sábado, 11 de agosto de 2012

GRAÇA E GRATIDÃO

Rogo-vos, portanto, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Romanos 12:1-2.
Este apelo prova que a obediência aceitável é sempre a resposta grata de corações remidos às inúmeras misericórdias de Deus. “Portanto” diz o apóstolo, introduz a conclusão do argumento apresentado anteriormente. A doutrina cristã nunca é ensinada para prover uma espécie de “iluminação” do intelecto, mas para promover um andar santo. O fato de que o apóstolo Paulo tenha escolhido pedir, e não ordenar, mostra a natureza voluntária da resposta daqueles que experimentaram as misericórdias de Deus.
“Que apresenteis os vossos corpos”: Posto que os nascidos de novo morreram para o pecado, não devem continuar apresentando seus membros ao pecado como “armas da iniqüidade”. Mas devem apresentar os seus membros, de uma vez por todas, como convém àqueles que foram alcançados pelas misericórdias de Deus. A revelação daquilo que Deus fez por nós, apresentado pelo apóstolo Paulo nos capítulos anteriores, deve servir de base para a entrega de nossos corpos a Deus. O termo “corpos” não quer dizer simplesmente o nosso corpo físico, mas toda a nossa personalidade, composta de corpo, alma e espírito.
O pedido é para que o nosso corpo seja oferecido a Deus em forma de sacrifício vivo. Isto significa que nós não nos pertencemos mais, e que, agora, pertencemos a Deus.O mesmo corpo, através do qual o pecado uma vez encontrou sua expressão concreta, deve ser agora apresentado a Deus como veículo de santidade. Porém, isto não pode acontecer se, primeiro, não perdermos a nossa própria vida. Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á. Mateus 10:39.
“Em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”: Ao qualificar os nascidos de novo, de sacrifício vivo, o apóstolo Paulo está se referindo à nova vida que recebemos pela ressurreição, isto é, à nova vida em Cristo que deve ser então apresentada a Deus. Os salvos por meio de Cristo encontram sua aceitação por Deus através de Seu Filho: Para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado. Efésios 1:6.
O termo “santo” mostra a natureza do sacrifício realizado pelo nosso Senhor, que nos tornamos santos, isto é, separados do mundo para Deus. O cristão, que tem por quinhão a glória de Cristo e que tem o seu “mundo”, a sua vida, as suas verdadeiras associações lá onde Cristo entrou, já não deve, e não pode como cristão, puxar o carro da vida numa marcha comum com o “mundo”. Não é só ser separado para estarmos na posição de filhos, mas para entrarmos na relação de filhos a fim de sermos conformados à imagem de Seu Filho.
“Que é o vosso culto racional”: A superioridade do novo pacto é demonstrada pela substituição do oferecimento ritualístico de um corpo morto pela consagração racional de um corpo vivo. Esta dedicação dos corpos ao serviço ou adoração a Deus deve ser governada pela palavra de Deus. Não é algo ininteligível ou sem conhecimento, mas um serviço ou adoração em harmonia com a revelação de Deus. No sentido bíblico, o culto racional é caracterizado por uma devoção inteligente. Ao denominar o culto que Deus ordena de racional, Ele repudia tudo que contraria as normas de sua palavra. Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade. João 4:21-24.
“Adorarão o Pai em espírito e em verdade”: Quer dizer que o culto que os salvos prestam deve corresponder à natureza de Deus, que é Espírito. O grande princípio a que devemos nos apegar é que a adoração que prestamos a Deus está intimamente ligada à Palavra de Deus. Por isso, é sempre perigoso separar a adoração da verdade de Deus. O culto racional ou a adoração que celebramos a Deus é inteligente porque tem por base a palavra de Deus. O Espírito Santo nunca fará nada que entre em contradição com a revelação de Deus. A verdade e o Espírito geralmente andam juntos.
E não vos conformeis com este século ou mundo”: Ainda que o termo “mundo” traga em si muitos significados, aqui ele significa o caráter e a conduta dos homens. “Não se amoldem”, diz a palavra de Deus, às modas passageiras deste mundo, nem sejam moldados por elas, mas passem por uma mudança profunda e permanente na renovação das suas mentes, que apenas o Espírito de Deus pode operar em vocês. Visto que o mundo todo jaz no maligno, então devemos despir-nos de tudo quanto pertence à natureza humana, se verdadeiramente anelamos por revestir-nos de Cristo. Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e ciúmes; mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências. Romanos 13:13-14.
Estes são os dois grandes princípios subjetivos do Cristão: Primeiro, ter-se despojado do velho homem e revestido do novo, depois ser a morada do Espírito Santo. Não pode haver nada mais precioso do que este modelo de vida cristã, fundado sobre o fato de sermos uma nova criação. O novo homem, criado segundo Deus, e a presença do Espírito Santo vão nos conformar à imagem Daquele que nos criou.
“Para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”: O propósito da renovação da mente é que os cristãos sejam capazes de experimentar, na prática, a vontade de Deus. Os três adjetivos servem para mostrar que a vontade de Deus provê um padrão perfeito para o viver cristão. Devemos nos despojar da nossa própria vontade, pois essa nossa vontade está mal dirigida e divorciada da vontade de Deus. Quando nossa vontade está em harmonia com Sua vontade, nós almejamos que ela diga: “Eu quero” ou “eu não quero”. Como disse Fenelon: A vontade de amar a Deus é a religião em seu todo.
E, quando a nossa vontade estiver em harmonia com a vontade de Deus, podemos expressar com toda a honestidade: Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra. Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre. Salmos 73:25-26. Essa foi a maneira como o salmista se expressou ao falar do seu relacionamento com Deus. O que quer que possamos ter fora disso, o que quer que sejamos capazes de dizer além disso jamais nos satisfará enquanto não chegarmos a esse ponto. Essa é a meta. Satisfazer-nos com qualquer coisa menos que isso, por melhor que seja, em certo sentido, é negar o amor de Deus, pois o grande propósito de Deus é nos atrair para Si. De longe se me deixou ver o SENHOR, dizendo: Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí. Jeremias 31:3.
Deus nos formou, nos formou para Si. Ele fez o homem para a Sua glória, com a intenção de que o homem viva inteiramente para Ele. O fim principal do homem é glorificar a Deus e gozá-Lo para sempre, e se você não está fazendo isso, é pecador do pior tipo, saiba-o e sinta-o ou não.
Experimentar ou conhecer a Deus se dá por um envolvimento pessoal que abrange a mente, a vontade e os sentimentos. Caso contrário, não seria realmente um envolvimento total. Para conhecer outra pessoa, precisamos nos dedicar a seus interesses, procurar sua companhia e estar prontos a nos identificar com suas preocupações. Sem isso, o relacionamento será apenas superficial, sem sabor ou insípido. Do mesmo modo, não conheceremos a vontade de Deus se não tivermos “experimentando” a Sua companhia ou amizade. A intimidade do SENHOR é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança. Salmos 25:14.
Precisamos da revelação ou do conhecimento íntimo de que estamos na presença de Deus. E a revelação desse fato exercerá uma influência poderosa sobre a nossa vida. Se ganhássemos a consciência de Sua presença ou, ao menos, nos lembrássemos de que Deus ouve todas as nossas palavras e vê todos os nossos pensamentos e todos os nossos atos, quão diferente seria o nosso comportamento! Não falaríamos falsamente, não conversaríamos loucamente, não falaríamos mal do outro, não falaríamos asperamente com ninguém, se tão-somente tivéssemos a lembrança da presença de Deus. Numa palavra, a consciência da presença do Senhor, da qual a Bíblia tanto fala, as más palavras e as más ações dariam lugar a um sentimento verdadeiro. SENHOR, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos. Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os meus caminhos. Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a conheces toda.Tu me cercas por trás e por diante e sobre mim pões a mão. Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim: é sobremodo elevado, não o posso atingir. Salmos 139:1-6.
O salmista não vê esta presença como algo ruim, punitivo ou “estraga prazer”. Não! Ao contrário, esse conhecimento da presença de Deus foi visto como algo maravilhoso: Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim! Como estaríamos livres de preocupações pessoais, se tivéssemos tal sentimento! Como seríamos verdadeiros nos relacionamentos!
Que tenhamos a revelação ou a consciência da Sua presença continuamente em nossos corações, para que, assim, a nossa vida diária possa brilhar para Seu louvor. Graça e gratidão por toda a eternidade! Amém. 

Solo Deo Glória.   

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