domingo, 6 de maio de 2012

PELAS OBRAS OU PARA AS OBRAS?

"Mas se é pela graça, já não é pelas obras, de outra maneira, a graça já não é graça. Romanos 11:6".
Esta declaração inevitavelmente traz consigo uma conclusão lógica: se é pelas obras, a graça deixa de atuar. De outra maneira, as obras já não são obras. O ponto principal é: ou será por “graça” ou será por “obras”. Não podem ser as duas coisas ao mesmo tempo. São duas eternas antíteses, e, se for por uma, não poderá ser por outra.
A graça é uma atitude Divina para com os homens. No que se refere à salvação, a iniciativa é sempre de Deus. A essência da doutrina da graça é o agir de Deus em favor da humanidade caída.
A manifestação dessa graça é justamente observada na obra redentora e salvadora de Cristo Jesus nosso Senhor para conosco, pecadores falidos e perdidos por natureza, pois segundo a Bíblia, o homem, na sua essência, está morto em delitos e pecados. Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Efésios 2:1-3. Esta é a real condição de toda pessoa que nasce neste mundo e não há nada que se possa fazer para mudar essa situação.
O que então pode despertar um ser como este? A resposta vem no versículo seguinte: Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus. Efésios 2:4-6. A salvação foi iniciada por Deus. Foi Ele quem fez algo. Foi o Pai quem enviou seu Filho Amado para morrer e ressuscitar e nos fazer morrer e ressuscitar juntamente com Ele.
O que seriade nós sem a graça de Deus? O apóstolo Paulo sabia que ele era o que era, por causa da infinita graça de Deus. Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus comigo. 1 Coríntios: 15:10. Neste relato do apóstolo, observa-se que a graça de Deus não é algo estático, ela gera efeitos, gera resposta em nossos corações. Paulo enfatiza que trabalhou muito mais do que todos, mas deixa claro que foi a ação da graça de Deus agindo nele.
Atualmente, o povo de Deus vive uma graça inconsequente. Observamos pessoas anulando e fazendo da graça de Deus algo vão e vazio. Porque uma coisa é certa, todas as vezes que usamos a graça de Deus para um proveito próprio, nós a anulamos. O cristão sempre será alguém devedor da graça e da misericórdia de Deus. Todas as vezes que ele olhar para trás, terá que dizer inevitavelmente, “sou o que sou pela graça de Deus”.
Outrora nós também éramos insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja, odiosos e odiando-nos uns aos outros. Mas quando apareceu a benignidade de Deus, nosso Salvador, e seu amor para com todos não por obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, ele nos salvou mediante a lavagem da regeneração e da renovação pelo Espírito Santo, que ele derramou ricamente sobre nós, por meio de Jesus Cristo nosso salvador. Tito 3:3-6.
Jamais poderemos nos jactar do que somos, pois seremos devedores eternos da graça de Deus. Até mesmo quando somos chamados a operar a nossa salvação com temor e tremor, este chamado é inteiramente pela graça maravilhosa de Deus. Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Filipenses 2:12-13. Precisamos entender que jamais poderemos, pelos nossos próprios esforços, adquirir a salvação. Paulo, nesta passagem, não está exortando os membros da igreja de Filipos a produzirem sua própria salvação, mas sim os exortando a porem em ação a salvação que já possuíam. Ele não está escrevendo para pessoas que se tornariam cristãs, mas para pessoas que já eram cristãs. Estava dizendo que agora eles podem aperfeiçoar, efetuar, levar a um resultado completo, ou finalizar algo que já fora neles iniciado. Somos exortados a não receber a graça de Deus em vão, a não anularmos a graça de Deus. E nós, cooperando com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão. 2ª. Coríntios 6:1.
Em parte alguma o Novo Testamento apresenta a vida cristã e a salvação como algo que adquirimos como fruto do nosso esforço ou desempenho pessoal. Pelo contrário, somos informados de que: Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus. Filipenses 1:6. Não existe nada que Deus exija em sua Santa Palavra que Ele mesmo, por sua graça, venha nos capacitar a cumprir para que nós O glorifiquemos. Por isto, não existe preço algum a ser pago. Paulo deixa bem claro que quem opera tanto o querer como o efetuar é Deus. Dizendo isto, ele quer tirar os holofotes de si e mirá-los para Aquele que é o único digno de receber toda glória e honra. É Deus quem opera em vós, não eu. Não é Paulo, mas Deus. Muitas vezes, Deus faz a obra e as pessoas dão o crédito aos homens. O pior é quando os homens buscam auferir para si o crédito que só pode ser dado ao Cordeiro. Os homens são apenas canais por onde flui a água viva que dessedenta. Os homens podem ser e, de fato, são úteis na proclamação do Evangelho, porém meros instrumentos nas mãos de Deus.
O que vemos hoje é uma dependência doentia de homens, os quais, muitas vezes, ficam como cães a lamber seus donos por interesses próprios e para a satisfação de seus egos, porque não foram crucificados com Cristo. Paulo sabia muito bem desse perigo e desse favoritismo do inferno ao escrever: Afinal de contas, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e isto conforme o que o Senhor deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou, mas Deus deu o crescimento. Pelo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento. 1 Coríntios 3:5-7. Hoje em dia, há uma dependência exagerada e um foco desmedido em homens ao invés de Cristo. Os homens caem ou se vão e seus dependentes tendem a entrar em colapso ou em depressão, justamente porque seus olhos estão fitos não Naquele que pode todas as coisas, mas naqueles cujo o fôlego está nas narinas. A Palavra de Deus nos exorta a olharmos fixamente para Jesus. Olhando firmemente para Jesus, autor e consumador da nossa fé, o qual pelo gozo que lhe estava proposto suportou a cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus. Hebreus 12:2.
Nossa salvação é pelas obras ou para as obras? Deixemos a própria Palavra de Deus responder a esta pergunta. Pois é pela graça que sois salvos, por meio de fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus, não das obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas. Efésios 2:8-10. Não somos salvos pelas obras, mas para as boas obras, que o próprio Deus, em sua sabedoria eterna, deixou preparadas para nós. Por isto, todo nosso crescimento precisa estar focado nesta graça maravilhosa de Deus e não somente no conhecimento de Deus. Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como até o dia da eternidade. Amém. 2 Pedro 3:18.
Gostamos muito da palavra maturidade, crente maduro. O que vem a ser um crente maduro? Quando o apóstolo Paulo fala sobre seu crescimento, usa uma ordem muito esquisita. Primeiro, diz que é “o menor dos apóstolos”, que não era nem digno de ser chamado de apóstolo. Passado aproximadamente cinco anos, refere a si mesmo como “o menor de todos os santos”.Perto do fim de sua vida, considera-se “o principal dos pecadores”. Existe sem sombra de dúvidas um crescimento, mas um crescimento para baixo. Nosso Senhor explicou muito bem isso ao dizer: Mas ele me disse: a minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Portanto, de vontade me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. 2 Coríntios 12:9.
Maturidade é dependência da graça de Deus. Quanto mais aprendemos a depender da graça de Deus, mais maduros nos tornamos. Somos chamados por Deus para comunhão e não para perfeição. A perfeição é o resultado da comunhão e não vice-versa. Quando Abrão tinha noventa e nove anos de idade, apareceu-lhe o Senhor e lhe disse: Eu sou o Deus Todo Poderoso, anda na minha presença, e sê perfeito. Gênesis 17:1. A perfeição vem pela comunhão, pela entrega, pelo confiar diário Nele de todo nosso coração, sem nos estribarmos no nosso próprio entendimento, mas reconhecendo-O em todos os nossos caminhos, para que somente Ele endireite nossas veredas, e toda glória possa ser dada a Ele. Porque dele e por ele e para ele são todas as coisas. Glória, pois a ele eternamente. Amém! Romanos 11:36.

Solo Deo Glória

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