Vinde a mim todos os que
estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu
jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis
descanso para as vossas almas. Mateus 11:28-29.
Aqui temos um
imperativo estimulante. É uma convocação indiscutível que ao mesmo tempo se
torna num convite cordial. Jesus ordena aos cansados que venham a ele, contudo o
seu chamamento não é cogente. Ele não está exigindo desempenho forçoso, embora o
apelo nos pareça irrecusável. O Senhor abre a porta aos executivos exaustos e
faculta o ingresso aos oprimidos.
O evangelho é
uma proposta para os esforçados que se encontram agora esgotados. Sabemos que
muita gente, ainda que exaurida, não aceita repouso, pois são orgulhosas demais
para ter uma vida de feriado. A religião não tolera folga, por isso os
israelitas não acolheram o convite de Javé. Porque assim diz o Senhor Deus, o
Santo de Israel: em vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na
tranqüilidade e na confiança, a vossa força, mas não o quisestes. Isaias
30:15. Essa turma possante e laboriosa não admite de modo algum entrar em
férias.
Retirar o ser
humano do controle e governo de suas atividades é a tarefa mais difícil que
existe para qualquer outro membro da raça. Aliás, não é difícil, é impossível.
Esta empreitada só poderá ser feita de modo eficaz pelo Deus, Todo-Poderoso, e
será sempre um grande milagre.
O gênero
adâmico vive a ditadura da autonomia e não se conforma quando não tem a
supervisão da situação. Com isto a canseira não fica por conta do trabalho, mas
da falta de comando da conjuntura e da ansiedade pela governabilidade do
processo. No fundo de toda atividade humana existe uma grande tensão em manter o
ritmo dos acontecimentos sob o domínio pessoal.
A Bíblia exibe
uma galeria de chefes de tribos ou caciques de conduta, gente que vive se
remoendo e se intrometendo na vida alheia com o propósito de exercer o controle
sob a situação. Veja por exemplo como Marta ficou estressada porque a sua irmã a
deixou sozinha lidando com as coisas da casa, enquanto usufruía da comunhão com
o Senhor.
A vida de
Marta nos sugere que ela era uma criatura muito prestativa, mas apresentava uma
mentalidade serviçal conduzida pelos resultados, não conseguindo ver a
importância de um convívio amistoso e descontraído com o Senhor. O seu nível de
cobrança repousava em pontos muito elevados e sua atuação requeria uma maior
visibilidade pública.
Talvez, para
ela, o que se devia agendar como mais relevante seria o papel em favor de sua
própria imagem e não o relacionamento íntimo e pessoal com Jesus. Foi neste
contexto complexo de implicância doméstica que respondeu-lhe o Senhor: Marta!
Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é
necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois escolheu a boa parte, e esta não
lhe será tirada. Lucas 10:41-42.
Somos uma
casta encasacada com auto-estima e blindada por uma alta arrogância que nos
impede de investigar a nossa própria realidade, mas mesmo assim, pode-se ver em
cada casa neste planeta algo intrigante e curioso que nos permite perceber a
martirização generalizada, sob os efeitos da exigência que cobra um maior
desempenho para a aprovação.
O sistema
pedagógico deste mundo aprova apenas os melhores que tiveram a mais perfeita
atuação. A busca pela excelência tem um lado positivo válido, todavia passa por
uma auto-estrada com excesso de perigos. Ser sempre mais, maior e melhor é o
sintoma de uma doença extremamente grave e um vício terrível do ego. O egoísta
não suporta perder o domínio dos acontecimentos, mas segundo o irmão Christian
Chen, "no reino de Deus ganhar é perder e perder é ganhar".
O sexto dia da
criação foi um período de grande atividade por parte do Criador, dando origem
aos seres viventes. No final daquele dia Deus fez o homem a sua imagem e
semelhança como o último elemento do seu projeto. Adão não surgiu no meio do
processo criador, mas ao término de tudo. No dia seguinte, o sétimo, Deus
descansou de todo o seu trabalho.
O descanso de
Deus é o primeiro dia da existência de Adão. A humanidade não começou a sua
história antes de tudo estar concluído. O seu início é exatamente no período que
se denomina o repouso do Criador. O dia sabático de Deus é o começo da jornada
do homem na terra, apontando para um fato muito importante: sem descanso ninguém
consegue trabalhar com prazer.
Depois que
surgiu o pecado vemos uma mudança de parâmetro na estimativa do repouso. O
acordo do Sinai mostra que houve uma reviravolta nas condições de ajuizamento do
sábado. No principio o homem via o ócio antes do negócio e as férias vinham na
frente do trabalho. Tudo dependia da obra perfeita e realizada exclusivamente
pela Trindade. Contudo, após a rebelião promovida pela serpente, o descanso do
executivo deriva dos resultados de seu bom desempenho e o lazer é uma recompensa
pelos esforços desprendidos.
O sábado da
lei vem em seguida ao batente na semana transpirada que se expira. Seis dias
se trabalhará, porém o sétimo dia é o sábado do repouso solene, santo ao
Senhor. Êxodo 31:15a. Agora era preciso atuação para se chegar à trégua. O
descanso é conseqüência do empenho. Não se trata mais de uma mesada antecipada
para um filho amado, mas de um salário posposto para um servo suado que precisa
preencher os requisitos de sua aceitação a contento.
No princípio
Deus fez tudo em seis dias para depois descansar no sétimo. O homem foi criado
no fim do sexto dia e o primeiro lance na sua vida após ter sido criado foi
repousar, não foi trabalhar. Posteriormente à transgressão, o descanso só viria
como uma implicação do trabalho realizado pelo homem. Isto significava um câmbio
na aliança. Antes do pecado o descanso decorria como resultado da obra
totalizada da criação. Depois do pecado o sábado na vida do ser humano é um
produto do seu esforço, pois vem no fim da semana do seu trabalho.
O descanso da
lei é uma proposta inatingível. Por mais que o homem faça as suas tarefas morais
com esmero e se aplique ao máximo em seu desempenho, ele nunca conseguirá
alcançar o padrão exigido pela lei. Assim a humanidade vive cansada e enfastiada
por causa do peso da responsabilidade e das exigências éticas procedentes da
perfeição legal. A lei é santa, espiritual e boa, eu, todavia, sou carnal,
vendido à escravidão do pecado. Romanos 7:14b.
O conflito da
lei do pecado com a lei divina, que é perfeita, gera uma guerra puxada e
cansativa que exaure a alma. O fracasso no descumprimento da lei ou o orgulho na
prática de algum mandamento acabam produzindo um rombo de energia em nosso ser
que, em última análise, vai se refletir num estado de esfalfamento e enfado em
nosso interior.
A ordem
convidativa do Senhor tinha como pano de fundo este estado de sobrecarga. Havia
uma multidão de cansados e oprimidos sem qualquer chance de alívio sob o peso
intolerável do legalismo e Jesus apela para a alternativa do sábado da redenção.
Adão foi criado no sexto dia e Jesus foi crucificado na sexta-feira pascal, a
fim de desconstruir o modelo exigente de contrapartida e estabelecer o novo
padrão de aceitação do pecador pela suficiência da graça incondicional.
O sábado da
redenção fala da obra consumada do justificador e do descanso duradouro que o
devedor experimenta pela liquidação permanente do seu débito. Agora já não há
mais prestações a serem pagas nem o seu nome vai igualmente para algum Serasa ou
Seproc beatificado.
Porém o
descanso da alma tem ainda a ver com a peregrinação. A questão não é apenas
atual, mas processual. A vida de intimidade com o Senhor é um convite ao
descanso na comunhão. Os judeus também tiveram essa oportunidade e não
aceitaram. Assim diz o Senhor: ponde-vos à margem no caminho e vede,
perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis
descanso para as vossas almas; mas eles dizem: não andaremos. Jeremias
6:16.
Cristo não é
apenas o justificador. É também o santificador. A via da santidade é um acesso
de permanência reservada e contínua com o tronco da Videira. O sossego da alma
nas entranhas da árvore da vida gera um estado de bem-aventurança que desemboca
num gozo inalterável. Tenho-vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja
em vós, e o vosso gozo seja completo. João 15:11. Vida de Cristo com mau
humor e descontentamento é uma aberração.
Ser um ramo
permanente e silencioso na Videira é usufruir as riquezas fertilizadoras e
insondáveis da própria Planta. Uma santidade sem o contentamento que se rende no
descanso da alma não tem qualquer semelhança com a vida em Cristo. Como diz
Osmar Ludovico: "o secreto não é um local, mas um estado de consciência. No
secreto não estamos sozinhos, pois nossa alma encontra o Deus vivo e
verdadeiro".
A quietude da
alma no relacionamento particular com Cristo é a fonte de sua maior atividade
espiritual. Quando a alma se aquieta como uma criança amamentada no colo de sua
mãe, então a vida espiritual mais profunda começa a jorrar através de suas
expressões visíveis. Eis que Deus é a minha salvação; confiarei e não
temerei, porque o Senhor Deus é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a
minha salvação. Isaías 12:2.
A vida
espiritual autêntica é a vazão da vida de Cristo do nosso espírito para a nossa
alma suscitando descanso e familiaridade como o Senhor e motivando um ambiente
de paz e afeto com os irmãos. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu
interior fluirão rios de água viva. João 7:38. Não existe descanso onde
houver comparação, competição e complicação.
Essa vida de
descanso da alma é a existência permanente da comunhão íntima e silente do ramo
com a fonte eterna da vida que brota da Videira verdadeira. Somente em Deus,
ó minha alma, espera silenciosa, porque dele vem a minha salvação
(esperança). Salmos 62:1 e 5. O sábado da redenção é a entrada e permanência
festiva no repouso do Senhor. Aquele que se satisfaz plenamente em Cristo tem
uma alma bem-aventurada que vive serena e confiadamente no
Senhor.
Solo Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
sábado, 28 de julho de 2012
O DESCANSO PARA ALMA
TESTEMUNHOS PESSOAIS OU TESTEMUNHAS VIVAS?
domingo, 22 de julho de 2012
LIBERTOS DE TODA CONDENAÇÃO
Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei,
pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão. Gálatas
5:1
Quando o homem é verdadeiramente livre? Esta é, sem dúvida
alguma, uma das perguntas mais difíceis de se responder. Nem temos esta
pretensão, mas buscar, ao menos, um norte para o que seja liberdade. Talvez
alguém diga que o homem é livre quando pode fazer sua própria escolha. Porém,
Champlin alerta dizendo: “se as pessoas forem treinadas, educadas ou mesmo
forçadas a aceitarem um determinado conceito de liberdade, talvez se contentem
relativamente bem diante da servidão, em vez de quererem ser verdadeiramente
livres”.
O apóstolo Paulo, no final do capítulo 1 da Epístola aos
Romanos, descreve o homem natural, o homem sem Deus, o homem que diz a si mesmo:
“não preciso de Deus”; ou, “não existe Deus”. A característica principal deste
homem natural é sua autonomia e sua eterna busca por um conhecimento que
preencha o vazio de sua alma, entendendo que ser livre é possuir sabedoria para
decidir o próprio destino.
A questão é que este homem natural não consegue livrar-se de
suas misérias e mazelas, apesar de todo o seu conhecimento, vivendo aprisionado
por um cativeiro invisível. Paulo diz o seguinte, a respeito deste homem: E,
por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma
disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, cheios de
toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio,
contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de
Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos
pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia. Romanos
1:28-31.
Paulo também fala de um outro homem. Este outro homem, lendo a
passagem anterior, talvez diga: “eu não sou como este homem aí, descrito por
Paulo”; ou, “sou evangélico e fui batizado”; ou, “frequento a igreja
semanalmente”; ou, “conheço bem a doutrina correta”; ou, “eu estou na graça, mas
você está na lei”. A principal característica deste homem é exatamente sua
necessidade de mostrar aos outros sua espiritualidade, bem como, uma preocupação
excessiva com a vida e a conduta alheias, não para ajudar, mas para julgar. No
capítulo 2 de Romanos, Paulo fala deste homem que conhece as Escrituras e faz
questão de zelar pela sua aparente moralidade e fidelidade a Deus.
A dificuldade enfrentada por este outro homem, identificado por
Paulo como o judeu, é que sua visão está completamente obscurecida por um
entendimento distorcido das Escrituras. Ele entende que uma aparente obediência
e um comportamento externo moralista o faz aceitável diante de Deus e dos
homens. Este homem, o judeu, também vive aprisionado por um outro tipo de
cativeiro: a hipocrisia. Se, porém, tu, que tens por sobrenome judeu, e
repousas na lei, e te glorias em Deus; que conheces a sua vontade e aprovas as
coisas excelentes, sendo instruído na lei; que estás persuadido de que és guia
dos cegos, luz dos que se encontram em trevas, instrutor de ignorantes, mestre
de crianças, tendo na lei a forma da sabedoria e da verdade; tu, pois, que
ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve
furtar, furtas? Dizes que não se deve cometer adultério e o cometes? Abominas os
ídolos e lhes roubas os templos? Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela
transgressão da lei? Pois, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre
os gentios por vossa causa. Romanos 2:17-24.
No capítulo 3 do livro de Gênesis, lemos a descrição da queda
do homem e suas consequências. O pecado original foi uma quebra de confiança em
Deus, por parte do homem, uma verdadeira declaração de autonomia. Paulo, em
Romanos 5:12, diz: Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no
mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens,
porque todos pecaram. Isto significa que a queda do primeiro homem, Adão,
tornou a raça humana cativa do pecado e da morte. Portanto, não há como se falar
em liberdade, sem se falar do pecado e sua consequência.
O grande adversário da verdadeira liberdade é exatamente o
pecado e a escravidão que traz consigo. Esta escravidão pode estar camuflada
tanto por um entendimento equivocado de que podemos viver sem Deus, de que somos
autossuficientes e independentes, quanto pelo também entendimento equivocado de
que somos bons cristãos aprovados por Deus em razão do que fazemos e, também, do
que não fazemos, e por nosso conhecimento bíblico e doutrinário.
Não é fácil identificar o cativeiro em que vivemos,
simplesmente porque o pecado cega nosso entendimento. Além disso, o pior dos
cativeiros é o espiritual. Ora, o homem natural não aceita as coisas do
Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se
discernem espiritualmente. 1 Coríntios 2:14.
A mensagem central do Evangelho trata justamente desta
libertação, tanto para judeus, quanto para não judeus; ou seja, tanto para
religiosos, quanto para descrentes. Uma liberdade não política, mas espiritual
de consequências eternas. Como isto é possível? Somente pela soberana graça de
Deus, por intermédio de seu Filho. A liberdade proporcionada por Cristo é a
única liberdade verdadeira. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente
sereis livres. João 8:36.
Os ensinamentos de Jesus e o seu modelo de vida são
importantes. Contudo, não são estas coisas que libertam o homem. É o conjunto de
sua obra redentora: obediência, morte, sepultamento e ressurreição. ...
sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo
do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos; porquanto quem
morreu está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que
também com ele viveremos, sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre
os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele. Romanos
6:6-9.
Uma pessoa é verdadeiramente livre quando o pecado não tem mais
domínio sobre ela, e quando a palavra de Cristo domina seu coração e sua vida.
Portanto, uma pessoa é livre não porque pode fazer o que quiser, mas porque pode
não fazer aquilo que ela não quer.
Redenção significa libertação efetuada pelo pagamento de um
resgate. A redenção que há na obra realizada por Jesus Cristo na cruz do
Calvário nos livrou: a)- da ira de Deus: Logo, muito mais agora, sendo
justificados pelo seu sangue seremos por ele salvos da ira. Romanos 5:9; b)-
da maldição da lei: Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele
próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que
for pendurado em madeiro). Gálatas 3:13; c)- do domínio do pecado: Porque
o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da
graça. Romanos 6:14; e, d)- da morte eterna: e manifestada, agora, pelo
aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte,
como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho. 2 Timóteo
1:10.
O apóstolo Paulo, após ter sido encontrado por Jesus no caminho
de Damasco, foi liberto da cegueira espiritual em que vivia. Saulo,
respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao
sumo sacerdote e lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que,
caso achasse alguns que eram do Caminho, assim homens como mulheres, os levasse
presos para Jerusalém. Atos 9:1-2. É bastante comum agirmos como Saulo,
antes de ser convertido para Paulo. Isto acontece porque confundimos a confiança
que devemos depositar exclusivamente na pessoa de Jesus Cristo e sua obra
redentora, com a confiança em padrões morais e comportamentais. Deixamos de
olhar para Cristo e focamos a vida alheia. Ficamos cegos, mais preocupados com
as questões de conduta ética, do que com nosso relacionamento pessoal com Deus.
A questão fundamental é que Deus nunca esteve preocupado com a nossa moralidade
como base de nossa salvação. Até porque Ele nunca teve qualquer expectativa em
relação à nossa capacidade moral. Imediatamente, lhe caíram dos olhos como
que umas escamas, e tornou a ver. A seguir, levantou-se e foi batizado. Atos
9:18. O resultado do encontro de Jesus com Paulo foi a visão física recobrada e
a visão espiritual curada. Saulo era um cego espiritual de nascença.
Paulo também foi liberto do seu orgulho e da sua presunção:
Bem que eu poderia confiar também na minha carne. Se qualquer outro pensa que
pode confiar na carne, eu ainda mais: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de
Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto
ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei,
irrepreensível. Filipenses 3:4-6. Uma das dificuldades dos judeus era
exatamente o orgulho. Para eles, a nacionalidade, os ritos cerimoniais e a
instrução na lei eram motivos suficientes para se julgarem superiores a qualquer
outro povo. E Saulo não só agia desta maneira, como vangloriava-se do seu
status. Assim, também, muitas pessoas, hoje em dia, orgulham-se por
pertencerem a uma determinada igreja, a um grupo especial ou a uma casta;
orgulham-se por terem recebido o batismo nas águas ou, mesmo, do Espírito Santo;
orgulham-se por serem conhecedores da melhor doutrina, por serem instruídos
pelos melhores mestres, ou por perseguirem falsos profetas. Mas Paulo esclarece
o que, de fato, acontece com o nosso orgulho e a nossa presunção quando somos
justificados em Cristo. Onde, pois, a jactância? Foi de todo excluída. Por
que lei? Das obras? Não; pelo contrário, pela lei da fé. Romanos 3:27.
Um dos atributos de Deus é sua onipotência. Deus é Deus e
poderia nos fazer obedecê-lo de qualquer jeito. Porém, Ele nos dá liberdade para
aprendermos a confiar nEle, por amor e não por medo. Se nós não tivéssemos
opção, não poderíamos escolher. E sem escolha não há liberdade.
Somente quem é filho goza de plena liberdade. A liberdade dada
por Cristo é a única liberdade verdadeira, pois ela resulta de nossa nova
filiação. De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também
herdeiro por Deus. Gálatas 4:7. Porque não recebestes o espírito de
escravidão, para viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de
adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai. Romanos 8:15.
A liberdade que Deus nos concede está baseada no seu amor
incondicional por nós. Se Ele não nos amasse, jamais enviaria seu Filho para
morrer por nós e, também, jamais nos atrairia em sua morte. Amor que aprisiona
não é amor verdadeiro, mas apenas um sentimento egoísta de quem busca a
satisfação do próprio interesse. O verdadeiro amor é libertador e não pede nada
em troca. Deus nos ama desta maneira. Você já experimentou este amor que
liberta?
Solo Deo Glória.
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domingo, 15 de julho de 2012
A CRUZ E A SERPENTE
E do modo por que Moisés levantou a serpente no
deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que
nele crê tenha a vida eterna. João 3:14-15.
Asclépio, deus grego da medicina, também chamado
pelos romanos de Esculápio, tinha a serpente como um dos seus atributos. Aquele
que curava trazia à lembrança aquela que matava. A vida e a morte caminham
juntas. Esta figura mitológica aponta para uma época em que a morte veio reinar
no seio da humanidade. Ela fala de perto da entrada do pecado no coração da raça
humana. No Jardim do Éden vemos claramente a cena em que a serpente assume o
papel virulento para intoxicar o ser humano com o gérmen do pecado e da morte. A
partir deste momento a humanidade ficou encerrada no pecado e prisioneira da
morte. A medicina tenta minimizar os efeitos do veneno da serpente, e deste
modo, adiar um pouco mais a sombra pavorosa da morte sobre o enfermo. Mas é só
uma questão de tempo. Mais cedo ou mais tarde a morte finca suas presas
invisíveis na pobre vítima que tomba fria sob o seu domínio. Somos uma geração
regida pelos efeitos invencíveis da morte. Do ponto de vista dos homens, a morte
tornou-se um inimigo inexpugnável. Como dizia Thomas Adams, a morte
exclui a diferença entre o rei e o mendigo e derruba tanto o cavaleiro quanto o
peão. Com freqüência a morte se encontra tão próxima da juventude como da
velhice. E ela sempre nos surpreende com suas armadilhas, levando quem menos
esperávamos.
A morte elabora a estatística mais precisa de toda
história. De cada um que nasce, todos morrem. E se alguém foi gerado, é
mais fácil morrer do que nascer. A morte fez do mundo um grande hospital em que
cada pessoa é apenas um paciente desenganado. O veneno da serpente corre ferino
e mortal em nossas entranhas. O pecado e a morte imperam em cada célula de nosso
organismo. O pecado é a força da morte e a morte da força. Nascemos
contaminados por este vírus maligno e vivemos num planeta marcado pelos poderes
subjetivos do pecado e pelos efeitos objetivos da morte.
Morte significa separação. A serpente cuspideira
lançou a peçonha da independência de Deus em sua proposta de autonomia. A nossa
espécie ficou separada de Deus pelo pecado e se torna separada dos outros
viventes pela morte física. Estávamos todos sentenciados a um desterro eterno se
Deus não interviesse de modo radical. A primeira mensagem do Evangelho foi
proclamada pelo próprio Deus à serpente. Porei inimizade entre ti e a
mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e
tu lhe ferirás o calcanhar. Gênesis 3:15. A mulher
se deixou levar pela lábia da serpente, mas o homem foi o agente volitivo do
pecado. Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em
transgressão. 1Timóteo 2:14. Isto significa que a
desobediência de Adão foi uma questão resolvida. Ele decidiu violar o mandamento
de Deus deliberadamente. Não há evidência de sedução ou trapaça. Adão é o agente
e cabeça do pecado na raça humana e a Bíblia é clara: Portanto, assim como
por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a
morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Romanos
5:12. O tronco ficou corrompido pelo pecado
inoculado pela serpente e a prole de Adão tornou-se raça de víbora. A serpente
gerou uma raça perversa, contaminada pelo pecado e demarcada pela morte.
Nascemos neste mundo como filhos do pecado, descendência da serpente e,
conseqüentemente, há uma inimizade natural com o descendente da mulher. Segundo
a Bíblia, há apenas um descendente da mulher. Vindo, porém, a plenitude do
tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei. Gálatas
4:4. Jesus não é o cruzamento de espermatozóide
adâmico com óvulo feminino. Ele é fruto do esperma divino com o óvulo da mulher.
Mas Ele é 100% homem e 100% Deus. Ele veio ao mundo com as duas naturezas numa
só pessoa, a fim de esmagar a cabeça da serpente e regenerar o ser humano, para
torná-lo membro da sua igreja, a noiva do Cordeiro. Os membros da igreja,
regenerados pelo Senhor Jesus Cristo, são a geração eleita.
Jesus estava enfatizando a necessidade do novo
nascimento, quando Nicodemos o interpelou: Como pode suceder
isto? Foi neste contexto que Ele ressaltou o
episódio marcante no deserto, quando Moisés levantou uma serpente de bronze na
ponta de uma haste. Durante o percurso pelo ermo, o povo se queixava do
cardápio, reclamando do gourmet celestial e considerando a receita divina como
pão vil. Eles estavam abusados da mesma gororoba e maldiziam da cozinha de Deus.
Foi aí que apareceram algumas serpentes abrasadoras causando morte em alguns
peregrinos. O povo então clama pela misericórdia de Deus e se reconhece culpado
daquela confusão. Moisés, orientado por Deus, apresenta o antiofídico da fé. Uma
serpente de bronze, pendurada no ponto mais alto, deveria ser contemplada por
todo aquele que fosse picado pelas serpentes do deserto. Estamos diante de algo não muito lógico. Mas, nem sempre Deus é muito
lógico. Pelo menos no que diz respeito à nossa lógica. Confia no Senhor de
todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Provérbios
3:5. Não havia qualquer efeito químico neste
remédio. O veneno inoculado não tinha um antídoto correspondente circulando na
corrente sangüínea. A fórmula da farmácia celestial era apenas um olhar.
Fez Moisés uma serpente de bronze e a pôs sobre uma haste; sendo alguém
mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze, sarava. Números
21:9. Era estranha a terapia, mas não havia outra
alternativa. Deus jamais permite uma segunda opção para o projeto da fé. A cura
estava definida no ato da contemplação. Elisabeth Elliot disse com muito
acerto: Você nunca entenderá por que Deus faz o que faz;
basta crer nele, e isso é tudo o que é necessário. Aprendamos a confiar nele
como Ele é. Quando Deus diz alguma coisa, Ele se obriga a cumprir o que diz,
a menos que esteja disposto a perder o seu caráter. Mas Ele nunca pode negar-se
a si mesmo.
A Palavra de Deus é sempre confiável. Por isso
Jesus é enfático na sua mensagem: Assim como Moisés levantou... Assim
importa que o Filho do homem seja levantado. Moisés
ergueu uma serpente de bronze. Era uma semelhança da verdadeira serpente do
deserto. Todo aquele que fosse picado poderia olhar para aquela serpente de
bronze e ficaria curado. Só os picados pelas víboras poderiam ser curados,
quando olhassem. O olhar dos sadios não tinha qualquer efeito. A cura é somente
para os enfermos, assim como a graça é a resposta plena de Deus para aqueles que
fracassaram em suas desgraças. O veneno das serpentes era neutralizado com o
olhar. Se alguém, com dúvida, recusasse olhar para a serpente de bronze,
fatalmente morreria.
Agora Jesus remove o verbo olhar e substitui pelo verbo crer. No tempo de Moisés eles deveriam olhar para a serpente pendurada. Hoje, nós deveremos crer no que a Bíblia diz sobre Jesus Cristo crucificado. Jesus foi levantado na cruz, mas Ele não era pecador. Ele nos substituiu naquela cruz. Ele tomou o nosso lugar como o Filho do homem. Jesus como homem foi para a cruz em nosso lugar. A sua natureza humana ocupa a nossa posição naquela cruz. Há um homem sem pecado pregado na nossa cruz. Nós somos a raça de víbora. Somente nós pecadores deveríamos morrer. Mas Ele assume a nossa causa e morre em nosso benefício. Entretanto, a cruz tem um outro enfoque. O Filho de Deus nos incluiu na sua morte. Jesus morreu em nosso favor, mas o Cristo nos incluiu juntamente com Ele e nos fez morrer na mesma morte. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com Ele viveremos. Romanos 6:8. A nossa morte compartilhada é juntamente com Cristo. A Bíblia não confunde as coisas. Há duas naturezas em uma só pessoa realizando uma obra completa em nosso socorro. Jesus nos substitui na cruz, mas Cristo nos inclui na crucificação. Eu estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. Gálatas 2:19b e 20a. Isto não é rachar cabelo, é constatar o que a Palavra revela. A dor física Jesus padeceu por mim, mas naquela morte, Cristo me fez morrer. Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. 2Coríntios 5:14. A cruz de Jesus Cristo tem dois focos bem marcantes: a substituição realizada pelo Filho do homem e a inclusão executada pelo Filho de Deus. O mistério das duas naturezas numa só pessoa, Jesus Cristo, tinha como finalidade reconciliar o homem com Deus mediante sua morte na cruz. Este foi o golpe fatal sobre a cabeça da serpente. A mesma fé que curava os israelitas no deserto olhando para a serpente de bronze, salva os pecadores que crêem no sacrifício consumado de Jesus Cristo na cruz. O que receio, e quero evitar, é que assim como a serpente enganou Eva com astúcia, a mente de vocês seja corrompida e se desvie da sua sincera e pura devoção a Cristo. 2 Coríntios 11:3 (NVI). Não há convicção e firmeza fora da revelação da Palavra. Confie na verdade da Palavra de Deus, mesmo quando as peças parecem que não se encaixam. Não podemos unir-nos a Cristo porque o sentimos, mas porque Deus o disse, e precisamos crer em sua Palavra, mesmo quando não a entendemos. R. M. M’Cheyne.
Solo Deo Glória.
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A MISSÃO DO REGENERADO EM CRISTO
É por meio de Cristo que todos nós, judeus, e não
judeus, podemos ir, em um só Espírito até a presença do Pai. Efésios
2:18.
O primeiro nascimento vem de pais pecadores e acontece à imagem
deles; o segundo é divino, conforme a vontade de Deus, e nos habilita para
sermos a imagem de Jesus Cristo ...filhos nascidos não do sangue, nem da
vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. João 1:13. O
nascimento biológico é de semente corruptível e marcada pelo pecado. O segundo
nascimento, ou o novo nascimento, é espiritual, transformando os que passam por
ele em filhos de Deus, novas criaturas. Por meio do primeiro nascimento todos
somos escravos da própria vontade e dos nossos desejos pecaminosos e alheios à
vida de Deus.
A graça da regeneração na vida do pecador vem de cima do
Espírito Santo, na pessoa do Senhor Jesus Cristo, na inclusão na morte e
ressurreição com Ele. O desejo de amar ao Senhor, de obedecê-lo, é ganho pela
vida de Cristo em nós na regeneração. Somente aqueles que passaram pela obra da
cruz são participantes da vocação soberana e celestial de Deus para fazer a
missão. Portanto, santos irmãos, participantes do chamado celestial,
considerai com atenção o Apóstolo e Sumo Sacerdote que declaramos publicamente,
Jesus. Hebreus 3:1.
Na nova criatura há novos desejos, novas afeições e novos
deleites, a partir do chamado celestial. Sabemos também que o Filho de Deus
já veio e nos deu entendimento, para conhecermos aquele que é verdadeiro; e
estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. I João
5:20. O Deus encarnado em Cristo realizou algo de mais sublime visto na
eternidade para a redenção, perdão, libertação e cura dos pecadores, porém o
ponto principal é nos fazer filhos herdeiros.
Para o regenerado, esse título de filho é mais honroso do que
ser o mais exaltado príncipe da terra. Infelizmente, muitos regenerados têm
perdido a dimensão suprema do valor que o próprio Deus Trino, dá em se revelar
como Aba Pai. Vede que grande amor o Pai nos tem concedido, o de
sermos chamados filhos de Deus, o que realmente somos. I João3: 1. Alguém
citado por Champlin em seu novo testamento interpretado parafraseou este texto
na seguinte forma: Vede, tomai conhecimento, considerai, contemplai pela fé,
com admiração e espanto, e observai quão grande favor, quão grande exemplo de
inigualável amor, quão admiráveis bênçãos da graça, o Pai nos tem conferido.
O Deus soberano, onipotente, se revela como Pai amoroso que nos
chama para se relacionar; é preciso crer na ação do Espírito Santo para nos
levar a vivenciar esta realidade que é de fato sermos filhos de Aba, e
não meros consumidores interessados em adquirir produtos transitórios deste
mundo perecível. O texto sagrado vai mostrar que o filho quer mais da intimidade
e do amor de Cristo ...e assim conhecer esse amor de Cristo, que excede todo
o entendimento, para que sejais preenchidos até a plenitude de Deus. Efésios
3:19.
O sentido da palavra pleroma, ou plenitude, significa
que o regenerado está sendo cheio e completado pelo poder, pelo mover e pelas
riquezas de Deus e de Cristo. A maior herança do salvo não é o céu, e sim o Pai,
o Filho e o Espírito Santo. O Senhor é a porção da minha herança... Salmos
16:5.
A missão do nascido de novo, a partir dessa experiência, é de
filho em Cristo; é testemunhar para outros a grandeza do amor de Deus. A cruz
foi, e continua sendo, instrumento de revolução radical do regenerado, e que
deve ser manifestada em atitude para a missão. Quando um regenerado, tomado da
verdade divina, cheio do Espírito Santo, com o poder do alto em si, o mundo,
boquiaberto, vai contemplar o grande feito da cruz. Temos que ter coragem de nos
colocar diante da vontade de Deus, como Jesus, que deu início tão glorioso na
sua missão e na Igreja primitiva. Atos 8:14-17;10: 44-47.
Agora sendo filho precisamos ganhar o significado da missão na
perspectiva de Jesus, e levar a sua cruz que é a nossa, fazer a vontade de Deus,
amar com mais intensidade os perdidos pelos quais o Messias entregou a sua vida.
É na mensagem da missão de Jesus Cristo que o regenerado propaga a filiação
divina aos desesperados deste mundo. A essência da missão do regenerado é
testemunhar, com vida e graça dessa experiência ocorrida em sua própria vida.
Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes quão grandes coisas o Senhor
te fez, e como teve misericórdia de ti. Marcos 5:19.
A missão só pode continuar nesse mundo porque já aconteceu
através de Jesus, no envio feito pelo Pai celeste. O Deus Pai enviou o Deus
Filho; o Deus Filho envia os regenerados. Assim como tu me enviaste ao mundo,
também eu os enviei ao mundo. João 17:18. A honra de Deus exigiu o
sacrifício de Jesus como único meio para transformar pecadores, de criaturas em
filhos amados; mas o regenerado é um com Cristo na missão presente, porque somos
um com Cristo crucificado e ressurreto. Na realização da missão esta
identificação continua, e o desenvolvimento do serviço do regenerado, na missão,
é fruto da realidade espiritual com o Pai celestial.
Walter T. Conner vai explanar muito bem: A missão do cristão
sob um outro aspecto, é pôr outras pessoas em relação de salvação com Cristo e
desenvolver nelas a vida de Cristo. Esse é um pulso espontâneo da vida nova em
nó: levar qualquer outra pessoa a conhecer a Cristo e gozar a grande benção que
Ele dá. Recusar fazer a missão é trair a Cristo e deslealdade para com aqueles
que dependem de nós, no tocante ao conhecimento desse evangelho. Missões e
evangelismo, portanto, não são coisas secundárias na vida cristã, e sim a
essência do cristianismo.
Não é possível continuar dizendo que cremos em uma mensagem
cristocêntrica e fechar os olhos para as implicações contidas na mesma, que são
vida nova, intimidade com Pai e ser semelhante a Jesus Cristo.
Muitos cristãos correm perigos em sua jornada de fé, ao
abandonar a prática da centralidade da cruz, com coisas periféricas que são
valorizadas em demasia, ficando apenas em discurso vazio, sem efeito na sua
própria vida, porque estão buscando as coisas do mundo e não as do alto, como
diz Paulo. Já que fostes ressuscitados com Cristo, buscai as coisas de cima,
onde Cristo está assentado á direita de Deus. Pensai nas coisas de cima e não
nas que são da terra. Colossenses 3:1-2.
D. A. Carson coloca muito bem a sua idéia para missão dos
regenerados: Somos tão insensatos, quando valorizamos aquilo que não
permanece, quando promovemos os valores, os planos e os programas de um mundo
que está desaparecendo, como se essas coisas tivessem significado profundo. Esse
curso de vida tão mal direcionado revela eloquentemente quão pouco conhecemos a
Deus. Pois, quanto mais conhecemos a Deus, tanto mais desejaremos que toda a
nossa existência gire em torno dEle, e tanto mais perceberemos que os objetivos
e os planos realmente importantes são aqueles que estão vinculados a Deus e à
nossa eternidade com Ele.
É na missão do Cristo crucificado que o regenerado é moldado
verdadeiramente para fazer e entender a missão, não só como espectador, e sim
como agente participativo. N. T. Wright diz: Aqueles que pertecem a Jesus são
chamados, aqui e agora, para serem agentes desse propósito divino pelo poder do
Espírito Santo. A Igreja existe principalmente para cumprir dois propósitos
intimamente relacionados: adorar a Deus e trabalhar pelo estabelecimento do seu
Reino no mundo. Assim como Pai me enviou, também eu vos envio. João
20:21. Todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e
para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as
coisas, e nós também por ele. I Coríntios 8:6.
Solo Deo Glória.
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CRIAÇÃO, SALVAÇÃO, RECONCILIAÇÃO E VIDA COM DEUS
“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas
maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a
quem constituiu herdeiro de todas as coisas pelo qual também fez o universo.”
Hb.11:1-2.
A Biblia, do inicio ao fim, possui uma única e importante
incumbência que é: revelar a pessoa do Nosso Senhor Jesus Cristo ao homem. Nós,
contudo, nascemos, vivemos e morremos tentando entender todos os por quês
que surgem em nossas mentes, buscando em outras fontes as respostas desses
questionamentos. Quem sou eu? De onde eu vim? Para onde vou? São perguntas que
transitam pelo nosso intelecto, as quais muitas vezes procuramos responder
apoiados na razão e na ciência. Adauto Lourenço – cientista cristão - conhecido
como a voz do criacionismo científico no Brasil, em uma de suas ricas palestras,
sobre o assunto, assim declarou: - “para se crer na ciência é preciso ter fé,
pois, nada sobre a criação do ponto de vista da teoria da evolução está
comprovado”.
“Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra
de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem.”
Hb.11:3.
“Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para
um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber para aonde ia.”
Hb.11:8. Isso aconteceu quando Abrão contava com setenta e cinco anos de idade:
“Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de
teu pai e vai para a terra que te mostrarei;” Gn.12:1. Vinte quatro anos
depois... “Quando atingiu Abrão a idade de noventa e nove anos, apareceu-lhe
o SENHOR e disse-lhe: Eu sou o Deus Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê
perfeito.” Gn.17:1
Onde estava apoiada a fé de Abrão? Na palavra de Deus. Abrão
estava apoiado no que Deus lhe havia dito. E creu.
O escritor aos hebreus, ratificando a nossa convicção de fé nos
fatos os quais não vimos, e nem vamos ver, inicia sua carta dizendo: “Havendo
Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro
de todas as coisas pelo qual também fez o universo.” Hb.1:1-2. Desta
revelação, surgem pelo menos duas questões importantíssimas: Primeiramente, nos
remete ao poder da palavra de Deus e, em segundo lugar, à constituição do
herdeiro do Criador, que é seu Filho. Para ganharmos a dimensão do poder da
palavra de Deus, vamos buscar na própria Palavra, quando da criação do mundo,
que diz: “Disse Deus: Haja luz; e houve luz.” Gn.1:3. E, no Antigo
Testamento, Davi assim escreveu: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o
firmamento anuncia as obras de suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma
noite revela conhecimento a outra noite.” Sl.19:1-2. “Ele criou os céus e a
terra ex-neil, isto é, do nada existente, mas os criou a partir do seu
poder e em sua energia pré-existente.” Como muito bem nos ensina Glenio Fonseca
Paranaguá em sua pregação do dia quatro de julho passado. Daí, o inicio de toda
criação pelo poder da palavra de Deus a partir do nada existente.
Muitos são como Tomé, somente acreditam naquilo que vêem – na
matéria – e chegam a duvidar da própria existência do Criador. Contudo, mesmo
sem saberem, buscam sempre de alguma forma preencher o vazio interior produzido
pela entronização do pecado no mundo e, pela separação que o pecado produziu
entre nós e Deus.
Acerca deste assunto, Paulo, divinamente inspirado, em certa
ocasião encontrando-se no Areópago em Atenas, falando aos idólatras e
aproveitando a oportunidade aonde os gregos adoravam a muitos deuses e,
encontrando dentre eles um altar que lhe chamou a atenção, disparou:
“...Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos; porque,
passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no
qual está inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer é
precisamente aquele que eu vos anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele
existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por
mãos humanas.”At.17:22.b –24. E continuando Paulo a ensinar sobre a nossa
dependência no Senhor e sobre qual é o lugar que Ele deve ocupar em nossas
vidas, e, sobre a comprovação de Sua existência, conclui: “pois nele vivemos,
e nos movemos, e existimos, como alguns de vossos poetas têm dito: Porque dele
também somos geração.” At.17:28.
Quanto a Jesus Cristo, o herdeiro, o unigênito que se tornou
primogênito e nos deu vida, estando nós mortos em nossos delitos e pecados, sua
missão não foi menos importante para o homem do que a da criação. Ou seja, do
que adiantaria Deus ter criado o homem e o mundo para que nele o homem
habitasse, se esse homem, tivesse seu destino certo de passar a eternidade no
inferno, longe da presença de Deus?
Por que conhecer Jesus? Qual a diferença que Ele faz em nossas
vidas? Por que buscarmos a face de Cristo? Continuamos atrás de respostas.
“Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com
Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados,
seremos salvos pela sua vida;” Rm5:10. É para a salvação e
reconciliação.
E quem é Jesus Cristo?
Elohim, o Deus Trino, foi o criador dos céus e da terra, e em
Cristo, também participante da obra da criação, tudo subsiste. “Ele é a
cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos,
para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus, que, nele,
residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz,
por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra,
quer nos céus.” Cl.1:18-20.
A justificação, pela fé, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo,
foi o resultado do sacrifício da morte de cruz em nosso favor. O combustível
usado para a nossa salvação foi o amor. “Mas Deus prova o seu próprio amor
para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda
pecadores.” Rm.5:8
Assim, podemos entender, que tanto na criação do homem, como na
reconciliação por meio de seu Filho Jesus Cristo, o que moveu o coração de Deus
foi o seu infinito amor, não por merecimento, mas por graça. Como disse Pedro:
“Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus...”
At.15:11.a.
Então, amados irmãos, pudemos ver que temos todas as respostas
que precisamos na revelação da Palavra de Deus, onde diz que: “Ele (Cristo)
vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais
andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade
do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência;” Ef.2:1-2 E,
sendo Cristo obediente, cumpriu o propósito do Pai assim: “E, achado na forma
de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.”
Fl.2:8.
E para que não corramos o risco de dar ouvidos a outras fontes
que não sejam do alto, e que talvez nos levem a falsas verdades, devemos
observar com todo nosso coração as Escrituras. “Portanto, também nós, visto
que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de
todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos com perseverança a
carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da
fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz,
não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus.”
Hb.12:1-2
Considerando sempre, a importância do amor de Deus em nossas
vidas, e desejando levar sempre e por toda parte o morrer de Jesus para que a
vida Dele se manifeste em nossos corpos. “Porque as armas da nossa milícia
não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós
sofismas e toda a altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e
levando cativo todo o pensamento à obediência de Cristo;” 2ªCo.10:5.
Que Deus em sua infinita graça nos ensine a viver sempre na Sua
dependência. Essa é a nossa oração. Em nome de Jesus. Amém.
Solo Deo Glória.
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CANTANDO E CANTANDO AS MARAVILHAS INTOCÁVEIS
São muitas, SENHOR, Deus meu, as maravilhas que tens operado e também os teus
desígnios para conosco; ninguém há que se possa igualar contigo. Eu quisera
anunciá-los e deles falar, mas são mais do que se pode contar. Salmos
40:5
A vida dos filhos de Aba na terra é uma temporada alegre de
louvor e uma marcha contínua de gratidão permanente. Ainda que sejamos afligidos
neste mundo, não podemos dizer que fomos enganados pelo Senhor. Ele foi
categórico quando disse aos seus discípulos: Estas coisas vos tenho dito
para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom
ânimo; eu venci o mundo. João 16:33.
Jesus nunca será processado por propaganda enganosa, nem levado
ao Serasa da fortaleza de Anu, pai dos demônios, por qualquer dívida contraída.
Tudo o que prometeu tem se cumprido à risca. Tudo que falou vem fazendo
rigorosamente. Nada ficou até agora sem realização e nada ficará sem pleno
cumprimento.
O fim de um período fiscal é tempo de balanço na contabilidade.
É a hora da verdade dos livros que comprovam lucros e perdas nas empresas. É o
momento de fazer a avaliação dos acontecimentos anuais. É uma boa ocasião para
se fazer a valuação dos fatos.
Para as empresas, o ano fiscal pode ser ótimo, bom, razoável ou
mau. Para as pessoas, de modo geral, as estações podem ser de tempo mais alegre,
imaginavelmente feliz, mais difícil, triste ou com intenso desgosto. As perdas
pessoais são desgastantes, quer sejam por falecimento, separação ou ausência.
Assim, as dores da alma esfolam a memória.
O salmista fala, entretanto, das maravilhas e dos desígnios de
Deus para conosco. A Escritura mostra que a vida dos filhos de Aba tem problemas
como todas as pessoas, mas a história deles é diferente, pois Aba transforma as
aflições em algo fora do comum.
Veja, por exemplo, o que aconteceu com José no Egito. Os irmãos
invejosos tinham intenção de fazer-lhe uma maldade daquelas, mas Deus mudou o
script da tragédia. Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém
Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente
em vida. Gênesis 50:20.
Não existem complôs na caminhada para a nova Jerusalém. Aquilo
que parece uma tragédia pode ser o primeiro degrau da escada na intimidade com o
Senhor. O motim promovido pelos irmãos invejosos foi o motivo que moveu a mão de
Deus para levar José até o governo do Egito. Nunca devemos nos sentir vítimas
dos conflitos quando o nosso futuro está sendo conduzido pelas mãos soberanas do
Senhor.
Javé com freqüência nos pega em lances fora de série, para nos
levar aos lugares nunca dantes sonhados. As crises na vida dos cristãos são vias
inacreditáveis de progresso. A existência do povo de Deus é uma peregrinação de
surpresas. Quando os astutos armam as ciladas, o Senhor transforma a cama de
gato num trono de ascensão para os membros da sua corte real. O escravo se torna
o amo e o prisioneiro, em governador do reino. O Pai gosta de maravilhar-se com
os seus filhos maravilhados por suas maravilhas. Se o mundo é cheio de
sofrimentos, Aba excede em fazer maravilhas. Neste mundo não há vacinação contra
desgosto, embora a particularidade da graça é transformar o dó menor num sol
maior. Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a
Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Romanos 8:28.
Quando o povo de Judá foi levado para o cativeiro na Babilônia,
em razão dos seus próprios pecados, Deus falava pelo profeta Jeremias, que
estava planejando o melhor para eles. Porei sobre eles favoravelmente os
olhos e os farei voltar para esta terra; edificá-los-ei e não os destruirei,
plantá-los-ei e não os arrancarei. Jeremias 24:6.
Os objetivos de Javé são de abençoar e promover a paz. Sua
gente tem a mesma índole. Quem gosta de contenda e vive provocando desavenças é
a turma amargurada de Belial, a classe arrogante das trevas, mas, mesmo assim, é
incapaz de mudar os intentos do Senhor. Eu é que sei que pensamentos tenho
a vosso respeito, diz o SENHOR; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o
fim que desejais. Jeremias 29:11.
Uma das características do Senhor que o torna ímpar ou
singular, é converter as maldições em bênçãos eternas. Quando os profetas
agoureiros levantam os seus presságios fúnebres, o Senhor costuma inverter o
cano da arma ou fazer o tiro sair pela culatra. Porém o SENHOR, teu Deus,
não quis ouvir a Balaão; antes, trocou em bênção a maldição, porquanto o SENHOR,
teu Deus, te amava. Deuteronômio 23:5.
Deste modo, é impossível contabilizar as bênçãos do Senhor. Os
adversários soltam as raposas no galinheiro, mas o Bom Pastor acaba por
contundi-las ao confundi-las em seus ardis. A maldição de Saul se converteu na
bendição de Judá. O reino de Davi é o trono do louvor e as perseguições do
invejoso terminaram com soberba na falência de sua casa.
O trono de Saul despencou-se com a inveja e a desobediência e
sua casa foi devastada por aquilo que semeou. Aquele que planta malquerença
colhe o desmoronamento do seu império. Os impostores pagam impostos pesados
pelas suas imposturas. Todas as vezes que alguém atira o bumerangue da maldição
nos filhos de Deus, a lei soberana de causa e efeito faz voltar a lâmina maldita
ao pescoço do atirador, transformando o anátema em benignidade eterna e
convertendo o pranto passageiro em canto permanente na vida dos santos.
Amaldiçoem eles, mas tu, abençoa; sejam confundidos os que contra mim se
levantam; alegre-se, porém, o teu servo. Salmos 109:28.
Contar as maravilhas incontáveis de Deus é impossível. Seria
mais fácil contar a areia do mar, pois ele transforma o choro em canção, a dor
em alegria, o luto em consolação, a maldição em bênção eterna de modo que o
drama do inferno vai sendo transformado dia a dia pela graça em sucessivas
colheitas de benefícios com gratidão. Andar com Deus é viver extasiado
escriturando deslumbramentos. O peregrino vê a maravilha do sofrimento como a
magnífica escola da sua maturidade. Ele vê os espinhos como benévolos emissários
divinos, totalmente responsáveis pela prostração rumo à dependência de Deus.
Quanto mais fraco estivermos, mais fortes estaremos. Este é o paradoxo da graça.
No reino de Deus não há fracassos ou derrotas. Em todas estas coisas,
porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou. Romanos
8:37.
A fé cristã é uma demonstração dinâmica da operação da graça em
quaisquer circunstâncias. Os números deste demonstrativo são sempre de caráter
prático e de valor afirmativo. Nunca ouvi falar da falência de falidos supridos
pela onipotência divina. Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos
conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do
seu conhecimento. 2 Coríntios 2:14.
Não há ruína espiritual na vida de um mendigo financiado pela
graça. Se o advérbio de tempo sempre significa uma cobertura em toda a
existência, logo não há espaço para acidentes ou catástrofes aqui e agora. Não
existe fracasso para o fracassado que depende da soberania de seu Pai celestial.
Ora, se Cristo sempre conduz os impotentes em triunfo, não sei quando esses
falidos amparados pela suficiência divina vão contabilizar derrotas. Além do que
há um perfume divino exalando o aroma penetrante da eternidade.
O tempo da criatura tem validade. A lápide no sepulcro encerra
qualquer pretensão de sucesso para os mortais descendentes de Adão, mas os
filhos de Aba são eternos. Aquele que ganhou a guerra, mesmo que tenha perdido
algumas batalhas é o vencedor final. Como se pode falar de falência para quem já
foi registrado no cartório do amanhã? O seguro da ressurreição garante qualquer
sinistro no percurso da cronologia. De fato, a vontade de meu Pai é que
todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei
no último dia. João 6:40.
A apólice da vida abundante é a ressurreição de Cristo, única
vitória sobre a morte e garantia exclusiva para assegura a continuidade da
existência dos maltrapilhos, sustentados pelo sangue derramado e nutridos pela
carne do Cordeiro que foi moído. Sem a encarnação do Verbo não haveria esse
cardápio sangrento, e, consequentemente, a segurança da vida eterna estaria sem
um penhor inabalável. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a
vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. João 6:54.
O ego obeso jamais se satisfará com essa dieta de carne
esfolada pela morte na cruz de Cristo e pelo quebrantamento diário. A alma
rechonchuda de si própria e vaidosa dos seus feitos gosta mesmo é de comer
alimento gorduroso que faça brilhar a sua fanfarronada diante da platéia. A
glória de Deus é uma bóia magra para quem tem fome de reconhecimento público. A
cruz de Cristo é um menu enjoativo para os promotores de si mesmos.
Contudo, a maior das maravilhas que o cristão precisa contar é
exatamente aquela, produzida pela cruz de Cristo, que ele nunca deve contar
publicamente: A sua vida de intimidade com o Pai. A comunhão do serviço, da
prece e do quebrantamento são assuntos de familiaridade Paterna e jamais um
espetáculo aparente. A morte do pecador na cruz com Cristo silencia sua
propaganda pessoal e suas reivindicações de artista.
A esmola nunca será mencionada. A oração será sempre feita num
quarto fechado com tranca e trinco para que ninguém veja prostrado um atrevido
propenso a se orgulhar de sua modéstia. E quem jejua não terá aparência de quem
faz greve de fome. Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e,
fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em
secreto, te recompensará. Mateus 6:6.
O segredo da vida secreta estará sendo contado no silêncio dos
lábios e no estilo da vida sem grife. Aquele que vive na presença de Deus
transparece essa comunhão sem alarde e sem pieguice. Nós não fomos chamados para
computar as inumeráveis maravilhas, pois elas são infinitas. Ao mesmo tempo
fomos chamados para contá-las ao mundo; algumas em palavras, outras no silêncio.
Aquelas que Deus fez por todos devem ser anunciadas verbalmente. Aquelas que
Deus faz em nós e através de nós devem ser ditas ao emudecer. Enquanto eu tento
calcular as incontáveis maravilhas do reino de Aba, sou compelido a contar aos
outros com palavras a respeito daquelas formidáveis maravilhas relacionadas às
insondáveis riquezas de Cristo, embora não possa contar nas preleções, sobre
aquelas que estão ligadas à minha intimidade com o Pai. Contudo, boca calada não
significa ausência de comunicação. A vida secreta do espírito se estampa na
ternura da alma dos legítimos adoradores que estão sendo tratados pelos efeitos
permanentes da cruz de Cristo.
Os filhos de Aba são os verdadeiros adoradores. Eles, em assembléia, são a evidencia pública desta vida oculta em culto privado ao Pai. O que conta no ajuntamento dos verdadeiros adoradores é que eles não contam com a platéia na sua adoração, mas enquanto cantam diante do trono com profunda alegria as maravilhas incontáveis da Trindade Santa, contam extasiados com palavras ou ainda no sigilo do coração, que Cristo é a maravilha das maravilhas e o Maravilhoso Senhor deles, por eles e para eles. Amém.
Solo Deo Glória.
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