E eis uma voz dos céus, que dizia: Este é o meu Filho amado,
em quem me comprazo. Mateus 3:17
A expressão “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo”
está registrada no livro de Mateus, em três momentos. O primeiro registro
aparece no texto que escolhemos como base deste estudo. Logo após o batismo de
Jesus os céus se abrem para Aquele que é digno de adoração – Jesus, objeto de
toda a afeição de Deus na terra. O Espírito Santo desce sobre Ele de forma
visível. E Ele, Homem na terra, toma o Seu lugar com os pecadores.
Jesus é em Si mesmo, o objeto sobre o qual os céus se abrem. O
Céu olha para Jesus como perfeito alvo do Seu amor. O Pai se deleita no Filho, o
Homem obediente na terra – o verdadeiro Pastor.
O segundo registro aparece na confirmação do Seu propósito aqui
na terra: Para se cumprir o que foi dito por intermédio do profeta Isaías:
Eis aqui o meu servo, que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz.
Farei repousar sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará juízo aos gentios.
Mateus 12:17-18. Esta citação de Isaías 42:1-4, evidentemente, foi introduzida
no livro de Mateus pelo Espírito Santo, para que a posição do Senhor ficasse
claramente configurada, antes de se abrirem as novas cenas que testemunham a Sua
rejeição.
Observa-se nessa passagem que não lhe é dado o título de Filho,
mas de Servo, revelando assim, a Sua missão pela qual Ele veio a este mundo -
Servir. Deus-Homem entre os homens, em perfeita harmonia com o Seu caráter.
Harmonia em que, a Graça e a Verdade iriam atuar no mundo condenado por causa do
pecado. Porquanto, agora, na soberana Graça de Deus Pai, é o Filho, como Servo,
que vem trazer descanso ao cansado e libertação aos cativos.
O Seu total esvaziamento em forma de homem, na condição de um
servo, a morte ignominiosa como um malfeitor e a Sua ressurreição: estas são as
etapas do caminho que O levou à glória.
O terceiro e último momento em que aquela expressão aparece foi
no monte da transfiguração: Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os
envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em
quem me comprazo; a ele ouvi. Mateus 17:5. Novamente, o Pai proclama que Seu
Filho é o objeto de toda a Sua afeição; que encontra Nele todo o Seu prazer. E,
a ênfase aqui está em “a Ele ouvi”. É a Ele que os discípulos devem
ouvir.
Cristo está ali só, não mais a lei na figura de Moisés e nem
Elias tipificando os profetas. Moisés e Elias saem de cena, eles não falam mais.
Cristo está ali só, como Aquele que deve ser glorificado e ouvido.
Deus fala do Seu Filho aos discípulos, não como sendo digno do
amor deles, mas como objeto das Suas próprias delícias. O Filho é o alvo de todo
o prazer do Pai, assim como, no Filho, também nós tornamo-nos alvos do Seu
amor.
Que maravilhosa e divina condescendência! Aquele que sonda os
corações entregou o Seu próprio Filho à vontade da Criação. E aqueles que O
receberam foram colocados numa mesma relação com o Pai, isto é, foram feitos
também objetos do amor do Pai. Isto significa que, em Cristo, nos tornamos alvos
do Seu amor: Para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis
a si no Amado. Efésios 1:6.
Observem que no texto não está escrito que nos tornamos
agradáveis a Deus em nós mesmos. Se isto fosse possível haveria diferentes
graduações pelas quais seriamos contemplados. Isto é, Ele se agradaria mais de
um do que do outro. E, isto não condiz com o caráter de Deus. Fomos feitos
agradáveis a Deus somente em Cristo. O mais débil e fraco crente está no mesmo
nível daquele considerado como o “mais notável e brilhante entre os crentes”.
Este é um dos fundamentos da fé cristã: “tornados agradáveis a
Si, no Amado”. É por isso que só em Cristo temos a medida daquilo que somos
incapazes de avaliar porque, Ele é, de maneira completa e adequada, as delícias
de Deus. .
A maravilhosa verdade é que: Nós nos tornamos agradáveis a Deus
pelo fato de estarmos em Cristo, e não porque fizemos ou deixamos de fazer algo.
O único fundamento seguro, que nos mantém conscientes da nossa aceitabilidade e
agradabilidade diante de Deus, está no fato de estarmos em Cristo.
Não caia na tentação de pensar assim: “Hoje foi um dia
maravilhoso, li a Bíblia, orei e preguei, por isso, Deus se agradou de mim e me
sinto muito bem diante Dele”. Ou então: “hoje foi um dia péssimo, não orei, não
li a Bíblia, não evangelizei, por isso, eu sinto que desagradei a Deus”. No
momento em que acharmos que podemos agradar a Deus lendo mais a Bíblia, orando
mais ou agregando qualquer outro elemento “religioso” para sermos aceitos diante
Dele, estaremos negando o sacrifício de Cristo.
O grande fato é que Deus Pai está plenamente satisfeito com Seu
Filho. E se você está seguro quanto à sua experiência em Cristo, Deus está
satisfeito com você. É indispensável que se tenha no coração este fato: Que Deus
olha tudo a partir de um único ponto de vista; avalia tudo por uma única regra;
prova tudo por um único critério, e que governa tudo por meio de Cristo.
Tudo foi feito para Cristo e tudo sem Cristo nada tem valor.
Muitos serviços podem ser realizados e oferecidos através de nossos lábios e de
nossas mãos, mas aos olhos de Deus será levado em conta somente o “serviço” que
procede da Vida de Cristo em nós.
O propósito de Deus é Cristo. O que precisamos aprender diante
de Deus é que: Ele nos deu Seu Filho. Tudo o que Deus nos quis dar, Ele nos deu
em Seu Filho. Deus não nos deu “coisas espirituais”; Ele nos deu a Si mesmo no
Filho.
Pessoalmente, Ele é a imagem do Deus invisível. O amor, a
santidade e a perfeição sem mácula estão unidos em todos os Seus caminhos. Nele,
“Deus nos fez agradáveis no Amado”.
Tudo isto significa que estamos perante Deus porque Cristo nos
introduziu na Sua presença. Porém, Ele não poderia nos levar à Sua presença, sem
primeiro nos assemelharmos a Deus. E, a fim de nos fazer semelhantes a Ele e nos
tornar Suas delícias, Ele nos conduziu primeiramente para a Cruz, uma vez que,
todos nós nascemos sob o peso da condenação e sem forças para sair deste
estado.
Como pecadores convictos, contemplamos a Cruz de Nosso Senhor
Jesus Cristo, e vemos nela aquilo que satisfaz todas as nossas necessidades. A
Cruz do nosso Senhor Jesus expressa o profundo amor de Deus aos homens, porque
estes nada podiam fazer por si mesmos.
Então, a primeira lição que precisamos aprender é que somos,
por natureza, rebeldes, separados de Deus e sem condições de caminhar em Sua
direção. Por isso, foi necessário um poder vindo do Céu.
A Cruz foi este poder. Lá na Cruz o Senhor Jesus nos atrai para
Si: E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. Isto
dizia, significando de que gênero de morte estava para morrer. João
12:32-33.
Atraídos em Seu corpo lá na Cruz somos identificados com Cristo
na Sua morte. Nas palavras de Evan Hopkins: “Nós morremos com Cristo; isto é
verdade, como pode ser dito, no sentido judicial. Mas, isto não é o suficiente.
Tem que haver a unidade experimental com Cristo na Sua morte. O fato histórico
tem que se tornar uma realidade experimental. O que é uma verdade para nós, tem
que se tornar verdade em nós”.
Identificados em Cristo na Sua morte e ressurreição nos
tornamos a Sua habitação. E, esta Vida de Cristo é a vida que agrada a Deus.
Porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.
Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis
manifestados com ele, em glória. Colossenses. 3:3-4
Ouça o testemunho de Hudson Taylor: “Como tenho sido feliz,
desde que Cristo passou a habitar em meu coração pela fé! Estou morto e fui
sepultado com Cristo – ah, e ressuscitei também! E agora Cristo vive em mim, e
“esse viver que, agora, tenha na carne, vivo pela fé do Filho de Deus, que me
amou a si mesmo se entregou por mim”.
Nem deveríamos olhar para esta experiência, estas verdades,
como se fossem pequenas. Elas são o direito de nascença de cada filho de Deus, e
ninguém pode desprezá-las sem desonrar nosso Senhor.
O grito em alta voz do Salvador ao morrer é a prova de que Ele
mesmo deixou a Sua vida, voluntariamente. Em plena posse de Sua força, Ele nos
introduz na presença da Santidade Perfeita e, sem véu, abole o pecado que nos
impedia de lá entrarmos.
Por Jesus, temos comunhão com Deus. Em Cristo Jesus, somos
santos e irrepreensíveis diante Dele em amor. ...assim como nos escolheu nele
antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e
em amor... Efésios 1:4
Fomos admitidos e aceitos incondicionalmente na família de
Deus, pelos méritos do Senhor Jesus. Antes, inadequados quanto à natureza
pecaminosa, agora, em Cristo, agradáveis a Deus. Podemos não estar em íntima
relação com Ele, contudo, somos amados como se estivéssemos em profunda comunhão
com Ele. É uma posição de perfeita felicidade estar na Sua presença.
O nosso coração encontra o descanso nesta posição. Porque a
nossa aceitação está fundamentada nos méritos de Jesus. Assim, a nossa posição
foi construída e estabelecida segundo os planos de Deus e pela eficácia da Sua
obra em Cristo.
E assim, somos um povo, uma família celestial, segundo os
desígnios e os planos de Deus, que existe como fruto dos eternos pensamentos de
Deus e da Sua natureza de amor – o que aqui é chamado “a glória da Sua Graça”.
Tudo isto, pois, é para louvor da glória da Sua Graça, segundo
a qual Deus atua para nós em Cristo. Cristo é a medida dessa Graça; toda a
plenitude dessa Graça é revelada para nós. Em Cristo somo aceitos por Deus em
aroma suave. E andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si
mesmo por nós como oferta e sacrifício a Deus, em aroma suave. Efésios 5:2.
Amém
Soli Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
AGRADÁVEIS A DEUS EM CRISTO
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