domingo, 6 de janeiro de 2013

O QUE DEUS É E O QUE NÓS SOMOS



No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória. As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos! Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado. Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim. Isaías 6:1-8.


A salvação do homem envolve três aspectos. O primeiro é a revelação do que Deus é: santo, santo, santo. O segundo aspecto é revelado no que nós somos: impuros. E o terceiro é o que Deus fez por nós: purificou. A realidade do que nós somos é satisfeita pela realidade do que Deus é. A crise do profeta começou por uma perda externa, a morte do rei Uzias, desencadeando uma crise interna: ai de mim. Isto trouxe à sua consciência o seu estado pecaminoso, porque sou homem de lábios impuros. A provisão de Deus é perfeita, a tua iniqüidade é perdoada. O homem é levado ao fim de si mesmo, para que Deus inicie seu trabalho. Depois disto, ouvi a voz do Senhor. Logo que o homem chega ao conhecimento do seu verdadeiro estado, não pode encontrar descanso fora de Deus. É impossível alguém ser salvo sem a revelação dada por Deus, por meio da sua Palavra, do seu estado de miserabilidade. Irei e voltarei para o meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem a minha face; estando eles angustiados, cedo me buscarão, dizendo: Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará. Depois de dois dias, nos revigorará; ao terceiro dia, nos levantará, e viveremos diante dele. Oséias 5:15 e 6:1-2. E neste ponto, estamos muito distante de Deus, queremos enfiar os princípios maravilhosos da Palavra de Deus "goela abaixo" nas pessoas, forçando-as a cumpri-los, para que tenham uma vida santa. Como resultado, ‘domesticamos’ víboras. Como foi dito pelo nosso Senhor Jesus Cristo: Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno? Mateus 23:33. Ou, no mínimo, fazemos proselitismo, que é a transferência da pessoa de uma igreja para outra, sem uma experiência de novo nascimento. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós! Mateus 23:15.

O apóstolo Paulo fala de sua angústia ao tentar ajustar os princípios da Palavra de Deus à sua vida. O legalismo põe o homem, com o fardo dos seus pecados, a serviço de Deus, guardando a lei; por isso, a alma é mantida em constante tortura, e longe de encontrar o descanso de Deus. Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto. Ora, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. Romanos 7:15–21. O que constitui a legalidade é o ato da velha natureza tomar os preceitos de Deus e procurar praticá-los. O legalista ensina que devemos renunciar ao mundo a fim de ganharmos o céu. A grande verdade é esta: o velho homem não tem prazer pelo céu. Alguém disse: Se fosse possível ao homem natural encontrar-se no céu, sentir-se-ia miserável.

 

A revelação do que somos é satisfeita pela revelação do que Deus é. Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado. Romanos 7:24-25. Sua linguagem é a de um homem ofegante e desesperado, não cogita sobre quem o livrará, como se alimentasse alguma dúvida, mas a resposta é triunfante, graças a Deus. A libertação do homem repousa na graça de Deus e na convicção de que o sacrifício do nosso Senhor Jesus Cristo basta, e que nada neste mundo pode abalar este fato. Cristo, na cruz, mostra o fim de tudo que é humano. Na ressurreição, nos conduz para além desse fim e constitui a base eterna na qual a glória de Deus e a bênção do homem repousam para sempre. No momento em que o olhar da fé repousa num Cristo ressuscitado, há uma resposta triunfal a todas as interrogações quanto ao pecado, o juízo, a morte e a ressurreição. Aquele que enfrentou tudo isto está vivo de entre os mortos, e tomou o seu lugar nos céus, à destra da Majestade. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas. Hebreus 1:3.

Jesus fala de dois homens, um fariseu e o outro publicano; o fariseu procurou ser justificado pelos seus próprios méritos. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. Lucas 18:11-12. O fariseu permanecia em pé sozinho, porque não era o tipo de homem de se misturar com a multidão. Sua oração mostra que se apoiava em sua moralidade para ser aceito por Deus, por isso, ignorou a justiça divina e tentou estabelecer a sua própria justiça, louvando a si mesmo. A sua religião foi a causa da sua própria ruína. Não somos tão diferentes, todos nós tentamos ser aceitos por Deus, confiando nos nossos próprios valores. O que era um publicano? Um judeu renegado, que trabalhava como cobrador de impostos romanos; envergonhava-se de levantar a sua face a Deus, tinha um sentimento de profunda contrição.O publicano nada tinha para oferecer a não ser seu pecado. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado. Lucas 18: 13-14. E os resultados foram diferentes. Disse Jesus: Este desceu justificado para a sua casa, e não aquele. Os dois homens desceram para casa com um tipo diferente de justificação. O fariseu retornou envolto nas mesmas vestes da auto-justificação. Ao justificar-se, ele não foi aceito, nem aprovado. O publicano, por sua vez, voltou para casa divinamente justificado, portanto, voltou para casa com alegria.

Deus, em Cristo, desceu ao grau mais baixo da condição humana, para que, inclinando-se, pudesse elevar o homem ao grau mais elevado, para a intimidade com o próprio Deus. Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor; fui para eles como quem alivia o jugo de sobre as suas queixadas e me inclinei para dar-lhes de comer. Oséias 11:4. O pecado foi julgado e os nossos pecados foram tirados. Foram completamente apagados pelo precioso sangue de Cristo. Crer nisto é entrar no perfeito descanso da alma. D. M. Lloyd-Jones disse: O cúmulo do pecado é a pessoa não sentir necessidade da graça de Deus. Não existe pecado maior do que esse. Infinitamente pior do que cometer algum pecado da carne é você achar que é independente de Deus, ou achar que Cristo jamais precisou morrer na cruz do Calvário. Não há maior pecado do que esse. A auto-suficiência final, a auto-satisfação, é o pecado dos pecados: é o cúmulo do pecado, porque é pecado espiritual. Deus nos deu tudo que podia nos dar. Deu-nos a sua própria porção. Chamou-nos para sentarmos consigo à mesa, em sua companhia. Comamos e alegremo-nos. Com uma consciência pura e sem nenhum sentimento de culpa. Que mais poderia o amor de Deus fazer por nós? E, para quem fez tudo isto? Para aqueles que estavam mortos em delitos e pecados. Para os estranhos, inimigos rebeldes, culpados. Para aqueles que estavam longe dele, sem esperança e sem Deus no mundo. Para aqueles que não mereciam nada mais que as chamas do inferno. Não podemos fazer nada mais do que expressar a nossa gratidão a Deus por tudo o que fez por nós. Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo. Efésios 1:3. Amém.
 
Soli Deo Glória.

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