“Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim
de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive,
mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no
Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Não anulo a graça
de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em
vão.” Gálatas 2:19-21.
A confissão que o Apóstolo Paulo faz nos versículos 19 e 20 do
capítulo 2 de sua Carta escrita aos Gálatas é importantíssima para o nosso
entendimento em relação à vida regenerada e à sedimentação de nossa experiência
de fé. Porém, o verso 21, com o qual não temos tanta intimidade, não é menos
importante para o “conhecimento da verdade” e entendimento quanto ao viver pela
justiça de Cristo, que se opera por meio da graça. Pois, se assim não fosse, a
justiça seria aplicada mediante a lei, e a verdade, é que teria Cristo morrido
em vão.
A convicção de pecado é o primeiro passo para uma nova
experiência de vida. Entre os salvos, é uma nova visão da Cruz e da redenção
consumada em Cristo Jesus. A vida que vivo agora na carne tem um olhar duplo,
para o pecado do qual fui resgatado e para a obra de Cristo na cruz que me
libertou dele. Por isso Paulo nos recomenda: “Levando sempre no corpo o
morrer de Jesus, para que também sua vida se manifeste em nosso corpo.” 2
Coríntios 4:10
O arrependimento, o quebrantamento, a confissão e a restituição
ou restauração, são os passos seguintes que compõem uma vida de plenitude na
presença do Pai. Chamamos de vida plena, o ato da salvação e o processo da
santificação ou vida em santidade.
“Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a
vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” “E conhecereis a verdade, e a verdade
vos libertará.” “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.”
João 14:6; 8:32 e 36.
Dia desses, estava eu me deleitando na leitura do estudo
intitulado “O Evangelho para os evangélicos” escrito pelo irmão Claudio Morandi,
pastor da nossa Congregação de São José do Rio Preto, que, com muita propriedade
e com certeza sob a unção do Espírito Santo de Deus, redigiu o seguinte
texto:
“A verdadeira graça procede de Jesus, por isso não se precisa
afirmar a graça ao lado de Cristo, pois sem Cristo não há graça. E graça é favor
imerecido, ou seja, “é Deus dando e fazendo tudo a quem nada merece.” É o
'cordeiro que foi imolado desde a fundação do mundo', que é o precipitador e
mantenedor de toda graça. É por isto que não podemos falar Cristo e a graça,
porque sem Cristo não há graça. Também não podemos dizer só Cristo mais a fé,
porque sem Cristo não há fé. Não podemos dizer só Cristo mais as Escrituras,
porque as Escrituras concorrendo com Jesus esquizofreniza a mente, por isso o
que nós precisamos é só de Jesus. As Escrituras Sagradas serão realmente
entendidas verdadeiramente quando lidas a partir do Verbo Encarnado.”
E é nesse sentido, meus irmãos, que hoje queremos traçar um
paralelo de nossas vidas encarnadas com a vida de Cristo e as Escrituras
Sagradas.
Muitas vezes somos tentados pela nossa própria soberba
espiritual de acharmos que a plenitude da salvação e da santidade está em sermos
exímios ouvintes da Palavra; conhecedores das Escrituras; assíduos leitores da
Bíblia; e ferrenhos militantes de todas as atividades da igreja.
“Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente
ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e
não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto
natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de
como era a sua aparência. Mas aquele que considera atentamente, na lei perfeita,
lei da liberdade e nela persevera, não sendo ouvinte
negligente, mas operoso praticante, esse será
bem-aventurado no que realizar.” Tiago 1:22-25.
Outros vêm as Escrituras como poesia, de forma romântica, mas
não as tomam de forma racional e pratica em suas vidas. “Quanto a ti, ó filho
do homem, os filhos do teu povo falam de ti junto aos muros e nas portas das
casas; fala um com o outro, cada um a seu irmão, dizendo: Vinde, peço-vos, e
ouvi qual é a palavra que procede do SENHOR. Eles vêm a ti, como o povo costuma
vir, e se assentam diante de ti como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não
as põem por obra; pois, com a boca, professam muito amor, mas o coração só
ambiciona lucro. Eis que tu és para eles como quem canta canções de amor, que
tem voz suave e tange bem; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por
obra. Ezequiel 33:30-32. O conhecimento de algo pode não se transformar em
ação. Em Colossenses 3:15(NVI) diz: “Que a paz de Cristo seja o juiz em seu
coração, visto que vocês foram chamados para viver em paz, como membros de um só
corpo. E sejam agradecidos.” Quando não agimos segundo a paz de Deus em
nosso coração, algo está errado. Muitas vezes não fazemos o que devíamos e
ficamos nos justificando procurando apaziguar a nossa consciência.
Meus irmãos, permitamos que o Espírito Santo venha trazer
compreensão do texto aos nossos corações, a fim de que não tenhamos um
entendimento equivocado a respeito da manifestação da vida de Cristo através de
nossos atos. Quando o texto fala em “ouvir” e “praticar”, é preciso entender que
não temos nenhuma condição de colocar em prática os propósitos de Deus em nossas
vidas, somente pelo ouvir, ler e falar, sem que a ação da lei perfeita ou da lei
da liberdade, o Evangelho da Salvação venham poderosamente operar uma obra de
morte e ressurreição EM CRISTO, em nós.
Como vimos, a graça está em Cristo, a justiça está em Cristo, a
fé está em Cristo e a revelação das Escrituras aponta para a pessoa de Cristo.
Não há graça sem Cristo, não há justiça sem Cristo, não há fé sem Cristo, não há
salvação fora da pessoa de Cristo e não há sentido nas Escrituras sem a
exaltação de Cristo Jesus Nosso Senhor.
Porém, em Cristo tudo foi consumado. “Disse-me ainda: Tudo
está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede,
darei de graça da fonte da água da vida.” Apocalipse 21:6.
Em Gálatas, Paulo afirma que não anula a graça de Deus e que a
justiça de Deus não procede de lei, mas da graça. Em 1 Coríntios 15:10, com a
mesma coerência, própria do Espírito, ele diz: “Mas, pela graça de Deus, sou
o que sou, e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes,
trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus
comigo.”
Diferentemente do que muitos salvos possam entender o trabalho
pode não ser sinônimo de religião ou de humanismo. O que faz a diferença é a
motivação que resulta no trabalho ou a fonte geradora do esforço. Mas não se
iludam o amor derramado por Deus em nossos corações nos impele em direção ao
nosso próximo, às suas necessidades, às suas dores, às suas alegrias,
simplesmente porque Aquele que mora em nós veios para servir! “Quando o homem
caiu e escolheu fazer de si mesmo - em vez de Deus - o centro da sua vida, o
resultado não só foi o homem perder a comunhão com Deus, mas também com o seu
semelhante” (Roy Hession). Precisamos permanecer em Cristo para que Ele
mesmo nos dirija em nosso caminho de serviço.
A Bíblia nos garante que a salvação veio a nós por meio e por
graça do Senhor Jesus (Atos 15:11). Logo, nenhum trabalho e nenhum esforço
gerado por mérito do homem foi necessário ou fez qualquer diferença em relação à
salvação, mas a graça do Senhor Jesus.
“Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos
os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas,
vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita
esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo
Jesus, o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e
purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras.”
Tito 2:11-14.
“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não
vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos
feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão
preparou para que andássemos nelas.” Efésios 2:8-10.
Nenhum poder, nenhum mérito, nenhum trabalho, nenhuma
contribuição, tivemos, temos ou teremos que possam influenciar ou ter
influenciado na obra salvadora que Cristo Jesus já consumou na Cruz em nosso
favor. Foi somente a graça de Deus que se manifestou salvadora a todos os
homens, sem que nenhum deles merecesse ou tivesse feito algo para merecer, mas,
foi por pura misericórdia. “Não há nada que você possa fazer para Deus te
amar mais; e não há nada que você possa fazer para Deus te amar menos".
Philip Yancey - Livro Maravilhosa Graça).
Dito isso, voltamos então ao nosso tema que é: O que ocorre
entre o ouvir e o praticar?
Está escrito que o Espírito Santo de Deus veio para nos
convencer do pecado, da justiça e do juízo. Pois bem, uma vez que ouvimos a voz
do Espírito, somos convencidos da presença do pecado em nós, e daí não temos
alternativas para a salvação, senão receber a justificação consumada pelo sangue
de Jesus que foi derramado na Cruz em nosso favor – o preço foi pago. A alegre
experiência do poder do sangue de Jesus nos limpa completamente do pecado e
restaura e cura tudo que o pecado arruinou e nos fez perder.
A justiça de Deus opera mediante a Sua graça.
A autoridade espiritual é baseada num paradoxo. Jesus disse:
“Quem quiser ser o primeiro entre vós, será o último e servo de todos.”
Mateus 20:27. Ele mesmo deu uma demonstração prática deste princípio quando
lavou os pés dos discípulos. A fonte dessa autoridade não é o orgulho, nem a
força, e nem a autoconfiança, mas a humildade. O paradoxo é um rei que lava os
pés de seus súditos! Aquele que quiser exercer autoridade espiritual deve ser o
servo de todos ... e estar disposto a morrer em favor daqueles por quem é
responsável! “Tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas
para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” Mateus 20:28.
“A fé não é uma fortaleza onde nos refugiamos para ficar
acima dos conflitos e tribulações da vida. É antes uma arma com o qual
enfrentamos todas as batalhas e embates que se nos apresentam. Sofremos golpes e
derrotas; ficamos como que presos no solo das incertezas e dúvidas; mas
permanecemos na luta. E vencemos porque ousamos exercitar nossa fé. A fé não nos
coloca numa posição privilegiada em que podemos dispensar a experiência e de
onde contemplamos a realidade de Deus, numa espécie de esplendor à parte. Ao
contrário, a fé deve poder ser aplicada na cozinha, no escritório, nas quadras
de jogos etc. Não nos retira do dia a dia, mas traz Deus para eles.” Larry
Christenson.
Não sejamos ouvintes negligentes, mas pelo poder de Cristo que
nos tirou das trevas e nos transportou para o Seu Reino de luz, e transformou o
velho em novo, sejamos operosos praticantes. Não mais eu, mas Cristo em mim.
Amém.
Solo Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
sábado, 25 de agosto de 2012
A FÉ SEM OBRAS É MORTA
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