo Adão e Eva
usufruíram da liberdade na presença de Deus no jardim do Éden, livres do pecado.
Contudo podemos ver o estrago e a consequência que a desobediência trouxe à raça
humana. Todo aquele que vive no pecado, sem o novo nascimento, está recolhido e
trancado na penitenciária mais obscura e fétida do seu egocentrismo, promovendo
doenças das mais variadas contra si e contra os outros. Desde a planta do pé
até a cabeça não há nele coisa sã, sendo feridas, contusões e chagas inflamadas,
umas e outras não espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo. Isaías
1:6.
Um dos livros que aparece no topo dos mais lidos em 2011 no
Brasil relata a história de uma menina de apenas oito anos de idade que foi
sequestrada, no caminho da escola, por um engenheiro de telecomunicação. Isto
aconteceu no ano de 1998, em Viena, Áustria e ela ficou encarcerada 3096 dias e
relata que foi submetida a todo tipo de abuso físico e psicológico. Lamenta que
nesses oito anos e meio no cativeiro, não pôde comemorar os aniversários com os
parentes e amigos, os encontros de família, e tanta coisa boa que a liberdade
traz. Também enfrentou dor, medo, fome, solidão e maus tratos. Felizmente, num
descuido do sequestrador, ela pôde fugir e buscar ajuda. E agora se recupera dos
seus traumas.
Esta humanidade, marcada pela rebelião, se deixou ser
sequestrada pelo diabo, virou as costas ao Deus Todo Poderoso. É uma grande
reprodutora de escravizadores e escravizados nos mais diversos segmentos:
político, social, religioso, material, espiritual. Vive numa insatisfação, e, em
consequência uma satisfação exacerbada dos desejos, na busca de significado, que
só podemos encontrar em Cristo, em Deus. Porque dois males cometeram o meu
povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas rotas,
que não retém as águas. Acaso, é Israel escravo ou servo nascido em casa? Por
que, pois, veio a ser presa? Jeremias 2:13-14.
A história do Êxodo que aconteceu 1400 anos a. C. relata a
exposição de fatos do povo hebreu que viveu no Egito durante 430 anos, sendo
que, a maior parte do tempo, em regime de escravidão. Quando contemplamos os
filhos de Israel no meio dos fornos de tijolos no Egito, temos perante nós uma
figura exata da condição de todo filho de Adão na sua escravidão espiritual.
A crueldade do pecado esmaga, sob o jugo mortífero, a raça
humana na sua escravidão. Sabe, porém, isto: nos últimos dias sobrevirão
tempos difíceis; porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos,
presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos,
profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes,
cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais
amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas
negando a eficácia dela. 2 Timóteo 3:1-5.
Onde estavam os recursos para pagar o seu resgate? Ou onde
estava a força para quebrar as cadeias? Por si só, estavam impossibilitados,
como disse o profeta Isaías (42:22), assim como todos nós em nossa própria
suficiência. Somente o Deus criador é capaz de resgatar os encarcerados de todos
os tempos, nele estava a salvação do povo de Israel oprimido e arruinado. Não
há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome,
dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos. Atos 4:12.Só em
Jesus Cristo os encarcerados como nós podem ser libertos daquele que os domina
com um poder despótico, tirano. O pecado encarcera e oprime. Jesus veio trazer
liberdade aos cativos.
O Deus trino, que é livre em si mesmo, manifesta-se em nosso
meio, deixando-se aprisionar em uma cruz, para tirar a nossa natureza de
escravos. No domingo da liberdade, da ressurreição, quebra as correntes e as
algemas. Temos que aprender e crer para proteger nossa emoção, caso contrário
podemos ser escravos vivendo em uma sociedade livre. Quem é controlado pelo
ciúme, inveja, raiva, medo e ansiedade, vive num cárcere emocional, numa
masmorra psíquica, e é refém dos seus traumas e conflitos.
É bem verdade que a história de vida de cada um acaba
provocando as ações e reações do dia-a-dia. O novo nascimento, a vida de Cristo
em nós, é o caminho da liberdade e para a liberdade. O Espírito do Senhor
Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos
quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar
libertação aos cativos e a pôr em liberdade aos algemados. Isaías 61:1.
A história de Soon Ok Lee, contada no livro “Os olhos dos
animais sem cauda”, aconteceu na Coréia do Norte no ano 1986. Essa história
provocou horror e revolta por tanta agressividade e tortura exercida por
soldados comunistas. Soon era supervisora do centro de distribuição de materiais
e foi intimada a sair e apresentar-se ao seu superior, mas foi jogada para
dentro de um carro e levada à estação de trem. Ela não retornou para sua família
naquela noite, foi levada à prisão, onde suportou seis anos de tratamento
desumano. O seu crime foi recusar-se a satisfazer a ganância de um oficial do
governo comunista.
Encontramos nas Escrituras sagradas José, penúltimo filho de
Jacó e Raquel (Gênesis 30:22-24). Ele tinha revelações em sonhos sobre
acontecimentos futuros e destacava-se entre os seus irmãos e, por isso, era
perseguido e invejado por eles. Conspiraram para matá-lo, mas pela interferência
de Ruben, o primogênito de Jacó, o fato não se concretizou, mas acabaram por
vendê-lo como escravo aos mercadores midianitas, e esses o venderam no Egito a
Potifar, capitão comandante da guarda do palácio real.
Potifar entregou nas mãos de José tudo o que ele possuía, e o
Senhor o abençoava. Ele era formoso de parecer e de vista, atraindo os desejos
da mulher de seu senhor, que queria deitar-se com ele. Porém José recusou,
porque era temente a Deus. Em outra tentativa, a mulher novamente o segurou, e,
vendo ela que José deixara as vestes em suas mãos ao tentar fugir, acusou-o de
tentar seduzi-la.
Ouvindo Potifar as palavras de sua mulher, encerrou José no
cárcere, onde permaneceu por dois anos. Os escravos da inveja, da mentira, da
compulsividade sexual, levaram-no como prisioneiro, mas, na prisão construída
por homens, ele ganhou sabedoria do Alto e, na dependência de Deus, libertou da
fome os seus irmãos, familiares e algozes. José é um ramo frutífero, ramo
frutífero junto à fonte; seus galhos se estendem sobre o muro. Os flecheiros lhe
dão amargura, atiram contra ele e o aborrecem. O seu arco, porem, permanece
firme, e os seus braços são feitos ativos pelas mãos do Poderoso de Jacó, sim,
pelo Pastor e pela Pedra de Israel. Gênesis 49:22-24.
Lamentavelmente muitos de nós temos cedido diante das
tentações, nas mais diversas áreas, resultando em estragos irreparáveis. O
pecado nos mina trazendo rachaduras em nossa estrutura. É bem verdade que na
área sexual o dano provocado é um dos maiores, porque é contra o próprio corpo,
assim como diz a palavra de Deus. Fugi da prostituição. Todo pecado que o
homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio
corpo. Ou não sabeis que o nosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em
vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? 1 Coríntios
6:18-19.
A lição que podemos tirar da vida de José diante das situações
que ele enfrentou com os seus irmãos, e da proposta recebida da mulher de
Potifar, é que o plano divino é mais alto no verdadeiro sentido da vida.
Podemos também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de
testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos
assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando
firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria
que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está
assentado à destra do trono de Deus. Hebreus 12:1-2.
Não foi tão simples assim. Contudo a sua fonte fez toda
diferença, conforme o texto acima. Ele tinha consciência do manancial eterno do
Deus Todo Poderoso que cura, supre e liberta, e por isso não quis as cisternas
rotas. José é um ramo frutífero junto à fonte. Ele não quis ficar
encarcerado na mágoa do passado e não usou seu posto para se vingar. A vida em
Deus nos liberta da escravidão, para aquilo que de fato vale a pena ser vivido.
Todos nós já sofremos algum tipo de violência ou abuso,
injustiças e até mesmo agressões, e também já fomos instrumentos de dor e
sofrimento semelhantes na vida de alguém. Agora, em nossa inclusão na morte e
ressurreição em Cristo tudo se fez novo, e por isso podemos experimentar
graciosamente a libertação do nosso cárcere, porque esta é a proposta do
verdadeiro Evangelho da graça de Deus.
Somos tentados diariamente e, por isso, ao crermos, pela graça
de Deus, na pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo, não há mais possibilidade para
continuarmos encarcerados nos laços malditos do pecado. Ora, àquele que é
poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação
imaculado diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus
Cristo, Senhor nosso, glória, majestade, império e soberania, antes de todas as
eras, e agora, e por todos os séculos. Amém! Judas 1:24-25.Também temos algo
precioso na Palavra de Deus que é libertador. Não vos sobreveio tentação que
não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais tentados além das
vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos proverá
livramento, de sorte que possais suportar. 1 Coríntios 10:13.
Na nossa morte em Cristo perdemos, por graça, toda herança
maldita de encarcerados e encarceradores, e na nossa ressurreição em Cristo
ganhamos também, por graça, um novo viver, em plena liberdade, e pregamos a
liberdade, que é a vida nova de Cristo em nós. Mas alguém dirá: Como
ressuscitam os mortos? E em que corpo vêm? Insensato! O que semeias não nasce se
primeiro não morrer. Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para
que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim
também andemos nós em novidade de vida. Porque, se fomos unidos com ele na
semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua
ressurreição. 1 Coríntios 15:35-36; Romanos 6:4-5.
Será que precisamos continuar vivendo como de fato estamos? Por
mais que possamos estar marcados por algum tipo de prisão, ou tenhamos
fracassado em alguma área, o Deus da graça está com as suas mãos libertadoras
estendidas para nós. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono
da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em
ocasião oportuna ... Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para
nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Hebreus 4:16; 1
João 1:9.
Somente pela atuação do Espírito Santo em nós é que somos
convencidos do pecado, da justiça e do juízo. É na regeneração que ganhamos a
vida do Espírito e, assim, somos incluídos na esfera da liberdade interior, para
desfrutarmos da presença do Pai, porque só na presença dele há o verdadeiro
caminho da vida. Tu me farás ver os caminhos da vida: na tua presença há
plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente. Pois em ti está o
manancial da vida; na tua luz, vemos a luz. Salmos 16:11; 36:9.
A lei do Espírito da vida é a força maior e única na ação
contra a escravidão espiritual. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo
Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. Porque não recebestes o espírito
de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito
de adoção, baseados no qual clamamos: Abba, Pai. Romanos 8:2;15.O
profeta Isaías tinha razão quando expressou que não há ninguém terreno capaz de
libertar os encarcerados pelo pecado. O apóstolo Paulo fez uma colocação
parecida, contudo encontrou a resposta, a mais importante da sua vida.
Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a
Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. Para a liberdade foi que Cristo nos
libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de
escravidão. Romanos 7:24-25; Gálatas 5:1.
Solo Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
sábado, 25 de agosto de 2012
DO CÁRCERE PARA A LIBERDADE EM CRISTO
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