quinta-feira, 5 de julho de 2012

GUIADOS PELO ESPÍRITO

Pois todos que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus. Romanos 8:14.
A Bíblia não poupa os seus heróis. Ela não usa maquiagem para disfarçar as falhas e fraquezas dos patriarcas, dos profetas e dos discípulos de Jesus. Ela expõe os seus acertos e desacertos, coragem e temores, a fé e a incredulidade, deixando à mostra de modo realista a humanidade de cada um deles. Exibe a embriaguez de Noé, a incredulidade de Abraão, o caráter de Jacó, a ira de Moisés, a reputação de Raabe, o adultério de Davi, a disputa dos discípulos, e a negação de Pedro.
No livro de Reis encontramos um profeta em estado de depressão. Trata-se de Elias, aquele valente que fez cair fogo do céu e matou à espada 450 profetas de Baal. Homem de oração, que clamou a Deus e começou a chover depois de três anos e meio sem chuva. Jurado de morte pela rainha Jezabel, foi tomado pelo medo e chegou ao ponto de pedir a morte para si. Não é sem motivo que Tiago, em sua epístola, ao se referir ao profeta Elias, o apresenta a partir de suas fraquezas. Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós. Tiago 5:17. Elias é um exemplo de um homem chamado por Deus que em muitos momentos foi conduzido por si mesmo e por seus temores.
Muitos cristãos encontram-se na mesma situação de Elias: ora estão no auge da vida espiritual, ora estão no fundo do abismo. Sua espiritualidade é marcada por altos e baixos, oscilando constantemente. Por meio desta lição, Deus nos alerta para o perigo de se viver a partir da alma, de andar na carne e não no Espírito. Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o Espírito, para a vida e paz. Romanos 8:6
Foi na caverna do monte Horebe, em um momento de fuga, que Elias teve consciência de sua real condição diante de Deus. Eis que lhe veio uma voz e lhe disse: Que fazes aqui, Elias? e ele respondeu: Tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor, Deus dos exércitos... e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida. 1 Reis 19:13-14 Em sua síndrome de herói, fixou-se em si mesmo, dando espaço para sentimentos como: auto-compaixão e orgulho.
O que fez Deus? O Senhor fez com que o profeta saísse de sua caverna. Disse-lhe Deus: Sai e põe-te neste monte perante o Senhor. Eis que passava o Senhor; e um grande e forte vento fendia os montes e despedaçava as penhas diante do Senhor, porém o Senhor não estava no vento; depois do vento, um terremoto, mas o Senhor não estava no terremoto; depois do terremoto, um fogo, mas o Senhor não estava no fogo; e, depois do fogo, um cicio tranqüilo e suave. 1 Reis 19:11-12.
A voz do Espírito veio ao profeta, não de forma estrondosa mas, na forma de uma suave brisa. Algo quase imperceptível. Através deste delicado cicio, o Espírito de Deus, conscientizou-o de que Elias não estava só. Deus tinha conservado mais sete mil pessoas que também não se dobraram a Baal. Elias não estava percebendo que ele fazia parte de um plano maior que a sua própria vida. Ele descobriu que ele não era o único e, nem tão grande como imaginava.
Foi preciso que o Espírito de Deus tirasse Elias do seu mundo de fantasia, convocando-o para novas tarefas. Disse-lhe o Senhor: ... unge a Hazael rei sobre a Síria. A Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei sobre Israel e também Eliseu... ungirás profeta em teu lugar. 1 Reis 19:15.16. Estes iriam dar continuidade ao testemunho de Deus no mundo.
Da mesma forma, o Espírito de Deus continua trabalhando na vida dos filhos de Deus, para libertá-los da mania de grandeza, própria do ser humano. Sua missão é de levar à cabo o plano de redenção através de Cristo Jesus, removendo o povo de Deus das prisões da alma, nas quais estão sujeitos aos interesses mesquinhos, entretenimentos egoístas, prazeres transitórios e ambições fúteis- características da “carne”. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser; e os que estão na carne não podem agradar a Deus. Romanos 8:7-8.
O trabalho do Espírito é guiar os filhos de Deus, onde Cristo tenha a primazia sobre o ego. A transição de uma vida centrada no eu para uma vida centrada em Cristo é chamada de santificação. O Espírito Santo é igualmente o agente da salvação e da santificação. O seu objetivo é formar um povo que seja conforme a imagem e semelhança de Cristo Jesus.
O primeiro passo do Espírito Santo é conduzir os homens à salvação. Através da experiência do novo nascimento, os cristãos são introduzidos na esfera do governo de Deus. Se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. João 3:5. Mas, isso é apenas o começo. Pois, além de guiá-los para a salvação, o Espírito Santo os leva a trilhar o caminho da obediência.
Diferentemente do que acontecia no Velho Testamento, no Novo Testamento o Espírito vem habitar no interior do cristão. Na antiga aliança o Espírito Santo estava fora do homem, ainda que em alguns casos tenha concedido o seu poder para realizar tarefas específicas. Por meio da regeneração o cristão se torna habitação permanente de Deus. É o cumprimento da promessa dada pelos profetas. Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis. Ezequiel 36:26-27.
O Espírito Santo é dado por Deus com o único propósito de conformar progressivamente o cristão à imagem de Cristo. O Senhor Jesus referiu-se a Ele como o Auxiliador, e disse mais: Mas o Auxiliador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito. João 14:26.
Assim, o Espírito Santo vem habitar, controlar, renovar, ativar e nos ensinar todas as coisas. Por meio dessa união sobrenatural entre o Espírito divino e o espírito humano, Cristo e o crente são unidos em um só espírito. Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele. 1Coríntios 6:17.
Muitas pessoas anseiam por receber o poder do Espírito Santo e as suas manifestações. Porém, elas parecem lembrar-se somente de Pentecostes. Enxergam somente a glória, mas se esquecem do Gólgota, da agonia e da vergonha da cruz. O Pentecostes somente se tornou possível porque Cristo foi encarnado, crucificado, ressuscitado, ascendido e exaltado. O Espírito santo desceu para confirmar a vitória de Cristo e levar adiante o plano de redenção da humanidade. Na história do cristão acontece a mesma coisa: sem Gólgota não há Pentecostes.
O Espírito Santo sempre conduz os filhos de Deus de volta para a cruz. Não é possível falar do Espírito Santo sem falar de cruz. Pelo fato do Espírito Santo e da cruz serem inseparáveis, o lapidar da cruz é o lapidar do Espírito Santo. Aquele que não passou pela cruz não alcançará a abundancia espiritual. A cruz é o princípio da vida em abundância, porém o alvo final do Espírito Santo é a vida da ressurreição.
Quando o Espírito Santo testifica em nosso interior Ele espera uma resposta imediata. Não deveríamos ficar protelando para ter confirmações se, realmente é isso que Deus tem para nossas vidas. Pois, o momento em que o Espírito fala é o tempo certo de Deus. O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito. João 3:8. Quer seja de um modo estrondoso ou por meio de um suave cicio, o Espírito Santo está buscando desenvolver o nosso caráter, a fim de capacitar-nos para a tarefa que Deus tem para cada um de nós. Jesus Cristo, como Senhor de nossas vidas, tem o direito de interferir e nos usar no cumprimento dos seus propósitos – assim como fez na vida de Elias.
Deus não mudou. Ele ainda continua falando ao seu povo. Deus fala por intermédio do Espírito Santo, pela bíblia, pela oração, pelas circunstâncias e, através do corpo de Cristo, para revelar a Si mesmo, seus desígnios e seus modos de agir. O trabalho do Espírito Santo não se restringe à nossa vida, Ele esta trabalhando com a Igreja para prepará-la para viver na Terra como Corpo de Cristo. Relacionamento é a chave para se ouvir a voz de Deus.
Por meio da obra consumada de Cristo na cruz e, a partir do trono de Deus, Ele chama pra Si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras que, durante o período de ausência de seu Filho na terra, testemunhará e cooperará com Ele em sua obra. Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra. Atos 1:8 .É por este motivo que Paulo insiste: Não apagueis o Espírito. 1 Tessalonicenses 5:19.

Solo Deo Glória.

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