quinta-feira, 10 de maio de 2012

A ESCRITURA - O MOLDE DA EXPERIÊNCIA

Quem crer em mim como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. João 7:38.
O universo, segundo a Bíblia, foi criado por Deus através da sua palavra. A matéria é fruto do poder espiritual do sopro divino. Mediante a palavra do Senhor foram feitos os céus, e os corpos celestes pelo sopro da sua boca. Salmo 33:6. (NVI). Foi o poder transcendente do verbo onipotente que deu origem a esse mundo material, repleto de valor e significado. Deus viu tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom. Gênesis l: 31. Tudo o que Deus fez pelo poder da sua palavra era rigorosamente muito bom, e tudo obedecia a suas determinações involuntariamente, por mero instinto ou mecanismo das leis físicas.

O homem, porém, foi feito do pó da terra e recebeu o sopro divino para tornar-se uma pessoa capaz de crer e obedecer à palavra de Deus de modo voluntário e responsável. Ele não foi constituído uma máquina robótica, nem era um simples animal que seguisse a tendência instintiva, mas um ser moral apto para crer e corresponder livremente às ordenanças divinas. Só o homem nesse mundo físico foi dotado da capacidade de decidir, a partir de sua opção pela palavra de Deus.
O gênero humano não foi feito para agir cegamente por impulso, determinação, aptidão inata ou qualquer mecanismo automático. Ele foi criado livre e moralmente habilitado para um relacionamento que refletisse o caráter de um ser idôneo que pode observar, deliberar e executar desobrigadamente. Só uma pessoa isenta de qualquer pressão pode obedecer ou desobedecer no uso de sua plena responsabilidade. Assim, Deus criou o homem com a competência de deliberar diante das alternativas viáveis.
Adão e Eva decidiram não crer na palavra de Deus e, em conseqüência de sua decisão franca em desobedecer à ordem do Senhor, sofreram uma queda espiritual, e arrastaram juntamente com eles toda a sua descendência. Somos hoje uma raça rebelde e incapaz de optar pela obediência a Deus, voluntariamente. Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos; cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho... Isaías 53:6a. (NVI).
Mas, graças a Deus, o ser humano pode ser salvo do seu estado de incredulidade e rebelião, através do mistério da revelação de Cristo, operado pelo Espírito Santo, por meio da palavra de Deus. Sem a pregação da palavra de Deus não há salvação, nem qualquer operação do Espírito Santo na vida do homem. Onde a palavra do evangelho de Deus é pregada corretamente, segundo a Escritura, o Espírito Santo tem o instrumento de ação para desencadear o milagre da salvação. Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana, agradou a Deus salvar aqueles que crêem por meio da loucura da pregação. 1 Coríntios 1:21. (AB).
A mensagem da salvação visa anunciar a pessoa de Cristo conforme está relatada na Escritura, ressaltando a importância suprema de sua morte e ressurreição. Jesus afirmou: Quem crer em mim como diz a Escritura... A proclamação que motiva a salvação do pecador está totalmente alicerçada na pessoa histórica de Jesus Cristo, que assumindo o lugar do réu na cruz, morreu a morte do pecador e ressuscitou para dar-lhe uma nova vida. A certeza dessa pregação está fundamentada nos fatos históricos anunciados pela Bíblia. Ora, se Cristo morreu na cruz em nosso lugar, como diz a Escritura, se ele ressuscitou dentre os mortos para que nós tenhamos vida nova, então, pela graça e misericórdia de Deus, eu posso crer na realidade dos fatos apresentados na palavra, como minha experiência.
Não estou aqui falando de uma experiência emocional subjetiva, mas da confiança na veracidade dos fatos históricos demonstrados pela palavra de Deus. Nós, que cremos nos acontecimentos bíblicos como realidades históricas, temos a garantia da nossa experiência de fé fundamentada naquilo que aconteceu objetivamente com a pessoa de Cristo. A fé salvadora se estriba unicamente na verdade da Escritura, e a despeito de qualquer sentimento subjetivo, descansa inteiramente na firmeza imutável dessa palavra divina. Conseqüentemente, a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo. Romanos 10:17. (AB).
Toda experiência pessoal desligada da revelação objetiva da história apresentada na Escritura é falsa, do ponto de vista bíblico. Tudo o que nós precisamos como nossa experiência de fé é nos apoiar confiantemente na objetividade dos fatos históricos divulgados pela Sagrada Escritura. Pois tudo quanto foi escrito no passado, foi escrito para nos ensinar, para que, pela paciência e pela consolação que vêm das Escrituras, tenhamos esperança. Romanos 15:4. (AB). A experiência do cristão está calcada no formato da verdade bíblica concentrada na expressão existencial de Jesus Cristo, de tal modo, que ele passa a gozar na prática, a verdade manifesta na palavra.
Quando uma pessoa enxerga, por meio do relato bíblico revelado pelo Espírito Santo, que o acontecimento real da morte de Cristo há dois mil anos foi um incidente que estava diretamente vinculado com o seu pecado, e que a morte substitutiva daquele justo era uma morte compartilhada com o pecador, então essa pessoa crê nesse fato histórico como a sua experiência de fé. Ela não precisa sentir qualquer emoção para validar a autenticidade do fato, pois o fato histórico independe dos sentimentos do crente. Porque vivemos pela fé na palavra, não pela aparência dos sentidos. 2 Coríntios 5:7. (Paráfrase).
Este ano a seleção brasileira de futebol foi pentacampeã mundial no Japão. Um grupo de vinte e três jogadores esteve participando desse campeonato, mas a vitória deles tinha uma abrangência muito maior, pois eles representavam a nação brasileira. Quando a seleção sagrou-se campeã mundial, o país inteiro estava unido naquela conquista. Mesmo aqueles patrícios que não gostam desse esporte foram incorporados à vitória do escrete canarinho. Muitos não festejaram porque detestam futebol, outros ainda por viverem alienados dessa questão, mas a vitória continua sendo de todos, independe do sentimento de cada um.
O exemplo aqui não é preciso, mas se aproxima de algumas considerações relativas ao nosso assunto. A morte de Jesus na cruz em benefício do pecador é um fato bíblico e histórico que não depende do sentimento do crente. Todo aquele que recebe esse conhecimento e, pela graça, dá crédito ao acontecimento como ato de fé na palavra de Deus, ganha uma certeza bíblica de que essa morte também diz respeito à sua experiência de morte. Ele não precisa sentir que a morte de Cristo na cruz é a sua morte, mas ele precisa saber desse fato real, para poder crer na realidade do fato como experiência pessoal.

Se alguém em nosso país não souber que o Brasil é pentacampeão, não poderá celebrar a vitória do campeonato. Se alguém desconhece o fato bíblico da morte e ressurreição de Cristo como estando associado com a história do pecador, não poderá crer na realidade do fato, vivendo de contínuo em busca de experiências subjetivas que possam apoiar uma impressão emocional de aparente certeza. Mas não há convicção nas experiências baseadas apenas nas ocorrências da subjetividade. Se quisermos ter segurança de fé e riqueza de vida interior, carecemos urgentemente de voltar para as palavras de Jesus: Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. A verdadeira experiência espiritual é moldada totalmente no formato da Escritura, sem a menor preocupação com os anseios e emoções pessoais, ou mero assentimento intelectual, pois a verdade histórica da Bíblia nos conduz à fé na suficiência soberana de Deus, independentemente de qualquer sentimento momentâneo, quer positivo quer negativo.

Solo Deo Glória

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