sábado, 14 de julho de 2012

AS FABULOSAS FÁBULAS

Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas tendo coceira nos ouvidos, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando às fábulas. 2 Timóteo 4:3-4.

As fábulas são fantásticas para captar a atenção dos interesses e dos sentimentos humanos. Seu estilo literário se caracteriza por narrações, nas quais, seres irracionais, e mesmo objetos inanimados, são representados como agindo e falando, para ensinar lições morais, e manipular a capacidade de atenção e concentração, tomando conta da identificação idealizada em detrimento da realidade. As fábulas e novelas têm poder na captação objetiva do interesse e na fixação das lições que estão sendo propostas.
Desde o alvorecer da nossa civilização humana, que as fábulas têm assumido um papel importante no campo da elaboração e ordenação do raciocínio. Quanto mais primitiva for a forma de pensamento, menos capacidade de abstração, e mais necessidade de elementos definidos.
O raciocínio particularizado é sempre fruto de ignorância infantil ou de uma decadência moral. À medida que as civilizações passam pelos sombrios de uma ética indigna, sua capacidade de generalização e concentração se torna muito superficial. A imoralidade impede a convergência e centralização das idéias, tornando o pensamento muito dispersivo e alheio. É exatamente neste terreno fértil, que as fábulas e sistemas literários, ajudam, tremendamente, aos propósitos da capturação e concentração do pensamento. Assim, também, são as formas marcantes da imagem, que despertam mais os sentimentos e a elaboração do raciocínio concreto.
A Bíblia fala de um tempo em que surgiria muita coisa falsa, e em conseqüência, o amor iria esfriar em uma grande maioria. Mateus 24:12. Sendo mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, os homens seriam, deste modo, fortemente influenciados pelas formas de pensar e sentir concretos. Assim, o raciocínio que se desenvolve na base da fixação das imagens e da solidificação do objeto dinâmico do pensamento, reduz sensivelmente a capacidade de viver, da fé. Todo aquele que precisa de uma real configuração para desenvolver o seu campo de fé, encontra-se envolto num emaranhado complexo, que, certamente, ao invés de incentivar a fé, vai destruí-la. A fé é prova das coisas que não se vêem. Bem aventurados os que não viram e creram. Porque andamos por fé e não por vista. Assim a fé vem pelo ouvir da palavra de Cristo. Contudo, quando vier o Filho do Homem, por acaso achará fé na terra ? Mas o justo viverá pela sua fé. Hebreus 11:1b, João 20:29b, 2 Coríntios5:7, Romanos 10:17, Lucas 18:8b e Habacuque 2:4b.
Aquele que vive da fé, não precisa do concretismo das fábulas. O apóstolo Paulo relembra ao seu filho na fé, Timóteo, com estas palavras: Como te roguei, quando partia para a Macedônia, que ficasse em Éfeso, para advertires a alguns que não ensinassem doutrinas diversas, nem se preocupassem com fábulas.... 1 Timóteo 1:3-4a. E mais adiante Paulo volta a avisá-lo da importância de se distanciar das velhas fábulas. Propondo estas coisas aos irmãos, serás bom ministro de Cristo Jesus, nutrido pelas boas palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido. Mas rejeitas as fábulas profanas e de velhas caducas. Exercita-te a ti mesmo na piedade. 1 Timóteo 4:6-7. Todos estes cuidados visam a saúde do povo de Deus.
Estamos na época indicada para a comemoração do Natal. E aqui está uma festa completamente maculada pelas influências das fábulas. O dia que tem sido observado pela cristandade, em comemoração ao nascimento de Jesus Cristo, encontra-se hoje totalmente adaptado aos costumes pagãos, que foram introduzidos na vida da igreja, a partir do imperador Constantino. Alguns estudiosos apontam o ano 325 como o primeiro, em que o dia 25 de dezembro foi designado como a data do nascimento de Jesus Cristo. Isto se deu em virtude da substituição da fábula do deus-sol ou Sol Invictus, que era comemorado neste dia. 25 de dezembro foi escolhido e depois oficialmente reconhecido como o dia de Natal, porque coincidia com os festivais pagãos que celebravam a Saturnália e o solstício de inverno, no hemisfério norte. Desta forma, a igreja oferecia ao povo uma alternativa às festividades pagãs, e as velhas fábulas tomavam corpo nos no seio das doutrinas cristãs. À medida que o cristianismo se espalhava por toda a velha Europa, ia assimilando muitos costumes das festas de inverno ligadas às fábulas do paganismo.
As fogueiras de natal, hoje substituídas pelas lâmpadas fulgurantes e os pisca-piscas, foram práticas tomadas de empréstimo dos escandinavos, que costumavam acender imensas fogueiras em homenagem ao sol. O uso das árvores de natal foi motivado nos hábitos das tribos celtas e teutônicos que honravam as sempre-vivas quando do solstício do inverno, onde tudo parecia morto, e estas plantas verdes simbolizavam a vida eterna. Assim, eles adoravam as sempre-vivas que passaram a representar, no cristianismo, a imagem concreta da vida eterna.
O dia 25 de dezembro era também a festa romana dedicada ao deus da sensualidade, Dionísio, o Baco dos gregos, que se comemorava com um lauto banquete e muita orgia. Desta associação ganhamos, no andamento do cristianismo, as aparentemente discretas ceias de natal, que escondem, muitas vezes, os sentimentos profanos de farra, sedição e até orgia. O gordo, bonachão e barbado Papai Noel deriva-se de São Nicolau, bispo da Ásia Menor, do IV século, DC e que na realidade era um homem de aparência bastante austera, embora com reputação de homem que fazia o bem e era generoso. Mas suas caracterizações estão frontalmente ligadas, ainda, à figura simpática, contanto bastante sensual, de Dionísio, o deus da sensualidade, que sempre presenteava as pessoas com todas as formas de prazer.

Deste modo, as fabulosas fábulas babilônicas, egípcias, gregas e romanas, adaptadas aos costumes das várias tribos européias foram se ajustando vagarosamente ao esquema da religião cristã, e desviando os ouvidos da verdade. Hoje, o Natal se tornou uma festa apenas comercial, em que a motivação familiar, absolutamente secundária, dá um certo sentido à sua celebração. Mas, esta fraca defesa de sua realização agora, tende cada vez mais a se esvaziar, pois os interesses materialistas estão sufocando as melhores motivações das relações familiares. Por isso a palavra de Deus nos avisa: Portanto repreende-os severamente, para que sejam sadios na fé, não dando ouvidos a fábulas judaicas, nem aos mandamentos de homens que se desviam da verdade. Tito 1:13 e 14. A igreja sempre correu o risco do envolvimento com a idolatria, que se caracteriza na veneração das coisas ou pessoas em detrimento da única Pessoa que merece nossa total adoração. As fábulas adaptadas ao cristianismo podem nos dar uma sensação confortável de estarmos adorando a Deus, quando na verdade o estamos negando.

Solo Deo Glória.

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