sábado, 5 de janeiro de 2013

O FILHO NADA PODE FAZER DE SI MESMO

O Filho Nada Pode Fazer de si mesmo
Jesus tomou a palavra e disse-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: o Filho de si mesmo não pode fazer coisa alguma; ele só faz o que vê fazer o Pai; e tudo o que o Pai faz, o faz também semelhantemente o Filho. João 5:19.
Que frase estranha essa! Não foi Cristo quem disse certa vez: Eu e o Pai somos um? "Eu e o Pai temos a mesma identidade". Mas aqui Ele afirma algo estranho: o Filho nada pode fazer de si mesmo. Como? Ele não é igual ao Pai? Como não pode fazer nada de si mesmo? O que significa essa impotência? O que isso quer dizer? Há algum enigma nas entrelinhas? Vamos ver.
Cristo é o Messias, o Filho do Pai, a segunda pessoa da Trindade, embora, Ele tenha se encarnado no Jesus histórico, o carpinteiro de Nazaré. Cristo Jesus é a versão de Deus encadernada numa pele humana. Cristo é totalmente Deus e Jesus é homem por inteiro.
Mas, para Jesus viver como um ser humano, de verdade, Cristo teve que se esvaziar de Sua absoluteidade Divina, sem, contudo, perder a essência da Divindade. Ele não deixou de ser 100% Deus, todavia não se manifestava 100% em Sua plenitude Divina.
As Suas duas naturezas: Divina e humana, permaneciam juntas, unidas numa mesma pessoa, porém Jesus viveu aqui na terra como um ser humano, 100% homem. Jesus foi, de fato, um homem que viveu inteiramente pela fé em Deus Pai.
Apesar da Sua natureza Divina residir intimamente com a humana, Jesus de Nazaré jamais dependeu de Sua Divindade pessoal para realizar o seu ministério terreno. Foi Ele mesmo quem assegurou isso:Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz. João 5:19.
Parece bem clara essa afirmação. As realizações de Jesus no mundo da matéria eram cópias do que Ele via Deus Pai realizar no plano espiritual. Jesus não foi um sujeito solitário e independente que montou um projeto por conta própria. Ele viveu o tempo todo, aqui, por meio de uma visão do invisível, que a Escritura denomina de fé.
Durante o seu ministério neste mundo, Jesus dependeu totalmente da suficiência do Seu Pai. Tudo o que Ele realizou aqui na terra, antes da cruz, foi tão somente vendo, pela fé, o que o Seu Pai fazia. Ele realizava, na terra, pela fé, o que via o Seu Pai realizar, no céu.
É por essa razão que a Escritura diz, a seu respeito: Jesus, e não o Cristo, é o Autor e, ao mesmo tempo, o Consumador da fé. Ou seja, a fé deve ser vista como a visão de alguém que está na terceira dimensão, vendo algo invisível em outra dimensão além desta, de modo claro; e, neste caso, Jesus foi Alguém que a experimentou em sua plena realidade.
Por outro lado, a mesma Escritura também diz que: eu estou crucificado com Cristo, e não com o Jesus histórico, apesar de ter sido o homem Jesus, o galileu, aquele que foi crucificado. Por que estas divisões? Por que tantas minúcias? Parece que nós queremos rachar cabelo? Não. É importante entender a ação das duas naturezas, uma vez que há pontos salientes na redenção que precisam ser bem definidos pelos dois lados.
Só o Deus-homem poderia salvar a humanidade de sua teomania, isto é, do seu desejo arrogante de ser como Deus. Era preciso que Deus se tornasse homem, a fim de libertar o ser humano de sua mania de autonomia, autoritarismo, autocontrole e uma gama incontável de outros "autos" que nos autorizam a promover a autossuficiência.
Jesus, por exemplo, foi 100% homem dependente do Pai. Ele viveu aqui totalmente pela fé. Mas houve um dia em que a sua vontade humana foi rendida por inteiro ao Pai, no Getsêmani, para que o plano da redenção, projetado antes da criação, se cumprisse nEle.
Essa foi uma crise crucial de sua existência, quando suou sangue até que se entregou por completo e voluntariamente à vontade do Pai, tornando-se, daí para frente, identificado, em sua natureza Divina com a plenitude do Pai, para a realização da obra redentora, pois, não podemos esquecer, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo.
Quando a Escritura diz que Deus estava em Cristo, não temos opção em pensar de outra maneira, senão que a Trindade estava reunida nEle. Com esta frase, Paulo não está de modo algum afirmando o óbvio: Cristo é Deus; mas, que Deus estava em Cristo.
Na cruz do Calvário, nós não vemos apenas Jesus, o ser humano, sendo crucificado para aplacar a indignação de um Deus irado que exige justiça a todo custo. Nós vemos, sim, a própria Divindade sendo crucificada por amor. A Divindade é coletiva e relacional e a sua essência é o amor apaixonado, que se manifesta na redenção do indigno pecador.
Não há dúvida que o sacrifício de Cristo Jesus engloba muito mais pessoas do que os nossos olhos carnais costumam enxergar. No Tribunal da redenção se reuniu, de modo efetivo, tanto a Trindade Divina, como a humanidade encarnada em Cristo Jesus.
Vemos no sacrifício do Gólgota uma obra coletiva, compartilhada, mas inseparável. Há ainda movimentos atraentes. Uma hora vemos o Filho de Deus dizer: Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem. É um pedido do Filho ao Pai que está na cena. Outra hora vemos o Filho do Homem bradar: Deus meu, Deus meu, porque me virastes as costas? Aqui é uma humanidade separada pelo pecado, clamando a misericórdia.
Assim, os diálogos da cruz continuam alternando-se. Num momento, Cristo responde ao ladrão penitente: hoje estarás comigo no paraíso. Num outro instante, Jesus, humanamente, clama na sua agonia de secura: tenho sede. Deus não tem sede!
Precisamos aprender a discernir os sotaques e os timbres das vozes. Há diferenças nas duas naturezas e o conteúdo de cada sentença expressa, ora, a Divindade falando, ora, a humanidade de Cristo Jesus se manifestando no drama da redenção.
As interlocuções cruciais continuam. Cristo agora tem uma palavra de amor para formatar o modelo da nova humanidade que está sendo projetada sob os efeitos da obra na cruz. Mãe, aí está o teu filho. Filho, olha aí a tua mãe. Ficava claro que, de agora em diante, na casa de Abba os vínculos que unem as pessoas, não são mais os laços sanguíneos de parentesco. O amor da Trindade é a única norma relacional da família de Deus.
Deus e o Homem sem pecado, numa mesma pessoa, continuam realizando uma obra sem defeitos na cruz. No final desse drama cósmico da redenção, ouvimos ainda os dois sotaques no ar. Cristo, o Filho de Deus, vira-se para o Pai e diz: está consumado. E, o Pai que estava nEle satisfeito com a obra suficiente de Seu Filho, "sorri em seu ser". Então, Jesus, o homem, na estaca, como o precursor de uma nova família, clama, pela primeira vez: Pai! E acrescenta: nas tuas mãos entrego o meu espírito! E tendo dito isso, expirou. Chegamos aqui ao fim da obra do Filho que foi compartilhada com os outros membros da Trindade em benefício do universo em colapso.
Todos os milagres de Jesus foram realizados pela fé na onipotência do Pai. Mas, na cruz, as duas naturezas se fundem num processo dinâmico, embora não se confundam em seus papeis muito específicos e detalhados para redimir do cativeiro a raça caída.
Jesus, o Filho do Homem, o homem sem pecado, derramou o seu sangue puro para propiciação dos pecados dos pecadores impuros, enquanto, Cristo, o Filho de Deus, assumiu em sua justiça imaculada a crucificação do velho Adão, para, deste modo, sermos feitos filhos do Pai, através da vida ressurreta de Jesus Cristo.
Repetindo para ficar bem firme: o sangue do Filho do Homem, que viveu na terra pela fé e sem qualquer pecado, é o preço para a expiação dos pecados daqueles que, pela fé no Senhor Jesus, creram nEle, com a fé do próprio Jesus, dada por Ele.
Por outro lado, o Filho de Deus, Cristo, o Messias, crucificou a nossa natureza herdada de Adão, na cruz com Ele, e assim, pela graça, nos regenerou como filhos de Deus, filhos legítimos, mediante a Sua vida ressurreta que vive em nós.
Quando eu olho para a cruz histórica, eu vejo o homem Jesus ali crucificado. Quando, pelo Espírito Santo, eu contemplo aquela obra através da fé, isto é, a fé que vem por meio de Jesus, eu mesmo me vejo ali crucificado com Cristo. Esse é o grande milagre da revelação, que me faz ver, pela fé na Palavra, a minha morte para o pecado, com Cristo.
Como Jesus nada podia fazer de si mesmo, senão o que via o Pai fazer, nós, também, nada podemos crer por nós mesmo. Não podemos crer que já fomos crucificados com Cristo, a não ser pela fé do próprio Jesus, que nos é dada pela graça de Cristo.
A Escritura nos informa que a vida cristã se resume nestas três preposições: dEle, por Ele e para Ele. Tudo começa com a proclamação da Palavra de Cristo que nos vivifica. Nós estamos mortos em nossos delitos e pecados e Ele nos deu vida juntamente com Cristo. Isto vem dEle. É o próprio Cristo que nos dá vida. E com a Sua vida vem a Sua fé gerando em nós confiança e o arrependimento patrocinados por Sua bondade.
Como o Filho nada podia fazer de si mesmo, nós, também, nada podemos fazer por nós mesmos. É necessário que nos sentemos à mesa do banquete e desfrutemos de sua graça. Pois somos salvos somente pela graça, através da fé, e esta fé não vem de nós mesmos, é uma dádiva Divina por meio de Jesus; não vem atravessadamente pelas nossas próprias obras, para que nós não nos vangloriemos. Efésios 2:8-9. (PA).
Cristo Jesus deixou bem esclarecido este ponto, ao dizer: sem a minha pessoa vocês não podem fazer coisa alguma. João 15:5. Não podem ser vivificados, crer ou arrepender-se. Não podem fazer nada de cunho espiritual. O homem natural encontra-se espiritualmente morto, portanto incapaz de ter ou fazer qualquer movimento espiritual.
Cristo Jesus, e somente Ele, é a causa de toda a nossa salvação. Jesus Cristo, e tão somente Ele, é o processo evolutivo de toda a nossa santificação, bem como, só Ele é o auge ou o clímax de tudo quando está relacionado à nossa glorificação. Glória, pois, ao Cordeiro que foi morto, mas vive para sempre. Aleluia. Amém.
 
Soli Deo Glória.

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