“Portanto, vós orareis assim:
Pai nosso...perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos
nossos devedores;” Mt.6:9a e 12.
Quando ensinava a seus discípulos
sobre como se deve orar, Jesus não deixa opção ao remido pela graça, em relação
ao perdão, a não ser: perdoar.
A fim de que tivéssemos uma noção
sobre o reino dos céus e novamente falando sobre perdão em forma de parábolas,
Jesus nos ensina na “parábola do credor incompassivo” que se encontra no
evangelho de Mateus, capítulo 18 a partir do verso 23, a qual citaremos em
recortes na seguinte forma:
Por isso, o reino dos céus é
semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com os seus servos. E, passando
a fazê-lo, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos ... Então, o servo,
prostrando-se reverente, rogou-lhe: Sê paciente comigo e tudo te pagarei. E o
senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora e perdoou-lhe a
dívida. Mateus18:23-27. Vejam que Jesus Cristo compara o caráter perdoador
do Pai com o reino dos céus. O servo é perdoado por seu senhor, de uma dívida
impagável.
Paul Tripp, em seu livro: “Em
busca de algo maior”, falando sobre o perdão, faz as seguintes indagações: “Por
que é tão difícil admitir que estamos errados? Por que é tão difícil pedir
perdão?” E prontamente responde: “Porque todos nós gostamos de pensar que somos
mais justos do que realmente somos. E todos enxergamos melhor o pecado dos
outros do que os nossos. Mas há algo mais acontecendo aqui. Estou profundamente
convencido de que a nossa luta com o perdão é uma luta do reino.”
Cremos que o autor tem razão ao
concluir que o perdão não é uma luta do homem. Em Daniel 9:9 está escrito: Ao
Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia e o perdão, pois nos temos rebelado
contra ele. A falta de perdão está intimamente ligada à natureza pecadora do
homem, que o faz ser: egocêntrico, hipócrita, acusador e impaciente.
Contudo, contrariamente ao Reino
de Deus, não podemos ignorar que existe o reino do ego, que é conduzido pela
velha natureza.
Na mesma parábola do credor
incompassivo, Jesus exemplifica a manifestação do caráter do velho homem com o
comportamento do servo que foi perdoado em sua dívida impagável e não perdoou o
que lhe devia bem menos, assim dizendo: Saindo, porém, aquele servo,
encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o
sufocava, dizendo: Paga-me o que me deves.Então, o seu conservo, caindo-lhe aos
pés, lhe implorava: Sê paciente comigo, e te pagarei. Ele, entretanto, não quis;
antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida.
Mateus18:28-30. Jesus Cristo deixou bem claro que no reino de Deus há perdão
ilimitado, enquanto que no reino do homem há um profundo egoísmo e
ingratidão.
A Carta de Paulo aos Romanos, 2:1
nos exorta: Portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas quem quer que
sejas; porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as
próprias coisas que condenas. A falta de perdão é, na maioria das vezes, uma
sentença de condenação sumária de nossa parte contra quem são nossos devedores
ou ofensores. Erramos e pecamos ao ouvir e acreditar na voz do diabo que diz:
como Deus sereis. (Gn 3:5). Na mesma linha de exortação, Paulo em Tiago 4:12
diz: Um só é Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e fazer perecer; tu,
porém, quem és, que julgas o próximo?
Por Deus, não nos é dado julgar,
porém, essa é a ferramenta que mais frequentemente utilizamos para a
justificativa do velho homem para a falta de perdão, como diz as Escrituras:
Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que
julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão
também. Mateus 7:1-2. Veja que, o que primeiro a medir é que será medido, e
não o contrário. A Palavra diz que anossa justiça é como trapo de imundícia, (Is
64:6) e todos os nossos julgamentos contaminados. Somos incapazes de salvar
alguém com a retenção de nosso perdão, como se isso pudesse educar ou
corrigir.
Por Deus também não nos é dado
não perdoar. Como já vimos, Jesus não nos deixa essa opção ao continuar
ensinando através da parábola: Então, o seu senhor, chamando-o, lhe disse:
Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias
tu, igualmente compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti?
E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda
dívida. E Ele conclui: Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não
perdoardes cada um a seu irmão. Mateus18:32-35.
Até aqui vimos a parte do
“perdoar”, porém, sabemos que há o outro lado que é a parte do “pedir o perdão”.
Sobre isso, assim diz Paul Tripp: “Pedir perdão é tão difícil pelo que revela
sobre a vida e sobre mim. Você não pode pedir perdão sem reconhecer que há algo
na vida que é mais importante do que o progresso do seu próprio reino. Você não
pode pedir perdão sem reconhecer a verdade de que foi criado para a glória de
outro. Você não pode fazer uma confissão honesta, humilde, sem reconhecer que há
coisas mais importantes na vida que começar seu próprio caminho e ser feliz.
Você não pode admitir um erro sem ser atingido pelo fato de que existem coisas
mais significativas do que seus sentimentos e maiores do que a maneira como você
lida com eles.”
Pedir perdão, significa:
reconhecer, confessar, arrepender-se e aceitar entregar seus “direitos” nas mãos
de outro. Perdoar, é aceitar o outro como ele é. Sem exigir que ele mude naquilo
que ele não é capaz de fazê-lo sem a vida de Cristo.
A grande dificuldade, na verdade,
não está em “pedir perdão”, mas, em reconhecer que não temos nenhum poder para
sermos reis de nada, muito menos de nós mesmos. Quem foi que disse que eu sou
rei? Que tenho alguma capacidade de ser o senhor de minha vida ou da vida de
outrem? Que posso ser como Deus? Foi Satanás.
E Deus? O que foi que Deus disse
por meio de Jesus Cristo? Que sou pecador e como pecador careço de perdão,
misericórdia e graça. Doce e maravilhosa graça! Depois de João ter sido
preso, foi Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus, dizendo: O tempo
está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no
evangelho. Marcos1:14-15. E, através de Paulo também disse: mas Deus,
assim, cumpriu o que dantes anunciara por boca de todos os profetas: que o seu
Cristo havia de padecer. Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem
cancelados os vossos pecados, a fim de que, na presença do Senhor, venham tempos
de refrigério... Atos 3:18-20.
Quando Deus nos perdoa em Cristo
Jesus, Ele nos aceita como somos, não pelo que fazemos ou deixamos de fazer. Ele
nos ama incondicionalmente. Aliás, como bem disse Philip Yancey em seu livro
Maravilhosa Graça: “Não há nada que você possa fazer para Deus te amar mais e
não há nada que você possa fazer para Deus te amar menos.”
Obviamente que eu creio no que
Deus disse. E nessa condição posso reconhecer que necessito de salvação e de
santidade. Todos os pecadores carecem desesperadamente de salvação, e todos os
salvos carecem desesperadamente de santidade. A diferença entre o servo que não
perdoa, e o senhor que perdoa, é a vida de Cristo. Pois o amor de Cristo nos
constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele
morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para
aquele que por eles morreu e ressuscitou. Assim que, nós, daqui por diante, a
ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a
carne, já agora não o conhecemos deste modo. E, assim, se alguém está em Cristo,
é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. 2
Coríntios 5:14-17.
Contudo, há um caminho de fé a
ser percorrido para que o mesmo perdão que habita no coração do Pai, venha
habitar no nosso coração de todo aquele que crê, e assim, haja uma transformação
de morte do velho homem para o nascimento de uma nova criatura, e esse caminho,
chama-se Jesus Cristo – porquanto quem morreu está justificado do pecado.
Romanos 6:7.
Por isso que Jesus disse: E eu
quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. João 12:32.
Porque fomos atraídos em seu corpo na crucificação, o escrito de dívida que era
contra nós, e nos era prejudicial, foi inteiramente cancelado e encravado na
cruz (Cl 2:14). E, por este motivo, pela fé, foi crucificado com Cristo o nosso
velho homem (Rm 6:6). Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele
viveremos (Rm 6:8). Pois, aquele que crê que já morreu, de uma vez para sempre
morreu para o pecado (falta de perdão), mas quanto a viver, vive para Deus, em
Cristo Jesus (Rm 6:10-11).
Lembre-se, em Cristo somos novas
criaturas, e como diz em Lucas 6:37-38: Não julgueis e não sereis julgados;
não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados; dai, e
dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, transbordante, generosamente vos darão;
porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também.
Contudo, nada disso é possível
sem a vida de Cristo. Não somos nós que perdoamos e pedimos perdão, é Cristo em
nós. Por isso que o próprio Jesus disse: Quem permanece em mim, e eu, nele,
esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. João 15:5.
No conhecer a Cristo e permanecer
Nele está a essência do viver cristão. É uma aventura que permite um
deslumbramento diante de coisas que antes pareciam impossíveis a nós. Como
perdoar alguém! É a vida Dele se manifestando em nós, de fé em fé, de glória em
glória ... no caminhar Nele. Louvado seja o Pai celestial que nos presenteou com
a vida de Seu Filho!! Amém.
Soli Deo Glória |
O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
PERDÃO - NO REINO DE DEUS NÃO HÁ OPÇÃO
segunda-feira, 15 de abril de 2013
SÉRIE TRINDADE
Introdução
A doutrina da Trindade é uma das mais importantes doutrinas do cristianismo ortodoxo. Percebe-se, entretanto, que, pelo menos no contexto brasileiro, essa doutrina é tida em pouca consideração. A razão disso talvez seja o pragmatismo que a religião brasileira tem como base. As pessoas só se interessam por aquilo que entendem que pode ser útil para sua vida. Elas querem coisas práticas e estão enjoadas de teoria. Esse é justamente o motivo pelo qual não gostam de estudar teologia. Teologia sugere algo teórico, e as pessoas dizem que estão mais interessadas em “experiências” com Deus, e na prática demonstram que desejam “soluções” de Deus para seus problemas.
Não é o caso de que os cristãos não acreditem na veracidade da doutrina da Trindade, apenas, de forma geral, as pessoas não sabem para que ela serve. É aquela velha história de que para que algo seja importante, precisa “falar ao coração”. Talvez, para a maioria, pouco importa se Deus é um ou três.
Entretanto, esquecer-se ou descaracterizar a doutrina da Trindade é perder muito do que a Bíblia e especialmente Deus tem a nos dizer no real sentido da palavra. É perder de vista a coisa mais essencial de Deus que podemos saber. Na verdade, é ignorar a própria essência de Deus. Poucas pessoas pensam na Trindade hoje em dia, e quando pensam, não seria absurdo dizer que em muitos casos imaginam três deuses. Esse importante assunto precisa ser melhor estudado.
Num certo sentido, a doutrina da Trindade é de fato a mais misteriosa e também a mais difícil de todas as doutrinas bíblicas, porém, como afirma Lloyd-Jones:
“Ela é, em certo sentido, a mais excelsa e a mais gloriosa de todas as doutrinas, a coisa mais espantosa e estonteante que aprouve a Deus revelar-nos sobre Si mesmo” [1]
Ou como afirma Bavinck:
“O artigo sobre a santa Trindade é o coração e o núcleo de nossa confissão, a marca registrada de nossa religião, e o prazer e o conforto de todos aqueles que verdadeiramente crêem em Cristo. Essa confissão foi a âncora na guerra de tendências através dos séculos. A confissão da santa Trindade é a pérola preciosa que foi confiada à custódia da Igreja Cristã” [2]
Deus quis mostrar aos seus filhos esse detalhe tão impressionante de sua essência. Queremos demonstrar que a doutrina da Trindade não é apenas um conceito teórico ou desinteressante, mas um elemento essencial para a espiritualidade.
.É
.É
terça-feira, 9 de abril de 2013
SABER, CRER E OFERECER
Vós sois as minhas testemunhas, diz o SENHOR, o meu servo a quem
escolhi; para que o saibais, e me creiais, e entendais que sou eu mesmo, e que
antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá. Isaías
43:10.
O capítulo seis de Romanos revela três condições básicas para
se viver uma vida cristã significativa. A primeira condição é saber. Sabendo
isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o corpo do
pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos. Romanos 6:6. O
verbo saber no grego expressa a idéia de um conhecimento experimental e não
apenas saber algo a respeito da verdade, nem compreender alguma doutrina
importante, tampouco um conhecimento intelectual. Na vida de Jó temos estes dois
tipos de conhecimento bem exemplificados. Ele conhecia Deus apenas de ouvir e,
provavelmente, tinha muitas idéias acerca do Senhor. A revelação de Deus trouxe
à tona a verdadeira natureza de Jó, o que o levou a uma experiência verdadeira.
Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me
abomino e me arrependo no pó e na cinza. Jó 42:5-6. Jesus fala a respeito de
uma adoração sem conhecimento.Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o
que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. João 4:22. Em Atenas, o
apóstolo Paulo lançou mão de uma inscrição, ao deus desconhecido, para
apresentar o Deus verdadeiro. Apesar de toda a religiosidade dos atenienses,
estes eram, na realidade, completamente supersticiosos.. Porque, passando e
observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está
inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer é
precisamente aquele que eu vos anuncio. Atos 17:23.
O fato de saber que foi crucificado com Cristo o nosso velho
homem, pressupõe a revelação de Deus pelo Seu Espírito no nosso coração.
Quando Hudson Taylor, o fundador da Missão para o Interior da China, entrou
na vida cristã, foi da seguinte forma. Ele fala do problema que estava sentindo:
o de saber como viver "em Cristo", como derivar da Videira a seiva para si
próprio. Sabia perfeitamente que devia ter a vida de Cristo emanando através de
si mesmo, e, contudo, sentia que não o tinha conseguido. Via claramente que as
suas necessidades deviam ser satisfeitas em Cristo. "Eu sabia"- dizia ele,
escrevendo à sua irmã, de Chinkiang, em 1869 – "que se eu apenas pudesse
permanecer em Cristo tudo iria bem. Mas, eu não conseguia". Quanto mais
procurava entrar em Cristo, tanto mais me achava como que deslizando, por assim
dizer, até que um dia a luz brilhou, a revelação veio e ele entendeu tudo.
"Sinto que está aqui o segredo: não em perguntar como vou conseguir tirar a
seiva da videira para colocá-la em mim mesmo, mas em me recordar que Jesus é a
Videira – a raiz, a cepa, as varas, os renovos, as folhas, a flor, o fruto,
tudo, na verdade". Depois, ao dirigir-se a um amigo que o tinha auxiliado: "Não
preciso fazer de mim mesmo uma vara. Sou parte dEle e apenas preciso crer nisso
e agir de conformidade. Já há muito, tinha visto esta verdade na Bíblia, mas
agora creio nela como realidade viva". Foi como se alguma verdade que sempre
existiu se tornasse verdadeira para ele pessoalmente, sob uma nova forma. Outra
vez escreve à irmã: "Não sei até que ponto serei capaz de me tornar inteligível
a este respeito, pois que não há nada novo ou estranho ou maravilhoso – e,
todavia, tudo é novo! Numa palavra, "Eu era cego, e agora vejo". Estou morto e
crucificado com Cristo – sim, e ressurreto também e assentado... Deus me
reconhece assim, e me diz que é assim que me considera. Ele é Quem sabe... Oh, a
alegria de ver esta verdade! Oro, com todas as forças do meu ser, para que os
olhos do teu entendimento possam ser iluminados, para que vejas as riquezas que
livremente nos foram dadas em Cristo, e que te regozijes nelas". (Do livro de
Watchman Nee: Vida Cristã Normal.)
Em Oséias, Deus fala do sofrimento de seu povo por uma
única razão: falta de conhecimento da verdade. O meu povo está sendo
destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o
conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de
mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus
filhos.Oséias 4:6.
O primeiro passo na caminhada da vida cristã é saber que o nosso velho homem foi crucificado. O que se segue de forma natural é o considerar, ou crer que significa descansar ou apoiar-se. Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Romanos 6:11. Temos aqui dois fatos significativos: o primeiro revela que estamos mortos para o pecado. Sabemos que o nosso velho homem foi crucificado com Cristo; o segundo fato é que estamos vivos para Deus em Cristo. Cremos que morremos e ressuscitamos. A fé que tem como ponto de apoio a palavra de Deus está segura. Fé + Palavra de Deus = experiência. Porque também a nós foram anunciadas as boas-novas, como se deu com eles; mas a palavra que ouviram não lhes aproveitou, visto não ter sido acompanhada pela fé naqueles que a ouviram. Hebreus 4:2. O que é fé? É a nossa aceitação das verdades divinas. O Senhor Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado. Então, o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães. Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Mateus 4:3-4. Jesus poderia transformar pedras em pães? Sim. Por que ele não fez? Porque a prova de sua filiação estava na declaração feita por Deus, e não por uma demonstração externa. Como foi então que o homem Cristo Jesus venceu Satanás no deserto? Simplesmente pela palavra de Deus. Não foi pela demonstração de poder divino. O Senhor Jesus não discute com o tentador. Não apela para quaisquer fatos. Não diz, "Eu sei", "Eu sinto"; mas recorre simplesmente à palavra de Deus escrita. E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo. Mateus 3:17. Não precisamos de um milagre ou de um feito grandioso para provarmos que somos filhos de Deus. A palavra de Deus nos basta, com as suas gloriosas e comovedoras garantias, e isto não tem nada a ver com o fato de freqüentarmos uma determinada igreja ou sermos batizados, ou mesmo, termos um bom comportamento. Não, é porque está escrito. Morremos e ressuscitamos em Cristo, quer sintamos ou não. Sabemos que morremos com Cristo, e pela fé com base na palavra de Deus, consideramos este fato como nossa experiência. O que se segue é uma entrega total. Nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça. Romanos 6:13. Oferecer a Deus tudo o que temos e somos. Isto significa sair do controle e descansar inteiramente nos braços daquele que pode todas as coisas. Porque, quanto ao SENHOR, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele; nisto procedeste loucamente; por isso, desde agora, haverá guerras contra ti. 2Crônicas 16:9. Uma senhora crente, que tinha este mesmo sentimento, estava expressando a uma amiga o quão impossível lhe era dizer: "Seja feita tua vontade", e quão temerosa ficaria se tivesse que fazê-la. Ela era mãe de um único filhinho, herdeiro de grande fortuna, e o ídolo de seu coração. Depois de ter falado de todas as suas dificuldades, sua amiga disse: "Suponhamos que seu pequenino Charley, amanhã, viesse correndo para a senhora e dissesse: "Mamãe, eu resolvi permitir que, de agora por diante, a senhora realize em mim os seus propósitos. Estou disposto a obedecê-la sempre, e desejo que a senhora faça comigo exatamente o que a senhora julga ser o melhor. Eu confiarei no seu amor". Qual seria seu sentimento para com ele? Porventura haveria de dizer para si mesma: ‘Ah, agora eu terei oportunidade de fazer de Charley um miserável. Eu lhe privarei de todos os prazeres, preencherei sua vida de tudo quanto é penoso e desagradável. Obrigá-lo-ei a fazer exatamente as coisas que lhe serão mais difíceis, e lhe darei todas as sortes de ordens, as mais impossíveis’. "Oh, não, não, não!" exclamou a mãe cheia de indignação. "Você sabe que eu não faria tal coisa. Você sabe que eu o apertaria de encontro ao peito e o cobriria de beijos, e me apressaria a encher a sua vida das coisas mais doces e melhores"(Hanna W. Smith, do seu livro, O Segredo de uma Vida Feliz). Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus Romanos 12:1-2. Saber, crer, e se oferecer são passos significativos para a caminhada na vida cristã.
Soli Deo Glória.
|
sexta-feira, 5 de abril de 2013
FATOS DOS QUAIS PRECISAMOS SABER
Iluminados os olhos do vosso
coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da
glória da sua herança nos santos. Efésios 1:18.
O pensamento que
envolve o verbo saber, em grego, é de natureza experimental. Não é um
conhecimento de natureza hipotética, mas de uma convicção real e experimental.
Não é um assentimento mental, ou simplesmente um conhecimento teórico, mas sim
uma realidade viva. Os fatos que precisamos saber são de grande importância para
que Deus cumpra o Seu propósito na vida dos Seus.
O primeiro fato:
Sabendo, primeiramente, isto: que nenhuma profecia da Escritura provém de
particular elucidação; porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por
vontade humana; entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo
Espírito Santo. 2 Pedro 1:20-21. Está aqui um terreno seguro para
cada filho de Deus: que nenhuma profecia ou palavra revelada foi de particular
interpretação ou de imaginação humana, mas fruto da revelação de Deus. Centenas
de predições referentes a Israel, como a vinda do nosso Senhor e tantas outras,
se cumpriram de forma tão detalhada e definida que nenhum mortal poderia tê-las
antecipado.
A Palavra de Deus é
como uma lâmpada que brilha sobre o nosso caminho de modo que não fiquemos
confundidos. O nascido de novo sabe para onde está indo e, à medida que caminha,
algo acontece em sua vida, o amanhã começa a aparecer. Temos, assim, tanto
mais confirmada a palavra profética, e fazeis bem em atendê-la, como a uma
candeia que brilha em lugar tenebroso, até que o dia clareie e a estrela da alva
nasça em vosso coração. 2 Pedro 1:19. Cristo é a estrela da alva que
já habita em nossos corações, embora tudo em nossa volta evidencie que ainda
estamos no meio da noite. No nosso coração, o dia já começou a nascer e a
estrela da alva já apareceu.
O segundo fato:
Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim
mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que
fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras
da lei, ninguém será justificado. Gálatas 2:16. A origem imediata do
verdadeiro Evangelho anunciado por Paulo aos gentios era da total
impossibilidade de se juntar a lei com a graça, de se ligar, num mesmo feixe, a
religião da carne, com suas ordenanças, com a liberdade do Espírito que nos foi
dada em Cristo. A nossa justificação, portanto, a qual obtemos, não é pelas
obras mas sim pela fé, oferecida graciosamente por Deus. E é suficiente para
comunicar paz às mentes humanas e estabelecer sua eterna salvação.
Os gálatas tinham
perdido de vista que Cristo Se deu a Si mesmo por nossos pecados a fim de nos
livrar do presente século mau. A justiça que o homem queria cumprir na carne é
dirigida segundo os seus padrões. Cristo, pelo contrário, nos viu como
pecadores, injustos, e sem esperança. Por isso, Ele Si deu por nós, para que
Nele fôssemos feitos justos. Essa justificação é segundo a Sua graça. O
propósito de Deus é adquirir para si um povo resgatado, em harmonia com essa
graça, e, nos fazer andar na liberdade e na santidade que Ele nos deu em Seu
Filho, o nosso Senhor Jesus Cristo.Tudo o que há para nós está em
Cristo.
A justificação do
homem é pela fé em Cristo. Fé significa tomar a Palavra de Deus e simplesmente
crer no que Ele diz. O homem passa a possuir uma justiça divina através da
instrumentalidade da fé. A fé não é uma obra meritória; é simplesmente a mão que
se apodera dos méritos de outro. Paulo relaciona diretamente a justiça de Deus
com a obra redentora de Cristo. A glória do evangelho é que a justiça de Deus,
em Cristo, se estende para todo aquele que crer.
O terceiro fato:
Sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho homem, para que o
corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o pecado como escravos.
Romanos 6:6. A expressão "velho homem" aparece em outras passagens e
significa tudo aquilo que estava em Adão, tanto moral como judicialmente, ou
seja, refere-se ao homem antigo, à natureza corrupta e humana, a tendência inata
para o mal de todos os homens. A compreensão desta revelação deve nos levar a
considerar que "o nosso velho homem foi crucificado". Isto significa que o velho
homem não vive mais, pois o mesmo foi crucificado com Cristo. O nascido de novo
é um novo homem, uma nova criação. Ele é necessariamente o objeto de uma
renovação progressiva. Aqui, o apóstolo Paulo está falando de uma crucificação
como um ato completo, e não de um processo contínuo.
O ensino do apóstolo
Paulo é que, em virtude da união do crente com Cristo, o crente possui a posição
inalienável de ser um homem que foi santificado por um ato definitivo. É este
ato que provê a base para sua crescente conformidade com Cristo, como também dá
a garantia de sua completa glorificação. Todos os que morreram em Cristo
ressuscitaram com Cristo. Este ressuscitar com Cristo é uma ressurreição para
novidade de vida, à semelhança da ressurreição de Cristo. Morrer com Cristo é,
portanto, morrer para o pecado e ressuscitar com Ele para uma nova vida.
A morte do velho
homem e a nossa nova vida em Cristo é provada pelo fato de que a identidade com
Ele, na semelhança da Sua morte, é necessariamente seguida pela identidade com
Ele na semelhança da Sua ressurreição. Esta certeza é baseada no caráter
definitivo da ressurreição, que é a garantia de que os salvos continuamente
participarão da vida ressurreta de Cristo. Cristo Se tornou sujeito à punição do
pecado; entretanto, na Sua morte, o preço foi pago, quebrando para sempre o
senhorio da morte sobre os seus filhos. Assim, Sua ressurreição é o penhor de
que esta vitória sobre o pecado é uma realidade na vida daquele que está em
Cristo.
Deus, em Sua infinita
graça, nos trouxe à vida por meio da ressurreição de nosso Senhor Jesus, por
meio da palavra viva, a palavra de Deus que permanece em nós. Ser nascido de
novo é ser participante de um grande milagre da parte de Deus; nós não
merecíamos, mas Deus, ainda assim, teve misericórdia de cada um de nós. Ele nos
trouxe à vida. Somos nascidos do alto. Ele nos purificou e nos concedeu Sua
própria vida. Agora, somos da família de Deus.
O quarto fato:
Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus,
daqueles que são chamados segundo o seu propósito.Porquanto aos que de antemão
conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a
fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a
esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que
justificou, a esses também glorificou. Romanos 8:28-30. Este
versículo é o ponto culminante do capítulo. "Sabemos", novamente, não é uma
linguagem no campo da hipótese, mas da certeza experimental. Esta passagem não
inclui os incrédulos, mas "aqueles que amam a Deus". São apenas os filhos de
Deus que recebem esta promessa.
Sendo que todas as
coisas cooperam juntamente para o bem, não há nada dentro da totalidade do ser
que não seja, de uma forma ou de outra, vantajosa para os filhos de Deus. Todas
as coisas, quer favoráveis, quer adversas, todas as ocorrências, acontecimentos
– todas as coisas, quaisquer que sejam – cooperam para o seu bem. Elas não o
fazem por si mesmas: é Deus que opera todas as coisas para o bem de Seus filhos.
As aflições dos nascidos de novo, de um modo especial, contribuem para este
fim. Antes de ser afligido, andava errado, mas agora guardo a tua palavra.
Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos.
Salmos 67- 71.
O fato de que
todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, é prova da
doutrina da perseverança dos santos. Não importa o que seja, os filhos de Deus
estão nas mãos Daquele que traz luz onde há trevas. E este poder de transformar
a luz em trevas é obra de Deus, e não nossa. Simão, Simão, eis que Satanás
vos reclamou para vos peneirar como trigo! Eu, porém, roguei por ti, para que a
tua fé não desfaleça; tu, pois, quando te converteres, fortalece os teus irmãos.
Lucas 22:31-32.
Devemos guardar
em nossas corações que tudo quanto nos sobrevém é controlado por Deus, que o
resultado final revela que aquilo que o mundo tem como nocivo, para os santos, é
benção. Aqueles que, desta forma, amam a Deus são "os chamados", não segundo os
méritos humanos, mas de acordo com a propósito divino. Paulo descreve uma cadeia
inquebrável de acontecimentos procedentes do propósito eterno de Deus em Sua
presciência para a glorificação do Seu povo. Por isso, todas as coisas
contribuem para que este propósito se cumpra, e o propósito de Deus é que
sejamos conformes à imagem de Seu Filho.
Deus nos salvou com
um destino: a conformidade à imagem de seu Redentor, é nada menos que sua
conformidade à imagem do Filho eterno de Deus. Portanto, uma verdadeira
compreensão deve tomar conta de nossas mentes: Deus está reunindo todas as
coisas, quer boas ou ruins, para que este propósito seja realizado. Pois tu,
ó Deus, nos provaste; acrisolaste-nos como se acrisola a prata. Tu nos deixaste
cair na armadilha; oprimiste as nossas costas; fizeste que os homens cavalgassem
sobre a nossa cabeça; passamos pelo fogo e pela água; porém, afinal, nos
trouxeste para um lugar espaçoso. Salmos 66:10-12.
"Iluminados os
olhos do vosso coração, para saberdes". A oração do apóstolo Paulo é para que os
santos tenham olhos abertos para compreenderem ou saberem a esperança da chamada
de Deus, e, não somente isto, mas também saberem qual é a glória da Sua herança
nos santos. Deus nos chamou para estarmos diante Dele, e, como filhos,
participarmos da glória manifestada em Jesus. A chamada é de harmonia com o
próprio Deus; com a plenitude da Sua graça. Nós somos a herança de Deus, e,
nessa herança, encontra-se um tesouro, o nosso Senhor Jesus Cristo. A nosso
oração é para que Deus abra os olhos do nosso coração para contemplarmos a
beleza do nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.
Soli Deo Glória.
| |
quinta-feira, 4 de abril de 2013
A ETERNA SEGURANÇA NÃO ASSEGURA A INÉRCIA
As minhas
ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida
eterna; jamais perecerão e ninguém as arrebatará da minha
mão.
João
10:27-28.
Embora
os cristão não estejam protegidos de cair, eles estão assegurados eternamente de
não se perderem. Não é possível sustentar biblicamente a perda da salvação de
modo coerente. Há certos textos que deixam abertura para uma interpretação com
este teor. Mas, examinando-se com cuidado, percebe-se que a apostasia sempre
está ligada a uma pseudo experiência de salvação. A aparência sempre traz muita
confusão. Muita gente que está na igreja e que tem vida piedosa pode ser apenas
uma ilusão. Não se pode julgar uma árvore pelas folhas. Jesus condenou a
figueira porque dava aparência de ter frutos quando só tinha folhas. A figueira
quando está enfolhada é porque é tempo de frutificação. O julgamento no
cristianismo é baseado nos frutos. Assim, pois, pelos seus frutos os
conhecereis. Mateus 7:20. Como dizia Samuel Rutherford:
A semente de Deus chegará a sua co-lheita, e Spurgeon
acrescentava: As árvores do Senhor
são perenes. Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós há de com-pletá-la até ao Dia de
Cristo Jesus. Filipenses 1:6.
A
salvação de Deus é eterna. Por definição, eterno não tem fim. Se é eterna a
salvação, logo não pode se perder aquele que é salvo com a salvação de Deus.
Deus promete ao seu povo uma salvação garantida. Israel, porém, será salvo
pelo Senhor com salvação eterna; não sereis envergonhados, nem confundidos em
toda a eternidade. Isaías 45:17. Nenhum dos soldados de Cristo se perde,
é esquecidos ou deixado morto no campo de batalha, afirmava J. C. Ryle. Pode
ser que num momento de disciplina, durante algum tempo, Deus se torne distante
de seus filhos, mas nunca deserta seus filhos. Por breve momento te
deixei, mas com grandes misericórdias torno a acolher-te; num ímpeto de
indignação, escondi de ti a minha face por um momento; mas com misericórdia
eterna me compadeço de ti, diz o Senhor, o teu Redentor. Isaías
54:7-8. Alguém já disse que: Em nosso primeiro
paraíso, o Éden, havia um caminho de saída, mas não havia forma de entrar de
novo. Entretanto, quanto ao reino de Deus, há um caminho de entrada, mas não há
forma de sair de novo. Uma pessoa verdadeiramente salva jamais poderá
desfazer a sua salvação. É impossível alguém que nasceu, "desnascer." Do mesmo
modo fica irrealizável o desmontar da salvação. Uma vez nascido de novo é
impraticável anular este ato da soberana graça de Deus. Por outro lado, a
vocação de Deus é fundamentada em seus decretos, e seus decretos são
imutáveis. Não se pode rescindir a operação do chamamento de Deus,
porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis. Romanos
11:29. Quem foi salvo por Deus é verdadeiramente
salvo, pois Deus nunca se arrepende do seu amor que nos escolheu, nem da
vida eterna que ele nos deu, e, nós jamais podemos abdicar desta vida, que é
eterna. E esta é a promessa que ele mesmo nos fez, a vida eterna. 1João
2:25. Se pudéssemos perder a vida eterna, estaríamos numa eterna confusão. Há
uma observação que resume o seguinte: Se uma pessoa salva pudesse perder a
salvação, então todas poderiam, e assim, Cristo se tornaria uma cabeça sem
corpo. O Dr. Lewis Sperry Chafer afirma que: De acordo
com as Escrituras, não há debaixo da graça nenhuma salvação proposta, oferecida
ou empreendida que não seja infinitamente perfeita e que não permaneça para sempre. Deus não realiza uma
salvação que se desfaz ou que possa ser renunciada. Quem é salvo pela graça é salvo para sempre.
Contudo,
a segurança da salvação eterna não nos assegura comodismo. Como enfatizava Vance
Havner a salvação é um capacete, não uma toca de dormir. Ninguém pode
usar a verdade da eterna salvação, para desculpar a sua ociosidade espiritual.
Nem um salvo de verdade se acomoda na segurança de sua eterna salvação, para
promover o seu estilo indolente. Uma vida ociosa juntamente com um coração
santo são uma contradição, ensinava Thomas Brooks. A salvação eterna promove
uma permanente perseverança. Não é o acomodado que demonstra confiança, mas o
perseverante que busca o seu desenvolvimento. A salvação que não progride não
procede do trono da graça. Duas coisas que não podemos esperar no terreno da
salvação: Salvação sem a obra de Cristo, e salvação estagnada, sem as obras da
santificação. Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na
minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa
salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer
como o realizar, segundo a sua boa vontade. Filipenses
2:12-13. Este aparente paradoxo mostra que eu devo desenvolver a salvação que
Deus efetua no querer e realizar. Nós fazemos as obras,
mas Deus opera em nós a realização das obras. Sabemos que é a graça de Deus quem realiza em nós o tudo o que somos e
tudo que precisamos fazer. A graça que me alcançou é a mesma graça que me faz
operante. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me
foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles;
todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo. 1Coríntios
15:10.
Nossa eficiência sem a suficiência de Deus é apenas deficiência. Porém,
nenhum salvo pode advogar sua inércia. No reino de Deus não há lugar para
aposentados ou reformados. Todo o contingente encontra-se na ativa. Se alguém,
em razão da doença ou da idade, não pode mais ficar no campo de batalha, ainda
pode ficar na sentinela da intercessão. Não há desertores na adoração nem
fugitivos da comunhão.
É
incompatível uma salvação inoperante. Segundo a Bíblia, ninguém é salvo pelas
obras, mas os salvos pela graça são agentes das boas obras. Tiago demonstrou que
a fé sem obras é morta, e João Calvino confirmou: É só a fé que
justifica, mas a fé que justifica não é só. Se a graça produzir a fé que
Paulo ensina, certamente a graça mediante a fé produzirá as obras que Tiago
reclama. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de
vós; é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Pois somos
feitura dele, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus de
antemão preparou para que andássemos nelas. Efésios
2:8-10. Deus sempre qualifica aqueles que Ele
chama. Pensar que você não pode fazer nada é quase tão arrogante quanto
pensar que pode fazer tudo. Quando Deus nos salvou por sua graça já
providenciou os recursos para suprir em nossa missão. Se a graça de Deus nos põe
a trabalhar, o Deus da graça garantirá o sustento e o êxito. Não podemos ficar
imobilizados com o pensamento da incompetência ou da insignificância. Como o
evangelista americano D. L. Moody temos um desafio: Sou apenas um, mas sou
um. Não posso fazer todas as coisas, porém posso fazer alguma coisa. E, o que
posso e devo fazer, eu o faço pela graça de Deus. Alguém já disse que o
fracasso não é a pior coisa do mundo. Fato mais grave é nunca tentar. Poucas
coisas são impossíveis aos homens confiantes em Deus que se aplicam com
diligência na perseverança do seu objetivo. Spurgeon dizia que foi pela
perseverança que o caracol atingiu a arca. Somente os que confiam podem ser
ousados e os que ousam devem fazer com persistência, considerando os resultados
e não as dificuldades. Se estivermos em Cristo certamente que o poder de Cristo
nos capacitará para uma frutificação abundante. Eu sou a videira, vós, os
ramos. Quem permanece em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim
nada podeis fazer. João 15:5.
Soli Deo Glória.
|
VALORES NA BALANÇA
Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua
alma?
Segundo a avaliação de Jesus, uma vida ou a alma humana vale
mais do que o universo. A vida é mais importante do que o cosmo. Uma pessoa
poderá fazer um investimento que consiga angariar os recursos do mundo todo,
mas, se vier a perder-se eternamente, terá feito uma péssima aplicação. De
acordo com a estimativa de Jesus, a salvação de uma alma é mais preciosa do que
o montante dos recursos do mundo. A salvação de uma única alma é mais importante
do que a produção de recursos para a preservação física de toda a humanidade. E
o maior empreendimento é de quem está envolvido na salvação das almas.
A maioria das pessoas não sabe fazer cálculo. Gasta-se mais
tempo tentando amealhar as riquezas que têm menos valor. No cômputo geral,
prefere-se dar mais atenção aos recursos de origem terrena, do que cuidar das
verdadeiras riquezas espirituais. Isto reflete o estrabismo da visão humana,
causada pelo pecado. Para a grande maioria, uma empresa, uma fazenda ou os
negócios merecem mais consideração do que a salvação eterna de sua alma. Damos
prioridade aos ganhos vantajosos desta vida e desprezamos os valores permanentes
que podem realmente nos preencher. Quando Jesus disse ao jovem rico que ele
precisava vender tudo, dar aos pobres, para receber o tesouro celestial,
ele, porém, contrariado com esta palavra, retirou-se triste, porque era
dono de muitas propriedades. Marcos 10:22. Na sua contabilidade não
constavam os bens duráveis. Ele não sabia fazer avaliação das coisas de
proporções eternas. As bugigangas e os tesouros perecíveis acabam tomando lugar
do patrimônio imutável.
O homem encontra-se vazio. O coração do ser humano está
buscando satisfação ou significado nos valores deste mundo. Entretanto, nada,
por mais importante que seja, é capaz de preencher a lacuna da alma. Há um
buraco muito grande que só algo absoluto pode completar. O vazio do homem tem a
dimensão de Deus, e ninguém pode ocupar este espaço, senão o próprio Deus. A
busca de contentamento ou bem-estar fora da absoluta necessidade de Deus tem
demonstrado uma atividade enfadonha para a alma. Por mais significativos que
sejam os envolvimentos para rechear este vazio, sempre terminam em decepção.
William Bridge disse que a terra e sua plenitude jamais podem
satisfazer a alma. Glória e brilho não são sinônimos. Podemos ser brilhantes
neste mundo, mas profundamente vazios. A crise da humanidade é fundamentalmente
uma falta de conteúdo, prioridade e direção. Ocupada com assuntos banais, a raça
humana pretende encher o vácuo da alma com as bagatelas econômicas, com as
futilidades culturais, com as ninharias esportivas e com as chochices
religiosas. Muito tempo e investimento têm sido gastos na reparação dos estragos
causados pela inversão dos valores. Mas, na verdade, tudo isto tem sido em vão.
Ninguém pode encontrar aprazimento fora de um relacionamento real com Deus.
Quando falamos de Deus, não estamos nos referindo aos sistemas religiosos
criados pelos homens, para tentar suprir as necessidades da alma.
O miolo da alma tem que ser Deus mesmo. Nenhum conteúdo
religioso pode indenizar os prejuízos causados pela falta de comunhão com o
próprio Deus. Se Deus não for o centro de nossa experiência e a excelência de
nossos relacionamentos, então, estamos envolvidos com trivialidades que jamais
satisfarão as carências profundas de nossa alma. Somente em Deus, ó minha
alma, espera silenciosa; dele vem a minha salvação. Salmo 62:1. A falta
de intimidade pessoal com Deus é a causa da insatisfação dominante do coração
humano. Nada pode completar os desejos íntimos do ser humano, senão o próprio
Deus em pessoa. Nem mesmo as suas bênçãos ou dons são capazes de suprir o vazio
de cada um de nós. Ó Deus, tu és meu Deus forte; eu te busco ansiosamente;
a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem
água. Salmo 63:1. A alma só pode contentar-se com a comunhão íntima de
Deus mesmo. Só a pessoa de Deus pode abastecer a sede do coração. Sem a
consciência real da presença de Deus e sem uma comunhão verdadeira com Ele, a
existência humana perde totalmente o sentido. É por isso que, muitas vezes
ficamos mais sedentos com a secura de nossa religiosidade. Entramos e saímos
destas reuniões, sem gozarmos da intimidade da presença de Deus. O pensador
Martin Buber afirmava: Nada tende a mascarar tanto a face de Deus como
a religião; ela pode tornar-se uma substituta para o próprio Deus. Um
cadáver lembra uma pessoa. Ali está o corpo em que viveu alguém, mas o finado
não tem expressão. Não há diálogo com morto. Religião sem intimidade pessoal com
Deus é funeral. E defunto não cresce, não evolui nem causa progresso. Muita
gente se ilude com suas práticas religiosas supondo que este ritualismo mitiga
as carências de sua alma. O salmista se perturba com o cerimonial religioso do
seu tempo, com o derramar de sua alma, com o festejo da multidão em gritos de
louvor na procissão alegre em busca da Casa de Deus. Havia todo um aparato
estonteante de motivações religiosas, mas a sua alma encontrava-se abatida, e
ele gritava: Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas
dentro de mim? E sua resposta evidencia o grande problema: Espera
em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu. Salmo
42:5. Havia muita religiosidade em sua experiência, mas Deus estava
ausente do seu louvor. A chupeta acalenta o choramingo da criança, mas não
abranda a fome. Só o peito ou a mamadeira podem saciar a ânsia da fome. Nada
neste mundo é capaz de satisfazer plenamente a necessidade pessoal de Deus.
Muitos expedientes podem atenuar a crise, mas não satisfazem o vazio da alma.
Que adianta ao homem gastar todo o seu tempo e empregar todos
os seus esforços no envolvimento com o trabalho, estudo, religião e lazer, não
levando em conta a seriedade da salvação eterna de sua alma? Esta é uma questão
de prioridade. Ninguém pode desconsiderar este assunto e viver com total
significado. Jesus mostrou que, a realização do ser humano passa em primeiro
lugar pela preferência do reino de Deus. Buscai, pois, em primeiro lugar,
o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Mateus 6:33. A salvação eterna e a comunhão íntima com Deus são assuntos
que fazem parte da primazia de uma agenda inteligente. Fica claro, pelas
Escrituras, que uma vida que exibe sucesso neste mundo, mas não leva em
consideração estes ingredientes eternos, não passa de loucura. Jesus, em uma de
suas parábolas, levanta uma pergunta que Deus faz a um homem que havia se
preocupado apenas em cuidar dos seus interesses terrenos. Louco, esta
noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Lucas
12:20. É estupidez da grossa investir todo o nosso tempo e gastar toda a
nossa energia na aquisição de patrimônios que ficarão para trás da sepultura.
Uma pessoa inteligente é aquela que sabe fazer o julgamento
correto dos fatos. Não podemos reputar como inteligente alguém que é desatento
para os assuntos ligados com a salvação eterna da sua alma. A sabedoria abre
os olhos tanto para as glórias do céu quanto para o vazio da terra. A
lucidez da mente e a agudeza do discernimento encontram-se em fazer, enquanto se
estiver vivo, as coisas que serão desejadas quando se estiver morto. Todo
empreendimento que só trata do aqui e agora não tem significado permanente para
o homem. Por isso, vale a pena ponderar os enfoques e as ênfases de nossa
existência, para não cairmos na armadilha de nos envolvermos apenas com as
coisas de menor valor. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e
perder a sua alma?
Soli Deo Glória.
| |
A FÉ É A ANTÍTESE DO MEDO
No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o
medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no
amor. 1 João 4:18.
O primeiro sentimento que o cabeça da raça humana
experimentou depois do pecado foi o medo. Logo depois que Adão transgrediu o
mandamento divino, ele foi invadido por um clima de pavor. Ele respondeu:
Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi. Gênesis
3:10.
Ao ouvir a palavra de Deus Adão teve medo. É
interessante observar este ponto com atenção. A Bíblia diz: Assim, a fé
vem pelo ouvir e o ouvir da palavra de Deus. Romanos 10:17. Mas, quando Adão ouviu a palavra de Deus no jardim, porque estava nu,
teve medo e se escondeu. Ao ouvir a palavra de Deus, em vez de fé, medo. O
pânico veio em conseqüência do pecado e da sua nudez. Adão e
Eva foram criados totalmente despidos. No Jardim do Éden não havia necessidade
de roupa, uma vez que a temperatura era agradável e as condições favoráveis para
uma vida sem cobertura. Eles eram imaculados, mas não ficavam acanhados nem
ruborizados de viverem desnudos. Ora, um e outro, o homem e sua mulher,
estavam nus e não se envergonhavam. Gênesis 2:25.
Todavia, logo depois da transgressão apareceu um
sentimento de terror quando Adão se percebeu pelado. Esse estado de desnudamento
evidencia a descompostura que o pecado causou na personalidade, produzindo todo
tipo de esconderijo. O medo é o promotor das máscaras e o aliciador dos agentes
que solicitam a aprovação externa. A partir do receio de não ser aceito
incondicionalmente, a história humana toma um outro rumo. Os
jardineiros viraram estilistas num instante. De uma hora para outra os
horticultores que cultivam o Paraíso foram transformados em modistas costurando
folhas. Adão e Eva agora estavam preocupados com o guarda-roupa, pois o medo da
rejeição exigia que eles bordassem complementos para a grife da tribo.
Adão, ao ouvir a voz de Deus, foi dominado pela paúra em seu
coração em razão do pecado e não deu lugar à fé. O medo teceu uma tanga com as
fibras da figueira porque a sua fibra moral foi atacada pelo sentimento de
deserção. A culpa afastou o casal da comunhão com o Criador e os dois se
enfiaram nas moitas tentando achar asilo na embaixada do faz de conta.
Desde aquele momento a raça humana passou a morar no casebre
do temor. Somos uma casta escrava do medo e temos muita dificuldade de entrar na
casa do amor. A timidez impede que vivamos com autenticidade. A culpa
existencial herdada dos nossos primeiros pais nos deixa sempre desconfiados e
com receio de não sermos recebidos como filhos na família do Pai. De modo geral
nós temos sintomas de senzala.
A história da raça adâmica é uma narrativa de
disfarces, fugas e esconderijos. O gênero humano vive escapando da aceitação
incondicional do Pai, usando, com freqüência, expedientes astutos que assegurem
o seu assentimento ao custo dos seus próprios esforços. Com medo de ser
rejeitado o sujeito procura ser aceito através daquilo que faz. Assim, a
religião se torna uma fábrica de executivos em busca da excelência. O temor é a
matriz da conduta e a sobreexcelência a raiz que suporta esta pose esnobe.
Porém, o apóstolo João procura nos mostrar que na casa do
amor não existe medo. A aceitação do Pai não computa valores, nem contabiliza
despesas. O pecador é recebido como filho, única e exclusivamente pelos méritos
do Cordeiro. O amor do Pai não está atrelado a excelência do
objeto do seu amor. Ele não é colecionador de obras raras e não me ama porque eu
sou digno do seu amor. A sua graça aposta apenas no desdouro da minha queda, já
que não posso me classificar com a minha justiça cheirando a carniça. Mas
todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo da
imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades, como um
vento, nos arrebatam. Isaías 64:6.
A verdade nua e crua é que o pecado me tornou
irrecuperável por mim mesmo. Não há solução para mim senão pelo amor de Pai. Mas
ele nos ama incondicionalmente. Isto significa que Deus não olha para as nossas
qualidades pessoais, tampouco para os nossos defeitos graves. Sendo assim, a
nossa adoção como filhos na casa do Pai não depende dos nossos méritos, mas da
expressão do seu amor revelado em Cristo.
O Cordeiro que tira o pecado foi imolado antes da
fundação do mundo. Adão e Eva perderam tempo cosendo aventais que murchariam
antes do fim da tarde. Os animais que foram sacrificados eram as únicas
expressões do amor de Deus para cobrir a nudez do casal. Fez o SENHOR Deus
vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu. Gênesis
3:21. Jeová além de ser o alfaiate é também o
camareiro. Graça significa Deus dando e fazendo tudo a quem só tem
demérito.
O medo da rejeição exige aceitação a todo o custo,
mas no amor não existe medo. O amor lança fora toda apreensão, uma vez que o
indigente senta-se à mesa como um membro da estirpe real. O Pai nos aceitou em
Cristo em seu amor irrestrito e somos herdeiros do reino celestial. Porque
eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os
principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a
altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do
amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. Romanos
8:38-39.
Brennan Manning diz que
muitos cristãos permanecem temerosos, pois se apegam ainda à idéia de um Deus
muito diferente da que foi pregada por Jesus. O temor é a causa do aborto da
fé e esse medo do fracasso é um paralisante do progresso espiritual.
Contudo, aquele que sabe verdadeiramente que o Pai o aceitou
em Cristo com amor total, não teme se arriscar no seu testemunho de fé, ainda
que insipiente. A queda é parte do desenvolvimento no andar da criança e, na
caminhada cristã, só tem insucesso quem se atreve a andar. Quem confia no amor
do Pai não teme ser desaprovado porque depende apenas da sua aprovação na
suficiência de Cristo. Jesus disse aos discípulos que teriam
problemas nesse mundo, todavia ele assegurou que a sua vitória pessoal era a
garantia do nosso sucesso, isto é, o seu triunfo é o nosso troféu. Estas
coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por
aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo. João 16:33.
Como alguém disse com bom humor, Cristo
prometeu uma aterrissagem segura, mas não um vôo sem turbulência. Embora
tenhamos muitas tribulações nessa marcha aqui e agora, nada pode desbotar a
tonalidade do seu amor sem fronteira. Por isso, a fé se firma apenas na
imutabilidade do Pai amoroso, não ficando intimidada com as pressões deste mundo
e com as cobranças legalistas. Que diremos, pois, à vista destas coisas?
Se Deus é por nós, quem será contra nós? Romanos 8:31.
A pregação do medo promove uma obediência
encabrestada. Há muita gente dócil e flexível que preenche os seus requisitos
morais debaixo de apavoramento. São pessoas submissas enquanto reprimidas. Mas
os filhos amados do Pai obedecem simplesmente por amor. O medo produz tormenta e
os atormentados não são pessoas saudáveis, por isso mesmo, só o amor consegue
originar personalidades sadias. A casa do amor é o único lugar seguro onde as
pessoas não temem os habitantes do casebre do temor. Robert Hart dizia que o amor de Deus é sempre sobrenatural,
sempre um milagre, sempre a última coisa que podemos merecer. Esse milagre
sobrenatural e imerecido é a causa de nossa aceitação com confiança. Eu creio
que o Pai me aceitou em Cristo por causa do seu amor profundo e sem
arrependimento. Nada poderá me afastar do seu amor irrestrito. A fé que o Pai me
deu não teme ser descartada como um traste qualquer. Na casa
do Pai não há amedrontamento, nem pessoas alimentando-se com a síndrome do
pânico. Jesus foi muito evidente quando disse aos seus discípulos: Não
temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino.
Lucas 12:32. O rebanho pode ser pequeno, mas o reino
do Pai foi oferecido com prazer. Se nós vivermos com medo
não poderemos jamais viver pela fé. O medo é o avesso da fé. Quem teme não
consegue confiar, por esse motivo Jesus prontamente falou com firmeza aos
discípulos apavorados com medo de fantasma: Tende bom ânimo! Sou eu. Não
temais! Mateus 14:27.
O mundo está cheio de assombrações e as
tempestades são de arrepiar, mas quando o Pai está no comando e o seu amor é o
arrimo de nossa sorte, então não tem por que temer. Alguém disse que o medo é
o início da ansiedade, e esta, o fim da fé, mas a verdadeira fé varre a
ansiedade e apaga o medo. O medo veio com Adão e
paralisa as pessoas, mas em Jesus vem a fé que suscita o progresso espiritual.
Ele é o único agente e gerente da verdadeira fé. A vida cristã deve ser
conduzida, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o
qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo
caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus. Hebreus
12:2.
A teologia do medo é responsável por uma conduta
subserviente e bajuladora. Os escravos do temor só obedecem porque não há
alternativa. Entretanto, os filhos de Aba são pessoas livres que correspondem
livremente motivados pelo amor que estimula a fé. Na casa do amor, isto é, a
igreja do Deus vivo, ninguém é coagido com espantalhos apavorantes nem submetido
à tortura da punição. O Pai amoroso não é o deus do medo, também não é fobia, a
reverência a ele.
O filho de Aba crê no evangelho atraído pela boa notícia do amor revelado na cruz. O ico constrangimento que vemos aqui é a compulsão do amor incondicional demonstrado em Cristo, e isto é assunto de fé. Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. 2 Coríntios 5:14.
Soli Deo Glória.
| |
terça-feira, 2 de abril de 2013
CRISTO E REVELAÇÃO COMPLETA
Havendo Deus, outrora,
falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes
últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as
coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que
é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser
sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a
purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, tendo-se
tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles
Hebreus 1:1-4.
T. Austin-Sparks disse: “Não sei o que você procura agora, o que você está esperando, pelo que você está orando, mas Deus já tem dado tudo aquilo pelo qual você sempre orou ou pediu com relação a Ele. É presente, é agora. Ele não tem mais revelação a dar, apenas Aquele que Ele já deu. Revelação, agora e a partir de agora, não é uma nova verdade, mas apenas a luz sobre a Verdade”.
Tudo o que Deus tem
para nós está
Cristo é o criador do
universo. Esta é a outra grande riqueza do texto que estamos examinando. O
herdeiro de tudo é o criador de tudo. Se tivermos o herdeiro como a nossa
herança, teremos o criador do universo como o nosso bem supremo. Somos
herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, portanto, ninguém se glorie
nos homens; porque tudo é vosso: seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o
mundo, seja a vida, seja a morte, sejam as coisas presentes, sejam as futuras,
tudo é vosso, e vós, de Cristo, e Cristo, de Deus. 1Coríntios
3:21-23.
Aquele que recebeu a
Cristo como o seu Salvador e Senhor, recebeu o herdeiro de todas as coisas como
a sua herança e o criador da criatura como o seu patrimônio eterno. O Pai não
tem mais nada a nos dar, uma vez que ele já nos deu todas as coisas no criador
de tudo. Quem tem o Filho de Deus, o criador de tudo e herdeiro de todas as
coisas, tem a herança de tudo e a propriedade de todo o universo a seu dispor.
Cristo é tudo e em todos os que crêem. Isto é muito mais do
que palavras. Isto é o Testamento da verdade. Quem tem Cristo tem o suprimento
de todas as suas necessidades. Não fostes vós que me escolhestes a mim;
pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis
fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em
meu nome, ele vo-lo conceda. Joao 15:16.
Tudo isto é possível
porque ele é o resplendor da glória divina e a perfeita imagem do ser eterno.
Jesus Cristo é Deus na dimensão humana. Ele é totalmente Deus como se não fosse
homem e completamente homem como se não fosse Deus. Nesta estatura humana e
divina se constituiu o suporte de todas as coisas terrenas e sustentador de
todas as coisas eternas, pelo poder da sua palavra
imutável.
Como dizia C. H.
Spurgeon, “o grande criador da vontade está vivo para levar a efeito suas
próprias intenções”. Cristo é o executivo competente de todas as suas
requisições, por isso suas realizações ultrapassam até mesmo as suas promessas.
Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo
quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele
seja a glória, na igreja e
O herdeiro de todas as
coisas, o criador do universo, o Deus-Homem sustentador de tudo pela palavra do
seu poder é também o purificador dos pecados num só ato de misericórdia.
“Tomando o lugar do pecador na cruz, Jesus tornou-se tão inteiramente
responsável pelo pecado como se fosse totalmente culpado por ele”, e ao incluir
o condenado em sua morte, fez com que o réu fosse justificado de tal forma, que
nenhuma sentença poderá condená-lo. A obra da purificação
dos pecados e justificação dos pecadores é tão extra-ordinária que Jesus acabou
por assentar-se no seu trono de glória. Ora, o essencial das coisas que
temos dito é que possuímos tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono
da Majestade nos céus, como
ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu não o
homem. Hebreus 8:1-2.
O escritor desta carta
diz que o fundamental de tudo o que ele vem descrevendo até aqui é que temos um
sumo sacerdote assentado. Isto significa que a obra deste sumo sacerdote está
concluída e que não há mais nada a ser feito. O vocábulo Τετέλεσται (tetélestai)
da língua grega, isto é, o brado final e conclusivo do Calvário, “está
consumado”, fecha para sempre a possibilidade de qualquer
apelação. Jesus Cristo, na sua pessoa e em sua obra, expressa tudo o que
necessitamos para a nossa plena salvação, santificação e glorificação, tanto
agora como na eternidade. Como bem disse T. S. Eliot, “Cristo é o ponto fixo de
um universo instável”. A maré vai e vem,
mas a rocha permanece estável. Por isso, o que precisamos não é de mais
informações ou inovações, mas de maior revelação e intimidade com a pessoa de
nosso Senhor Jesus Cristo.
A crise da igreja atual
não é tanto falta do saber teológico como o colapso do relacionamento particular
e íntimo com a pessoa viva de Jesus Cristo. Hoje se lê muito sobre ele, mas
fica-se pouco tempo com ele. Lutero dizia que “uma masmorra com Cristo é um
trono, e um trono sem Cristo é um inferno”.
A
comunhão com Cristo é o principio do céu na terra e a resposta para os anseios
de nossa alma. Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a
minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem
água. Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na
terrra.
Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do
meu coração e a minha herança para sempre. Salmos 63:1 e
73:25-26.
|
Assinar:
Postagens (Atom)