sábado, 28 de julho de 2012

O DESCANSO PARA ALMA

Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Mateus 11:28-29.

Aqui temos um imperativo estimulante. É uma convocação indiscutível que ao mesmo tempo se torna num convite cordial. Jesus ordena aos cansados que venham a ele, contudo o seu chamamento não é cogente. Ele não está exigindo desempenho forçoso, embora o apelo nos pareça irrecusável. O Senhor abre a porta aos executivos exaustos e faculta o ingresso aos oprimidos.
O evangelho é uma proposta para os esforçados que se encontram agora esgotados. Sabemos que muita gente, ainda que exaurida, não aceita repouso, pois são orgulhosas demais para ter uma vida de feriado. A religião não tolera folga, por isso os israelitas não acolheram o convite de Javé. Porque assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel: em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na tranqüilidade e na confiança, a vossa força, mas não o quisestes. Isaias 30:15. Essa turma possante e laboriosa não admite de modo algum entrar em férias.
Retirar o ser humano do controle e governo de suas atividades é a tarefa mais difícil que existe para qualquer outro membro da raça. Aliás, não é difícil, é impossível. Esta empreitada só poderá ser feita de modo eficaz pelo Deus, Todo-Poderoso, e será sempre um grande milagre.
O gênero adâmico vive a ditadura da autonomia e não se conforma quando não tem a supervisão da situação. Com isto a canseira não fica por conta do trabalho, mas da falta de comando da conjuntura e da ansiedade pela governabilidade do processo. No fundo de toda atividade humana existe uma grande tensão em manter o ritmo dos acontecimentos sob o domínio pessoal.
A Bíblia exibe uma galeria de chefes de tribos ou caciques de conduta, gente que vive se remoendo e se intrometendo na vida alheia com o propósito de exercer o controle sob a situação. Veja por exemplo como Marta ficou estressada porque a sua irmã a deixou sozinha lidando com as coisas da casa, enquanto usufruía da comunhão com o Senhor.
A vida de Marta nos sugere que ela era uma criatura muito prestativa, mas apresentava uma mentalidade serviçal conduzida pelos resultados, não conseguindo ver a importância de um convívio amistoso e descontraído com o Senhor. O seu nível de cobrança repousava em pontos muito elevados e sua atuação requeria uma maior visibilidade pública.
Talvez, para ela, o que se devia agendar como mais relevante seria o papel em favor de sua própria imagem e não o relacionamento íntimo e pessoal com Jesus. Foi neste contexto complexo de implicância doméstica que respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada. Lucas 10:41-42.
Somos uma casta encasacada com auto-estima e blindada por uma alta arrogância que nos impede de investigar a nossa própria realidade, mas mesmo assim, pode-se ver em cada casa neste planeta algo intrigante e curioso que nos permite perceber a martirização generalizada, sob os efeitos da exigência que cobra um maior desempenho para a aprovação.
O sistema pedagógico deste mundo aprova apenas os melhores que tiveram a mais perfeita atuação. A busca pela excelência tem um lado positivo válido, todavia passa por uma auto-estrada com excesso de perigos. Ser sempre mais, maior e melhor é o sintoma de uma doença extremamente grave e um vício terrível do ego. O egoísta não suporta perder o domínio dos acontecimentos, mas segundo o irmão Christian Chen, "no reino de Deus ganhar é perder e perder é ganhar".
O sexto dia da criação foi um período de grande atividade por parte do Criador, dando origem aos seres viventes. No final daquele dia Deus fez o homem a sua imagem e semelhança como o último elemento do seu projeto. Adão não surgiu no meio do processo criador, mas ao término de tudo. No dia seguinte, o sétimo, Deus descansou de todo o seu trabalho.
O descanso de Deus é o primeiro dia da existência de Adão. A humanidade não começou a sua história antes de tudo estar concluído. O seu início é exatamente no período que se denomina o repouso do Criador. O dia sabático de Deus é o começo da jornada do homem na terra, apontando para um fato muito importante: sem descanso ninguém consegue trabalhar com prazer.
Depois que surgiu o pecado vemos uma mudança de parâmetro na estimativa do repouso. O acordo do Sinai mostra que houve uma reviravolta nas condições de ajuizamento do sábado. No principio o homem via o ócio antes do negócio e as férias vinham na frente do trabalho. Tudo dependia da obra perfeita e realizada exclusivamente pela Trindade. Contudo, após a rebelião promovida pela serpente, o descanso do executivo deriva dos resultados de seu bom desempenho e o lazer é uma recompensa pelos esforços desprendidos.
O sábado da lei vem em seguida ao batente na semana transpirada que se expira. Seis dias se trabalhará, porém o sétimo dia é o sábado do repouso solene, santo ao Senhor. Êxodo 31:15a. Agora era preciso atuação para se chegar à trégua. O descanso é conseqüência do empenho. Não se trata mais de uma mesada antecipada para um filho amado, mas de um salário posposto para um servo suado que precisa preencher os requisitos de sua aceitação a contento.
No princípio Deus fez tudo em seis dias para depois descansar no sétimo. O homem foi criado no fim do sexto dia e o primeiro lance na sua vida após ter sido criado foi repousar, não foi trabalhar. Posteriormente à transgressão, o descanso só viria como uma implicação do trabalho realizado pelo homem. Isto significava um câmbio na aliança. Antes do pecado o descanso decorria como resultado da obra totalizada da criação. Depois do pecado o sábado na vida do ser humano é um produto do seu esforço, pois vem no fim da semana do seu trabalho.
O descanso da lei é uma proposta inatingível. Por mais que o homem faça as suas tarefas morais com esmero e se aplique ao máximo em seu desempenho, ele nunca conseguirá alcançar o padrão exigido pela lei. Assim a humanidade vive cansada e enfastiada por causa do peso da responsabilidade e das exigências éticas procedentes da perfeição legal. A lei é santa, espiritual e boa, eu, todavia, sou carnal, vendido à escravidão do pecado. Romanos 7:14b.
O conflito da lei do pecado com a lei divina, que é perfeita, gera uma guerra puxada e cansativa que exaure a alma. O fracasso no descumprimento da lei ou o orgulho na prática de algum mandamento acabam produzindo um rombo de energia em nosso ser que, em última análise, vai se refletir num estado de esfalfamento e enfado em nosso interior.
A ordem convidativa do Senhor tinha como pano de fundo este estado de sobrecarga. Havia uma multidão de cansados e oprimidos sem qualquer chance de alívio sob o peso intolerável do legalismo e Jesus apela para a alternativa do sábado da redenção. Adão foi criado no sexto dia e Jesus foi crucificado na sexta-feira pascal, a fim de desconstruir o modelo exigente de contrapartida e estabelecer o novo padrão de aceitação do pecador pela suficiência da graça incondicional.
O sábado da redenção fala da obra consumada do justificador e do descanso duradouro que o devedor experimenta pela liquidação permanente do seu débito. Agora já não há mais prestações a serem pagas nem o seu nome vai igualmente para algum Serasa ou Seproc beatificado.
Porém o descanso da alma tem ainda a ver com a peregrinação. A questão não é apenas atual, mas processual. A vida de intimidade com o Senhor é um convite ao descanso na comunhão. Os judeus também tiveram essa oportunidade e não aceitaram. Assim diz o Senhor: ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para as vossas almas; mas eles dizem: não andaremos. Jeremias 6:16.
Cristo não é apenas o justificador. É também o santificador. A via da santidade é um acesso de permanência reservada e contínua com o tronco da Videira. O sossego da alma nas entranhas da árvore da vida gera um estado de bem-aventurança que desemboca num gozo inalterável. Tenho-vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo. João 15:11. Vida de Cristo com mau humor e descontentamento é uma aberração.
Ser um ramo permanente e silencioso na Videira é usufruir as riquezas fertilizadoras e insondáveis da própria Planta. Uma santidade sem o contentamento que se rende no descanso da alma não tem qualquer semelhança com a vida em Cristo. Como diz Osmar Ludovico: "o secreto não é um local, mas um estado de consciência. No secreto não estamos sozinhos, pois nossa alma encontra o Deus vivo e verdadeiro".
A quietude da alma no relacionamento particular com Cristo é a fonte de sua maior atividade espiritual. Quando a alma se aquieta como uma criança amamentada no colo de sua mãe, então a vida espiritual mais profunda começa a jorrar através de suas expressões visíveis. Eis que Deus é a minha salvação; confiarei e não temerei, porque o Senhor Deus é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação. Isaías 12:2.
A vida espiritual autêntica é a vazão da vida de Cristo do nosso espírito para a nossa alma suscitando descanso e familiaridade como o Senhor e motivando um ambiente de paz e afeto com os irmãos. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. João 7:38. Não existe descanso onde houver comparação, competição e complicação.
Essa vida de descanso da alma é a existência permanente da comunhão íntima e silente do ramo com a fonte eterna da vida que brota da Videira verdadeira. Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa, porque dele vem a minha salvação (esperança). Salmos 62:1 e 5. O sábado da redenção é a entrada e permanência festiva no repouso do Senhor. Aquele que se satisfaz plenamente em Cristo tem uma alma bem-aventurada que vive serena e confiadamente no Senhor.

Solo Deo Glória.

TESTEMUNHOS PESSOAIS OU TESTEMUNHAS VIVAS?

Mas recebereis poder quando o Espírito Santo descer sobre vós; e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até os confins da terra. Atos 1:8
Testemunhar é comprovar ou confirmar algo através de evidências, declarando-se ter visto, ouvido ou conhecido alguém ou presenciado algo. Um testemunho verdadeiro só é possível quando é manifestado com veracidade. Não se pode falar de um fato ou de quem não se conhece. Trazendo isto para o contexto eclesiástico, será que existe alguma diferença entre “dar testemunho” e “ser testemunha” de Cristo? A narrativa do primeiro capítulo do livro de Atos dos Apóstolos parece fazer uma distinção fundamental nesta questão: sermos testemunhas de Cristo só é possível pela presença e a atuação da vida do Seu Espírito em nós.
O que se tem observado no cenário chamado “evangélico” é uma grande exposição midiática de testemunhos sobre o que Jesus fez ou faz em benefício de alguém, mas, não a proclamação genuína e o impacto produzido pela vida de Cristo na vida de pessoas que deveriam ser “Suas testemunhas”. Somente o testemunho da vida de Cristo é o que nos caracteriza como membros da Sua comunidade de redimidos. As performances teatrais e chamativas dos famigerados “testemunhos televisivos” têm apenas disseminado uma “triste caricatura” daquilo que deveria ser a manifestação da vida de Cristo em Suas testemunhas.
A igreja de Cristo é composta por pessoas de todas as épocas e que foram redimidas pelo Pai, na Pessoa e Obra do Filho e pela ação do Seu Espírito. A igreja só existe para a glória do Pai, mediante a manifestação da vida do Filho e dinamizada pelo poder do Espírito. Portanto, a ênfase de qualquer comunidade cristã deve ser totalmente cristocêntrica, pelo fato de sermos “testemunhas da ressurreição de Cristo”. Foi a este Jesus que Deus ressuscitou; e todos somos testemunhas disso Atos 2:32. As Testemunhas de Cristo estão vacinadas contra qualquer tentativa de destaque humano. Afinal, somos testemunhas de Quem?
Uma análise mais contida deste texto nos mostra o ensino verdadeiro sobre a manifestação da vida de Cristo em Suas testemunhas.
A partícula mas é uma conjunção que destaca as orientações que Cristo dará à Sua igreja sobre a obra do Seu Espírito. É o Senhor revelando Sua própria estratégia para alcançar as pessoas para Si. A expressão mas aponta para uma distinção fundamental entre o que os discípulos esperavam e o que O Senhor tinha para lhes revelar. Cristo estava ensinando aos Seus discípulos que não seriam eles os responsáveis pela obra missionária da igreja. O Espírito Santo seria o único agente missionário de Deus para a conversão das pessoas e responsável pelo crescimento da igreja, através da pregação do evangelho de Cristo. Contrariando as limitadas expectativas dos discípulos de Jesus, seria o Espírito Santo quem esquadrinharia a metodologia missionária da igreja de Cristo. Aqui, o mas também funciona como uma ligação com a ação seguinte.
Recebereis... Para nós, receber uma dádiva é uma ação muito difícil porque sempre tentamos, insistentemente, fazer algo para Deus. Receber é assunto da graça Divina. Neste texto ainda existe um agravante, o verbo recebereis é uma ação carregada de veracidade e passividade. Passividade que nos assusta e constrange. De que maneira podemos receber algo de Deus sem a culpa humana causada pela sensação de que não fizemos nada para tanto? Só podemos verdadeiramente receber uma ação Divina quando percebemos que não temos nada para oferecer a ninguém, muito menos ao Senhor, exceto os nossos pecados!
Poder... Que nos é dado para manifestar a vida de Cristo. O poder do Espírito não é uma força impessoal e divinizada por ações humanas, muitas vezes vistas em manifestações teatrais, na voz de comando mística de pregadores televisivos que se dizem ser “representantes do poder de Deus”. Que o Senhor tenha misericórdia de quem tenta “monopolizar” o Seu Espírito para legitimar poderes e ambições humanas!
O poder do Espírito é a vida do Pai que está no Filho e que se manifesta em nós pela Sua graça! Jamais poderemos nos esquecer do fato de que somos meros “recebedores” do poder para manifestarmos uma vida que não é a nossa! É o poder para evidenciarmos tão somente a vida de Cristo! Este poder é a capacidade dada pelo Pai para sermos exatamente quem não somos e fazermos aquilo que absolutamente não podemos!
O poder de Deus através do Seu Espírito nos convence constantemente de que nada podemos porque nada somos Porque, de fato, foi crucificado em fraqueza; contudo, vive pelo poder de Deus. Porque nós também somos fracos nele, mas viveremos, com ele, para vós outros pelo poder de Deus. 2 Coríntios 13:4. O poder do Espírito é a dinamite usada por Deus para destruir “todas” as nossas possibilidades humanas, para que, em nós, somente apareçam a vida e a obra Divina!
O Espírito SantoO Espírito Santo não é uma espécie de entidade dissociada do Deus Pai e do Deus Filho. É a essência do próprio Deus manifestada na Pessoa de Cristo e enviado por Ele. É a Pessoa de Cristo vivendo nas pessoas que foram atraídas pela Sua obra representada na história humana através do calvário. O Espírito é o holofote do Pai que aponta e ilumina somente para a Pessoa do Filho. O Espírito Santo é o próprio Deus confirmando o evangelho de Cristo em nós (presença) e através de nós (missão da igreja).
Descer sobre vós... Não podemos jamais nos esquecer de que a movimentação espiritual Divina é sempre de cima para baixo e não o contrário. A descida do Espírito se tornou uma ação dinâmica, não mais limitada a uma época específica e, por ser um envio originário do Pai, o Espírito irá reproduzir o Seu caráter na vida das pessoas a serem alcançadas pela pregação do evangelho. É uma nova realidade espiritual vinda do alto. A inauguração do ministério do Espírito sinaliza clara e definitivamente que é somente o Senhor quem pode vir até nós. O Espírito sempre nos convence e ensina que toda a movimentação Divina está em descer do céu (revelação) e que todo o empreendimento humano se resume em construir babel (religião).
A partícula e é a conjunção que traz consigo uma ideia de ligação entre a ação anterior (a descida do Espírito) e a continuidade da presença de Deus em Sua igreja, com todas as suas implicações espirituais. Também apresenta uma condição para que possamos ser testemunhas de Cristo. E, por fim, mostra a finalidade ou o objetivo principal traçado pelo Pai: sermos Suas testemunhas em Cristo!
Sereis O cristianismo autêntico é uma questão de reprodução da vida de Cristo. O Espírito nos capacita a reproduzirmos uma vida não produzida por nós e nos tira o peso de tentarmos forjar uma espiritualidade pelo empenho ou dedicação humana. A obra do Espírito é para nos convencer de que temos grande capacidade para “nos atrapalhar” e “atrapalhar a visão das pessoas” sobre aquilo que Deus quer e pode fazer.
Sereis é um modo verbal grego que nos mostra que a reprodução da vida de Cristo em nós acontecerá de maneira inequívoca, contínua e sem a nossa participação. Toda a condição para sermos testemunhas que manifestam a vida do Filho vem do Seu Espírito. Somos testemunhas do Cordeiro na medida em que não fazemos nada por ou para nós mesmos, mas, quando Cristo manifesta a Sua vida em nós. Testemunhar de Cristo é ter a consciência plena de que somos isentos de toda e qualquer glória! Testemunhas de Cristo são pessoas “em processo de cura” em relação ao apetite de glórias humanas.
Testemunhas de Cristo não veem mais as suas vidas como valiosas em si mesmas. Vivem a vida de Cristo, para a glória de Deus, pela ação do Espírito no serviço ao próximo. São pessoas que não se pertencem mais. São portadoras de uma vida que lhes foi introjetada unicamente pelo derramamento do Espírito de Cristo. Esta é uma passividade que agrada a Deus e dá descanso às nossas almas, por vezes tão cansadas de “tentar” agradar ao Pai. Deus só pode ser agradado por Sua própria ação em nós!
Minhas… Caracteriza uma relação de posse e identificação. Quando o Espírito possui alguém não pode haver resistências pessoais à Sua obra. A identificação é a vida de Cristo vista nos perfis e reações de Seus discípulos.
Testemunhas… O Espírito nos transforma em testemunhas de Cristo. Testemunhas não se autopromovem. Não têm nada para falar de ou por si mesmas. Só falam Daquele que lhes revelou e aqueceu o coração com a mensagem do evangelho. As testemunhas de Cristo têm sérias dificuldades de enaltecerem-se através de seus ministérios, uma vez que os veem como dádivas de Deus e exclusivamente para a Sua glória. Somos testemunhas quando a nossa existência só tem sentido ao glorificamos o Pai, na Pessoa do Filho e pelo poder do Seu Espírito.
O Espírito nos dá capacidade para sermos testemunhas vivas da vida de Cristo (At 1:8), sabermos que somos crucificados com Ele (Rm 6:6), convivermos como filhos amados do Pai (Fp 2:1-5) e fazermos somente as obras que Ele preparou de antemão para que nelas andássemos (Ef 2:10).
Os apóstolos eram testemunhas eficazes porque desistiram de suas próprias vidas para que somente a vida Daquele que foi ressuscitado fosse manifestada. Eram testemunhas do evangelho de Cristo e sem nenhuma falsificação. Sua pregação e ensino convergiam unicamente para o Cordeiro de Deus!
O Espírito Santo tem manifestado o Seu poder para que sejamos testemunhas de Cristo sem nenhuma “tentativa” de participação nossa? Até que ponto nos permitimos ser possuídos pelo Espírito que nos foi derramado? Sem a ação exclusiva do Espírito, tudo o que somos ou fazemos está em contradição com a obra de Deus em Cristo, mesmo que “na melhor das intenções”. A dinâmica da revelação espiritual Divina é a seguinte: O Espírito nos aponta, convence e insere na Pessoa do Filho que nos conduz ao Pai!
O ministério do Espírito Santo adverte: qualquer pessoa que manifestar qualquer sintoma de glória humana na igreja de Cristo deverá ser encaminhada imediatamente ao posto de saúde do Calvário mais próximo! Lá será indicado o seguinte tratamento prescrito pelo Médico dos médicos: (1) a morte e inclusão do seu velho homem na cruz de Cristo; (2) a substituição da vida desta pessoa pela vida ressurreta de Cristo; (3) a santificação operada exclusivamente pelo Espírito do doutor das almas e (4) o implante da aceitação incondicional do amor do Pai eterno, que produzirá a alegria que irrompe em adoração ao Cordeiro! Diagnóstico final do paciente: poder para ser testemunha de Cristo em todo lugar, por meio da Sua graça! Toda honra e glória seja dada Àquele que nos faz Suas testemunhas!

Solo Deo Glória.

domingo, 22 de julho de 2012

LIBERTOS DE TODA CONDENAÇÃO

Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. Gálatas 5:1
Quando o homem é verdadeiramente livre? Esta é, sem dúvida alguma, uma das perguntas mais difíceis de se responder. Nem temos esta pretensão, mas buscar, ao menos, um norte para o que seja liberdade. Talvez alguém diga que o homem é livre quando pode fazer sua própria escolha. Porém, Champlin alerta dizendo: “se as pessoas forem treinadas, educadas ou mesmo forçadas a aceitarem um determinado conceito de liberdade, talvez se contentem relativamente bem diante da servidão, em vez de quererem ser verdadeiramente livres”.
O apóstolo Paulo, no final do capítulo 1 da Epístola aos Romanos, descreve o homem natural, o homem sem Deus, o homem que diz a si mesmo: “não preciso de Deus”; ou, “não existe Deus”. A característica principal deste homem natural é sua autonomia e sua eterna busca por um conhecimento que preencha o vazio de sua alma, entendendo que ser livre é possuir sabedoria para decidir o próprio destino.
A questão é que este homem natural não consegue livrar-se de suas misérias e mazelas, apesar de todo o seu conhecimento, vivendo aprisionado por um cativeiro invisível. Paulo diz o seguinte, a respeito deste homem: E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia. Romanos 1:28-31.
Paulo também fala de um outro homem. Este outro homem, lendo a passagem anterior, talvez diga: “eu não sou como este homem aí, descrito por Paulo”; ou, “sou evangélico e fui batizado”; ou, “frequento a igreja semanalmente”; ou, “conheço bem a doutrina correta”; ou, “eu estou na graça, mas você está na lei”. A principal característica deste homem é exatamente sua necessidade de mostrar aos outros sua espiritualidade, bem como, uma preocupação excessiva com a vida e a conduta alheias, não para ajudar, mas para julgar. No capítulo 2 de Romanos, Paulo fala deste homem que conhece as Escrituras e faz questão de zelar pela sua aparente moralidade e fidelidade a Deus.
A dificuldade enfrentada por este outro homem, identificado por Paulo como o judeu, é que sua visão está completamente obscurecida por um entendimento distorcido das Escrituras. Ele entende que uma aparente obediência e um comportamento externo moralista o faz aceitável diante de Deus e dos homens. Este homem, o judeu, também vive aprisionado por um outro tipo de cativeiro: a hipocrisia. Se, porém, tu, que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus; que conheces a sua vontade e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído na lei; que estás persuadido de que és guia dos cegos, luz dos que se encontram em trevas, instrutor de ignorantes, mestre de crianças, tendo na lei a forma da sabedoria e da verdade; tu, pois, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? Dizes que não se deve cometer adultério e o cometes? Abominas os ídolos e lhes roubas os templos? Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei? Pois, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por vossa causa. Romanos 2:17-24.
No capítulo 3 do livro de Gênesis, lemos a descrição da queda do homem e suas consequências. O pecado original foi uma quebra de confiança em Deus, por parte do homem, uma verdadeira declaração de autonomia. Paulo, em Romanos 5:12, diz: Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Isto significa que a queda do primeiro homem, Adão, tornou a raça humana cativa do pecado e da morte. Portanto, não há como se falar em liberdade, sem se falar do pecado e sua consequência.
O grande adversário da verdadeira liberdade é exatamente o pecado e a escravidão que traz consigo. Esta escravidão pode estar camuflada tanto por um entendimento equivocado de que podemos viver sem Deus, de que somos autossuficientes e independentes, quanto pelo também entendimento equivocado de que somos bons cristãos aprovados por Deus em razão do que fazemos e, também, do que não fazemos, e por nosso conhecimento bíblico e doutrinário.
Não é fácil identificar o cativeiro em que vivemos, simplesmente porque o pecado cega nosso entendimento. Além disso, o pior dos cativeiros é o espiritual. Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. 1 Coríntios 2:14.
A mensagem central do Evangelho trata justamente desta libertação, tanto para judeus, quanto para não judeus; ou seja, tanto para religiosos, quanto para descrentes. Uma liberdade não política, mas espiritual de consequências eternas. Como isto é possível? Somente pela soberana graça de Deus, por intermédio de seu Filho. A liberdade proporcionada por Cristo é a única liberdade verdadeira. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. João 8:36.
Os ensinamentos de Jesus e o seu modelo de vida são importantes. Contudo, não são estas coisas que libertam o homem. É o conjunto de sua obra redentora: obediência, morte, sepultamento e ressurreição. ... sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos; porquanto quem morreu está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos, sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele. Romanos 6:6-9.
Uma pessoa é verdadeiramente livre quando o pecado não tem mais domínio sobre ela, e quando a palavra de Cristo domina seu coração e sua vida. Portanto, uma pessoa é livre não porque pode fazer o que quiser, mas porque pode não fazer aquilo que ela não quer.
Redenção significa libertação efetuada pelo pagamento de um resgate. A redenção que há na obra realizada por Jesus Cristo na cruz do Calvário nos livrou: a)- da ira de Deus: Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue seremos por ele salvos da ira. Romanos 5:9; b)- da maldição da lei: Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro). Gálatas 3:13; c)- do domínio do pecado: Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça. Romanos 6:14; e, d)- da morte eterna: e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho. 2 Timóteo 1:10.
O apóstolo Paulo, após ter sido encontrado por Jesus no caminho de Damasco, foi liberto da cegueira espiritual em que vivia. Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote e lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do Caminho, assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém. Atos 9:1-2. É bastante comum agirmos como Saulo, antes de ser convertido para Paulo. Isto acontece porque confundimos a confiança que devemos depositar exclusivamente na pessoa de Jesus Cristo e sua obra redentora, com a confiança em padrões morais e comportamentais. Deixamos de olhar para Cristo e focamos a vida alheia. Ficamos cegos, mais preocupados com as questões de conduta ética, do que com nosso relacionamento pessoal com Deus. A questão fundamental é que Deus nunca esteve preocupado com a nossa moralidade como base de nossa salvação. Até porque Ele nunca teve qualquer expectativa em relação à nossa capacidade moral. Imediatamente, lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e tornou a ver. A seguir, levantou-se e foi batizado. Atos 9:18. O resultado do encontro de Jesus com Paulo foi a visão física recobrada e a visão espiritual curada. Saulo era um cego espiritual de nascença.
Paulo também foi liberto do seu orgulho e da sua presunção: Bem que eu poderia confiar também na minha carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível. Filipenses 3:4-6. Uma das dificuldades dos judeus era exatamente o orgulho. Para eles, a nacionalidade, os ritos cerimoniais e a instrução na lei eram motivos suficientes para se julgarem superiores a qualquer outro povo. E Saulo não só agia desta maneira, como vangloriava-se do seu status. Assim, também, muitas pessoas, hoje em dia, orgulham-se por pertencerem a uma determinada igreja, a um grupo especial ou a uma casta; orgulham-se por terem recebido o batismo nas águas ou, mesmo, do Espírito Santo; orgulham-se por serem conhecedores da melhor doutrina, por serem instruídos pelos melhores mestres, ou por perseguirem falsos profetas. Mas Paulo esclarece o que, de fato, acontece com o nosso orgulho e a nossa presunção quando somos justificados em Cristo. Onde, pois, a jactância? Foi de todo excluída. Por que lei? Das obras? Não; pelo contrário, pela lei da fé. Romanos 3:27.
Um dos atributos de Deus é sua onipotência. Deus é Deus e poderia nos fazer obedecê-lo de qualquer jeito. Porém, Ele nos dá liberdade para aprendermos a confiar nEle, por amor e não por medo. Se nós não tivéssemos opção, não poderíamos escolher. E sem escolha não há liberdade.
Somente quem é filho goza de plena liberdade. A liberdade dada por Cristo é a única liberdade verdadeira, pois ela resulta de nossa nova filiação. De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus. Gálatas 4:7. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. Romanos 8:15.
A liberdade que Deus nos concede está baseada no seu amor incondicional por nós. Se Ele não nos amasse, jamais enviaria seu Filho para morrer por nós e, também, jamais nos atrairia em sua morte. Amor que aprisiona não é amor verdadeiro, mas apenas um sentimento egoísta de quem busca a satisfação do próprio interesse. O verdadeiro amor é libertador e não pede nada em troca. Deus nos ama desta maneira. Você já experimentou este amor que liberta?

Solo Deo Glória.

domingo, 15 de julho de 2012

A CRUZ E A SERPENTE

E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna. João 3:14-15.
Asclépio, deus grego da medicina, também chamado pelos romanos de Esculápio, tinha a serpente como um dos seus atributos. Aquele que curava trazia à lembrança aquela que matava. A vida e a morte caminham juntas. Esta figura mitológica aponta para uma época em que a morte veio reinar no seio da humanidade. Ela fala de perto da entrada do pecado no coração da raça humana. No Jardim do Éden vemos claramente a cena em que a serpente assume o papel virulento para intoxicar o ser humano com o gérmen do pecado e da morte. A partir deste momento a humanidade ficou encerrada no pecado e prisioneira da morte. A medicina tenta minimizar os efeitos do veneno da serpente, e deste modo, adiar um pouco mais a sombra pavorosa da morte sobre o enfermo. Mas é só uma questão de tempo. Mais cedo ou mais tarde a morte finca suas presas invisíveis na pobre vítima que tomba fria sob o seu domínio. Somos uma geração regida pelos efeitos invencíveis da morte. Do ponto de vista dos homens, a morte tornou-se um inimigo inexpugnável. Como dizia Thomas Adams, a morte exclui a diferença entre o rei e o mendigo e derruba tanto o cavaleiro quanto o peão. Com freqüência a morte se encontra tão próxima da juventude como da velhice. E ela sempre nos surpreende com suas armadilhas, levando quem menos esperávamos.
A morte elabora a estatística mais precisa de toda história. De cada um que nasce, todos morrem. E se alguém foi gerado, é mais fácil morrer do que nascer. A morte fez do mundo um grande hospital em que cada pessoa é apenas um paciente desenganado. O veneno da serpente corre ferino e mortal em nossas entranhas. O pecado e a morte imperam em cada célula de nosso organismo. O pecado é a força da morte e a morte da força. Nascemos contaminados por este vírus maligno e vivemos num planeta marcado pelos poderes subjetivos do pecado e pelos efeitos objetivos da morte.
Morte significa separação. A serpente cuspideira lançou a peçonha da independência de Deus em sua proposta de autonomia. A nossa espécie ficou separada de Deus pelo pecado e se torna separada dos outros viventes pela morte física. Estávamos todos sentenciados a um desterro eterno se Deus não interviesse de modo radical. A primeira mensagem do Evangelho foi proclamada pelo próprio Deus à serpente. Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. Gênesis 3:15. A mulher se deixou levar pela lábia da serpente, mas o homem foi o agente volitivo do pecado. Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. 1Timóteo 2:14. Isto significa que a desobediência de Adão foi uma questão resolvida. Ele decidiu violar o mandamento de Deus deliberadamente. Não há evidência de sedução ou trapaça. Adão é o agente e cabeça do pecado na raça humana e a Bíblia é clara: Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Romanos 5:12. O tronco ficou corrompido pelo pecado inoculado pela serpente e a prole de Adão tornou-se raça de víbora. A serpente gerou uma raça perversa, contaminada pelo pecado e demarcada pela morte. Nascemos neste mundo como filhos do pecado, descendência da serpente e, conseqüentemente, há uma inimizade natural com o descendente da mulher. Segundo a Bíblia, há apenas um descendente da mulher. Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei. Gálatas 4:4. Jesus não é o cruzamento de espermatozóide adâmico com óvulo feminino. Ele é fruto do esperma divino com o óvulo da mulher. Mas Ele é 100% homem e 100% Deus. Ele veio ao mundo com as duas naturezas numa só pessoa, a fim de esmagar a cabeça da serpente e regenerar o ser humano, para torná-lo membro da sua igreja, a noiva do Cordeiro. Os membros da igreja, regenerados pelo Senhor Jesus Cristo, são a geração eleita.
Jesus estava enfatizando a necessidade do novo nascimento, quando Nicodemos o interpelou: Como pode suceder isto? Foi neste contexto que Ele ressaltou o episódio marcante no deserto, quando Moisés levantou uma serpente de bronze na ponta de uma haste. Durante o percurso pelo ermo, o povo se queixava do cardápio, reclamando do gourmet celestial e considerando a receita divina como pão vil. Eles estavam abusados da mesma gororoba e maldiziam da cozinha de Deus. Foi aí que apareceram algumas serpentes abrasadoras causando morte em alguns peregrinos. O povo então clama pela misericórdia de Deus e se reconhece culpado daquela confusão. Moisés, orientado por Deus, apresenta o antiofídico da fé. Uma serpente de bronze, pendurada no ponto mais alto, deveria ser contemplada por todo aquele que fosse picado pelas serpentes do deserto. Estamos diante de algo não muito lógico. Mas, nem sempre Deus é muito lógico. Pelo menos no que diz respeito à nossa lógica. Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Provérbios 3:5. Não havia qualquer efeito químico neste remédio. O veneno inoculado não tinha um antídoto correspondente circulando na corrente sangüínea. A fórmula da farmácia celestial era apenas um olhar. Fez Moisés uma serpente de bronze e a pôs sobre uma haste; sendo alguém mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze, sarava. Números 21:9. Era estranha a terapia, mas não havia outra alternativa. Deus jamais permite uma segunda opção para o projeto da fé. A cura estava definida no ato da contemplação. Elisabeth Elliot disse com muito acerto: Você nunca entenderá por que Deus faz o que faz; basta crer nele, e isso é tudo o que é necessário. Aprendamos a confiar nele como Ele é. Quando Deus diz alguma coisa, Ele se obriga a cumprir o que diz, a menos que esteja disposto a perder o seu caráter. Mas Ele nunca pode negar-se a si mesmo.
A Palavra de Deus é sempre confiável. Por isso Jesus é enfático na sua mensagem: Assim como Moisés levantou... Assim importa que o Filho do homem seja levantado. Moisés ergueu uma serpente de bronze. Era uma semelhança da verdadeira serpente do deserto. Todo aquele que fosse picado poderia olhar para aquela serpente de bronze e ficaria curado. Só os picados pelas víboras poderiam ser curados, quando olhassem. O olhar dos sadios não tinha qualquer efeito. A cura é somente para os enfermos, assim como a graça é a resposta plena de Deus para aqueles que fracassaram em suas desgraças. O veneno das serpentes era neutralizado com o olhar. Se alguém, com dúvida, recusasse olhar para a serpente de bronze, fatalmente morreria.
Agora Jesus remove o verbo olhar e substitui pelo verbo crer. No tempo de Moisés eles deveriam olhar para a serpente pendurada. Hoje, nós deveremos crer no que a Bíblia diz sobre Jesus Cristo crucificado. Jesus foi levantado na cruz, mas Ele não era pecador. Ele nos substituiu naquela cruz. Ele tomou o nosso lugar como o Filho do homem. Jesus como homem foi para a cruz em nosso lugar. A sua natureza humana ocupa a nossa posição naquela cruz. Há um homem sem pecado pregado na nossa cruz. Nós somos a raça de víbora. Somente nós pecadores deveríamos morrer. Mas Ele assume a nossa causa e morre em nosso benefício. Entretanto, a cruz tem um outro enfoque. O Filho de Deus nos incluiu na sua morte. Jesus morreu em nosso favor, mas o Cristo nos incluiu juntamente com Ele e nos fez morrer na mesma morte. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com Ele viveremos. Romanos 6:8. A nossa morte compartilhada é juntamente com Cristo. A Bíblia não confunde as coisas. Há duas naturezas em uma só pessoa realizando uma obra completa em nosso socorro. Jesus nos substitui na cruz, mas Cristo nos inclui na crucificação. Eu estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. Gálatas 2:19b e 20a. Isto não é rachar cabelo, é constatar o que a Palavra revela. A dor física Jesus padeceu por mim, mas naquela morte, Cristo me fez morrer. Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. 2Coríntios 5:14. A cruz de Jesus Cristo tem dois focos bem marcantes: a substituição realizada pelo Filho do homem e a inclusão executada pelo Filho de Deus. O mistério das duas naturezas numa só pessoa, Jesus Cristo, tinha como finalidade reconciliar o homem com Deus mediante sua morte na cruz. Este foi o golpe fatal sobre a cabeça da serpente. A mesma fé que curava os israelitas no deserto olhando para a serpente de bronze, salva os pecadores que crêem no sacrifício consumado de Jesus Cristo na cruz. O que receio, e quero evitar, é que assim como a serpente enganou Eva com astúcia, a mente de vocês seja corrompida e se desvie da sua sincera e pura devoção a Cristo. 2 Coríntios 11:3 (NVI). Não há convicção e firmeza fora da revelação da Palavra. Confie na verdade da Palavra de Deus, mesmo quando as peças parecem que não se encaixam. Não podemos unir-nos a Cristo porque o sentimos, mas porque Deus o disse, e precisamos crer em sua Palavra, mesmo quando não a entendemos. R. M. M’Cheyne.

Solo Deo Glória.

A MISSÃO DO REGENERADO EM CRISTO

É por meio de Cristo que todos nós, judeus, e não judeus, podemos ir, em um só Espírito até a presença do Pai. Efésios 2:18.
O primeiro nascimento vem de pais pecadores e acontece à imagem deles; o segundo é divino, conforme a vontade de Deus, e nos habilita para sermos a imagem de Jesus Cristo ...filhos nascidos não do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. João 1:13. O nascimento biológico é de semente corruptível e marcada pelo pecado. O segundo nascimento, ou o novo nascimento, é espiritual, transformando os que passam por ele em filhos de Deus, novas criaturas. Por meio do primeiro nascimento todos somos escravos da própria vontade e dos nossos desejos pecaminosos e alheios à vida de Deus.
A graça da regeneração na vida do pecador vem de cima do Espírito Santo, na pessoa do Senhor Jesus Cristo, na inclusão na morte e ressurreição com Ele. O desejo de amar ao Senhor, de obedecê-lo, é ganho pela vida de Cristo em nós na regeneração. Somente aqueles que passaram pela obra da cruz são participantes da vocação soberana e celestial de Deus para fazer a missão. Portanto, santos irmãos, participantes do chamado celestial, considerai com atenção o Apóstolo e Sumo Sacerdote que declaramos publicamente, Jesus. Hebreus 3:1.
Na nova criatura há novos desejos, novas afeições e novos deleites, a partir do chamado celestial. Sabemos também que o Filho de Deus já veio e nos deu entendimento, para conhecermos aquele que é verdadeiro; e estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. I João 5:20. O Deus encarnado em Cristo realizou algo de mais sublime visto na eternidade para a redenção, perdão, libertação e cura dos pecadores, porém o ponto principal é nos fazer filhos herdeiros.
Para o regenerado, esse título de filho é mais honroso do que ser o mais exaltado príncipe da terra. Infelizmente, muitos regenerados têm perdido a dimensão suprema do valor que o próprio Deus Trino, dá em se revelar como Aba Pai. Vede que grande amor o Pai nos tem concedido, o de sermos chamados filhos de Deus, o que realmente somos. I João3: 1. Alguém citado por Champlin em seu novo testamento interpretado parafraseou este texto na seguinte forma: Vede, tomai conhecimento, considerai, contemplai pela fé, com admiração e espanto, e observai quão grande favor, quão grande exemplo de inigualável amor, quão admiráveis bênçãos da graça, o Pai nos tem conferido.
O Deus soberano, onipotente, se revela como Pai amoroso que nos chama para se relacionar; é preciso crer na ação do Espírito Santo para nos levar a vivenciar esta realidade que é de fato sermos filhos de Aba, e não meros consumidores interessados em adquirir produtos transitórios deste mundo perecível. O texto sagrado vai mostrar que o filho quer mais da intimidade e do amor de Cristo ...e assim conhecer esse amor de Cristo, que excede todo o entendimento, para que sejais preenchidos até a plenitude de Deus. Efésios 3:19.
O sentido da palavra pleroma, ou plenitude, significa que o regenerado está sendo cheio e completado pelo poder, pelo mover e pelas riquezas de Deus e de Cristo. A maior herança do salvo não é o céu, e sim o Pai, o Filho e o Espírito Santo. O Senhor é a porção da minha herança... Salmos 16:5.
A missão do nascido de novo, a partir dessa experiência, é de filho em Cristo; é testemunhar para outros a grandeza do amor de Deus. A cruz foi, e continua sendo, instrumento de revolução radical do regenerado, e que deve ser manifestada em atitude para a missão. Quando um regenerado, tomado da verdade divina, cheio do Espírito Santo, com o poder do alto em si, o mundo, boquiaberto, vai contemplar o grande feito da cruz. Temos que ter coragem de nos colocar diante da vontade de Deus, como Jesus, que deu início tão glorioso na sua missão e na Igreja primitiva. Atos 8:14-17;10: 44-47.
Agora sendo filho precisamos ganhar o significado da missão na perspectiva de Jesus, e levar a sua cruz que é a nossa, fazer a vontade de Deus, amar com mais intensidade os perdidos pelos quais o Messias entregou a sua vida. É na mensagem da missão de Jesus Cristo que o regenerado propaga a filiação divina aos desesperados deste mundo. A essência da missão do regenerado é testemunhar, com vida e graça dessa experiência ocorrida em sua própria vida. Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti. Marcos 5:19.
A missão só pode continuar nesse mundo porque já aconteceu através de Jesus, no envio feito pelo Pai celeste. O Deus Pai enviou o Deus Filho; o Deus Filho envia os regenerados. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. João 17:18. A honra de Deus exigiu o sacrifício de Jesus como único meio para transformar pecadores, de criaturas em filhos amados; mas o regenerado é um com Cristo na missão presente, porque somos um com Cristo crucificado e ressurreto. Na realização da missão esta identificação continua, e o desenvolvimento do serviço do regenerado, na missão, é fruto da realidade espiritual com o Pai celestial.
Walter T. Conner vai explanar muito bem: A missão do cristão sob um outro aspecto, é pôr outras pessoas em relação de salvação com Cristo e desenvolver nelas a vida de Cristo. Esse é um pulso espontâneo da vida nova em nó: levar qualquer outra pessoa a conhecer a Cristo e gozar a grande benção que Ele dá. Recusar fazer a missão é trair a Cristo e deslealdade para com aqueles que dependem de nós, no tocante ao conhecimento desse evangelho. Missões e evangelismo, portanto, não são coisas secundárias na vida cristã, e sim a essência do cristianismo.
Não é possível continuar dizendo que cremos em uma mensagem cristocêntrica e fechar os olhos para as implicações contidas na mesma, que são vida nova, intimidade com Pai e ser semelhante a Jesus Cristo.
Muitos cristãos correm perigos em sua jornada de fé, ao abandonar a prática da centralidade da cruz, com coisas periféricas que são valorizadas em demasia, ficando apenas em discurso vazio, sem efeito na sua própria vida, porque estão buscando as coisas do mundo e não as do alto, como diz Paulo. Já que fostes ressuscitados com Cristo, buscai as coisas de cima, onde Cristo está assentado á direita de Deus. Pensai nas coisas de cima e não nas que são da terra. Colossenses 3:1-2.
D. A. Carson coloca muito bem a sua idéia para missão dos regenerados: Somos tão insensatos, quando valorizamos aquilo que não permanece, quando promovemos os valores, os planos e os programas de um mundo que está desaparecendo, como se essas coisas tivessem significado profundo. Esse curso de vida tão mal direcionado revela eloquentemente quão pouco conhecemos a Deus. Pois, quanto mais conhecemos a Deus, tanto mais desejaremos que toda a nossa existência gire em torno dEle, e tanto mais perceberemos que os objetivos e os planos realmente importantes são aqueles que estão vinculados a Deus e à nossa eternidade com Ele.
É na missão do Cristo crucificado que o regenerado é moldado verdadeiramente para fazer e entender a missão, não só como espectador, e sim como agente participativo. N. T. Wright diz: Aqueles que pertecem a Jesus são chamados, aqui e agora, para serem agentes desse propósito divino pelo poder do Espírito Santo. A Igreja existe principalmente para cumprir dois propósitos intimamente relacionados: adorar a Deus e trabalhar pelo estabelecimento do seu Reino no mundo. Assim como Pai me enviou, também eu vos envio. João 20:21. Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também por ele. I Coríntios 8:6.

Solo Deo Glória.

CRIAÇÃO, SALVAÇÃO, RECONCILIAÇÃO E VIDA COM DEUS

“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas pelo qual também fez o universo.” Hb.11:1-2.
A Biblia, do inicio ao fim, possui uma única e importante incumbência que é: revelar a pessoa do Nosso Senhor Jesus Cristo ao homem. Nós, contudo, nascemos, vivemos e morremos tentando entender todos os por quês que surgem em nossas mentes, buscando em outras fontes as respostas desses questionamentos. Quem sou eu? De onde eu vim? Para onde vou? São perguntas que transitam pelo nosso intelecto, as quais muitas vezes procuramos responder apoiados na razão e na ciência. Adauto Lourenço – cientista cristão - conhecido como a voz do criacionismo científico no Brasil, em uma de suas ricas palestras, sobre o assunto, assim declarou: - “para se crer na ciência é preciso ter fé, pois, nada sobre a criação do ponto de vista da teoria da evolução está comprovado”.
“Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem.” Hb.11:3.
“Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber para aonde ia.” Hb.11:8. Isso aconteceu quando Abrão contava com setenta e cinco anos de idade: “Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei;” Gn.12:1. Vinte quatro anos depois... “Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe o SENHOR e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito.” Gn.17:1
Onde estava apoiada a fé de Abrão? Na palavra de Deus. Abrão estava apoiado no que Deus lhe havia dito. E creu.
O escritor aos hebreus, ratificando a nossa convicção de fé nos fatos os quais não vimos, e nem vamos ver, inicia sua carta dizendo: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas pelo qual também fez o universo.” Hb.1:1-2. Desta revelação, surgem pelo menos duas questões importantíssimas: Primeiramente, nos remete ao poder da palavra de Deus e, em segundo lugar, à constituição do herdeiro do Criador, que é seu Filho. Para ganharmos a dimensão do poder da palavra de Deus, vamos buscar na própria Palavra, quando da criação do mundo, que diz: “Disse Deus: Haja luz; e houve luz.” Gn.1:3. E, no Antigo Testamento, Davi assim escreveu: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras de suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite.” Sl.19:1-2. “Ele criou os céus e a terra ex-neil, isto é, do nada existente, mas os criou a partir do seu poder e em sua energia pré-existente.” Como muito bem nos ensina Glenio Fonseca Paranaguá em sua pregação do dia quatro de julho passado. Daí, o inicio de toda criação pelo poder da palavra de Deus a partir do nada existente.
Muitos são como Tomé, somente acreditam naquilo que vêem – na matéria – e chegam a duvidar da própria existência do Criador. Contudo, mesmo sem saberem, buscam sempre de alguma forma preencher o vazio interior produzido pela entronização do pecado no mundo e, pela separação que o pecado produziu entre nós e Deus.
Acerca deste assunto, Paulo, divinamente inspirado, em certa ocasião encontrando-se no Areópago em Atenas, falando aos idólatras e aproveitando a oportunidade aonde os gregos adoravam a muitos deuses e, encontrando dentre eles um altar que lhe chamou a atenção, disparou: “...Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos; porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas.”At.17:22.b –24. E continuando Paulo a ensinar sobre a nossa dependência no Senhor e sobre qual é o lugar que Ele deve ocupar em nossas vidas, e, sobre a comprovação de Sua existência, conclui: “pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns de vossos poetas têm dito: Porque dele também somos geração.” At.17:28.
Quanto a Jesus Cristo, o herdeiro, o unigênito que se tornou primogênito e nos deu vida, estando nós mortos em nossos delitos e pecados, sua missão não foi menos importante para o homem do que a da criação. Ou seja, do que adiantaria Deus ter criado o homem e o mundo para que nele o homem habitasse, se esse homem, tivesse seu destino certo de passar a eternidade no inferno, longe da presença de Deus?
Por que conhecer Jesus? Qual a diferença que Ele faz em nossas vidas? Por que buscarmos a face de Cristo? Continuamos atrás de respostas.
“Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida;” Rm5:10. É para a salvação e reconciliação.
E quem é Jesus Cristo?
Elohim, o Deus Trino, foi o criador dos céus e da terra, e em Cristo, também participante da obra da criação, tudo subsiste. “Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus, que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus.” Cl.1:18-20.
A justificação, pela fé, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, foi o resultado do sacrifício da morte de cruz em nosso favor. O combustível usado para a nossa salvação foi o amor. “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rm.5:8
Assim, podemos entender, que tanto na criação do homem, como na reconciliação por meio de seu Filho Jesus Cristo, o que moveu o coração de Deus foi o seu infinito amor, não por merecimento, mas por graça. Como disse Pedro: “Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus...” At.15:11.a.
Então, amados irmãos, pudemos ver que temos todas as respostas que precisamos na revelação da Palavra de Deus, onde diz que: “Ele (Cristo) vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência;” Ef.2:1-2 E, sendo Cristo obediente, cumpriu o propósito do Pai assim: “E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” Fl.2:8.
E para que não corramos o risco de dar ouvidos a outras fontes que não sejam do alto, e que talvez nos levem a falsas verdades, devemos observar com todo nosso coração as Escrituras. “Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus.” Hb.12:1-2
Considerando sempre, a importância do amor de Deus em nossas vidas, e desejando levar sempre e por toda parte o morrer de Jesus para que a vida Dele se manifeste em nossos corpos. “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda a altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo o pensamento à obediência de Cristo;” 2ªCo.10:5.
Que Deus em sua infinita graça nos ensine a viver sempre na Sua dependência. Essa é a nossa oração. Em nome de Jesus. Amém.

Solo Deo Glória.

CANTANDO E CANTANDO AS MARAVILHAS INTOCÁVEIS

São muitas, SENHOR, Deus meu, as maravilhas que tens operado e também os teus desígnios para conosco; ninguém há que se possa igualar contigo. Eu quisera anunciá-los e deles falar, mas são mais do que se pode contar. Salmos 40:5

A vida dos filhos de Aba na terra é uma temporada alegre de louvor e uma marcha contínua de gratidão permanente. Ainda que sejamos afligidos neste mundo, não podemos dizer que fomos enganados pelo Senhor. Ele foi categórico quando disse aos seus discípulos: Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo. João 16:33.
Jesus nunca será processado por propaganda enganosa, nem levado ao Serasa da fortaleza de Anu, pai dos demônios, por qualquer dívida contraída. Tudo o que prometeu tem se cumprido à risca. Tudo que falou vem fazendo rigorosamente. Nada ficou até agora sem realização e nada ficará sem pleno cumprimento.
O fim de um período fiscal é tempo de balanço na contabilidade. É a hora da verdade dos livros que comprovam lucros e perdas nas empresas. É o momento de fazer a avaliação dos acontecimentos anuais. É uma boa ocasião para se fazer a valuação dos fatos.
Para as empresas, o ano fiscal pode ser ótimo, bom, razoável ou mau. Para as pessoas, de modo geral, as estações podem ser de tempo mais alegre, imaginavelmente feliz, mais difícil, triste ou com intenso desgosto. As perdas pessoais são desgastantes, quer sejam por falecimento, separação ou ausência. Assim, as dores da alma esfolam a memória.
O salmista fala, entretanto, das maravilhas e dos desígnios de Deus para conosco. A Escritura mostra que a vida dos filhos de Aba tem problemas como todas as pessoas, mas a história deles é diferente, pois Aba transforma as aflições em algo fora do comum.
Veja, por exemplo, o que aconteceu com José no Egito. Os irmãos invejosos tinham intenção de fazer-lhe uma maldade daquelas, mas Deus mudou o script da tragédia. Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida. Gênesis 50:20.
Não existem complôs na caminhada para a nova Jerusalém. Aquilo que parece uma tragédia pode ser o primeiro degrau da escada na intimidade com o Senhor. O motim promovido pelos irmãos invejosos foi o motivo que moveu a mão de Deus para levar José até o governo do Egito. Nunca devemos nos sentir vítimas dos conflitos quando o nosso futuro está sendo conduzido pelas mãos soberanas do Senhor.
Javé com freqüência nos pega em lances fora de série, para nos levar aos lugares nunca dantes sonhados. As crises na vida dos cristãos são vias inacreditáveis de progresso. A existência do povo de Deus é uma peregrinação de surpresas. Quando os astutos armam as ciladas, o Senhor transforma a cama de gato num trono de ascensão para os membros da sua corte real. O escravo se torna o amo e o prisioneiro, em governador do reino. O Pai gosta de maravilhar-se com os seus filhos maravilhados por suas maravilhas. Se o mundo é cheio de sofrimentos, Aba excede em fazer maravilhas. Neste mundo não há vacinação contra desgosto, embora a particularidade da graça é transformar o dó menor num sol maior. Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Romanos 8:28.
Quando o povo de Judá foi levado para o cativeiro na Babilônia, em razão dos seus próprios pecados, Deus falava pelo profeta Jeremias, que estava planejando o melhor para eles. Porei sobre eles favoravelmente os olhos e os farei voltar para esta terra; edificá-los-ei e não os destruirei, plantá-los-ei e não os arrancarei. Jeremias 24:6.
Os objetivos de Javé são de abençoar e promover a paz. Sua gente tem a mesma índole. Quem gosta de contenda e vive provocando desavenças é a turma amargurada de Belial, a classe arrogante das trevas, mas, mesmo assim, é incapaz de mudar os intentos do Senhor. Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais. Jeremias 29:11.
Uma das características do Senhor que o torna ímpar ou singular, é converter as maldições em bênçãos eternas. Quando os profetas agoureiros levantam os seus presságios fúnebres, o Senhor costuma inverter o cano da arma ou fazer o tiro sair pela culatra. Porém o SENHOR, teu Deus, não quis ouvir a Balaão; antes, trocou em bênção a maldição, porquanto o SENHOR, teu Deus, te amava. Deuteronômio 23:5.
Deste modo, é impossível contabilizar as bênçãos do Senhor. Os adversários soltam as raposas no galinheiro, mas o Bom Pastor acaba por contundi-las ao confundi-las em seus ardis. A maldição de Saul se converteu na bendição de Judá. O reino de Davi é o trono do louvor e as perseguições do invejoso terminaram com soberba na falência de sua casa.
O trono de Saul despencou-se com a inveja e a desobediência e sua casa foi devastada por aquilo que semeou. Aquele que planta malquerença colhe o desmoronamento do seu império. Os impostores pagam impostos pesados pelas suas imposturas. Todas as vezes que alguém atira o bumerangue da maldição nos filhos de Deus, a lei soberana de causa e efeito faz voltar a lâmina maldita ao pescoço do atirador, transformando o anátema em benignidade eterna e convertendo o pranto passageiro em canto permanente na vida dos santos. Amaldiçoem eles, mas tu, abençoa; sejam confundidos os que contra mim se levantam; alegre-se, porém, o teu servo. Salmos 109:28.
Contar as maravilhas incontáveis de Deus é impossível. Seria mais fácil contar a areia do mar, pois ele transforma o choro em canção, a dor em alegria, o luto em consolação, a maldição em bênção eterna de modo que o drama do inferno vai sendo transformado dia a dia pela graça em sucessivas colheitas de benefícios com gratidão. Andar com Deus é viver extasiado escriturando deslumbramentos. O peregrino vê a maravilha do sofrimento como a magnífica escola da sua maturidade. Ele vê os espinhos como benévolos emissários divinos, totalmente responsáveis pela prostração rumo à dependência de Deus. Quanto mais fraco estivermos, mais fortes estaremos. Este é o paradoxo da graça. No reino de Deus não há fracassos ou derrotas. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Romanos 8:37.
A fé cristã é uma demonstração dinâmica da operação da graça em quaisquer circunstâncias. Os números deste demonstrativo são sempre de caráter prático e de valor afirmativo. Nunca ouvi falar da falência de falidos supridos pela onipotência divina. Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento. 2 Coríntios 2:14.
Não há ruína espiritual na vida de um mendigo financiado pela graça. Se o advérbio de tempo sempre significa uma cobertura em toda a existência, logo não há espaço para acidentes ou catástrofes aqui e agora. Não existe fracasso para o fracassado que depende da soberania de seu Pai celestial. Ora, se Cristo sempre conduz os impotentes em triunfo, não sei quando esses falidos amparados pela suficiência divina vão contabilizar derrotas. Além do que há um perfume divino exalando o aroma penetrante da eternidade.
O tempo da criatura tem validade. A lápide no sepulcro encerra qualquer pretensão de sucesso para os mortais descendentes de Adão, mas os filhos de Aba são eternos. Aquele que ganhou a guerra, mesmo que tenha perdido algumas batalhas é o vencedor final. Como se pode falar de falência para quem já foi registrado no cartório do amanhã? O seguro da ressurreição garante qualquer sinistro no percurso da cronologia. De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. João 6:40.
A apólice da vida abundante é a ressurreição de Cristo, única vitória sobre a morte e garantia exclusiva para assegura a continuidade da existência dos maltrapilhos, sustentados pelo sangue derramado e nutridos pela carne do Cordeiro que foi moído. Sem a encarnação do Verbo não haveria esse cardápio sangrento, e, consequentemente, a segurança da vida eterna estaria sem um penhor inabalável. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. João 6:54.
O ego obeso jamais se satisfará com essa dieta de carne esfolada pela morte na cruz de Cristo e pelo quebrantamento diário. A alma rechonchuda de si própria e vaidosa dos seus feitos gosta mesmo é de comer alimento gorduroso que faça brilhar a sua fanfarronada diante da platéia. A glória de Deus é uma bóia magra para quem tem fome de reconhecimento público. A cruz de Cristo é um menu enjoativo para os promotores de si mesmos.
Contudo, a maior das maravilhas que o cristão precisa contar é exatamente aquela, produzida pela cruz de Cristo, que ele nunca deve contar publicamente: A sua vida de intimidade com o Pai. A comunhão do serviço, da prece e do quebrantamento são assuntos de familiaridade Paterna e jamais um espetáculo aparente. A morte do pecador na cruz com Cristo silencia sua propaganda pessoal e suas reivindicações de artista.
A esmola nunca será mencionada. A oração será sempre feita num quarto fechado com tranca e trinco para que ninguém veja prostrado um atrevido propenso a se orgulhar de sua modéstia. E quem jejua não terá aparência de quem faz greve de fome. Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. Mateus 6:6.
O segredo da vida secreta estará sendo contado no silêncio dos lábios e no estilo da vida sem grife. Aquele que vive na presença de Deus transparece essa comunhão sem alarde e sem pieguice. Nós não fomos chamados para computar as inumeráveis maravilhas, pois elas são infinitas. Ao mesmo tempo fomos chamados para contá-las ao mundo; algumas em palavras, outras no silêncio. Aquelas que Deus fez por todos devem ser anunciadas verbalmente. Aquelas que Deus faz em nós e através de nós devem ser ditas ao emudecer. Enquanto eu tento calcular as incontáveis maravilhas do reino de Aba, sou compelido a contar aos outros com palavras a respeito daquelas formidáveis maravilhas relacionadas às insondáveis riquezas de Cristo, embora não possa contar nas preleções, sobre aquelas que estão ligadas à minha intimidade com o Pai. Contudo, boca calada não significa ausência de comunicação. A vida secreta do espírito se estampa na ternura da alma dos legítimos adoradores que estão sendo tratados pelos efeitos permanentes da cruz de Cristo.

Os filhos de Aba são os verdadeiros adoradores. Eles, em assembléia, são a evidencia pública desta vida oculta em culto privado ao Pai. O que conta no ajuntamento dos verdadeiros adoradores é que eles não contam com a platéia na sua adoração, mas enquanto cantam diante do trono com profunda alegria as maravilhas incontáveis da Trindade Santa, contam extasiados com palavras ou ainda no sigilo do coração, que Cristo é a maravilha das maravilhas e o Maravilhoso Senhor deles, por eles e para eles. Amém.

Solo Deo Glória.