No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor
assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o
templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria
o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os
outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está
cheia da sua glória. As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a
casa se encheu de fumaça. Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou
homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus
olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos! Então, um dos serafins voou para mim,
trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa
tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniqüidade
foi tirada, e perdoado, o teu pecado. Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que
dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me
a mim. Isaías 6:1-8.
A salvação do homem envolve três aspectos. O
primeiro é a revelação do que Deus é: santo,
santo, santo. O segundo aspecto é revelado no que nós
somos: impuros. E o terceiro é o que Deus fez
por nós: purificou. A realidade do que nós somos é
satisfeita pela realidade do que Deus é. A crise do profeta
começou por uma perda externa, a morte do rei Uzias, desencadeando uma crise interna: ai de mim. Isto trouxe à sua consciência o seu estado pecaminoso, porque sou
homem de lábios impuros. A provisão de Deus é
perfeita, a tua iniqüidade é perdoada. O homem
é levado ao fim de si mesmo, para que Deus inicie seu trabalho. Depois
disto, ouvi a voz do Senhor. Logo que o homem chega
ao conhecimento do seu verdadeiro estado, não pode encontrar descanso fora de
Deus. É impossível alguém ser salvo sem a revelação dada por Deus, por meio da
sua Palavra, do seu estado de miserabilidade. Irei e
voltarei para o meu lugar, até que se reconheçam culpados e busquem a minha
face; estando eles angustiados, cedo me buscarão, dizendo: Vinde, e tornemos
para o Senhor, porque ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará.
Depois de dois dias, nos revigorará; ao terceiro dia, nos levantará, e viveremos
diante dele. Oséias 5:15 e 6:1-2. E neste ponto,
estamos muito distante de Deus, queremos enfiar os princípios maravilhosos da
Palavra de Deus "goela abaixo" nas pessoas, forçando-as a cumpri-los, para que
tenham uma vida santa. Como resultado, ‘domesticamos’ víboras. Como foi dito
pelo nosso Senhor Jesus Cristo: Serpentes, raça de
víboras! Como escapareis da condenação do inferno? Mateus
23:33. Ou, no mínimo, fazemos proselitismo, que é a
transferência da pessoa de uma igreja para outra, sem uma experiência de novo
nascimento. Ai de vós, escribas e fariseus,
hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez
feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós! Mateus
23:15.
O apóstolo Paulo fala de sua angústia ao tentar
ajustar os princípios da Palavra de Deus à sua vida. O legalismo põe o homem,
com o fardo dos seus pecados, a serviço de Deus, guardando a lei; por isso, a
alma é mantida em constante tortura, e longe de encontrar o descanso de Deus.
Porque nem mesmo compreendo o meu próprio modo de agir, pois não faço o
que prefiro, e sim o que detesto. Ora, se faço o que não quero, consinto com a
lei, que é boa. Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita
em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum,
pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo. Porque não faço o bem
que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não
quero, já não sou eu quem o faz, e sim o pecado que habita em mim. Então, ao
querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. Romanos 7:15–21.
O que constitui a legalidade é o ato da velha
natureza tomar os preceitos de Deus e procurar praticá-los. O legalista ensina
que devemos renunciar ao mundo a fim de ganharmos o céu. A grande verdade é
esta: o velho homem não tem prazer pelo céu. Alguém disse: Se fosse possível ao homem natural encontrar-se no céu, sentir-se-ia
miserável.
A revelação do que
somos é satisfeita pela revelação do que Deus é. Desventurado homem que
sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso
Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo, com a mente, sou escravo da lei de
Deus, mas, segundo a carne, da lei do pecado. Romanos 7:24-25.
Sua linguagem é a de um homem ofegante e
desesperado, não cogita sobre quem o livrará, como se alimentasse alguma dúvida,
mas a resposta é triunfante, graças a Deus. A libertação do homem repousa na
graça de Deus e na convicção de que o sacrifício do nosso Senhor Jesus Cristo
basta, e que nada neste mundo pode abalar este fato. Cristo, na cruz, mostra o
fim de tudo que é humano. Na ressurreição, nos conduz para além desse fim e
constitui a base eterna na qual a glória de Deus e a bênção do homem repousam
para sempre. No momento em que o olhar da fé repousa num Cristo ressuscitado, há
uma resposta triunfal a todas as interrogações quanto ao pecado, o juízo, a
morte e a ressurreição. Aquele que enfrentou tudo isto está vivo de entre os
mortos, e tomou o seu lugar nos céus, à destra da Majestade. Ele, que é o
resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas
pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados,
assentou-se à direita da Majestade, nas alturas. Hebreus 1:3.
Jesus fala de dois
homens, um fariseu e o outro publicano; o fariseu procurou ser justificado pelos
seus próprios méritos. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo,
desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens,
roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas
vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. Lucas
18:11-12. O fariseu permanecia em pé sozinho, porque
não era o tipo de homem de se misturar com a multidão. Sua oração mostra que se
apoiava em sua moralidade para ser aceito por Deus, por isso, ignorou a justiça
divina e tentou estabelecer a sua própria justiça, louvando a si mesmo. A sua
religião foi a causa da sua própria ruína. Não somos tão diferentes, todos nós
tentamos ser aceitos por Deus, confiando nos nossos próprios valores. O que era
um publicano? Um judeu renegado, que trabalhava como cobrador de impostos
romanos; envergonhava-se de levantar a sua face a Deus, tinha um sentimento de
profunda contrição.O publicano nada tinha para oferecer a não ser seu pecado.
O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem
ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício
a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não
aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será
exaltado. Lucas 18: 13-14. E os resultados foram
diferentes. Disse Jesus: Este desceu justificado para
a sua casa, e não aquele. Os dois homens desceram
para casa com um tipo diferente de justificação. O fariseu retornou envolto nas
mesmas vestes da auto-justificação. Ao justificar-se, ele não foi aceito, nem
aprovado. O publicano, por sua vez, voltou para casa divinamente justificado,
portanto, voltou para casa com alegria.
Deus, em Cristo, desceu ao grau mais baixo da condição humana, para que, inclinando-se, pudesse elevar o homem ao grau mais elevado, para a intimidade com o próprio Deus. Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor; fui para eles como quem alivia o jugo de sobre as suas queixadas e me inclinei para dar-lhes de comer. Oséias 11:4. O pecado foi julgado e os nossos pecados foram tirados. Foram completamente apagados pelo precioso sangue de Cristo. Crer nisto é entrar no perfeito descanso da alma. D. M. Lloyd-Jones disse: O cúmulo do pecado é a pessoa não sentir necessidade da graça de Deus. Não existe pecado maior do que esse. Infinitamente pior do que cometer algum pecado da carne é você achar que é independente de Deus, ou achar que Cristo jamais precisou morrer na cruz do Calvário. Não há maior pecado do que esse. A auto-suficiência final, a auto-satisfação, é o pecado dos pecados: é o cúmulo do pecado, porque é pecado espiritual. Deus nos deu tudo que podia nos dar. Deu-nos a sua própria porção. Chamou-nos para sentarmos consigo à mesa, em sua companhia. Comamos e alegremo-nos. Com uma consciência pura e sem nenhum sentimento de culpa. Que mais poderia o amor de Deus fazer por nós? E, para quem fez tudo isto? Para aqueles que estavam mortos em delitos e pecados. Para os estranhos, inimigos rebeldes, culpados. Para aqueles que estavam longe dele, sem esperança e sem Deus no mundo. Para aqueles que não mereciam nada mais que as chamas do inferno. Não podemos fazer nada mais do que expressar a nossa gratidão a Deus por tudo o que fez por nós. Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo. Efésios 1:3. Amém.
Soli Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
domingo, 6 de janeiro de 2013
O QUE DEUS É E O QUE NÓS SOMOS
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