Rogo-vos,
portanto, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por
sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não
vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de
Deus. Romanos 12:1-2.
Este apelo prova que a obediência
aceitável é sempre a resposta grata de corações remidos às inúmeras
misericórdias de Deus. “Portanto” diz o apóstolo, introduz a conclusão do
argumento apresentado anteriormente. A doutrina cristã nunca é ensinada para
prover uma espécie de “iluminação” do intelecto, mas para promover um andar
santo. O fato de que o apóstolo Paulo tenha escolhido pedir, e não ordenar,
mostra a natureza voluntária da resposta daqueles que experimentaram as
misericórdias de Deus.
“Que apresenteis os vossos corpos”:
Posto que os nascidos de novo morreram para o pecado, não devem continuar
apresentando seus membros ao pecado como “armas da iniqüidade”. Mas devem
apresentar os seus membros, de uma vez por todas, como convém àqueles que foram
alcançados pelas misericórdias de Deus. A revelação daquilo que Deus fez por
nós, apresentado pelo apóstolo Paulo nos capítulos anteriores, deve servir de
base para a entrega de nossos corpos a Deus. O termo “corpos” não quer dizer
simplesmente o nosso corpo físico, mas toda a nossa personalidade, composta de
corpo, alma e espírito.
O pedido é para que o nosso corpo
seja oferecido a Deus em forma de sacrifício vivo. Isto significa que nós não
nos pertencemos mais, e que, agora, pertencemos a Deus.O mesmo corpo, através do
qual o pecado uma vez encontrou sua expressão concreta, deve ser agora
apresentado a Deus como veículo de santidade. Porém, isto não pode acontecer se,
primeiro, não perdermos a nossa própria vida. Quem acha a sua vida
perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á. Mateus
10:39.
“Em sacrifício vivo, santo e
agradável a Deus”: Ao qualificar os nascidos de novo, de sacrifício vivo, o
apóstolo Paulo está se referindo à nova vida que recebemos pela ressurreição,
isto é, à nova vida em Cristo que deve ser então apresentada a Deus. Os salvos
por meio de Cristo encontram sua aceitação por Deus através de Seu Filho:
Para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado.
Efésios 1:6.
O termo “santo” mostra a natureza do
sacrifício realizado pelo nosso Senhor, que nos tornamos santos, isto é,
separados do mundo para Deus.
O cristão, que tem por quinhão a glória de Cristo e que tem o seu
“mundo”, a sua vida, as suas verdadeiras associações lá onde Cristo entrou, já
não deve, e não pode como cristão, puxar o carro da vida numa marcha comum com o
“mundo”. Não é só ser separado para
estarmos na posição de filhos, mas para entrarmos na relação de filhos a fim de
sermos conformados à imagem de Seu Filho.
“Que é o vosso culto racional”: A
superioridade do novo pacto é demonstrada pela substituição do oferecimento
ritualístico de um corpo morto pela consagração racional de um corpo vivo. Esta
dedicação dos corpos ao serviço ou adoração a Deus deve ser governada pela
palavra de Deus. Não é algo ininteligível ou sem conhecimento, mas um serviço ou
adoração em harmonia com a revelação de Deus. No sentido bíblico, o culto
racional é caracterizado por uma devoção inteligente. Ao denominar o culto que
Deus ordena de racional, Ele repudia tudo que contraria as normas de sua
palavra. Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem
neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai.
Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a
salvação vem dos judeus. Mas vem a hora
e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em
verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é
espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e
“Adorarão o Pai em espírito e em
verdade”: Quer dizer que o culto que os salvos prestam deve corresponder à
natureza de Deus, que é Espírito. O grande princípio a que devemos nos apegar é
que a adoração que prestamos a Deus está intimamente ligada à Palavra de Deus.
Por isso, é sempre perigoso separar a adoração da verdade de Deus. O culto
racional ou a adoração que celebramos a Deus é inteligente porque tem por base a
palavra de Deus. O Espírito Santo nunca fará nada que entre em contradição com a
revelação de Deus. A verdade e o Espírito geralmente andam juntos.
“E não vos conformeis com este século
ou mundo”: Ainda que o termo “mundo” traga em si muitos significados, aqui ele
significa o caráter e a conduta dos homens. “Não se amoldem”, diz a palavra de
Deus, às modas passageiras deste mundo, nem sejam moldados por elas, mas passem
por uma mudança profunda e permanente na renovação das suas mentes, que apenas o
Espírito de Deus pode operar
Estes são os dois grandes princípios
subjetivos do Cristão: Primeiro, ter-se despojado do velho homem e revestido do
novo, depois ser a morada do Espírito Santo. Não pode haver nada mais precioso
do que este modelo de vida cristã, fundado sobre o fato de sermos uma nova
criação. O novo homem, criado segundo Deus, e a presença do Espírito Santo vão
nos conformar à imagem Daquele que nos criou.
“Para que experimenteis qual seja a
boa, agradável e perfeita vontade de Deus”: O propósito da renovação da mente é
que os cristãos sejam capazes de experimentar, na prática, a vontade de Deus. Os
três adjetivos servem para mostrar que a vontade de Deus provê um padrão
perfeito para o viver cristão. Devemos
nos despojar da nossa própria vontade, pois essa nossa vontade está mal dirigida
e divorciada da vontade de Deus. Quando nossa vontade está em harmonia com Sua
vontade, nós almejamos que ela diga: “Eu quero” ou “eu não quero”. Como disse Fenelon: A vontade de amar a
Deus é a religião em seu todo.
E, quando a nossa vontade estiver em
harmonia com a vontade de Deus, podemos expressar com toda a honestidade:
Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra. Ainda que a minha carne e o meu coração
desfaleçam, Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre.
Salmos 73:25-26. Essa foi a maneira
como o salmista se expressou ao falar do seu relacionamento com Deus. O que quer
que possamos ter fora disso, o que quer que sejamos capazes de dizer além disso
jamais nos satisfará enquanto não chegarmos a esse ponto. Essa é a meta.
Satisfazer-nos com qualquer coisa menos que isso, por melhor que seja, em certo
sentido, é negar o amor de Deus, pois o grande propósito de Deus é nos atrair
para Si. De longe se me deixou ver o SENHOR, dizendo: Com amor eterno eu te
amei; por isso, com benignidade te atraí. Jeremias
31:3.
Deus nos formou, nos formou para Si.
Ele fez o homem para a Sua glória, com a intenção de que o homem viva
inteiramente para Ele. O fim
principal do homem é glorificar a Deus e gozá-Lo para sempre, e se você não está
fazendo isso, é pecador do pior tipo, saiba-o e sinta-o ou não.
Experimentar ou conhecer a Deus se
dá por um envolvimento pessoal que abrange a mente, a vontade e os sentimentos.
Caso contrário, não seria realmente um envolvimento total. Para conhecer outra
pessoa, precisamos nos dedicar a seus interesses, procurar sua companhia e estar
prontos a nos identificar com suas preocupações. Sem isso, o relacionamento será
apenas superficial, sem sabor ou insípido. Do mesmo modo, não conheceremos a
vontade de Deus se não tivermos “experimentando” a Sua companhia ou amizade.
A intimidade do SENHOR é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a
sua aliança. Salmos 25:14.
Precisamos da revelação ou do
conhecimento íntimo de que estamos na presença de Deus. E a revelação desse fato
exercerá uma influência poderosa sobre a nossa vida. Se ganhássemos a
consciência de Sua presença ou, ao menos, nos lembrássemos de que Deus ouve
todas as nossas palavras e vê todos os nossos pensamentos e todos os nossos
atos, quão diferente seria o nosso comportamento! Não falaríamos falsamente, não
conversaríamos loucamente, não falaríamos mal do outro, não falaríamos
asperamente com ninguém, se tão-somente tivéssemos a lembrança da presença de
Deus. Numa palavra, a consciência da presença do Senhor, da qual a Bíblia tanto
fala, as más palavras e as más ações dariam lugar a um sentimento verdadeiro.
SENHOR, tu me sondas e me conheces.
Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus
pensamentos. Esquadrinhas o meu andar e
o meu deitar e conheces todos os meus caminhos.
Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a conheces
toda.Tu me cercas por trás e por diante e sobre mim pões a mão. Tal conhecimento é maravilhoso demais para
mim: é sobremodo elevado, não o posso atingir.
Salmos 139:1-6.
O salmista não vê esta presença como
algo ruim, punitivo ou “estraga prazer”. Não! Ao contrário, esse conhecimento da
presença de Deus foi visto como algo maravilhoso: Tal conhecimento é
maravilhoso demais para mim! Como estaríamos livres de preocupações
pessoais, se tivéssemos tal sentimento! Como seríamos verdadeiros nos
relacionamentos!
Que tenhamos a revelação ou a
consciência da Sua presença continuamente em nossos corações, para que, assim, a
nossa vida diária possa brilhar para Seu louvor. Graça e gratidão por toda a
eternidade! Amém.
Solo Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
sábado, 11 de agosto de 2012
GRAÇA E GRATIDÃO
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