Portanto, meu filho, dedique-se inteiramente à obra de
Cristo. Passe adiante o que você ouviu de mim – com a congregação inteira
dizendo “amém”- a líderes confiáveis que sejam competentes para ensinar. Quando
a situação ficar complicada, anime-se e encoraje os outros, como Jesus fez.
2 Timóteo 2:1-3
Ao longo dos anos, a palavra “evangelismo” tornou-se uma
palavra estranha e que não soa muito bem. Um termo que traz a ideia de venda,
exploração do povo, pregadores de televisão, manipulação de pessoas e gente
batendo de porta em porta. Algo que nos faz lembrar a sensação de sermos
invadidos por pessoas de telemarketing.
Como nós chegamos neste lugar? Como este conceito, que nas
Escrituras significa o anúncio de “Boas Novas,” tornou-se tão pesado e
desatualizado? Será que é possível encontrar uma imagem que seja fiel às
Escrituras e que seja adequada ao novo paradigma em que estamos inseridos? Será
que é possível atrair pessoas de culturas e subculturas diferentes, para um nova
jornada de exploração do Sentido da Vida a partir da mensagem da cruz?
Evidentemente que sim. O próprio Jesus nos prometeu que não estaríamos sozinhos
nessa jornada. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos.
Mateus 28:20.
A velha imagem e prática do evangelismo não esta funcionando. É
hora de repensarmos os antigos paradigmas e imagens de evangelismo. Pararmos
para examinar e trocar tanto a imagem como a prática de compartilhar as boas
novas acerca do Evangelho. Não precisamos alterar o conteúdo da mensagem, mas
sim a forma de entrega. Paulo se expressa em 1 Coríntios 9:22: Para os fracos
tornei-me fraco, para ganhar os fracos. Tornei-me tudo para com todos, para de
alguma forma salvar alguns. O apóstolo Paulo aprendeu a importância da
contextualização ao receber o chamado de anunciar Cristo aos gentios.
A sociedade tem experimentando transformações profundas em
todas as dimensões da vida. Nós estamos mudando de uma cultura moderna,
racionalista, e de orientação técnica para uma cultura mais imaginativa,
experimental e de orientação histórica. Nosso aprendizado decorado e técnicas
enlatadas ajudaram a antiga geração a conquistar “os sem igrejas”, mas neste
momento da história, nossas técnicas e modelos tem sido mais um empecilho do que
ajuda.
Hoje as pessoas são espirituais mas não dogmáticas. Elas querem
conhecer se Deus é real, e não apenas conhecer ideias. Elas estão procurando por
histórias de experiências e conexão com Deus mais do que lógica e provas
racionais sobre Deus. O idealismo e romantismo cederam lugar a autenticidade e
ao realismo. O evangelismo precisa ser repensado a partir do novo contexto, se
quisermos alcançar as novas gerações com a Palavra da Cruz.
O missionário Ronaldo Lidório já disse, que “um dos maiores
obstáculos na evangelização no Brasil é o dualismo existente entre igrejas
‘querigmáticas’ e as igrejas ‘martíricas’. Igrejas querigmáticas são aquelas
igrejas centradas na mensagem da salvação enquanto que as igrejas martíricas são
focadas no testemunho e nas ações. Há igrejas querigmáticas, mas que não são
martíricas. Por outro lado há igrejas martíricas, mas que não são
querigmáticas.” Entretanto, é na tensão entre uma linha teológica centrada na
cruz e uma filosofia de ministério, contextualizada a partir do ministério de
Jesus, que está a força propulsora da propagação da Palavra de Cruz,
transformando o ser humano em todas as suas relações.
Em Jesus vemos perfeitamente o equilíbrio entre o espiritual e
terreno, entre palavras e ações, teologia e vida. O Espírito do Senhor está
sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres; enviou-me para
proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar
os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor. Lucas 4:18-19. Ele se
envolveu completamente com a realidade humana para resgatar os homens do poder
do pecado e seus efeitos. Para Deus a salvação inclui a restauração do corpo, da
alma e do espírito.
O modelo de evangelismo que dominou o século vinte pode ser
chamado de “Evangelismo como fechamento de negócio em vendas”. O paradigma
básico de evangelismo como indivíduos fazendo um negócio de venda, permeou a
consciência do povo evangélico. Era uma mensagem individualista acerca da
libertação da culpa e do fogo após a morte. Uma teologia apenas de duas
dimensões, que negligencia as boas novas acerca do reino de Deus aqui e
agora.
Porém a nova imagem proposta de evangelismo quebra a ideia de
alienação e de segregação. É um convite universal para uma jornada com Deus em
Cristo Jesus. Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo...e nos
confiou a mensagem da reconciliação. 2 Coríntios 5:19. A nova imagem do
evangelista pode ser como a de um bom guia de turismo, alguém que conhece bem os
lugares e deseja convidar outros para fazer esta jornada. Algo maravilhoso e
transformador. Era isso o que Jesus despertava nas pessoas que Ele encontrava em
seu ministério terreno.
O convite sempre é de Deus, mas Ele decidiu usar pessoas que
entraram em Seu Reino e já conhecem a jornada, para convidar outros a tomarem
parte desta aventura transformadora. O Seu desejo é que homens e mulheres de
todas as partes do mundo venham conhecer a Cristo e torná-lo conhecido a todos
os homens. Isto é bom e agradável perante Deus, nosso Salvador, que deseja
que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. 1
Timóteo 2:3-4.
A porta de entrada nesta jornada é o novo nascimento. Porém, ao
passarmos pela porta de entrada, a jornada apenas começou. O desejo de Deus é
que ajudemos outros a encontrar a porta de entrada e também ajudá-los em sua
nova caminhada. Assim evangelizar é estabelecer conexões e conversas espirituais
até que cheguem a uma experiência de morte e ressurreição com Jesus Cristo.
(Gálatas 2:20 e Romanos 6:6). Nesta jornada as possibilidades são ilimitadas,
dependendo da disponibilidade e abertura de cada de viajante à Graça de
Deus.
Jesus é o nosso modelo para a evangelização contemporânea. Na
vida de Jesus o evangelismo e o discipulado era tão naturais quanto o seu
respirar. A sua agenda diária era estabelecida a partir dos interesses do Pai.
Ele poderia ter optado por um outro estilo de vida, mas Ele motivado pelo Amor,
decidiu aceitar a missão da cruz. Eu lhes digo verdadeiramente que o Filho
não pode fazer nada de si mesmo; só pode fazer o que vê o Pai fazer, porque o
que o Pai faz o Filho também faz. João 5:19.
Foi com este mesmo olhar com o qual o chinês, Watcham Nee,
aconselhou os evangelistas de seu tempo: “Aprendam a amar os outros, a pensar no
bem deles, a ter cuidado por eles, a negar-se a si próprios por causa deles e a
dar a eles tudo o que têm. Se alguém não consegue negar-se a si próprio em
benefício dos outros, ser-lhe-á impossível conduzir alguém no caminho
espiritual. Aprendam a dar aos outros o que você tem, ainda que se sinta como se
nada tivesse. Então o Senhor começará a derramar-lhe a Sua bênção.”
Tanto a salvação quanto a santificação dependem da fé na morte
e ressurreição de Cristo. Contudo é possível ser uma nova criatura e não agir na
prática como um discípulo de Jesus. Jesus nos deixa uma condição se queremos ou
não ser seus discípulos. Então, disse Jesus aos seus discípulos: se alguém
quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Mateus
16:24.
Alguém já disse que se continuarmos fazendo sempre as mesmas
coisas, não poderemos esperar que os resultados sejam diferentes. Brennam
Manning afirma: “Quando nossas crenças dogmáticas e princípios morais não se
materializam em discipulado, nossa santidade é uma ilusão.”
Se Jesus estivesse hoje aqui ele teria uma abordagem definida
para cada tipo de pessoa. Ele sabia respeitar as diferenças, não possuía
preconceitos, mas nem por isso era tolerante aos valores anti-Reino. Ele não era
apenas chamado de amigo de publicanos e pecadores, mas o era de fato. Ele fazia
amizade com a ralé, a gentalha da sua cultura, como também se comunicava com os
da alta sociedade.
Sabia identificar as necessidades da alma humana. Ele gastava
tempo com as pessoas, envolvia-se completamente tanto nos funerais como nas
festas de sua época. Para Ele, todos os seus momentos, caminhando, descansando
ou comendo eram oportunidades de se estabelecer conversas espirituais. Este é o
modelo de evangelismo que consegue uma verdadeira conexão com as pessoas de
nosso tempo.
Deus está movendo o Espírito Santo em várias partes do mundo,
manifestando-Se de modo poderoso e de novas maneiras. O Espírito Santo tem
capacitado a Igreja a reelaborar o evangelismo para a nossa geração. A proposta
de Deus sempre foi ter pessoas conquistadas por Ele que pudessem guiar outros
nesta Divina Jornada.
Está sobre a nós a responsabilidade de viver intencionalmente
com o objetivo de abençoar as futuras gerações. As nossas decisões de hoje já
estão influenciando e afetando o estilo de vida delas. O mais importante não é a
nossa história pessoal, e sim a história da fé. Nosso desafio é conectar passado
e futuro, tradição e inovação, conteúdo e forma.
As pessoas de hoje,mais do que nunca, estão famintas por algo
que lhes dê senso de sentido, transcendência e pertencimento. E nós sabemos onde
encontrar tudo isso. Não podemos nos silenciar neste momento tão importante da
história. Devemos investir nossas vidas na transformação de vidas que estão ao
nosso redor por meio desta mensagem tão preciosa que Deus nos confiou: nossa
identificação com a morte e ressurreição de Jesus Cristo. Como também preparar
esta nova geração para serem pastores, líderes, profissionais, missionários com
esta mesma visão.
Há muita coisa a ser feita. Orar, cuidar, discipular, treinar,
apoiar, enviar e mentoriar todos aqueles que Deus está trazendo para a Sua
Jornada. Você acredita que vale a pena investir neste projeto? Qual será a sua
parte? O salmista nos encoraja: Não vamos guardar isso para nós: vamos
passá-lo para a próxima geração. A fama e a força do Eterno, as coisas
maravilhosas que Ele fez.Salmo 78:4 (A Mensagem, Bíblia em Linguagem
Contemporânea).
Solo Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
sábado, 26 de maio de 2012
DIVINA JORNADA
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