domingo, 19 de agosto de 2012

PASTOREADOS POR DEUS, PASTOREANDO CRIANÇAS

E traziam-lhe crianças para que lhes tocasse, mas os discípulos repreendiam aos que lhas traziam. Marcos 10:13
Esta temática sobre as crianças é assunto de gente adulta. Não seria apenas um tema relacionado ao Ministério Pastoral para a Infância? Não! É assunto da Igreja de Cristo agraciada pela presença das crianças! A expressão “pastoreados” pode ser escolhida todas as vezes que pensarmos, como Corpo de Cristo, nos pronomes eu e nós. Ambos, o eu e o nós, precisam ser pastoreados. O termo “pastoreando” é cabível quando se pensa nos pronomes eles ou elas ao se referir às pessoas para as quais nossos ministérios estão voltados.
O que significa sermos pastoreados por Deus? Significa a experiência de vivermos a suficiência da vida de Deus em nós! Em sentido bíblico, sermos pastoreados é também sermos saciados pela pessoa do Pai! É viver sob o cuidado amoroso de nosso Pai Celestial. É quando chegamos ao fundo do poço da insuficiência humana e somos invadidos pela suficiência do amor e o cuidado pastoral Divino!
Adonai é meu pastor; não preciso de nada Salmo 23:1 (Bíblia Judaica Completa). Nada poderá ser falado sobre o assunto do ministério pastoral para a infância se não houver desfrute e compreensão da verdadeira dimensão do cuidado amoroso do Pai sobre as vidas consideradas adultas. Somente as pessoas tocadas por Deus podem tocar nas crianças. Portanto, precisamos ser cuidados, pastoralmente (tocados) por Yahweh antes de ministrarmos às crianças.
Por que e para quê precisamos ser pastoreados por Deus? Porque Seu amor invencível quer nos possuir! Sim, apascentarei minhas ovelhas; eu as levarei ao descanso, diz Adonai Elohim… Levantarei um pastor que esteja a cargo delas, e ele as alimentará – meu servo Davi. Ele as apascentará e será o pastor delas. Eu, Adonai, serei o Deus delas; e meu servo Davi, será príncipe entre elas. Eu, Adonai, falei. Ezequiel 34:15,23,24 (BJC). Somos ovelhas do pasto Divino e totalmente carentes do Seu cuidado pastoral. Pela necessidade que temos dos cuidados pastorais de Deus, precisamos compreender que uma visão bíblica do ministério pastoral com crianças começa pelo pastoreio exercido por Deus sobre as nossas vidas.
Sermos pastoreados pelo nosso Sumo Pastor só ocorre em nossa desistência, desconstrução e dependência Dele. É na desistência de nossas possibilidades que O Pai inicia a Sua boa obra em nós. Nossa possibilidade diante da obra do Pai em Cristo só se dá na desistência de nossas capacidades próprias. Nosso Pai só constrói e re-constrói a vida de alguém com recursos próprios.
A nossa desconstrução é a faxina terapêutica e santificadora de Deus, nos fazendo ser parecidos com o Seu Filho. É quando a Vida que vivemos sob as limitações físicas desta carne humana não depende mais de nós mesmos e está fora de nosso controle pessoal.
E, a dependência do Pai só é possível de ser experimentada quando O Seu Espírito nos faz descansar no fato de que não nos pertencemos mais! Isto significa vivermos na dimensão do “plêroma” Divino, isto é, na dimensão da plenitude de Deus em Cristo e pela ação do Espírito.
Será que nós, pais, pastores, professores de crianças ou membros desta igreja, estamos experimentando e desfrutando da pastoralidade Divina sobre as nossas vidas? Não precisamos estar diretamente ligados ao ministério pastoral com crianças para que sejamos incomodados e desafiados a ter um relacionamento sob os cuidados pastorais do nosso Pai Celestial!
Os discípulos de Jesus ainda não haviam entendido a proposta do Seu Mestre. Ele queria tocar nas pessoas e exemplificou este fato através da preciosa lição contida na narrativa do evangelho de Marcos. Naquele contexto específico o Seu toque redentor e curador estavam voltados às crianças excluídas da sociedade e religiosidade vigentes.
Será que nós já assimilamos esta proposta de Jesus em relação às crianças de nosso convívio familiar, eclesiástico ou social? Esta pergunta não precisa de mais uma resposta verbal e teologicamente correta. Antes, carecemos de uma ação avivadora do Espírito em nossas vidas e ministérios!
As crianças estão presentes em nosso meio desde o início da igreja cristã. Mesmo que não tenhamos um chamado específico voltado aos pequeninos, temos um compromisso de intercessão ao Pai pelas nossas crianças e pela continuidade histórica da Igreja de Cristo através do evangelho de Deus pregado e ensinado às mesmas.
A outra parte do nosso estudo nasce da seguinte pergunta: o que significa pastorear crianças? Pastorear crianças significa “tocá-las” com o toque de Jesus! É transmitir às crianças o olhar pastoral de Jesus.
De modo geral, o ministério com crianças é assunto de todas as pessoas pertencentes a todas as comunidades cristãs e em todas as épocas. Não é somente uma temática para pais, tutores e professores de crianças. É um tópico fundamental a toda igreja de Cristo. Porém, de maneira específica, todos os pais e responsáveis por crianças são chamados por Deus e possuem um ministério pastoral voltado às crianças que estão sob seus cuidados.
Esta pastoralidade não é uma função legitimada e desempenhada somente no âmbito eclesiástico formal. É coisa do dia-a-dia de uma família alcançada pela obra de Cristo. É função de pessoas pastoreadas pelo Pastor Divino, que exercem seus ministérios com suas crianças em seus lares e não somente as entregam rotineiramente, nos domingos, aos cuidados bíblicos e pastorais dos professores das classes de berçário, maternal, primários e juniores.
E quanto ao nosso departamento infantil, seria apenas um local que as comunidades cristãs possuem para a acomodação de gente miúda ou um ambiente ministerial de pregação (evangelização) e ensino (discipulado) da Palavra do Deus que converte e transforma gente pequena na imagem do Seu Filho amado? Precisamos dizer às crianças que estar nas reuniões da igreja não é a mesma coisa que serem salvas em Cristo.
Qual é a maior necessidade de uma criança? A sua regeneração em Cristo! Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe Salmo 51:5. Em sentido bíblico, reconhecer o “potencial” de nossos filhos e filhas é reconhecer, antes de qualquer outra coisa, a sua capacidade para pecar contra o seu Criador. Toda criança já nasce com uma natureza que gera todas as outras formas de rebeldia características da infância.
O assunto mais importante para ser ministrado a uma criança é sobre a necessidade vital que elas têm de reconhecer a sua degeneração humana e da sua possibilidade de regeneração somente por e em Cristo! Toda criança precisa saber que a sua vida só terá sentido através da inserção da Vida de Cristo nelas! Não pregar este fato às nossas crianças é enganá-las de maneira fatal e negar-lhes o “toque redentor e curador de Jesus”.
Um grave erro que cometemos como pais e pastores das crianças que O Senhor nos confiou temporariamente é o de tentarmos educá-las por meio de nossas concepções próprias ou das influências acolhidas ao longo de uma trajetória de dores. Se não formos pastoreados pelo Pastor Amado, de maneira redentora e curadora, não temos a mínima condição de transmitir às crianças absolutamente nada da vida deste Pastor.
Um detalhe importante a ser observado da narrativa de Jesus em seu ministério voltado às crianças está no fato das crianças não terem participação efetiva ou adequação a nenhum sistema religioso. Apesar das crianças nascerem em pecado e expressarem a sua natureza pecaminosa no decorrer de sua infância, são desprovidas de apego aos sistemas religiosos construídos por nós adultos.
Portanto, podemos constatar que Jesus usou este desprendimento de valores religiosos observado nas crianças como parâmetro para ensinar que o despojamento pessoal delas validava o ingresso e a aceitação em Seu Reino. As crianças não possuem defesas para O Seu Criador. Por isso manifestam menos barreiras humanas em relação à obra de Cristo!
Existe um paradigma melhor do que uma criança para falarmos de despojamento e dependência do Pai? A criança é desprovida de predicados religiosos e morais que a qualificariam como cidadã do Reino de Deus. É por isso que são aceitas pelo Pai! O Mestre nos ensina aquilo que também ensinou aos seus discípulos!
Jesus proferiu este precioso ensinamento de que é a falta do mérito que conduz ao Seu Reino! Isto é para que sempre saibamos que é justamente em nossa total fragilidade, como aquela manifestada pelas crianças trazidas a Jesus, que podemos ser aceitos e agradar ao Pai Celestial.
Que possamos ser incomodados e impactados por este ensino bíblico de que o evangelho da graça de Deus em Cristo é transmitido às nossas crianças pelo toque de Jesus atingindo primeiramente as nossas vidas enquanto adultos! Fora desta realidade em Cristo, não temos nada a ensinar às nossas crianças a não ser a perpetuação do nosso fracasso humano, através de sistemas religiosos ou uma moralidade admirável que não as transforma em filhos e filhas do seu Criador.
Marcos 10:13-16 nos ensina que há uma diferença essencial e crucial entre o toque humano (moral e religioso) e o toque Divino (libertador e pastoral) ministrado sobre a vida das crianças!
Que sejamos primeiramente tocados (pastoreados) pelo Senhor para que possamos tocar (pastorear) as crianças que Ele trouxer para cuidarmos!

Solo Deo Glória.

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