sábado, 28 de julho de 2012

TESTEMUNHOS PESSOAIS OU TESTEMUNHAS VIVAS?

Mas recebereis poder quando o Espírito Santo descer sobre vós; e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até os confins da terra. Atos 1:8
Testemunhar é comprovar ou confirmar algo através de evidências, declarando-se ter visto, ouvido ou conhecido alguém ou presenciado algo. Um testemunho verdadeiro só é possível quando é manifestado com veracidade. Não se pode falar de um fato ou de quem não se conhece. Trazendo isto para o contexto eclesiástico, será que existe alguma diferença entre “dar testemunho” e “ser testemunha” de Cristo? A narrativa do primeiro capítulo do livro de Atos dos Apóstolos parece fazer uma distinção fundamental nesta questão: sermos testemunhas de Cristo só é possível pela presença e a atuação da vida do Seu Espírito em nós.
O que se tem observado no cenário chamado “evangélico” é uma grande exposição midiática de testemunhos sobre o que Jesus fez ou faz em benefício de alguém, mas, não a proclamação genuína e o impacto produzido pela vida de Cristo na vida de pessoas que deveriam ser “Suas testemunhas”. Somente o testemunho da vida de Cristo é o que nos caracteriza como membros da Sua comunidade de redimidos. As performances teatrais e chamativas dos famigerados “testemunhos televisivos” têm apenas disseminado uma “triste caricatura” daquilo que deveria ser a manifestação da vida de Cristo em Suas testemunhas.
A igreja de Cristo é composta por pessoas de todas as épocas e que foram redimidas pelo Pai, na Pessoa e Obra do Filho e pela ação do Seu Espírito. A igreja só existe para a glória do Pai, mediante a manifestação da vida do Filho e dinamizada pelo poder do Espírito. Portanto, a ênfase de qualquer comunidade cristã deve ser totalmente cristocêntrica, pelo fato de sermos “testemunhas da ressurreição de Cristo”. Foi a este Jesus que Deus ressuscitou; e todos somos testemunhas disso Atos 2:32. As Testemunhas de Cristo estão vacinadas contra qualquer tentativa de destaque humano. Afinal, somos testemunhas de Quem?
Uma análise mais contida deste texto nos mostra o ensino verdadeiro sobre a manifestação da vida de Cristo em Suas testemunhas.
A partícula mas é uma conjunção que destaca as orientações que Cristo dará à Sua igreja sobre a obra do Seu Espírito. É o Senhor revelando Sua própria estratégia para alcançar as pessoas para Si. A expressão mas aponta para uma distinção fundamental entre o que os discípulos esperavam e o que O Senhor tinha para lhes revelar. Cristo estava ensinando aos Seus discípulos que não seriam eles os responsáveis pela obra missionária da igreja. O Espírito Santo seria o único agente missionário de Deus para a conversão das pessoas e responsável pelo crescimento da igreja, através da pregação do evangelho de Cristo. Contrariando as limitadas expectativas dos discípulos de Jesus, seria o Espírito Santo quem esquadrinharia a metodologia missionária da igreja de Cristo. Aqui, o mas também funciona como uma ligação com a ação seguinte.
Recebereis... Para nós, receber uma dádiva é uma ação muito difícil porque sempre tentamos, insistentemente, fazer algo para Deus. Receber é assunto da graça Divina. Neste texto ainda existe um agravante, o verbo recebereis é uma ação carregada de veracidade e passividade. Passividade que nos assusta e constrange. De que maneira podemos receber algo de Deus sem a culpa humana causada pela sensação de que não fizemos nada para tanto? Só podemos verdadeiramente receber uma ação Divina quando percebemos que não temos nada para oferecer a ninguém, muito menos ao Senhor, exceto os nossos pecados!
Poder... Que nos é dado para manifestar a vida de Cristo. O poder do Espírito não é uma força impessoal e divinizada por ações humanas, muitas vezes vistas em manifestações teatrais, na voz de comando mística de pregadores televisivos que se dizem ser “representantes do poder de Deus”. Que o Senhor tenha misericórdia de quem tenta “monopolizar” o Seu Espírito para legitimar poderes e ambições humanas!
O poder do Espírito é a vida do Pai que está no Filho e que se manifesta em nós pela Sua graça! Jamais poderemos nos esquecer do fato de que somos meros “recebedores” do poder para manifestarmos uma vida que não é a nossa! É o poder para evidenciarmos tão somente a vida de Cristo! Este poder é a capacidade dada pelo Pai para sermos exatamente quem não somos e fazermos aquilo que absolutamente não podemos!
O poder de Deus através do Seu Espírito nos convence constantemente de que nada podemos porque nada somos Porque, de fato, foi crucificado em fraqueza; contudo, vive pelo poder de Deus. Porque nós também somos fracos nele, mas viveremos, com ele, para vós outros pelo poder de Deus. 2 Coríntios 13:4. O poder do Espírito é a dinamite usada por Deus para destruir “todas” as nossas possibilidades humanas, para que, em nós, somente apareçam a vida e a obra Divina!
O Espírito SantoO Espírito Santo não é uma espécie de entidade dissociada do Deus Pai e do Deus Filho. É a essência do próprio Deus manifestada na Pessoa de Cristo e enviado por Ele. É a Pessoa de Cristo vivendo nas pessoas que foram atraídas pela Sua obra representada na história humana através do calvário. O Espírito é o holofote do Pai que aponta e ilumina somente para a Pessoa do Filho. O Espírito Santo é o próprio Deus confirmando o evangelho de Cristo em nós (presença) e através de nós (missão da igreja).
Descer sobre vós... Não podemos jamais nos esquecer de que a movimentação espiritual Divina é sempre de cima para baixo e não o contrário. A descida do Espírito se tornou uma ação dinâmica, não mais limitada a uma época específica e, por ser um envio originário do Pai, o Espírito irá reproduzir o Seu caráter na vida das pessoas a serem alcançadas pela pregação do evangelho. É uma nova realidade espiritual vinda do alto. A inauguração do ministério do Espírito sinaliza clara e definitivamente que é somente o Senhor quem pode vir até nós. O Espírito sempre nos convence e ensina que toda a movimentação Divina está em descer do céu (revelação) e que todo o empreendimento humano se resume em construir babel (religião).
A partícula e é a conjunção que traz consigo uma ideia de ligação entre a ação anterior (a descida do Espírito) e a continuidade da presença de Deus em Sua igreja, com todas as suas implicações espirituais. Também apresenta uma condição para que possamos ser testemunhas de Cristo. E, por fim, mostra a finalidade ou o objetivo principal traçado pelo Pai: sermos Suas testemunhas em Cristo!
Sereis O cristianismo autêntico é uma questão de reprodução da vida de Cristo. O Espírito nos capacita a reproduzirmos uma vida não produzida por nós e nos tira o peso de tentarmos forjar uma espiritualidade pelo empenho ou dedicação humana. A obra do Espírito é para nos convencer de que temos grande capacidade para “nos atrapalhar” e “atrapalhar a visão das pessoas” sobre aquilo que Deus quer e pode fazer.
Sereis é um modo verbal grego que nos mostra que a reprodução da vida de Cristo em nós acontecerá de maneira inequívoca, contínua e sem a nossa participação. Toda a condição para sermos testemunhas que manifestam a vida do Filho vem do Seu Espírito. Somos testemunhas do Cordeiro na medida em que não fazemos nada por ou para nós mesmos, mas, quando Cristo manifesta a Sua vida em nós. Testemunhar de Cristo é ter a consciência plena de que somos isentos de toda e qualquer glória! Testemunhas de Cristo são pessoas “em processo de cura” em relação ao apetite de glórias humanas.
Testemunhas de Cristo não veem mais as suas vidas como valiosas em si mesmas. Vivem a vida de Cristo, para a glória de Deus, pela ação do Espírito no serviço ao próximo. São pessoas que não se pertencem mais. São portadoras de uma vida que lhes foi introjetada unicamente pelo derramamento do Espírito de Cristo. Esta é uma passividade que agrada a Deus e dá descanso às nossas almas, por vezes tão cansadas de “tentar” agradar ao Pai. Deus só pode ser agradado por Sua própria ação em nós!
Minhas… Caracteriza uma relação de posse e identificação. Quando o Espírito possui alguém não pode haver resistências pessoais à Sua obra. A identificação é a vida de Cristo vista nos perfis e reações de Seus discípulos.
Testemunhas… O Espírito nos transforma em testemunhas de Cristo. Testemunhas não se autopromovem. Não têm nada para falar de ou por si mesmas. Só falam Daquele que lhes revelou e aqueceu o coração com a mensagem do evangelho. As testemunhas de Cristo têm sérias dificuldades de enaltecerem-se através de seus ministérios, uma vez que os veem como dádivas de Deus e exclusivamente para a Sua glória. Somos testemunhas quando a nossa existência só tem sentido ao glorificamos o Pai, na Pessoa do Filho e pelo poder do Seu Espírito.
O Espírito nos dá capacidade para sermos testemunhas vivas da vida de Cristo (At 1:8), sabermos que somos crucificados com Ele (Rm 6:6), convivermos como filhos amados do Pai (Fp 2:1-5) e fazermos somente as obras que Ele preparou de antemão para que nelas andássemos (Ef 2:10).
Os apóstolos eram testemunhas eficazes porque desistiram de suas próprias vidas para que somente a vida Daquele que foi ressuscitado fosse manifestada. Eram testemunhas do evangelho de Cristo e sem nenhuma falsificação. Sua pregação e ensino convergiam unicamente para o Cordeiro de Deus!
O Espírito Santo tem manifestado o Seu poder para que sejamos testemunhas de Cristo sem nenhuma “tentativa” de participação nossa? Até que ponto nos permitimos ser possuídos pelo Espírito que nos foi derramado? Sem a ação exclusiva do Espírito, tudo o que somos ou fazemos está em contradição com a obra de Deus em Cristo, mesmo que “na melhor das intenções”. A dinâmica da revelação espiritual Divina é a seguinte: O Espírito nos aponta, convence e insere na Pessoa do Filho que nos conduz ao Pai!
O ministério do Espírito Santo adverte: qualquer pessoa que manifestar qualquer sintoma de glória humana na igreja de Cristo deverá ser encaminhada imediatamente ao posto de saúde do Calvário mais próximo! Lá será indicado o seguinte tratamento prescrito pelo Médico dos médicos: (1) a morte e inclusão do seu velho homem na cruz de Cristo; (2) a substituição da vida desta pessoa pela vida ressurreta de Cristo; (3) a santificação operada exclusivamente pelo Espírito do doutor das almas e (4) o implante da aceitação incondicional do amor do Pai eterno, que produzirá a alegria que irrompe em adoração ao Cordeiro! Diagnóstico final do paciente: poder para ser testemunha de Cristo em todo lugar, por meio da Sua graça! Toda honra e glória seja dada Àquele que nos faz Suas testemunhas!

Solo Deo Glória.

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