quarta-feira, 28 de agosto de 2013

PERDÃO - NO REINO DE DEUS NÃO HÁ OPÇÃO



“Portanto, vós orareis assim: Pai nosso...perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;” Mt.6:9a e 12.
Quando ensinava a seus discípulos sobre como se deve orar, Jesus não deixa opção ao remido pela graça, em relação ao perdão, a não ser: perdoar.
A fim de que tivéssemos uma noção sobre o reino dos céus e novamente falando sobre perdão em forma de parábolas, Jesus nos ensina na “parábola do credor incompassivo” que se encontra no evangelho de Mateus, capítulo 18 a partir do verso 23, a qual citaremos em recortes na seguinte forma:
Por isso, o reino dos céus é semelhante a um rei que resolveu ajustar contas com os seus servos. E, passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos ... Então, o servo, prostrando-se reverente, rogou-lhe: Sê paciente comigo e tudo te pagarei. E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida. Mateus18:23-27. Vejam que Jesus Cristo compara o caráter perdoador do Pai com o reino dos céus. O servo é perdoado por seu senhor, de uma dívida impagável.
Paul Tripp, em seu livro: “Em busca de algo maior”, falando sobre o perdão, faz as seguintes indagações: “Por que é tão difícil admitir que estamos errados? Por que é tão difícil pedir perdão?” E prontamente responde: “Porque todos nós gostamos de pensar que somos mais justos do que realmente somos. E todos enxergamos melhor o pecado dos outros do que os nossos. Mas há algo mais acontecendo aqui. Estou profundamente convencido de que a nossa luta com o perdão é uma luta do reino.”
Cremos que o autor tem razão ao concluir que o perdão não é uma luta do homem. Em Daniel 9:9 está escrito: Ao Senhor, nosso Deus, pertence a misericórdia e o perdão, pois nos temos rebelado contra ele. A falta de perdão está intimamente ligada à natureza pecadora do homem, que o faz ser: egocêntrico, hipócrita, acusador e impaciente.
Contudo, contrariamente ao Reino de Deus, não podemos ignorar que existe o reino do ego, que é conduzido pela velha natureza.
Na mesma parábola do credor incompassivo, Jesus exemplifica a manifestação do caráter do velho homem com o comportamento do servo que foi perdoado em sua dívida impagável e não perdoou o que lhe devia bem menos, assim dizendo: Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: Paga-me o que me deves.Então, o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente comigo, e te pagarei. Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida. Mateus18:28-30. Jesus Cristo deixou bem claro que no reino de Deus há perdão ilimitado, enquanto que no reino do homem há um profundo egoísmo e ingratidão.
A Carta de Paulo aos Romanos, 2:1 nos exorta: Portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas quem quer que sejas; porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois praticas as próprias coisas que condenas. A falta de perdão é, na maioria das vezes, uma sentença de condenação sumária de nossa parte contra quem são nossos devedores ou ofensores. Erramos e pecamos ao ouvir e acreditar na voz do diabo que diz: como Deus sereis. (Gn 3:5). Na mesma linha de exortação, Paulo em Tiago 4:12 diz: Um só é Legislador e Juiz, aquele que pode salvar e fazer perecer; tu, porém, quem és, que julgas o próximo?
Por Deus, não nos é dado julgar, porém, essa é a ferramenta que mais frequentemente utilizamos para a justificativa do velho homem para a falta de perdão, como diz as Escrituras: Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. Mateus 7:1-2. Veja que, o que primeiro a medir é que será medido, e não o contrário. A Palavra diz que anossa justiça é como trapo de imundícia, (Is 64:6) e todos os nossos julgamentos contaminados. Somos incapazes de salvar alguém com a retenção de nosso perdão, como se isso pudesse educar ou corrigir.
Por Deus também não nos é dado não perdoar. Como já vimos, Jesus não nos deixa essa opção ao continuar ensinando através da parábola: Então, o seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti? E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda dívida. E Ele conclui: Assim também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão. Mateus18:32-35.
Até aqui vimos a parte do “perdoar”, porém, sabemos que há o outro lado que é a parte do “pedir o perdão”. Sobre isso, assim diz Paul Tripp: “Pedir perdão é tão difícil pelo que revela sobre a vida e sobre mim. Você não pode pedir perdão sem reconhecer que há algo na vida que é mais importante do que o progresso do seu próprio reino. Você não pode pedir perdão sem reconhecer a verdade de que foi criado para a glória de outro. Você não pode fazer uma confissão honesta, humilde, sem reconhecer que há coisas mais importantes na vida que começar seu próprio caminho e ser feliz. Você não pode admitir um erro sem ser atingido pelo fato de que existem coisas mais significativas do que seus sentimentos e maiores do que a maneira como você lida com eles.”
Pedir perdão, significa: reconhecer, confessar, arrepender-se e aceitar entregar seus “direitos” nas mãos de outro. Perdoar, é aceitar o outro como ele é. Sem exigir que ele mude naquilo que ele não é capaz de fazê-lo sem a vida de Cristo.
A grande dificuldade, na verdade, não está em “pedir perdão”, mas, em reconhecer que não temos nenhum poder para sermos reis de nada, muito menos de nós mesmos. Quem foi que disse que eu sou rei? Que tenho alguma capacidade de ser o senhor de minha vida ou da vida de outrem? Que posso ser como Deus? Foi Satanás.
E Deus? O que foi que Deus disse por meio de Jesus Cristo? Que sou pecador e como pecador careço de perdão, misericórdia e graça. Doce e maravilhosa graça! Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho de Deus, dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho. Marcos1:14-15. E, através de Paulo também disse: mas Deus, assim, cumpriu o que dantes anunciara por boca de todos os profetas: que o seu Cristo havia de padecer. Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, na presença do Senhor, venham tempos de refrigério... Atos 3:18-20.
Quando Deus nos perdoa em Cristo Jesus, Ele nos aceita como somos, não pelo que fazemos ou deixamos de fazer. Ele nos ama incondicionalmente. Aliás, como bem disse Philip Yancey em seu livro Maravilhosa Graça: “Não há nada que você possa fazer para Deus te amar mais e não há nada que você possa fazer para Deus te amar menos.”
Obviamente que eu creio no que Deus disse. E nessa condição posso reconhecer que necessito de salvação e de santidade. Todos os pecadores carecem desesperadamente de salvação, e todos os salvos carecem desesperadamente de santidade. A diferença entre o servo que não perdoa, e o senhor que perdoa, é a vida de Cristo. Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo. E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. 2 Coríntios 5:14-17.
Contudo, há um caminho de fé a ser percorrido para que o mesmo perdão que habita no coração do Pai, venha habitar no nosso coração de todo aquele que crê, e assim, haja uma transformação de morte do velho homem para o nascimento de uma nova criatura, e esse caminho, chama-se Jesus Cristo – porquanto quem morreu está justificado do pecado. Romanos 6:7.
Por isso que Jesus disse: E eu quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. João 12:32. Porque fomos atraídos em seu corpo na crucificação, o escrito de dívida que era contra nós, e nos era prejudicial, foi inteiramente cancelado e encravado na cruz (Cl 2:14). E, por este motivo, pela fé, foi crucificado com Cristo o nosso velho homem (Rm 6:6). Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos (Rm 6:8). Pois, aquele que crê que já morreu, de uma vez para sempre morreu para o pecado (falta de perdão), mas quanto a viver, vive para Deus, em Cristo Jesus (Rm 6:10-11).
Lembre-se, em Cristo somos novas criaturas, e como diz em Lucas 6:37-38: Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados; dai, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também.
Contudo, nada disso é possível sem a vida de Cristo. Não somos nós que perdoamos e pedimos perdão, é Cristo em nós. Por isso que o próprio Jesus disse: Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. João 15:5.
No conhecer a Cristo e permanecer Nele está a essência do viver cristão. É uma aventura que permite um deslumbramento diante de coisas que antes pareciam impossíveis a nós. Como perdoar alguém! É a vida Dele se manifestando em nós, de fé em fé, de glória em glória ... no caminhar Nele. Louvado seja o Pai celestial que nos presenteou com a vida de Seu Filho!! Amém.

Soli Deo Glória

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