terça-feira, 1 de janeiro de 2013

ANTES DE TUDO...

Salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como até o dia da eternidade. Amém. 2 Pedro 3.18
É impressionante a diversidade das descrições a respeito da pessoa de Jesus. Elas, em sua grande maioria, não tem nada a ver com o Jesus da Bíblia. Os que falam Dele tem mania de domesticá-lo. Escolhem uma característica que mais se adapta à sua religião, plataforma política ou estilo de vida, e assim tentam nos convencer de que Ele "é um dos seus". Um exemplo atual e marcante é do presidente da Venezuela, Hugo Chaves, o qual exibiu em passeata pelas ruas do país, cartazes de Jesus com a seguinte frase: "O primeiro Revolucionário". Assim fazem os malucos, os socialistas, os anarquistas, os "crentes" fundamentalistas, liberais, reacionários, revolucionários. Mas todos, a partir apenas do conhecimento histórico, apresentam um Jesus incompleto, distorcido e piegas.
T. A Sparks diz que em relação a Jesus existem três tipos de conhecimento: o histórico, o teológico e o espiritual . O grande perigo e erro, é tentar conhecer Jesus Cristo apenas como homem, como dizem, os teólogos o "Jesus de Nazaré." Muitos se debruçam em desvendar os mistérios de Jesus Cristo através da pesquisa histórica e acadêmica, o que encontram é apenas o Jesus histórico. Porém a via que permite conhecer a beleza do resplendor de Jesus Cristo inicia-se em Deus. "Ninguém conhece plenamente o Filho senão o Pai". Mateus 11.27. Este conhecimento se realiza pelo caminho da revelação, onde o Espírito de Deus age para nos levar a uma percepção direta da pessoa de Jesus.
Jesus é o único completo. Completo em sua humanidade e completo em sua divindade. Como registrou o apóstolo Paulo, "pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade" Colossenses 2.9. Ele é atemporal. Não é apenas o menino que nasceu em Belém. Ele é Deus. Ele é eterno. Já estava com o Pai antes mesmo da criação. "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus". João 1.1-2. Como também estará glorioso no fim dos tempos. "... Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim." Apocalipse 22.12,13
O perigo de depositarmos a nossa fé em Jesus que não corresponda o Cristo das Escrituras, não é coisa nova. O apóstolo Pedro já advertia a Igreja para tomar cuidado com ensinamentos que eram apenas caricaturas de Jesus. Foi por esta razão que o apóstolo Pedro ao concluir o que chamamos de segunda carta de Pedro, o faz com as seguintes palavras: "Antes de tudo, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo." 2 Pedro 3.18. Diante dos perigos de enveredar por algum novo ensinamento, "antes" de mais nada, preste a atenção em duas coisas. Primeiro avance somente se estiver pisando no caminho da graça. Segundo, o foco do nosso conhecimento deve ser o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Pedro sabia do que estava falando, ele mesmo escreve: "Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fabulas engenhosamente levantadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade." 2 Pedro 1.16.
Porém quando vemos nos Evangelhos a história de Pedro desde o seu chamado, percebemos que o seu aprendizado em crescer na graça e no conhecimento de Jesus não foi algo tão tranqüilo e isento de crises. Mesmo tendo oportunidade de conhecer o Jesus encarnado pessoalmente, descobriu que este tipo de conhecimento era insuficiente e ineficaz. Ele aprendeu por experiência a diferença de conhecer Jesus segundo a carne e conhecer Jesus segundo o Espírito. Descobriu que conhecer Jesus implica em transformação, ou seja, conhecer a si próprio à luz do conhecimento divino.
Encontramos um Pedro passando por um processo de quebrantamento contínuo, onde conforme avançava com Jesus ficava evidente as intenções não transformadas de seu coração. O mesmo ocorre com todos os que já tiveram uma experiência de salvação com o Senhor Jesus e iniciaram a caminhada na estrada da santificação. Estes descobrem que seguir o Senhor Jesus não é algo teórico, mas sim uma experiência pessoal, envolvente e transformadora. Conforme avançam no terreno da graça, ganham uma auto-percepção mais acurada das intenções e pensamentos ocultos de seu íntimo. Pois na verdade a luz que irradia de Jesus expõe toda a pecaminosidade, religiosidade e egocentrismo de cada um de seus discípulos. Crescer na graça e manter relacionamento permanente com o Senhor Jesus significa transformação continua, marcada primeiramente por abalos sísmicos, desmoronando valores, conceitos e paradigmas tão incrustados no nosso eu. Esta foi a realidade na caminhada do apóstolo Pedro com o Senhor Jesus.
Em Cesaréia de Filipos, Jesus fez um teste com os discípulos para ver se eles haviam entendido o tipo de Messias que ele era. Isso aconteceu cerca de seis meses antes de sua crucificação e ressurreição. Ele perguntou: "Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?" Mateus 16.13. Eles deram várias respostas. O povo atribuiu ao Senhor a identidade de profeta. É verdade que o compararam aos profetas mais contundentes que Israel já conheceu: Elias, Jeremias e João Batista. Mas apenas um profeta. A partir deste julgamento equivocado as pessoas mantinham um relacionamento equivocado com Jesus.
Então ele lhes perguntou diretamente: "Mas vós, quem dizeis que eu sou ?" Foi Pedro, num de seus repentes, quem deu, em síntese, a resposta correta: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Mateus 16:16. " O Cristo" se refere Àquele a respeito de quem Deus profetizou no Antigo Testamento por meio dos profetas. Àquele que viria para realizar a vontade de Deus. O ungido de Deus. "O Filho do Deus vivo", refere-se a segunda pessoa da Trindade, fala de sua Pessoa de Deus. O Deus vivo, estava agindo na história, através de Cristo com a missão de cumprir o Seu propósito eterno.
Jesus disse a Pedro: "Bem-aventurado é você, Simão, filho de Jonas! Pois isto não lhe foi revelado por carne nem sangue, mas por meu Pai que está nos céus". Mateus 16.16. Mas Pedro foi uma pessoa inusitada. ao mesmo tempo que recebe uma revelação majestosa do Pai, é usado por satanás para impedir que Cristo fosse para a cruz. Em outro momento Pedro nega covardemente o Cristo por três vezes. Aquele líder forte e impetuoso passará por um tratamento antes de reconhecer com o coração, Jesus como o Cristo. Nós somos como Pedro, confessamos com a boca, mas o nosso coração está distante do Senhor.
A partir da revelação de Deus para Pedro, o Senhor Jesus começou a mostrar que deveria ir a Jerusalém e provar a cruz. Foi quando Simão Pedro imediatamente fala sem pensar: "Não, Senhor. Deve haver outro caminho. O Senhor não precisa ser tão tolo. O Senhor pode obter a coroa e o trono sem a cruz. Seja bondoso para Consigo mesmo." Mateus 16.21 Pedro revelou ser uma pessoa de mentalidade própria, independente do Senhor. O homem natural nunca está disposto a tomar a cruz. "Para trás de mim, Satanás! Tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e sim, nas dos homens." Mateus 16.23 Quando não cogitamos das coisas de Deus, e sim, nas dos homens, tornamo-nos como Satanás, uma pedra de tropeço para o Senhor no seu Caminho de cumprir o propósito de Deus. Portanto, a palavra do Senhor Jesus foi: "Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me" Mateus 16.24. Negar a si mesmo é abrir mão da vida de alma, da vida natural.
Parece que somos como Pedro queremos um Cristo sem cruz. Mas, se quisermos conhecer Jesus Cristo é preciso olhar a partir da perspectiva da cruz. A missão do Cristo somente podia se concretizar por meio de sua crucificação, ressurreição, ascensão e segunda vinda. O Cristo crucificado é a única garantia de salvação dos pecadores. Para os crentes a cruz tem dois momentos. O primeiro onde fomos crucificados juntamente com Cristo. No momento que Cristo foi suspenso entre os céus e a terra, o lugar de demônios, ele nos incluiu para participarmos de sua morte. O segundo momento, carregamos a cruz para poder segui-lo. Carregar a cruz é permanecer sob o efeito aniquilador da morte de Cristo, para dar fim ao nosso ego, à nossa vida natural e ao nosso velho homem. Assim fazendo, negamos a nós mesmos para seguir o Senhor.
Poucos dias depois, Pedro recebe outra confirmação divina da identidade de Jesus e do seu compromisso com a cruz: "Este é o meu Filho amado em quem me agrado. Ouçam a ele!" Mateus 17.5. Novamente Pedro fala demais, propõe construir tendas no monte da transfiguração. Ele queria perpetuar a experiência espiritual que estava vivenciando. Era um caso de auto-satisfação. Mas, Pedro, precisava ainda aprender a falar menos e a ouvir mais, principalmente a Jesus.
O conhecimento de Pedro sobre Jesus entrou em colapso depois que o Senhor anunciou que ele iria nega-lo três vezes. Pedro, não admitiu e insistiu com Jesus: "Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei." Mateus 26.33-35. Quais palavras prevaleceram, a de Pedro ou a de Jesus? Brennan Manning, escreveu:"O Apóstolo Pedro construira todo o seu relacionamento com Cristo no pressuposto de que era capaz de agir da forma adequada. É por isso que foi tão difícil para ele encarar a sua negação ao Senhor. A sua força, a sua lealdade e a sua fidelidade eram bens fornecidos por ele ao discipulado. A falácia na mente de Pedro era a seguinte: ele cria que o seu relacionamento dependia da sua consistência em produzir as qualidades pelas quais ele achava que havia conquistado a aprovação do Senhor." A revelação de Jesus como o Cristo estava fazendo efeitos. O orgulho e jactância de Pedro caíram tão drasticamente que ele chegou ao fim de si mesmo.
Mentalidade própria, deleite próprio, decisões próprias e justiça própria. Estas são algumas das características auto-centrada que Pedro exibiu diante do Senhor. Porém, o Senhor não deixou passar nenhuma delas, de expor o "eu" que havia no seu discípulo. E após cada ponto ser exposto, era corrigido pelo Senhor. Os incidentes na vida de Simão Pedro,revelam a condição interior dos discípulos de Cristo Muitos de nós enfrentamos o mesmo problema. "Projetamos no Senhor o nosso padrão mensurado de aceitação. Toda a nossa compreensão Dele está baseada num toma-lá-dá-cá de amor permutado. Ele nos amará se formos bons, éticos e diligentes. Mas nós trocamos as perspectivas: tentamos viver de modo a que Ele nos ame em vez de viver porque ele nos amou"
Quando Deus faz o processo de desmantelamento, então corremos para Cristo. Um relacionamento pessoal e permanente com o Deus vivo que afeta todas as dimensões da vida humana. É um conhecimento libertador, que nos solta das amarras da tradição e religião. Nos dá consciência dos mecanismos que usamos para manter a nossa incredulidade e aparentar piedade para os outros. Jesus foi lapidando a pedra Pedro e esculpindo-a em Sua própria imagem. É isto que ele deseja fazer conosco. Jesus permite situações em nossa caminhada onde percebemos a nossa necessidade Dele mesmo. É a necessidade que nos faz se voltar para Cristo. As nossas fraquezas manifestas servem de espelho para enxergar que em nossa carne não há nada de bom, e que carecemos urgentemente de Cristo em nosso viver.
A vida de Cristo no nosso tem o poder de demolir e transformar em pó os pensamentos, sentimentos e vontades que tiveram origem na carne e não no Espírito de Deus. Esvaziados de nós mesmos, dos sentimentos de retidão, da justiça própria e das realizações apreciáveis, sem nada para nos recomendar a não ser a nossa profunda necessidade. Como dizia Santo Agostinho: "Veres a ti mesmo como pecador, é o começo da salvação". Então a graça é atraída para aquela necessidade, a fim de atende-lá, tal como a água é atraída para as profundezas, enchendo-as.
Conhecer o Senhor Jesus Cristo não é meramente chegar a um conhecimento teórico dele. É um relacionamento objetivo e experimental que começa em nosso intimo, mas se manifesta às pessoas que estão ao nosso redor. Este tipo de conhecimento afasta toda a prepotência, orgulho, arrogância e julgamento e nos faz identificar com os mais miseráveis dos pecadores. Venho a ele tão somente por causa dos seus méritos e nada mais, e nisto reside a força do nosso testemunho ao mundo. Por esta razão, antes de tudo continuemos crescendo na graça e no conhecimento de Jesus Cristo. A ele seja dada toda glória hoje e sempre. Amém.
 
Soli Deo Glória.

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