Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas tendo
coceira nos ouvidos, cercar-se-ão de mestres, segundo as suas próprias cobiças;
e se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando às fábulas. 2
Timóteo 4:3-4. As fábulas são fantásticas para captar a atenção dos interesses e dos sentimentos humanos. Seu estilo literário se caracteriza por narrações, nas quais, seres irracionais, e mesmo objetos inanimados, são representados como agindo e falando, para ensinar lições morais, e manipular a capacidade de atenção e concentração, tomando conta da identificação idealizada em detrimento da realidade. As fábulas e novelas têm poder na captação objetiva do interesse e na fixação das lições que estão sendo propostas.
Desde o alvorecer da nossa civilização humana, que as fábulas
têm assumido um papel importante no campo da elaboração e ordenação do
raciocínio. Quanto mais primitiva for a forma de pensamento, menos capacidade de
abstração, e mais necessidade de elementos definidos.
O raciocínio particularizado é sempre fruto de ignorância
infantil ou de uma decadência moral. À medida que as civilizações passam pelos
sombrios de uma ética indigna, sua capacidade de generalização e concentração se
torna muito superficial. A imoralidade impede a convergência e centralização das
idéias, tornando o pensamento muito dispersivo e alheio. É exatamente neste
terreno fértil, que as fábulas e sistemas literários, ajudam, tremendamente, aos
propósitos da capturação e concentração do pensamento. Assim, também, são as
formas marcantes da imagem, que despertam mais os sentimentos e a
elaboração do raciocínio concreto.
A Bíblia fala de um tempo em que surgiria muita coisa falsa, e
em conseqüência, o amor iria esfriar em uma grande maioria. Mateus 24:12.
Sendo mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus, os homens seriam,
deste modo, fortemente influenciados pelas formas de pensar e sentir concretos.
Assim, o raciocínio que se desenvolve na base da fixação das imagens e da
solidificação do objeto dinâmico do pensamento, reduz sensivelmente a capacidade
de viver, da fé. Todo aquele que precisa de uma real configuração para
desenvolver o seu campo de fé, encontra-se envolto num emaranhado complexo, que,
certamente, ao invés de incentivar a fé, vai destruí-la. A fé é prova das
coisas que não se vêem. Bem aventurados os que não viram e creram. Porque
andamos por fé e não por vista. Assim a fé vem pelo ouvir da palavra de Cristo.
Contudo, quando vier o Filho do Homem, por acaso achará fé na terra ? Mas o
justo viverá pela sua fé. Hebreus 11:1b, João 20:29b, 2 Coríntios5:7, Romanos
10:17, Lucas 18:8b e Habacuque 2:4b.
Aquele que vive da fé, não precisa do concretismo das fábulas.
O apóstolo Paulo relembra ao seu filho na fé, Timóteo, com estas palavras:
Como te roguei, quando partia para a Macedônia, que ficasse em Éfeso, para
advertires a alguns que não ensinassem doutrinas diversas, nem se preocupassem
com fábulas.... 1 Timóteo 1:3-4a. E mais adiante Paulo volta a avisá-lo
da importância de se distanciar das velhas fábulas. Propondo estas coisas
aos irmãos, serás bom ministro de Cristo Jesus, nutrido pelas boas palavras da
fé e da boa doutrina que tens seguido. Mas rejeitas as fábulas profanas e de
velhas caducas. Exercita-te a ti mesmo na piedade. 1 Timóteo 4:6-7.
Todos estes cuidados visam a saúde do povo de Deus.
Estamos na época indicada para a comemoração do Natal. E aqui
está uma festa completamente maculada pelas influências das fábulas. O dia que
tem sido observado pela cristandade, em comemoração ao nascimento de Jesus
Cristo, encontra-se hoje totalmente adaptado aos costumes pagãos, que foram
introduzidos na vida da igreja, a partir do imperador Constantino. Alguns
estudiosos apontam o ano 325 como o primeiro, em que o dia 25 de dezembro foi
designado como a data do nascimento de Jesus Cristo. Isto se deu em virtude da
substituição da fábula do deus-sol ou Sol Invictus, que era comemorado neste
dia. 25 de dezembro foi escolhido e depois oficialmente reconhecido como o dia
de Natal, porque coincidia com os festivais pagãos que celebravam a Saturnália e
o solstício de inverno, no hemisfério norte. Desta forma, a igreja oferecia ao
povo uma alternativa às festividades pagãs, e as velhas fábulas tomavam corpo
nos no seio das doutrinas cristãs. À medida que o cristianismo se espalhava por
toda a velha Europa, ia assimilando muitos costumes das festas de inverno
ligadas às fábulas do paganismo.
As fogueiras de natal, hoje substituídas pelas lâmpadas
fulgurantes e os pisca-piscas, foram práticas tomadas de empréstimo dos
escandinavos, que costumavam acender imensas fogueiras em homenagem ao sol. O
uso das árvores de natal foi motivado nos hábitos das tribos celtas e teutônicos
que honravam as sempre-vivas quando do solstício do inverno, onde tudo parecia
morto, e estas plantas verdes simbolizavam a vida eterna. Assim, eles adoravam
as sempre-vivas que passaram a representar, no cristianismo, a imagem concreta
da vida eterna.
O dia 25 de dezembro era também a festa romana dedicada ao deus
da sensualidade, Dionísio, o Baco dos gregos, que se comemorava com um lauto
banquete e muita orgia. Desta associação ganhamos, no andamento do cristianismo,
as aparentemente discretas ceias de natal, que escondem, muitas vezes, os
sentimentos profanos de farra, sedição e até orgia. O gordo, bonachão e
barbado Papai Noel deriva-se de São Nicolau, bispo da Ásia Menor, do IV século,
DC e que na realidade era um homem de aparência bastante austera, embora com
reputação de homem que fazia o bem e era generoso. Mas suas caracterizações
estão frontalmente ligadas, ainda, à figura simpática, contanto bastante
sensual, de Dionísio, o deus da sensualidade, que sempre presenteava as pessoas
com todas as formas de prazer.
Deste modo, as fabulosas fábulas babilônicas, egípcias, gregas e romanas, adaptadas aos costumes das várias tribos européias foram se ajustando vagarosamente ao esquema da religião cristã, e desviando os ouvidos da verdade. Hoje, o Natal se tornou uma festa apenas comercial, em que a motivação familiar, absolutamente secundária, dá um certo sentido à sua celebração. Mas, esta fraca defesa de sua realização agora, tende cada vez mais a se esvaziar, pois os interesses materialistas estão sufocando as melhores motivações das relações familiares. Por isso a palavra de Deus nos avisa: Portanto repreende-os severamente, para que sejam sadios na fé, não dando ouvidos a fábulas judaicas, nem aos mandamentos de homens que se desviam da verdade. Tito 1:13 e 14. A igreja sempre correu o risco do envolvimento com a idolatria, que se caracteriza na veneração das coisas ou pessoas em detrimento da única Pessoa que merece nossa total adoração. As fábulas adaptadas ao cristianismo podem nos dar uma sensação confortável de estarmos adorando a Deus, quando na verdade o estamos negando.
Solo Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
sábado, 14 de julho de 2012
AS FABULOSAS FÁBULAS
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