Porque,pela graça que me foi dada, digo a cada um
dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém, antes, pense com
moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiiu a cada um. Romanos
12:3.
O pecado é a incredulidade perante Javé Elohim no VT ou Cristo
Jesus no NT. A fé vem pelo ouvir a pregação da palavra de Cristo. Jesus é o
autor, e, ao mesmo tempo, o executivo da fé. Ao ouvir a palavra de Cristo
expressa na Bíblia, com o sotaque do Espírito Santo, o incrédulo é vivificado
pelo poder de Deus e o avivado crê na pessoa de Cristo como seu Salvador e
Senhor.
A vida espiritual antecede a fé, uma vez que, estando nós
mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois
salvos, Efésios 2:5. Um morto no espírito não pode manifestar-se em fé, pois
a fé é um atributo espiritual da vida renascida ou vida zoe.
Adão se tornou pecador quando não creu na palavra de Javé
Elohim. A raça adâmica herdou uma natureza incrédula e todos nós nascemos
descrentes em Deus. O homem natural vem ao mundo desprovido de fé, uma vez que a
sua percepção dos fatos é tridimensional. Nada que esteja fora das três
dimensões pode ser percebido pela mente humana. Como Deus é Espírito, e o
espírito não é fenômeno físico tridimensional, logo, Deus não faz parte das
cogitações humanas.
A fé é dom de Deus aos ouvintes da Palavra de Cristo. A Palavra
gera vida e dá fé ao ouvinte. Por alguma razão que foge a nossa razão, a Bíblia
nos adverte para que sejamos livres dos homens perversos e maus; porque a fé
não é de todos. 2 Tessalonicenses 3:2. Por que todos os que ouvem a Palavra
de Cristo não são vivificados, crendo na Palavra de Deus? Este é um enigma da
fé.
Podemos, entretanto, perguntar a alguns que questionam: por
que, dos milhões de espermatozóides que são lançados no útero da mulher, só um,
ou em caso de gravidez múltipla, poucos são gerados? Por que todos os outros não
são fecundados? Por que só uns poucos são os escolhidos? Por que todos os que
ouvem a palavra de Cristo não crêem em Cristo? Por quê?
O mistério da fé labuta com dois pilares respeitáveis, mas
inexplicáveis: a eleição divina do pecador indigno e a responsabilidade moral do
ser humano. Sabemos que a fé é um dom de Deus conferido em Cristo. Por outro
lado, sabemos, também, que cada indivíduo é responsável pela sua decisão pessoal
e pelo desenvolvimento dos dons que lhe foram dados.
Os dons são sempre donativos que, uma vez doados, foram dados
para nós desenvolvermos criteriosamente. Pois quem é que te faz sobressair? E
que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias,
como se o não tiveras recebido? 1 Coríntios 4:7.
Como explicar um dom gracioso, proposto antes da fundação do
mundo, com a deliberação livre e voluntária de um ser moralmente responsável?
Por que, entre os milhões de espermatozóides, o que me originou, foi o eleito?
Estas são questões que a nossa mente finita se inquieta.
Não vejo a fé como natural no ser humano. Se nós já nascêssemos
com fé, então não estaríamos mortos no pecado. Se a fé faz parte da natureza
pecadora, com certeza a fé encontra-se conspurcada pelo pecado. Se o pecado é
não crer em Cristo, como o incrédulo em Cristo pode ter a fé que tem Cristo como
o seu Autor? É complicada uma fé natural.
A verdade bíblica mostra, todavia, que a fé é um dom de Cristo
e que eu preciso recebê-la e exercitá-la como a minha fé, por meio da vida de
Cristo. A fé não é minha, originalmente, mas se torna minha por uma dádiva. Não
sei por que a fé não é de todos, mas sei que todos os que receberam o dom da fé,
receberam-na como sua, segundo a medida que Deus repartiu a cada um.
Vejo que a fé que vem de Deus é um dom e que há um grau de fé
concedido a cada pessoa, pois a Escritura diz: tendo, porém, diferentes dons
segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé;
Romanos 12:6. A fé é um dom para a salvação e a profecia é um dom dos salvos
para a proclamação da palavra de Deus segundo a sua dimensão de fé.
Na parábola dos talentos, Jesus explica que cada um dos
envolvidos recebeu uma quantidade diferente. Um deles recebeu um, o outro dois e
o terceiro cinco talentos. Ele não esclareceu o critério da divisão, mas elogiou
o desempenho dos que multiplicaram os recursos e criticou aquele que sepultou o
seu talento. Por que cada um de nós recebe os dons de Deus desigualmente? Este é
um quesito muito debatido pelos ambiciosos, contudo Deus continua soberano.
A demanda fundamental aqui é a soberania de Deus e a
secundária, mas também importante, é a responsabilidade humana. O Senhor pode
escolher quem quer que seja e dar a qualquer um mais do que aos outros. Ninguém,
neste caso, merece receber coisa alguma, uma vez que todos são pecadores
indignos. Portanto, o assunto aqui não é de justiça divina, mas de sua
soberania.
Porém, o tema vai também trazer à tona a tese da indignação
pessoal pela disparidade dos dons e da diligência de alguns pela
responsabilidade no seu desempenho. Por que uns desenvolvem os seus talentos e
dons, sejam muitos ou poucos, e outros os enterram?
O Espírito Santo não foi dado sob o regime do comedimento. Não
existe meia pessoa, nem ele vem a nós por metade. João Batista entendeu isto
muito bem ao dizer. Pois o enviado de Deus fala as palavras dele, porque Deus
não dá o Espírito por medida. João 3:34.
Não obstante, as manifestações do Espírito Santo podem ser
ajustadas segundo os seus propósitos e demonstradas sob medida. O Espírito Santo
não é obrigado a conceder os mesmos dons a todos igualmente, muito menos
outorgar porções iguais a cada um. A manifestação do Espírito é concedida a
cada um visando a um fim proveitoso. 1 Coríntios 12:7.
Na parábola de Jesus a quantidade dos talentos foi diferente
para os três, embora dois deles tivessem a mesma atitude. O que recebeu dois e o
que recebeu cinco talentos trabalharam para aumentar os talentos, mas o que
recebeu um ficou tão lento e azedo que preferiu enterrar o seu.
Muita gente fica magoadinha porque acha que deveria receber
mais do que ganhou. Este ressentimento vai se refletir contra a soberania de
Deus. Aquele que se sente vítima da injustiça, acaba acusando o seu Senhor dos
maiores absurdos e procurando desculpas para sua indolência. Chegando, por
fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem severo, que
ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste, receoso, escondi na
terra o teu talento; aqui tens o que é teu. Mateus 25:24-25.
Todos nós somos igualmente pecadores, mas nessa igualdade
ninguém é merecedor dos dons. A graça é a dádiva divina ao sujeito do maior
demérito, neste caso, nenhuma pessoa pode reivindicar o direito à graça, por
maior que seja a sua abominação. O indigno não faz jus ao prêmio dos iguais em
indignidade, nem Deus é obrigado a dar igualmente aos desiguais que se igualam
apenas na fealdade do seu pecado. Deus não é injusto ao dar a sua graça a quem
ele quer dar.
O que recebeu dois talentos ganhou outros dois. O que recebeu
cinco granjeou outros cinco. O que recebeu um não fez nada. O Senhor não
esperava que este conseguisse uma façanha maior, mas que fizesse de acordo com a
proporção do que havia recebido. Acusar o Senhor de severo foi a assinatura
pública do seu atestado de arrogância. Se o Senhor lhe deu apenas uma pequena
medida, ele deveria produzir de acordo com esta medida.
O Senhor nunca ceifa onde não semeou. Ele jamais exigiria três
talentos de quem ele havia dado só um, já que ele elogiou aqueles que apenas
dobraram os seus. O problema é que muitos são apáticos, não sabendo aplicar bem
o que receberam e, por causa da inveja dos que receberam mais, acabam acusando o
Senhor de déspota. Estes dizem que o Senhor sempre requer mais do que dá.
Nós não devemos pensar de nós mesmos mais do que a medida da fé
que o Senhor repartiu a cada um de nós. Todos nós devemos nos contentar com o
plano que o Senhor traçou para as nossas vidas. Se você recebeu uma pequena
porção de fé, seja fiel à sua parte: multiplique-a.
O Senhor nos dá uma cota de fé segundo a sua soberana graça e
nós devemos, com alegria, desenvolver a fé que nos foi dada para a glória de
nosso Senhor Jesus Cristo. Paulo louva os crentes de Tessalônica com estas
palavras: Irmãos, cumpre-nos dar sempre graças a Deus no tocante a vós
outros, como é justo, pois a vossa fé cresce sobremaneira, e o vosso mútuo amor
de uns para com os outros vai aumentando, 2 Tessalonicenses 1:3.
Jesus disse aos seus discípulos que a fé do tamanho de um grão
de mostarda seria suficiente para remover uma montanha do seu lugar. Se a nossa
fé é pequena, mas o nosso Deus é onipotente, podemos com esta pequena fé,
depositada neste Deus absoluto, conseguir mais do que somos capazes de pensar ou
pedir. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é
lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé? Mateus
6:30.
Uma cota ínfima de fé no Todo-Poderoso é suficiente para
remover as grandes montanhas que tentam atalhar a nossa peregrinação rumo à Nova
Jerusalém. Onde a razão gigantesca de um titã lógico mal pode andar, a fé
minúscula de um anão espiritual consegue vencer, do começo ao fim, a maratona
integral da perseverança dos santos. Aleluia pela nossa cota de
fé!
Solo Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
sábado, 11 de agosto de 2012
ABC DA FÉ - A COTA
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