Não tires jamais de minha boca a palavra da verdade, pois
tenho esperado nos teus juízos. Salmo 119:43
Nos versos 41 e 42 do Salmo119 podemos ver claramente a Pessoa
do Pai Celestial que Se revela àqueles que são invadidos e restaurados pelo Seu
amor terno e cuidadoso. Dos versos 43 ao 48 há um desdobramento ou consequência
natural da ação misericordiosa Divina no salmista e nas pessoas impactadas pelo
Seu amor fiel, inabalável, benigno e curador, sendo capacitadas a suportar, as
pressões internas e externas que enfrentam ao longo de suas vidas.
Não tires jamais de minha boca a palavra da verdade, pois
tenho esperado nos teus juízos Salmo 119:43. No verso 43 temos a expressão
de alguém que tem um “desejo profético” pela revelação pura, autêntica e sem
misturas através da palavra de Deus. O salmista não quer perder o foco da
mensagem profética. Não quer pregar e nem ensinar nada que não satisfaça a
verdadeira fome do ser humano: as verdades sobre a Pessoa de Yahweh
contidas em Sua palavra e reveladas num relacionamento de intimidade com Ele. Só
quem tem experimentado os efeitos da misericórdia do Pai e confiado na realidade
da Sua palavra, poderá ter o desejo de anunciá-la com autenticidade.
Ao fazer a afirmação não tires jamaiso salmista está
dizendo que não quer, em hipótese alguma, ser “desvestido, privado, despojado ou
separado” da capacidade dada por Deus para transmitir a Sua revelação. Este é um
desejo eminentemente profético. A boca é o veículo profético responsável por
proferir a revelação Divina. Aqui, o sentido da palavra boca é muito
maior do que o de ser apenas o órgão responsável pela fala humana. É a boca da
pessoa que é “tratada” pela misericórdia Divina e “calibrada” pelo Espírito que
profere a revelação de Yahweh!
Assim observarei de contínuo a tua lei, para todo o
sempre Salmo 119:44. É o Senhor quem coloca em nós a dimensão de eternidade
ensinada pela Sua palavra. Guardar a palavra de Deus sempre e eternamente só
poderá acontecer na medida em que o desejo de obedecê-la tiver uma proporção ou
expectativa de “felicidade celestial” vivida na dimensão terrena.
Viver a palavra de Deus aqui na terra pode ser comparado a uma
felicidade celestial experimentada de antemão. Porém, o assim observarei de
contínuo é uma condição que só poderá ser cumprida na vida do salmista
quando ele aprender a depositar “toda a sua esperança” na capacidade de Deus de
cumprir as promessas reveladas em Sua palavra, pois tenho esperado nos teus
juízos (v.43).
Aqui temos a ideia clara da obediência contínua ou da prática
da palavra de Deus presente no cotidiano do salmista. A humanidade sempre
demonstrou a sua incapacidade ao conseguir divorciar a teoria da prática. A
Bíblia nunca apresentou sequer algum ensino que dê margem a este comportamento
humano e incongruente.
O fato de não vivermos a palavra do Senhor vem da nossa
natureza humana e inconstante. Somos especialistas em fragmentar na prática os
ensinos de Deus em relação à coerência bíblica que há entre o crer, o ser e o
fazer. Crer é O Pai revelando, ser é O Pai amando, curando e sustentando e fazer
é O Pai capacitando para a Sua obra!
O salmista compreendeu que não tinha capacidade para cumprir
por si mesmo a palavra de Yahweh. É impossível viver a palavra do Senhor
sem que Ele mesmo a faça frutificar em nós. Trata-se da retenção da revelação de
Deus, vista no cotidiano do salmista. Ou seja, o Espírito de Deus faz com que
aquilo que cremos, mediante a revelação da Sua palavra, faça parte das nossas
práticas cotidianas. A palavra de Deus só nos apresenta um tipo de teologia: a
teologia prática. O salmista descobriu o que significa falar de Deus com a
própria vida.
E andarei com largueza, pois me empenho pelos teus preceitos
Salmo 119:45. Aqui não existe nenhuma troca ou negociação do tipo: “faça a
minha vontade e será feliz”. Deus está ensinando ao salmista (e a nós também)
que a dimensão da Sua largueza significa um “lugar espaçoso ou plenificado”,
onde há verdadeiro descanso e cura para que possamos viver saudavelmente a Sua
palavra.
É empenho operado pelo próprio Yahweh. Por nós
mesmos jamais desejaríamos fazer qualquer coisa para satisfazê-LO. Quem passa
pelo divã curador do Pai não se vê na obrigação de “fazer força” para agradá-LO.
Antes, é uma disposição que Ele mesmo nos coloca para que tenhamos sede de fazer
a Sua vontade soberana. Esta realidade só acontece quando desfrutamos sem
reservas da pastoralidade Divina!
Esta é a dimensão de uma vida desbloqueada e facilitada pelo
próprio Yahweh. Ao experimentarmos a largueza da liberdade Divina, jamais
desejaremos experimentar a libertinagem que há no mundo e que é contrária à Sua
vontade. Quando o Senhor escreve a Sua lei em nossos corações, nada poderá ser
vivido ou feito por mera obrigação, mas, com leveza e alegria. Quando a plateia
das nossas vidas for formada por uma só Pessoa, vamos poder ser quem Ele
gostaria que fôssemos!
Isto é viver na alforria Divina sem que precisemos nos submeter
ou viver condicionados às clausuras de nossos padrões pessoais, fruto de nossas
formações ideológicas próprias, de ambientes familiares ou submetidos à
pré-aprovação das demais pessoas. A largueza de Deus nos proporciona uma
existência diante dos olhares do júri celestial, que está assentado no trono da
Sua graça que é plena e está preparado para dar seu veredito final: aprovado
pelo Pai, pela Vida e Obra do Filho e pelo convencimento operado pelo Espírito
em nossos corações!
Não existe uma liberdade maior do que a de poder ser quem
realmente somos diante do nosso Pai Celestial. De termos a certeza de que Ele já
nos perdoou e nos ama de maneira pessoal e profunda! Ao salmista foi revelado
que não há largueza maior do que saber que Yahweh jamais desistirá
dele! O divã do Redentor é o lugar do descanso que Ele mesmo nos oferece e, ao
mesmo tempo o Caminho da Sua cura pelo qual nos faz caminhar. O nosso Adonai
sempre foi, é e será o Deus Terapêutico!
A verdadeira liberdade não é a realização das nossas vontades.
Antes, a verdadeira liberdade é a capacidade concedida para busca da intimidade
com Deus e a realização da Sua vontade em nós. Não há maior liberdade do que
podermos experimentar a concretização da vontade Divina em nossas vidas E não
sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do
vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e
perfeita vontade de DeusRomanos 12:2. Só podemos experimentar algo
libertador quando a ação vem do Senhor. Não existe nenhuma larguezaalém
desta dimensão, que nos valha à pena.
Também falarei dos teus testemunhos na presença dos reis
Salmo 119:46. É quando se fala da palavra com ousadia. A ousadia é o exercício
da liberdade dada por Deus diante de qualquer situação, mesmo que adversa. É a
coragem profética concedida pelo Espírito de Yahweh na proclamação da Sua
palavra. A liberdade para falar da palavra de Yahweh só é concedida às
pessoas que experimentam a libertação de si mesmas (v.45).
O salmista compreendeu a necessidade de se pregar ou ensinar
sem negociação teológica para se adequar às pessoas ou às sugestões
interpretativas mais influentes e convenientes de sua época. Ah se aprendêssemos
tal qual o salmista, a não nos adequar aos modismos evangelicais de época ou aos
“clichês teológicos” mais aceitos pela maioria das pessoas, seríamos pessoas
mais libertas para anunciar a revelação Divina com mais coragem, pureza e
inteireza!
Somente as pessoas que estão sendo libertas e curadas pelo Pai
podem falar da Sua palavra sem se verem comprometidas com o modo e o mando deste
sistema perverso que invade até os arraiais da formação teológica. Esta é uma
intrepidez vinda do Deus que já nos perdoou e nos faz capazes de testemunhá-Lo
diante de quem quer que seja ou de qualquer situação e sem o menor
constrangimento causado pelas pressões externas que se nos tentam impor.
Testemunhar da palavra na presença dos reis é o mesmo
que anunciar o Deus que está acima de qualquer cultura ou sistema humano. É
falar ousadamente das verdades contidas na palavra Daquele que transcende as
conveniências ideológico-culturais ou até mesmo as sócio-políticas em qualquer
época. Testemunhar da palavra de Deus não pode ser feito com hipocrisia. Dar
testemunho, baseados na palavra, é falar tão somente dos atos de Deus em nossas
vidas. Não podemos dizer uma coisa e viver outra, dependendo das circunstâncias
que nos cercam ou das pessoas a quem proclamamos a revelação da palavra de
Deus.
Terei prazer nos teus mandamentos, os quais eu amo Salmo
119:47. O verdadeiro prazer é a felicidade produzida por Deus em nossos
corações. A afirmação do salmista de que terei prazer é nada menos do que
uma confissão de amor pela palavra do Senhor. É ter prazer na revelação de modo
apaixonante. Ele ama esta palavra porque a sua procedência é Divina. Uma coisa
está ligada à outra, isto é, nosso amor pela revelação de Deus deve ser
proporcional à intensidade da nossa intimidade com a Sua Pessoa! O amor pela
palavra revelada deve ser o reflexo da nossa relação com o Amado!
A alegria experimentada quando somos invadidos pela palavra de
Deus faz com que amemos a mensagem que pregamos. Este prazer só pode ser
concedido por Aquele a quem pregamos. Só poderemos ouvir, falar e praticar a
palavra de Yahweh na medida em que somos “tocados” por ela.
Para os teus mandamentos, que amo, levantarei as minhas mãos
e meditarei nos teus decretos Salmo 119:48. E, por fim, o salmista vê em sua
vida uma atmosfera de adoração através da revelação da palavra do seu Deus. É um
gesto de adoração a Deus e de quem não se cansa de receber constantemente o
ensino transformador da Sua Pessoa. A revelação da palavra de Deus é marcada
pela manifestação da autêntica adoração a Ele. Nisto também consiste a exaltação
da palavra de Deus.
A ação do amor Divino nos credencia a falar de uma palavra que
foi introjetada (por revelação) em nossos corações (na regeneração),
é exemplificada em nossas vidas (pela santificação) e será vivida
plenamente diante Daquele que Se revelou a nós (na glorificação)!
A mesma sede pela revelação profética da palavra de Deus deve
nortear a pregação de nossa comunidade: “Conhecer a Cristo crucificado e
torná-lo conhecido, em todo lugar por meio da graça!” Somos testemunhas vivas da
revelação que O Pai nos comissionou para proclamar? Que possamos pregar a
mensagem da cruz e viver como crucificados! Que o Senhor jamais tire da nossa
boca esta palavra!
Solo Deo Glória
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
domingo, 13 de maio de 2012
A EXALTAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS 7
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