sábado, 11 de agosto de 2012

ABC DA FÉ - A COTA

Porque,pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém, antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiiu a cada um. Romanos 12:3.
O pecado é a incredulidade perante Javé Elohim no VT ou Cristo Jesus no NT. A fé vem pelo ouvir a pregação da palavra de Cristo. Jesus é o autor, e, ao mesmo tempo, o executivo da fé. Ao ouvir a palavra de Cristo expressa na Bíblia, com o sotaque do Espírito Santo, o incrédulo é vivificado pelo poder de Deus e o avivado crê na pessoa de Cristo como seu Salvador e Senhor.
A vida espiritual antecede a fé, uma vez que, estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos, Efésios 2:5. Um morto no espírito não pode manifestar-se em fé, pois a fé é um atributo espiritual da vida renascida ou vida zoe.
Adão se tornou pecador quando não creu na palavra de Javé Elohim. A raça adâmica herdou uma natureza incrédula e todos nós nascemos descrentes em Deus. O homem natural vem ao mundo desprovido de fé, uma vez que a sua percepção dos fatos é tridimensional. Nada que esteja fora das três dimensões pode ser percebido pela mente humana. Como Deus é Espírito, e o espírito não é fenômeno físico tridimensional, logo, Deus não faz parte das cogitações humanas.
A fé é dom de Deus aos ouvintes da Palavra de Cristo. A Palavra gera vida e dá fé ao ouvinte. Por alguma razão que foge a nossa razão, a Bíblia nos adverte para que sejamos livres dos homens perversos e maus; porque a fé não é de todos. 2 Tessalonicenses 3:2. Por que todos os que ouvem a Palavra de Cristo não são vivificados, crendo na Palavra de Deus? Este é um enigma da fé.
Podemos, entretanto, perguntar a alguns que questionam: por que, dos milhões de espermatozóides que são lançados no útero da mulher, só um, ou em caso de gravidez múltipla, poucos são gerados? Por que todos os outros não são fecundados? Por que só uns poucos são os escolhidos? Por que todos os que ouvem a palavra de Cristo não crêem em Cristo? Por quê?
O mistério da fé labuta com dois pilares respeitáveis, mas inexplicáveis: a eleição divina do pecador indigno e a responsabilidade moral do ser humano. Sabemos que a fé é um dom de Deus conferido em Cristo. Por outro lado, sabemos, também, que cada indivíduo é responsável pela sua decisão pessoal e pelo desenvolvimento dos dons que lhe foram dados.
Os dons são sempre donativos que, uma vez doados, foram dados para nós desenvolvermos criteriosamente. Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido? 1 Coríntios 4:7.
Como explicar um dom gracioso, proposto antes da fundação do mundo, com a deliberação livre e voluntária de um ser moralmente responsável? Por que, entre os milhões de espermatozóides, o que me originou, foi o eleito? Estas são questões que a nossa mente finita se inquieta.
Não vejo a fé como natural no ser humano. Se nós já nascêssemos com fé, então não estaríamos mortos no pecado. Se a fé faz parte da natureza pecadora, com certeza a fé encontra-se conspurcada pelo pecado. Se o pecado é não crer em Cristo, como o incrédulo em Cristo pode ter a fé que tem Cristo como o seu Autor? É complicada uma fé natural.
A verdade bíblica mostra, todavia, que a fé é um dom de Cristo e que eu preciso recebê-la e exercitá-la como a minha fé, por meio da vida de Cristo. A fé não é minha, originalmente, mas se torna minha por uma dádiva. Não sei por que a fé não é de todos, mas sei que todos os que receberam o dom da fé, receberam-na como sua, segundo a medida que Deus repartiu a cada um.
Vejo que a fé que vem de Deus é um dom e que há um grau de fé concedido a cada pessoa, pois a Escritura diz: tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se profecia, seja segundo a proporção da fé; Romanos 12:6. A fé é um dom para a salvação e a profecia é um dom dos salvos para a proclamação da palavra de Deus segundo a sua dimensão de fé.
Na parábola dos talentos, Jesus explica que cada um dos envolvidos recebeu uma quantidade diferente. Um deles recebeu um, o outro dois e o terceiro cinco talentos. Ele não esclareceu o critério da divisão, mas elogiou o desempenho dos que multiplicaram os recursos e criticou aquele que sepultou o seu talento. Por que cada um de nós recebe os dons de Deus desigualmente? Este é um quesito muito debatido pelos ambiciosos, contudo Deus continua soberano.
A demanda fundamental aqui é a soberania de Deus e a secundária, mas também importante, é a responsabilidade humana. O Senhor pode escolher quem quer que seja e dar a qualquer um mais do que aos outros. Ninguém, neste caso, merece receber coisa alguma, uma vez que todos são pecadores indignos. Portanto, o assunto aqui não é de justiça divina, mas de sua soberania.
Porém, o tema vai também trazer à tona a tese da indignação pessoal pela disparidade dos dons e da diligência de alguns pela responsabilidade no seu desempenho. Por que uns desenvolvem os seus talentos e dons, sejam muitos ou poucos, e outros os enterram?
O Espírito Santo não foi dado sob o regime do comedimento. Não existe meia pessoa, nem ele vem a nós por metade. João Batista entendeu isto muito bem ao dizer. Pois o enviado de Deus fala as palavras dele, porque Deus não dá o Espírito por medida. João 3:34.
Não obstante, as manifestações do Espírito Santo podem ser ajustadas segundo os seus propósitos e demonstradas sob medida. O Espírito Santo não é obrigado a conceder os mesmos dons a todos igualmente, muito menos outorgar porções iguais a cada um. A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso. 1 Coríntios 12:7.
Na parábola de Jesus a quantidade dos talentos foi diferente para os três, embora dois deles tivessem a mesma atitude. O que recebeu dois e o que recebeu cinco talentos trabalharam para aumentar os talentos, mas o que recebeu um ficou tão lento e azedo que preferiu enterrar o seu.
Muita gente fica magoadinha porque acha que deveria receber mais do que ganhou. Este ressentimento vai se refletir contra a soberania de Deus. Aquele que se sente vítima da injustiça, acaba acusando o seu Senhor dos maiores absurdos e procurando desculpas para sua indolência. Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste, receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. Mateus 25:24-25.
Todos nós somos igualmente pecadores, mas nessa igualdade ninguém é merecedor dos dons. A graça é a dádiva divina ao sujeito do maior demérito, neste caso, nenhuma pessoa pode reivindicar o direito à graça, por maior que seja a sua abominação. O indigno não faz jus ao prêmio dos iguais em indignidade, nem Deus é obrigado a dar igualmente aos desiguais que se igualam apenas na fealdade do seu pecado. Deus não é injusto ao dar a sua graça a quem ele quer dar.
O que recebeu dois talentos ganhou outros dois. O que recebeu cinco granjeou outros cinco. O que recebeu um não fez nada. O Senhor não esperava que este conseguisse uma façanha maior, mas que fizesse de acordo com a proporção do que havia recebido. Acusar o Senhor de severo foi a assinatura pública do seu atestado de arrogância. Se o Senhor lhe deu apenas uma pequena medida, ele deveria produzir de acordo com esta medida.
O Senhor nunca ceifa onde não semeou. Ele jamais exigiria três talentos de quem ele havia dado só um, já que ele elogiou aqueles que apenas dobraram os seus. O problema é que muitos são apáticos, não sabendo aplicar bem o que receberam e, por causa da inveja dos que receberam mais, acabam acusando o Senhor de déspota. Estes dizem que o Senhor sempre requer mais do que dá.
Nós não devemos pensar de nós mesmos mais do que a medida da fé que o Senhor repartiu a cada um de nós. Todos nós devemos nos contentar com o plano que o Senhor traçou para as nossas vidas. Se você recebeu uma pequena porção de fé, seja fiel à sua parte: multiplique-a.
O Senhor nos dá uma cota de fé segundo a sua soberana graça e nós devemos, com alegria, desenvolver a fé que nos foi dada para a glória de nosso Senhor Jesus Cristo. Paulo louva os crentes de Tessalônica com estas palavras: Irmãos, cumpre-nos dar sempre graças a Deus no tocante a vós outros, como é justo, pois a vossa fé cresce sobremaneira, e o vosso mútuo amor de uns para com os outros vai aumentando, 2 Tessalonicenses 1:3.
Jesus disse aos seus discípulos que a fé do tamanho de um grão de mostarda seria suficiente para remover uma montanha do seu lugar. Se a nossa fé é pequena, mas o nosso Deus é onipotente, podemos com esta pequena fé, depositada neste Deus absoluto, conseguir mais do que somos capazes de pensar ou pedir. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé? Mateus 6:30.
Uma cota ínfima de fé no Todo-Poderoso é suficiente para remover as grandes montanhas que tentam atalhar a nossa peregrinação rumo à Nova Jerusalém. Onde a razão gigantesca de um titã lógico mal pode andar, a fé minúscula de um anão espiritual consegue vencer, do começo ao fim, a maratona integral da perseverança dos santos. Aleluia pela nossa cota de fé!

Solo Deo Glória.

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