Ao chamar esta aliança "nova", Ele tornou velha a primeira.
Ora, aquilo que se torna velho e antigo, logo desaparecerá. (Hebreus 8:13
WBPT).
Deus fez uma aliança com o povo israelita, no Sinai, baseado na
obediência à lei perfeita. Era um pacto provisório, até que viesse Aquele que
cumpriria a lei em sua íntegra, pois, nenhum pecador seria capaz de cumpri-la de
fato e de verdade.
A vigência dessa lei tinha um tempo de validade determinado.
Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões,
até que viesse o descendente a quem se fez a promessa, e foi promulgada por meio
de anjos, pela mão de um mediador. Gálatas 3:19. A chegada do Novo, em
pessoa, substitui o velho, em código.
A lei, entregue por Moisés, não tinha como objetivo a salvação
do pecador, mas o diagnóstico da gravidade do pecado. Ela veio para ressaltar a
violência da rebeldia adâmica. Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que
vivem na lei o diz, para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável
perante Deus, visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei,
em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado. Romanos
3:19-20. A lei acaba instigando a transgressão.
Ela não tinha possibilidade de nos libertar do pecado, embora,
nos conduzindo a um beco sem saída, nos impulsionava para Alguém que pudesse ser
a solução. Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela
encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se. Gálatas
3:23. A lei apontava para o Libertador.
Veja como a Escritura descreve este ponto crucial para a
perfeita libertação: De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir
a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. Gálatas 3:24. Não
confunda a fé com o desempenho.
Esclarecendo um pouco mais. Porque a lei foi entregue por
intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.
João 1:17. A lei foi concedida, no monte Sinai, 430 anos após o pacto da graça
feito com Abraão, como tipo da obra vicária de Cristo. A lei serviu para acender
o fogo do pecado e incitar a desobediência, enquanto que a graça veio para
anular a força do pecado e da morte.
Paulo foi incisivo quando disse: Porque o pecado não terá
domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça. Romanos
6:14.
A salvação do pecador nunca foi promovida por Moisés, nem pela
lei, nem por profetas, mas por Jesus Cristo e pela graça que nos dá a fé,
graciosamente, já que Jesus é, ao mesmo tempo, o Autor e o Executivo da fé. A fé
não vem pelo cumprimento da lei, mas pela pessoa e obra de Cristo Jesus. Não
existe fé baseada na lei, uma vez que a fé vem somente por meio de Cristo Jesus
e este crucificado, ressurreto e glorificado.
Nada, que não seja pela graça de Cristo, merece crédito para a
salvação do pecador. Por isso mesmo, como a lei não pode nos libertar, uma vez
que ela nos instiga ao pecado e, em seguida, nos acusa como réus, ela não pode
nos salvar do pecado. A lei serve para nos condenar. Portanto, foi incitando-nos
e acusando-nos que ela serviu como um tutor para nos levar a Cristo e sermos,
deste modo, salvos por Ele.
Ao exigir a perfeição moral de um ser imoral, ao requerer a
dignidade do indigno às suas exigências legais, a lei provoca uma reação de
rebeldia, hipocrisia e culpa no nosso íntimo. Como ninguém pode ser o que a lei
demanda, então ela acaba nos impulsionando, de algum modo, a receber Aquele que
nos aceita como nós somos, isto é: barracos em ruínas e sujos por natureza. É a
severidade da lei irretocável que nos guia até a Casa do Amor incondicional.
Nós só receberemos a graça plena depois que formos
decepcionados pelas exigências inalcançáveis da lei. A lei é boa e eu sou
maldoso, malicioso e malvado. A lei é perfeita e eu um bagaço, bagunçado. Graças
a uma lei perfeita e exigente que impõe perfeição ao imperfeito, que não pode
suportar este peso, é que nós somos conduzidos ao coração de Abba, onde
somos aceitos inteiramente no Seu Filho Amado.
A lei prestou um grande serviço no processo da nossa salvação,
quando exigiu de cada um de nós a sua perfeição inatingível. Como não podemos
ser perfeitos por nós mesmos, mas precisamos ser perfeitos para participar do
reino de Deus, então a lei acaba nos levando a receber a perfeição de Cristo
como única alternativa de sermos aceitos.
É a perfeição da lei que nos faz ver a nossa real imperfeição
inata, bem como a perfeição de Cristo como a última cartada para a nossa
aceitação diante de Deus.
Veja você como o apóstolo Paulo entendeu este dilema: Porque
eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou
crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e
esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me
amou e a si mesmo se entregou por mim. Gálatas 2:19-20. Temos aqui uma
substituição e não uma evolução do ego. O eu só se especializa em egoísmo
vanglorioso.
A lei nos leva até a cruz. Lá, o perfeito Filho de Deus, o
Homem sem pecado, assumiu a humanidade imperfeita em toda a sua natureza
pecadora e a co-crucifica no mesmo sacrifício. É uma morte solidária, onde Ele
aceita os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro e transfere a sua justiça
para a nossas vidas justificadas pela sua graça.
Agora, a lei termina a sua cobrança de perfeição. Ela exigia
que a criatura caída correspondesse a dimensão relacional da sua criação
perfeita. A lei requeria que o Adão pós pecado tivesse uma conduta semelhante ao
Adão pré pecado. Mas era impossível. O vaso em cacos não podia se portar como se
fosse um adorno sem defeito.
Foi nessa olaria quebrada de potes estilhaçados que o Verbo se
fez carne. O Deus perfeito se fez homem sujeito ao pecado, embora jamais
conspurcado pelo pecado. E assim, mesmo vivendo sem pecado, acabou assumido o
pecado dos pecadores na cruz ao morrer uma morte compartilhada com toda a raça
contaminada pelo pecado, a fim de cumprir a exigência da perfeição da lei, para,
em seguida, imputar a sua perfeição pela fé.
Nesse momento histórico, o antigo pacto da lei perfeita que
exigia a perfeição dos imperfeitos perdeu a sua força total, caducou e foi
substituído pela nova aliança da aceitação incondicional dos imperfeitos, pelo
Perfeito, que nunca contabiliza as imperfeições dos imperfeitos, nem joga na
cara os seus delitos e defeitos.
Deste momento em diante, a perfeição dos imperfeitos é
atribuída apenas pela suficiência dAquele que, sendo totalmente perfeito,
aperfeiçoa os imperfeitos por seu amor graciosamente concedido pela fé, por Ele
doada. Ninguém mais vive se esforçando em ser melhor, ou ser mais justo, uma vez
que o Melhor e mais Justo vive nele.
A nova aliança tornou ultrapassada a primeira. Agora, os que
vivem pela fé nAquele que é perfeito não procuram se aperfeiçoar na prática de
uma lei perfeita, já que a perfeita lei reside na encarnação da vida do Verbo em
seus corações. Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel,
depois daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei as minhas leis,
também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o
meu povo. Hebreus 8:10.
O cristianismo não é um mero clube de serviço com regras e
regimentos, exigindo uma conduta perfeita, mas a realidade de um povo com um
relacionamento vivo e pessoal com Aquele que é a Perfeição e, ao mesmo tempo,
tem a lei perfeita da liberdade habitando nesse povo, na trilha da santificação
progressiva.
Por exemplo. O velho pacto dizia: não furtarás. O Novo diz: ama
o teu próximo com o Meu amor. O velho estava centrado no ego, enquanto o Novo
está dependente da vida de Cristo que vive em mim. O velho caducou e morreu. O
Novo ressuscitou e vive para sempre. Sendo assim, não me venham com códigos,
normas, bulas e catecismos, pois, agora, vivemos pela graça na suficiência de
Cristo em nós.
Não confunda judaísmo com cristianismo, nem judaizantes com
cristãos. Religião e Evangelho são antagônicos. Jamais misture a Igreja de
Cristo com as propostas de um quartel general da religiosidade farisaica. Nunca
embaralhe, no mesmo pacote, a santificação com o legalismo dos esnobes
religiosos.
Cuidado, pois: uma conduta irrepreensível, promovida pela lei,
não significa a santidade imputada pela graça em Cristo e que se manifesta
gradualmente até a estatura do Varão Perfeito. A conduta perfeita da lei exala a
vanglória e exalta o mérito de quem a exibe. Já a santidade imputada, só a
gratidão de quem a recebeu imerecidamente.
Saulo foi um exemplo de uma conduta perfeita. Ele foi
irrepreensível no legalismo da lei, embora fosse incrédulo e estivesse perdido
para sempre em seu egoísmo. Encontrava-se separado de Deus. Todavia, Paulo, o
convertido pela graça, expressava graciosamente a vida de Cristo como a única
realidade de sua vida santa. Ele não era perfeito, mas foi alcançado pelo
Perfeito que lhe aperfeiçoava cada dia, em santidade imputada por Cristo.
Graças ao Pai das Misericórdias e ao Deus de toda Graça pela
providência no sumiço do velho pacto e pela substituição do Novo, onde Cristo é
a lei perfeita da nossa liberdade. Graças por Aquele que nos justifica
perfeitamente em sua perfeita santidade, garantindo-nos, graciosamente, a
santificação pela sua Vida santa, que cresce em nós, cada dia, e pelo espírito
jubiloso de agradecimento em adoração. Aleluia.
Solo Deo Glória
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
quinta-feira, 31 de maio de 2012
A CADUCIDADE DO ANTIGO PACTO
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