sábado, 25 de agosto de 2012

A FÉ SEM OBRAS É MORTA

Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão.” Gálatas 2:19-21.
A confissão que o Apóstolo Paulo faz nos versículos 19 e 20 do capítulo 2 de sua Carta escrita aos Gálatas é importantíssima para o nosso entendimento em relação à vida regenerada e à sedimentação de nossa experiência de fé. Porém, o verso 21, com o qual não temos tanta intimidade, não é menos importante para o “conhecimento da verdade” e entendimento quanto ao viver pela justiça de Cristo, que se opera por meio da graça. Pois, se assim não fosse, a justiça seria aplicada mediante a lei, e a verdade, é que teria Cristo morrido em vão.
A convicção de pecado é o primeiro passo para uma nova experiência de vida. Entre os salvos, é uma nova visão da Cruz e da redenção consumada em Cristo Jesus. A vida que vivo agora na carne tem um olhar duplo, para o pecado do qual fui resgatado e para a obra de Cristo na cruz que me libertou dele. Por isso Paulo nos recomenda: “Levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também sua vida se manifeste em nosso corpo.” 2 Coríntios 4:10
O arrependimento, o quebrantamento, a confissão e a restituição ou restauração, são os passos seguintes que compõem uma vida de plenitude na presença do Pai. Chamamos de vida plena, o ato da salvação e o processo da santificação ou vida em santidade.
Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” João 14:6; 8:32 e 36.
Dia desses, estava eu me deleitando na leitura do estudo intitulado “O Evangelho para os evangélicos” escrito pelo irmão Claudio Morandi, pastor da nossa Congregação de São José do Rio Preto, que, com muita propriedade e com certeza sob a unção do Espírito Santo de Deus, redigiu o seguinte texto:
“A verdadeira graça procede de Jesus, por isso não se precisa afirmar a graça ao lado de Cristo, pois sem Cristo não há graça. E graça é favor imerecido, ou seja, “é Deus dando e fazendo tudo a quem nada merece.” É o 'cordeiro que foi imolado desde a fundação do mundo', que é o precipitador e mantenedor de toda graça. É por isto que não podemos falar Cristo e a graça, porque sem Cristo não há graça. Também não podemos dizer só Cristo mais a fé, porque sem Cristo não há fé. Não podemos dizer só Cristo mais as Escrituras, porque as Escrituras concorrendo com Jesus esquizofreniza a mente, por isso o que nós precisamos é só de Jesus. As Escrituras Sagradas serão realmente entendidas verdadeiramente quando lidas a partir do Verbo Encarnado.”
E é nesse sentido, meus irmãos, que hoje queremos traçar um paralelo de nossas vidas encarnadas com a vida de Cristo e as Escrituras Sagradas.
Muitas vezes somos tentados pela nossa própria soberba espiritual de acharmos que a plenitude da salvação e da santidade está em sermos exímios ouvintes da Palavra; conhecedores das Escrituras; assíduos leitores da Bíblia; e ferrenhos militantes de todas as atividades da igreja.
Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Mas aquele que considera atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar.” Tiago 1:22-25.
Outros vêm as Escrituras como poesia, de forma romântica, mas não as tomam de forma racional e pratica em suas vidas. “Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo falam de ti junto aos muros e nas portas das casas; fala um com o outro, cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e ouvi qual é a palavra que procede do SENHOR. Eles vêm a ti, como o povo costuma vir, e se assentam diante de ti como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois, com a boca, professam muito amor, mas o coração só ambiciona lucro. Eis que tu és para eles como quem canta canções de amor, que tem voz suave e tange bem; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra. Ezequiel 33:30-32. O conhecimento de algo pode não se transformar em ação. Em Colossenses 3:15(NVI) diz: “Que a paz de Cristo seja o juiz em seu coração, visto que vocês foram chamados para viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam agradecidos.” Quando não agimos segundo a paz de Deus em nosso coração, algo está errado. Muitas vezes não fazemos o que devíamos e ficamos nos justificando procurando apaziguar a nossa consciência.
Meus irmãos, permitamos que o Espírito Santo venha trazer compreensão do texto aos nossos corações, a fim de que não tenhamos um entendimento equivocado a respeito da manifestação da vida de Cristo através de nossos atos. Quando o texto fala em “ouvir” e “praticar”, é preciso entender que não temos nenhuma condição de colocar em prática os propósitos de Deus em nossas vidas, somente pelo ouvir, ler e falar, sem que a ação da lei perfeita ou da lei da liberdade, o Evangelho da Salvação venham poderosamente operar uma obra de morte e ressurreição EM CRISTO, em nós.
Como vimos, a graça está em Cristo, a justiça está em Cristo, a fé está em Cristo e a revelação das Escrituras aponta para a pessoa de Cristo. Não há graça sem Cristo, não há justiça sem Cristo, não há fé sem Cristo, não há salvação fora da pessoa de Cristo e não há sentido nas Escrituras sem a exaltação de Cristo Jesus Nosso Senhor.
Porém, em Cristo tudo foi consumado. “Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida.” Apocalipse 21:6.
Em Gálatas, Paulo afirma que não anula a graça de Deus e que a justiça de Deus não procede de lei, mas da graça. Em 1 Coríntios 15:10, com a mesma coerência, própria do Espírito, ele diz: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo.”
Diferentemente do que muitos salvos possam entender o trabalho pode não ser sinônimo de religião ou de humanismo. O que faz a diferença é a motivação que resulta no trabalho ou a fonte geradora do esforço. Mas não se iludam o amor derramado por Deus em nossos corações nos impele em direção ao nosso próximo, às suas necessidades, às suas dores, às suas alegrias, simplesmente porque Aquele que mora em nós veios para servir! “Quando o homem caiu e escolheu fazer de si mesmo - em vez de Deus - o centro da sua vida, o resultado não só foi o homem perder a comunhão com Deus, mas também com o seu semelhante” (Roy Hession). Precisamos permanecer em Cristo para que Ele mesmo nos dirija em nosso caminho de serviço.
A Bíblia nos garante que a salvação veio a nós por meio e por graça do Senhor Jesus (Atos 15:11). Logo, nenhum trabalho e nenhum esforço gerado por mérito do homem foi necessário ou fez qualquer diferença em relação à salvação, mas a graça do Senhor Jesus.
Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras.” Tito 2:11-14.
Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” Efésios 2:8-10.
Nenhum poder, nenhum mérito, nenhum trabalho, nenhuma contribuição, tivemos, temos ou teremos que possam influenciar ou ter influenciado na obra salvadora que Cristo Jesus já consumou na Cruz em nosso favor. Foi somente a graça de Deus que se manifestou salvadora a todos os homens, sem que nenhum deles merecesse ou tivesse feito algo para merecer, mas, foi por pura misericórdia. “Não há nada que você possa fazer para Deus te amar mais; e não há nada que você possa fazer para Deus te amar menos". Philip Yancey - Livro Maravilhosa Graça).
Dito isso, voltamos então ao nosso tema que é: O que ocorre entre o ouvir e o praticar?
Está escrito que o Espírito Santo de Deus veio para nos convencer do pecado, da justiça e do juízo. Pois bem, uma vez que ouvimos a voz do Espírito, somos convencidos da presença do pecado em nós, e daí não temos alternativas para a salvação, senão receber a justificação consumada pelo sangue de Jesus que foi derramado na Cruz em nosso favor – o preço foi pago. A alegre experiência do poder do sangue de Jesus nos limpa completamente do pecado e restaura e cura tudo que o pecado arruinou e nos fez perder.
A justiça de Deus opera mediante a Sua graça.
A autoridade espiritual é baseada num paradoxo. Jesus disse: “Quem quiser ser o primeiro entre vós, será o último e servo de todos.” Mateus 20:27. Ele mesmo deu uma demonstração prática deste princípio quando lavou os pés dos discípulos. A fonte dessa autoridade não é o orgulho, nem a força, e nem a autoconfiança, mas a humildade. O paradoxo é um rei que lava os pés de seus súditos! Aquele que quiser exercer autoridade espiritual deve ser o servo de todos ... e estar disposto a morrer em favor daqueles por quem é responsável! “Tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” Mateus 20:28.
A fé não é uma fortaleza onde nos refugiamos para ficar acima dos conflitos e tribulações da vida. É antes uma arma com o qual enfrentamos todas as batalhas e embates que se nos apresentam. Sofremos golpes e derrotas; ficamos como que presos no solo das incertezas e dúvidas; mas permanecemos na luta. E vencemos porque ousamos exercitar nossa fé. A fé não nos coloca numa posição privilegiada em que podemos dispensar a experiência e de onde contemplamos a realidade de Deus, numa espécie de esplendor à parte. Ao contrário, a fé deve poder ser aplicada na cozinha, no escritório, nas quadras de jogos etc. Não nos retira do dia a dia, mas traz Deus para eles.” Larry Christenson.
Não sejamos ouvintes negligentes, mas pelo poder de Cristo que nos tirou das trevas e nos transportou para o Seu Reino de luz, e transformou o velho em novo, sejamos operosos praticantes. Não mais eu, mas Cristo em mim. Amém.
 
Solo Deo Glória.

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