domingo, 15 de junho de 2014

A CRUZ E A FRUTIFICAÇÃO


 
Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda (João 15:16).
A Cruz é a chave que destranca todo o mistério da vida cristã. Na Cruz Deus julgou a raça adâmica; naquela Cruz encontramos o segredo da nossa vitória sobre o pecado e de uma frutífera.
Dr. Andrew Murray disse uma vez: Ninguém sabe o que é fruto, até que tenha aprendido a morrer para tudo que é simplesmente humano. Mas, o que é o fruto? O fruto é o resultado de uma vida em Cristo.
Quando uma árvore está produzindo o seu fruto, ela nem sequer está consciente do que está produzindo. Ela produz fruto porque nela há vida. Podemos observar um abacateiro: ele produz abacates como decorrência espontânea de sua própria natureza. Assim também, a “natureza” do regenerado produz fruto, uma vez que foi para isto que Jesus nos designou.
Por outro lado, ainda que um experto em genética vegetal se esforce, ele não vai conseguir fazer um abacateiro produzir laranja, e nem tampouco fazer uma laranjeira produzir abacate. Isto seria contrário à natureza de ambos.

Mas, não é assim que muitas vezes fazemos? Substituímos o fruto pelo trabalho, numa tentativa inútil de produzir fruto com o nosso esforço.
É bom lembrar que Jesus nos designou para produzir Fruto. A esse respeito, o Apóstolo Paulo revela ao nosso entendimento a diferença abismal que há entre o que é realizado com o nosso esforço – obras da carne – e, o Fruto do Espírito(Gálatas 5:19-22).
O fato é que quando estamos fazendo algo, é lógico que estamos conscientes. Depositamos muitos esforços nisso e, se houver resultado, ficamos orgulhosos de nós mesmos.
Não só nos apreciamos por aquilo que estamos fazendo, mas também, queremos que outras pessoas apreciem e validem o nosso trabalho. Muito do que fazemos é para obtermos a aprovação dos homens.
Na verdade, estamos pensando em nós mesmos. Se for algo que fazemos por nós mesmos, com a nossa capacidade, com os nossos planos, com o poder da nossa vontade, com a nossa força “natural”, o resultado não será Fruto. Tudo isto pode até ter uma aparência boa nesse mundo. Contudo, não satisfaz o coração faminto dos homens e não glorifica a Deus.
Gordon Watt disse: Como é difícil morrer para a dependência que temos do nosso próprio intelecto ou para o orgulho que temos de nossas capacidades, morrer para nossa reputação, para o nosso desejo natural por sucesso ou para os nossos próprios planos Mas o fruto só vem quando você está disposto a entregar tudo isso à cruz, e Cristo passa a ser o nosso tudo e dependemos totalmente do Espírito Santo para cada palavra que falamos cada trabalho que fazemos e cada passo que damos na vida.
É uma luta que se trava em nosso íntimo. Quão difícil é morrer para a dependência de nosso próprio intelecto. É muito difícil morrer para o orgulho de nossas supostas capacidades.
Pensamos que somos capazes. Arquitetamos planos e os chamamos de “serviços para o Senhor”. E, quando “realizamos” na força da carne nos enchemos de orgulho. Se a Cruz não nos cortar, tudo isto não passa de “obras mortas”.
Se o que estamos fazendo não for, de fato, no espírito da Cruz, não poderemos produzir nenhum fruto, porque o Fruto tem que ser do Espírito. Tem que ser da vida de Cristo em nós.
Um homem pode estar realizando um silencioso, humilde e modesto serviço - desconhecido e não noticiado. Seu nome pode nunca ser ouvido, seu trabalho nunca reconhecido, porém, feito no espírito da Cruz, por amor a Cristo. Ele serve aos olhos de Deus. Para ele o sorriso do seu Senhor e a Sua aprovação é o suficiente. Ele não pensa em receber ou ser reconhecido pelos homens. Ao contrário, ele simplesmente olha para Cristo. Ele carrega o espírito da Cruz.. Seu fruto permanecerá para sempre.

Na verdade, somos canais ou vasos por onde passa a fragrância de Cristo: Ó Efraim, que tenho eu com os ídolos? Eu te ouvirei e cuidarei de ti; sou como o cipreste verde; de mim procede o teu fruto (Oséias 14:8). Todos nós somos vasos de barro. Nenhum homem guardaria seu tesouro em vasos de barro.
Mas, Deus colocou em vasos de barro o Seu tesouro. E o tesouro, é claro, é o nosso Senhor Jesus. Há um brilho, uma resplandecência, a glória de Deus, que é Cristo, fluindo de dentro do vaso de barro: Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo (2 Corintios 4:6).
Porém, muitas vezes tentamos produzir frutos pelo “poder” do vaso de barro e alguns vasos de barro até que são bem ornamentados. Eles têm esperteza, uma personalidade dinâmica e até impressionam as pessoas com uma bonita “folhagem”.
Porém, uma vida frutífera só é possível pela operação da Cruz. Porque é a Cruz que quebra o vaso de barro. Se o homem não passar pela Cruz não há como ser frutífero para Deus.
Podemos estar cheios de energia, cheios de idéias. Podemos até usar a nossa inteligência para persuadir as pessoas, mas não seremos capazes de transmitir vida a estes. Precisamos de Cruz para ser frutíferos.
O poder da frutificação está na seiva que vem do tronco. Esta seiva é Cristo: Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado; permanecei em mim, e eu permanecerei em vós.
Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer (João 15: 1-5).
Cristo é, pois, a Videira verdadeira; o Pai, agricultor. E, os que lhe pertencem, isto é, aqueles que estão unidos ou ligados na Videira dá fruto, mais fruto e muito fruto. Há uma crescente produção.
Nós somos as varas e, permanecendo Nele, numa atitude de dependência, olhando sempre para Ele, aceitamos o fato de que não somos capazes de produzir nenhum fruto, senão unidos a Ele.
Permanecer em Cristo significa estar ligado a Ele numa confiança e dependência prática e habitual do coração. E, nesta permanência de fé, Cristo será em nós uma fonte constante de força e de frutos.

A história que iremos contar mostra claramente o que significa o fruto de uma vida crucificada. Conta-se a história de uma senhora chinesa que não era lá muito educada e praticamente sem instrução. Ela era muito rude e não media esforços para soltar palavrões e falar mal. Naquela vila todos tinham medo dela porque ela era muito violenta. Um dia Deus a alcançou, ela foi verdadeiramente salva. Alguns jovens ao saber do ocorrido resolveram provocá-la, então, foram ao encontro dela e lançaram sobre ela batatas. Para surpresa dos jovens ela não reagiu às agressões. Ela, por sua vez, ao invés amaldiçoá-los, pegou aquelas batatas e as plantou.
Um ano depois, ela foi ao encontro de um daqueles jovens com dois cestos de batatas e disse: “Lembra-se de mim? No ano passado, você usou aquelas batatas para me agredir, pois olhe, aquelas batatas transformou-se nestes cestos cheios, agora são todas suas”. Do livro, “Primeiro a Erva, Depois a Espiga” de Christian Chen. Esse foi o resultado de alguém que experimentou a operação da Cruz. Aqui está o fruto de uma pessoa crucificada. Ela seguiu o curso do rio da vida, e a beleza de Cristo se manifestou através dela.
Como estamos reagindo quando somos agredidos, criticados e perseguidos? Se a Cruz for um fato real em nossas vidas, reagiremos de acordo o espírito da Cruz: Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós (Mateus 5:10-12).
Ao orarmos pedindo para que o nome do Senhor seja santificado e que a Sua vontade seja feita, primeiramente, precisamos saber que esta oração está inserida no contexto do primeiro discurso do nosso Senhor Jesus.
Encontramos em Mateus cinco discursos do Senhor Jesus. O primeiro discurso pronunciado por Jesus no monte fala do modo de vida dos filhos do reino. Isto é, o primeiro discurso fala da realidade do reino de Deus, o reino em oculto (capítulos 5,6,7).
O segundo discurso fala dos discípulos e o reino dos céus (capítulo 10). O terceiro discurso fala dos mistérios do reino dos céus (capítulo 13). O quarto discurso fala da Igreja e o reino dos céus (capítulos 16,18). O quinto discurso fala da manifestação do reino (capítulos 23,24,25),
Olhando para o contexto do primeiro discurso vemos quão difícil ou impossível é viver o modo de vida exposto por Jesus, caso não tivermos o espírito da Cruz. Isto porque tais princípios não fazem parte do velho homem, ao contrario, o denuncia.
Como reagiremos diante das injúrias, quando alguém fere a nossa face, quando somos forçados a fazer aquilo que não gostamos e quando alguém tira os nossos bens? Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e, ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa.
Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes. Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem (Mateus 5:39-44).

Aqui está o verdadeiro espírito da Cruz na oração do Pai nosso. De que maneira o nome Senhor será santificado e a Sua vontade será cumprida aqui na terra? Quando o perseguido se alegrar, quando o ferido na face oferecer a outra.
Quando forçados a fazer aquilo que não gostamos, nos submeter. Quando odiados, amarmos o inimigo. É dessa maneira que santificaremos o nome do Senhor. Esse é um estilo de vida incomum, sobrenatural. Nosso fruto procede de Deus como providencia espiritual. Amém!

Soli Deo Gloria

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