Quem diz o povo ser o Filho do homem? ...Respondendo
Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe
afirmou: ...Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a
minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Mateus
16:13b, 16 e 18.
Alexander MacLaren
sustentava que uma igreja morna gera a incredulidade, tão certamente quanto
um carvalho em decomposição gera cogumelos. E São Crisóstomo disse
que nada obterá mais sucesso em dividir a igreja do que o amor ao poder.
Este era o contorno que emoldurava a igreja no século XVI. D’Aubigné
pontuava: A mercantilização das indulgências fizera do homem o seu próprio
deus na esfera religiosa. Lutero gritava: Não tenho outro
argumento mais vigoroso contra o governo do Papa do que o fato de ele reinar sem
a cruz. A igreja havia perdido sua identidade. Negociantes habilidosos
vendiam a consciência para comprar a coroa do poder papal. Janus mostrou
que naqueles dias tristes, a Igreja de Roma descera ao último grau de
abjeção. Rezavam as lendas populares que cada Papa não obtinha o trono senão
vendendo a alma ao demônio, em troca da tiara. A tesouraria do mérito
negociava o perdão dos pecados com um pedaço de pano. As indulgências se
tornaram fonte de lucro para as construções do Vaticano. A igreja de Cristo
havia se tornado uma máquina opressora de fazer hipócritas. Cristo pôs a
igreja no mundo, mas Satanás não tem feito outra coisa senão esforçar-se para
colocar o mundo na igreja. A igreja, que deveria ser edificada por Cristo,
acabou virando um sistema de extorquir as pessoas crédulas.
Martinho Lutero, monge agostiniano, quando esteve
em Roma, em 1510, ficou chocado com o mundanismo dos clérigos e desiludido com a
indiferença religiosa deles. A falta de compromisso com a verdade, ou
distanciamento da Palavra de Deus, levou a igreja longe demais no caminho da
indecência moral e espiritual. Uma igreja sem a verdade não é uma igreja
verdadeira, e uma igreja sem o Espírito não é uma verdadeira igreja. Foi
neste contexto lamentável que, no dia 31 de outubro de 1517, o som de um
martelo, em Wittenberg, foi o sinal para o começo de uma reforma que muitos já
estavam esperando. A Reforma não se voltava contra a autoridade, mas contra a
usurpação do poder. Lutero não investiu contra a igreja, mas contra a anarquia
do seu conceito. O sistema religioso era político demais para ser santo e seus
interesses egoístas demais para serem justos.
A Reforma foi um brado da graça na edificação da
igreja de Cristo. Se Cristo é o construtor da igreja, nunca os homens, por mais
astutos que sejam, conseguirão pervertê-la totalmente. Os dedos sujos dos
religiosos não poderão toldar a santidade da igreja. Jesus sempre realizará
alguma reforma na sua igreja, ao ponto de mantê-la o mais possível fiel aos seus
princípios. A igreja é dele, e só Ele é competente para torná-la íntegra. Com
grande certeza podemos depender de Cristo quanto à edificação de sua igreja.
Aquele que morreu por ela, vive para a apresentar a si mesmo Igreja
gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.
Efésios 5:27. Assim, como Cristo é a raiz pela
qual o santo cresce, Ele é a regra pela qual o santo anda. O fato de haver
muitas igrejas que negam o que Cristo fez não invalida o senhorio de Cristo
sobre a sua igreja. A verdadeira igreja de Cristo é aquela que se submete
totalmente ao governo soberano do seu único Senhor e está disposta a obedecer
voluntariamente a sua vontade. Um Cristo suplementado é um Cristo
suplantado, mas o senhorio de Cristo é soberano em sua igreja. Por isso, a
igreja de Jesus Cristo, que está sempre crescendo, tem como axioma: Ecclesia
reformata sed semper reformanda, isto é, uma igreja reformada, mas sempre aberta
a mais reformas.
A igreja de Jesus Cristo é um corpo vivo, dinâmico
e evolutivo. A igreja é uma comunidade cristocêntrica: as suas atividades
devem ser inspiradas e dirigidas por Cristo. O motivo é Cristo. O modelo é
Cristo. A meta é Cristo. Sendo assim, a igreja está sempre evoluindo nas
dimensões da grandeza de Cristo. Mas a igreja que evolui é aquela que foi
assinalada com as marcas da cruz. Não a cruz teológica de uma doutrina, ou um
emblema decorativo. As marcas da cruz são aquelas que estão cravadas no caráter.
Usar uma cruz não substitui o ato de fé de ser crucificado na cruz com Cristo. A
fôrma da Reforma é a cruz. Cristão sem os efeitos da cruz no seu interior é
falsificação da realidade. A cruz é a única escada suficientemente alta para
alcançar a soleira dos céus. Só os crucificados pertencem à igreja de
Cristo. A verdadeira igreja é aquela que brota da sepultura e que traz as
evidências da vida ressurreta, que pode ser definida com as mesmas palavras que
traçaram os fundamentos da Reforma do século XVI.
Soli Deo Gloria.
A glória
pertence somente a Deus. Toda a glória do cristão autêntico é glorificar o Deus
de toda a glória. Nenhuma faísca do brilho divino pode ser reivindicado por
qualquer dos mortais. Fomos regenerados para glorificar unicamente ao Senhor da
glória. Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer,
fazei tudo para a glória de Deus. 1 Coríntios 10:31.
A vida marcada pela cruz é aquela que reconhece a trindade Divina como a única
detentora de toda a glória.
Soli Gratia.
A salvação do
ser humano é totalmente pela graça. No caminho para o Reino de Deus não tem
pedágio. Deus não requer recompensas. Ele não faz permuta nem aceita gorjeta.
Ninguém pode conquistar o céu, pois ele é uma dádiva da graça. Charles
Hodge disse: Nada que não seja gratuito é seguro para os pecadores... A
não ser que sejamos salvos pela graça, não podemos absolutamente ser salvos.
Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de
Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Efésios 2:8-9. Se não
fosse completamente pela graça, haveria o risco de suborno. Por esta razão,
somente a graça pode nos fazer crer que a salvação é somente pela graça.
Sola Scriptura.
A
Escritura Sagrada, a Bíblia, é a única fonte da revelação cristã. A única
autoridade capaz de apontar os pensamentos fundamentais de Deus para o homem. A
Bíblia é a bússola que aponta o rumo, e o mapa que orienta a viagem do cristão.
É o roteiro que avalia suas experiências e a balança que pesa sua conduta. A
não ser que a Palavra de Deus ilumine o caminho, toda a vida dos homens estará
envolta em trevas e nevoeiro, de forma que eles inevitavelmente irão se perder.
Somente as Escrituras podem dar certeza ao coração do homem. Toda a
Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito
e perfeitamente habilitado para toda boa obra. 2 Timóteo 3:16-17. A única
reforma verdadeira é a que emana da Palavra de Deus. A Reforma ainda preconizava o sacerdócio de todos os crentes, a
santidade de todos os regenerados e a igreja como povo de Deus, sem hierarquias
ou castas especiais. Estas marcas da Reforma Protestante precisam ser
atualizadas na Reforma atual. A igreja do nosso tempo passa pelas mesmas crises
de poder e de manipulação que acometia a igreja de Roma, nos tempos de Lutero.
Somos, pois, convocados a assumir a mesma postura do reformador, tomando a mesma
fôrma da Reforma. A cruz de Cristo é a coisa mais revolucionária que já
apareceu entre os homens. Sem cruz não se segue a Cristo. A reforma só será
realidade para as pessoas que já foram crucificadas com Cristo e que, por isso,
não têm mais nada a perder. Um reformador bradava: Deus
cria a partir do nada. Portanto, enquanto o homem não for reduzido a nada, por
meio da cruz de Cristo, Deus não poderá fazer nada com ele.
Solo Deo Glória
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
terça-feira, 1 de maio de 2012
A FÔRMA DA REFORMA
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