sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A RELIGIÃO HUMANISTA VERSUS O EVANGELHO DE DEUS

Pois os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos são os meus caminhos, diz Jeová. (Isaías 55:8 TB10)
Este é um assunto que requer luz fulgurante dos holofotes Divinos. Não há muita clareza para uma multidão que vive à sombra da velha tenda judaica. Muito do chamado cristianismo atual, não passa do antigo odre com um verniz brilhante por fora. Parece coisa nova, mas é o mesmo modelo do babilonismo judaico pós-exílico.
Parece que essa profecia, já consumada, ainda não se tornou realidade para uma grande maioria: O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sombra da morte, resplandeceu-lhes a luz. Isaías 9:2. Tudo indica que essa gente continua na penumbra dos tipos que serviram de sombra para a realidade. Cristo não é suficiente para uma turma incontável de iludidos ou alucinados. Sei lá!
O que percebo é uma tentativa de reeditar, a todo custo, algo que já ficou para trás. Aquela religião caduca e ultrapassada do mérito ainda continua se infiltrando nas fileiras dos indigentes, dos mendigos indignos, propondo a excelência dos executivos como se fosse um portfólio da aceitação na casa do Amor incondicional de Abba.
Desconstruir esse modelo esnobe não é fácil, pois o velho leviatã se parece mais com um polvo com muitos tentáculos ou com a cabeça da Medusa, do que com um crocodilo magro. Cada vez que se fere um braço sufocante, aparece outro mais ardiloso, do meio dessa lama turva da religião. E eis aí o caos!
Vou procurar, neste estudo, repetir o curso que estamos ministrando na Colina da Graça para um grupo de peregrinos que aceita ser demolido de sua tradição religiosa, enquanto se deleita na suficiência do Cordeiro que acolhe cada um em Seu seio amoroso.
Você sabe o que é religião? A etimologia da palavra talvez nos aponte para a pretensão da criatura tentando se religar com o Criador, pelos seus esforços. Seja o que for, nossos primeiros pais fizeram algo para serem aceitos. Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si. Gênesis 3:7.
Quando o ser humano faz algo para se tornar aceitável diante de Deus, então, entramos no terreno religioso. Aqui neste perímetro, temos o mérito pessoal como moeda de negociação. Por outro lado, quando somos aceitos pelo que Deus faz, neste caso, temos o milagre do Evangelho tomando conta de nossas vidas indignas.
Se, as tangas confeccionadas pelo casal, nu e envergonhado, evidenciam a tal religiosidade humana, as túnicas feitas por Deus, para cobrir a vergonha da dupla despida e transgressora, falam, claramente, de uma Boa Nova: Deus nos aceitou, por inteiro, em sua Graça plena, através de um substituto. Fez o SENHOR Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu. Gênesis 3:21.
Na religião, o sujeito da ação é o ser humano atuando no palco. No Evangelho, esse agente atuante se torna, tão somente num paciente, realmente passivo, pois é Deus quem faz tudo em seu benefício, enquanto ele é beneficiado pelo favor Divino.
Você precisa discernir bem esta diferença. Quem é o executivo? Na religião sou eu ou você. No Evangelho é a Trindade. Se não percebermos com clareza esta questão podemos nos envolver seriamente na religião, achando que estamos lidando com o Evangelho. Mas o suor, o cansaço, a carga pesada e o mau humor vão nos denunciar.
A segunda distinção entre religião e Evangelho fica por conta da aquisição. Caim e Abel são modelos de dois programas distintos. Caim é conquista de Eva, enquanto Abel é um presente de Deus. Coabitou o homem com Eva, sua mulher. Esta concebeu e deu à luz a Caim; então, disse: Adquiri um varão com o auxílio do SENHOR. Gênesis 4:1.
Vemos nesta cena a mulher como a personagem principal e Deus, sendo um mero auxiliar. Ela adquire o varão com a ajuda de Deus. Você ordena e Deus cumpre. Talvez você conheça algumas sentenças desta proposta: "Deus te ajude"; "Deus ajuda a quem cedo madruga" ou "Deus te acompanhe"; em todas, Ele é apenas o coadjuvante.
Todavia, Abel é uma dádiva. Eva não se viu como obreira. Era só uma agraciada que recebia um presente de Deus. Depois, deu à luz a Abel, seu irmão. Abel foi pastor de ovelhas, e Caim, lavrador. Gênesis 4:2. O Evangelho é uma dádiva Divina e nunca uma conquista humana. Se for conquista é religião; se for dom é Evangelho. Certo?
Neste versículo acima vemos também a terceira diferença. O Evangelho tem como ocupação uma atividade sem preocupação. Estamos aqui e agora, bem antes do Dilúvio, portanto, todos os animais eram herbívoros. Pastorear um rebanho naquela época tornava-se um passeio agradável por entre as pastagens. Não havia predadores para atacar as ovelhas e os pastores lidavam com o rebanho como um lazer, divertindo-se. O pastor não vivia estressado na lida do campo.
Mas, uma das consequências do pecado foi lavrar a terra com o suor do rosto. Ser lavrador significava esforço no plantio, cansaço no cultivo, apreensão na colheita, preocupação no armazenamento e vanglória ou frustração nos resultados. O lavrador tem mérito no paiol cheio e desilusão com o fracasso da ceifa. Por isso, ele vive apreensivo.
A religião faz com que o seu executivo trabalhe duro para conquistar, pelo seu mérito, um lugar no altar dos vencedores. Ela só aprova aqueles que se esmeram para trazer uma oferta que lhe tenha custado esforço, lágrimas e suor. É preciso um bom currículo na labuta para conseguir algum resultado no altar.
A quarta distinção da religião e do Evangelho é a oferta. Trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor. Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu rebanho e da gordura deste. Gênesis 4:3-4. Os dois têm algo a ofertar. O primeiro oferta o sacrifício pessoal. É o auto-sacrifício ou o esforço do próprio trabalhador que está em jogo. O segundo oferta a vítima, o substituto, focalizando o holocausto do alto, que estava identificado no animal imolado por Deus, para cobrir a vergonha do casal pelado e pilhado de sua identidade entre as moitas, no Jardim do Éden. Era um tipo da Cruz de Cristo, que tem sangue na base.
A oferta humanista dispensa o sangue do Cordeiro, enquanto compensa a sua oblação com o suor escorrido de sua fronte erguida pela soberba do seu ego. Caim trouxe para o altar de Deus os frutos da sua lida, como uma conquista. Ele queria ser aceito pela justiça própria. A religião sempre enfatiza as boas obras como atributos dignos diante de Deus. Assim, seremos salvos pelo que fazemos e não pelo que foi feito por Cristo.
No Evangelho, o cheiro do holocausto queimado e o sangue espargido sobre o altar da Misericórdia, têm marca de oferta agradável. A Trindade nos fez agradáveis a Ela mesma, no Amado. Abel trouxe um sacrifício que apontava para a suficiência dAquele que nos aceita apenas pelos Seus méritos. Nele há somente inspiração, jamais transpiração.
A oferta do religioso é de puro sacrifício pessoal, cheio de méritos, direitos e com um discurso com cheiro de sindicato rural. A indignação é patente quando se vê que a aceitação da Graça nada tem a ver com o desempenho do sujeito, mas com o caráter digno do substituto que inclui a iniquidade do indigno em sua morte.
Agora, aparece a quinta sutileza nas entrelinhas, ao vermos a diferença dos traços marcantes de um religioso e a fisionomia de um filho de Deus. Então, lhe disse o SENHOR: Por que andas irado, e por que descaiu o teu semblante? Gênesis 4:6.
A ira subcutânea e o olhar para o mundo subterrâneo são sinais de uma inadequação diante do trono da Graça. A fisionomia fechada de Caim e seu semblante para baixo denunciam ausência de sua aceitação incondicional. Vejam como os sindicalistas pós-Éden encontram-se sempre azucrinados e com a cara carrancuda, carregando nos pensamentos um defunto em seu ser. O Apóstolo João diz que, quem odeia é assassino.
Não há alternativa: Deus é amor. Quem nasceu de Deus ama, não segundo Caim, que era do Maligno e assassinou a seu irmão; e por que o assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas. 1 João 3:12. Uma melhor tradução seria: suas obras foram justificadas? Abel foi aceito no Cordeiro e festejava.
Com certeza, a face exultante de um filho de Deus facilita ver a presença de Cristo arrumando o porão de sua vida, ainda desorganizada e confusa. Quem passou pela operação da Cruz tem motivos suficientes para fazer festa, mesmo em tempos de guerra.
O religioso de modo geral é enfezado e mal-humorado. Por isso, o sexto sinal para identificar o que é religião e o que é Evangelho, vem da tendência que o religioso tem de perseguir, caçoar, menosprezar, zombar e criticar os que foram aceitos pela Graça. Essa gente não aprecia a Graça de Deus, mas gosta mesmo é de provocação.
Há uma perseguição que corre feroz no front e, há também, uma perseguição velada, nos bastidores, mas ambas são cruéis e contrárias ao modelo do Evangelho. Qualquer tipo de flagelo, açoites, ultrajes vem patrocinado por um espírito do anticristo. No Reino de Deus não há lugar para provocações e martírio, sob qualquer pretexto.
O Evangelho nada tem a ver com a religião. São duas realidades diferentes e opostas em suas origens e em seus objetivos. A religião é uma iniciativa humana em busca de sua aceitação diante de Deus pelos esforços da meritocracia, enquanto o Evangelho é uma operação da Graça de Deus, aceitando o indigno pelos méritos de Cristo.
Os pensamentos de Deus não são como os nossos pensamentos, nem os nossos caminhos são como os caminhos de Deus. Nós queremos ser como Deus, e por isso, nos elevamos em nossos ideais narcotizados por perfeccionismo.
Por outro lado, para nos salvar de nossa altivez, Deus se faz como um de nós, esvaziando-se até a morte e morte de Cruz. Neste ponto Ele nos encontrou e nos incluiu em Sua morte para fazer-nos morrer juntamente com Ele, e, desde modo, nos libertar de nossa mania de ascensorista juramentado em busca de altares.
O sétimo sinal é este: enquanto a religião tenta exaltar o ser humano aos píncaros da glória, o Evangelho esvazia Deus até o lugar dos mortos, a fim de nos esvaziar juntamente com Ele, para ganharmos a condição legítima de filhos do Altíssimo, isto é: somos os mais elevados, quando estivermos mais esvaziados de nós mesmos.
Diante da supervisão Divina, quanto maior for a postura de uma pessoa, menor será a sua avaliação. Por isso, Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus. 1 Coríntios 1:28-29.
Aqui demos uma vista rápida entre estes dois modelos de vivência no campo "espiritual", se bem que, a religião nada tem a ver com a vida de cima, é coisa mesmo da terra. Agora você pode se aprofundar com mais acuidade nesta observação. Não se esqueça: se alguém quiser lhe enganar e você for iludido, a culpa é sua. Jesus foi claro e sucinto. E ele lhes respondeu: Vede que ninguém vos engane. Mateus 24:4.


Solo Deo Glória.

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