sábado, 26 de maio de 2012

DIVINA JORNADA

Portanto, meu filho, dedique-se inteiramente à obra de Cristo. Passe adiante o que você ouviu de mim – com a congregação inteira dizendo “amém”- a líderes confiáveis que sejam competentes para ensinar. Quando a situação ficar complicada, anime-se e encoraje os outros, como Jesus fez. 2 Timóteo 2:1-3
Ao longo dos anos, a palavra “evangelismo” tornou-se uma palavra estranha e que não soa muito bem. Um termo que traz a ideia de venda, exploração do povo, pregadores de televisão, manipulação de pessoas e gente batendo de porta em porta. Algo que nos faz lembrar a sensação de sermos invadidos por pessoas de telemarketing.
Como nós chegamos neste lugar? Como este conceito, que nas Escrituras significa o anúncio de “Boas Novas,” tornou-se tão pesado e desatualizado? Será que é possível encontrar uma imagem que seja fiel às Escrituras e que seja adequada ao novo paradigma em que estamos inseridos? Será que é possível atrair pessoas de culturas e subculturas diferentes, para um nova jornada de exploração do Sentido da Vida a partir da mensagem da cruz? Evidentemente que sim. O próprio Jesus nos prometeu que não estaríamos sozinhos nessa jornada. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos. Mateus 28:20.
A velha imagem e prática do evangelismo não esta funcionando. É hora de repensarmos os antigos paradigmas e imagens de evangelismo. Pararmos para examinar e trocar tanto a imagem como a prática de compartilhar as boas novas acerca do Evangelho. Não precisamos alterar o conteúdo da mensagem, mas sim a forma de entrega. Paulo se expressa em 1 Coríntios 9:22: Para os fracos tornei-me fraco, para ganhar os fracos. Tornei-me tudo para com todos, para de alguma forma salvar alguns. O apóstolo Paulo aprendeu a importância da contextualização ao receber o chamado de anunciar Cristo aos gentios.
A sociedade tem experimentando transformações profundas em todas as dimensões da vida. Nós estamos mudando de uma cultura moderna, racionalista, e de orientação técnica para uma cultura mais imaginativa, experimental e de orientação histórica. Nosso aprendizado decorado e técnicas enlatadas ajudaram a antiga geração a conquistar “os sem igrejas”, mas neste momento da história, nossas técnicas e modelos tem sido mais um empecilho do que ajuda.
Hoje as pessoas são espirituais mas não dogmáticas. Elas querem conhecer se Deus é real, e não apenas conhecer ideias. Elas estão procurando por histórias de experiências e conexão com Deus mais do que lógica e provas racionais sobre Deus. O idealismo e romantismo cederam lugar a autenticidade e ao realismo. O evangelismo precisa ser repensado a partir do novo contexto, se quisermos alcançar as novas gerações com a Palavra da Cruz.
O missionário Ronaldo Lidório já disse, que “um dos maiores obstáculos na evangelização no Brasil é o dualismo existente entre igrejas ‘querigmáticas’ e as igrejas ‘martíricas’. Igrejas querigmáticas são aquelas igrejas centradas na mensagem da salvação enquanto que as igrejas martíricas são focadas no testemunho e nas ações. Há igrejas querigmáticas, mas que não são martíricas. Por outro lado há igrejas martíricas, mas que não são querigmáticas.” Entretanto, é na tensão entre uma linha teológica centrada na cruz e uma filosofia de ministério, contextualizada a partir do ministério de Jesus, que está a força propulsora da propagação da Palavra de Cruz, transformando o ser humano em todas as suas relações.
Em Jesus vemos perfeitamente o equilíbrio entre o espiritual e terreno, entre palavras e ações, teologia e vida. O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor. Lucas 4:18-19. Ele se envolveu completamente com a realidade humana para resgatar os homens do poder do pecado e seus efeitos. Para Deus a salvação inclui a restauração do corpo, da alma e do espírito.
O modelo de evangelismo que dominou o século vinte pode ser chamado de “Evangelismo como fechamento de negócio em vendas”. O paradigma básico de evangelismo como indivíduos fazendo um negócio de venda, permeou a consciência do povo evangélico. Era uma mensagem individualista acerca da libertação da culpa e do fogo após a morte. Uma teologia apenas de duas dimensões, que negligencia as boas novas acerca do reino de Deus aqui e agora.
Porém a nova imagem proposta de evangelismo quebra a ideia de alienação e de segregação. É um convite universal para uma jornada com Deus em Cristo Jesus. Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo...e nos confiou a mensagem da reconciliação. 2 Coríntios 5:19. A nova imagem do evangelista pode ser como a de um bom guia de turismo, alguém que conhece bem os lugares e deseja convidar outros para fazer esta jornada. Algo maravilhoso e transformador. Era isso o que Jesus despertava nas pessoas que Ele encontrava em seu ministério terreno.
O convite sempre é de Deus, mas Ele decidiu usar pessoas que entraram em Seu Reino e já conhecem a jornada, para convidar outros a tomarem parte desta aventura transformadora. O Seu desejo é que homens e mulheres de todas as partes do mundo venham conhecer a Cristo e torná-lo conhecido a todos os homens. Isto é bom e agradável perante Deus, nosso Salvador, que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. 1 Timóteo 2:3-4.
A porta de entrada nesta jornada é o novo nascimento. Porém, ao passarmos pela porta de entrada, a jornada apenas começou. O desejo de Deus é que ajudemos outros a encontrar a porta de entrada e também ajudá-los em sua nova caminhada. Assim evangelizar é estabelecer conexões e conversas espirituais até que cheguem a uma experiência de morte e ressurreição com Jesus Cristo. (Gálatas 2:20 e Romanos 6:6). Nesta jornada as possibilidades são ilimitadas, dependendo da disponibilidade e abertura de cada de viajante à Graça de Deus.
Jesus é o nosso modelo para a evangelização contemporânea. Na vida de Jesus o evangelismo e o discipulado era tão naturais quanto o seu respirar. A sua agenda diária era estabelecida a partir dos interesses do Pai. Ele poderia ter optado por um outro estilo de vida, mas Ele motivado pelo Amor, decidiu aceitar a missão da cruz. Eu lhes digo verdadeiramente que o Filho não pode fazer nada de si mesmo; só pode fazer o que vê o Pai fazer, porque o que o Pai faz o Filho também faz. João 5:19.
Foi com este mesmo olhar com o qual o chinês, Watcham Nee, aconselhou os evangelistas de seu tempo: “Aprendam a amar os outros, a pensar no bem deles, a ter cuidado por eles, a negar-se a si próprios por causa deles e a dar a eles tudo o que têm. Se alguém não consegue negar-se a si próprio em benefício dos outros, ser-lhe-á impossível conduzir alguém no caminho espiritual. Aprendam a dar aos outros o que você tem, ainda que se sinta como se nada tivesse. Então o Senhor começará a derramar-lhe a Sua bênção.”
Tanto a salvação quanto a santificação dependem da fé na morte e ressurreição de Cristo. Contudo é possível ser uma nova criatura e não agir na prática como um discípulo de Jesus. Jesus nos deixa uma condição se queremos ou não ser seus discípulos. Então, disse Jesus aos seus discípulos: se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Mateus 16:24.
Alguém já disse que se continuarmos fazendo sempre as mesmas coisas, não poderemos esperar que os resultados sejam diferentes. Brennam Manning afirma: “Quando nossas crenças dogmáticas e princípios morais não se materializam em discipulado, nossa santidade é uma ilusão.”
Se Jesus estivesse hoje aqui ele teria uma abordagem definida para cada tipo de pessoa. Ele sabia respeitar as diferenças, não possuía preconceitos, mas nem por isso era tolerante aos valores anti-Reino. Ele não era apenas chamado de amigo de publicanos e pecadores, mas o era de fato. Ele fazia amizade com a ralé, a gentalha da sua cultura, como também se comunicava com os da alta sociedade.
Sabia identificar as necessidades da alma humana. Ele gastava tempo com as pessoas, envolvia-se completamente tanto nos funerais como nas festas de sua época. Para Ele, todos os seus momentos, caminhando, descansando ou comendo eram oportunidades de se estabelecer conversas espirituais. Este é o modelo de evangelismo que consegue uma verdadeira conexão com as pessoas de nosso tempo.
Deus está movendo o Espírito Santo em várias partes do mundo, manifestando-Se de modo poderoso e de novas maneiras. O Espírito Santo tem capacitado a Igreja a reelaborar o evangelismo para a nossa geração. A proposta de Deus sempre foi ter pessoas conquistadas por Ele que pudessem guiar outros nesta Divina Jornada.
Está sobre a nós a responsabilidade de viver intencionalmente com o objetivo de abençoar as futuras gerações. As nossas decisões de hoje já estão influenciando e afetando o estilo de vida delas. O mais importante não é a nossa história pessoal, e sim a história da fé. Nosso desafio é conectar passado e futuro, tradição e inovação, conteúdo e forma.
As pessoas de hoje,mais do que nunca, estão famintas por algo que lhes dê senso de sentido, transcendência e pertencimento. E nós sabemos onde encontrar tudo isso. Não podemos nos silenciar neste momento tão importante da história. Devemos investir nossas vidas na transformação de vidas que estão ao nosso redor por meio desta mensagem tão preciosa que Deus nos confiou: nossa identificação com a morte e ressurreição de Jesus Cristo. Como também preparar esta nova geração para serem pastores, líderes, profissionais, missionários com esta mesma visão.
Há muita coisa a ser feita. Orar, cuidar, discipular, treinar, apoiar, enviar e mentoriar todos aqueles que Deus está trazendo para a Sua Jornada. Você acredita que vale a pena investir neste projeto? Qual será a sua parte? O salmista nos encoraja: Não vamos guardar isso para nós: vamos passá-lo para a próxima geração. A fama e a força do Eterno, as coisas maravilhosas que Ele fez.Salmo 78:4 (A Mensagem, Bíblia em Linguagem Contemporânea).

Solo Deo Glória.

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