"Mas se é pela graça, já não é pelas obras, de outra
maneira, a graça já não é graça. Romanos 11:6".
Esta declaração inevitavelmente traz consigo uma conclusão
lógica: se é pelas obras, a graça deixa de atuar. De outra maneira, as obras já
não são obras. O ponto principal é: ou será por “graça” ou será por “obras”. Não
podem ser as duas coisas ao mesmo tempo. São duas eternas antíteses, e, se for
por uma, não poderá ser por outra.
A graça é uma atitude Divina para com os homens. No que se
refere à salvação, a iniciativa é sempre de Deus. A essência da doutrina da
graça é o agir de Deus em favor da humanidade caída.
A manifestação dessa graça é justamente observada na obra
redentora e salvadora de Cristo Jesus nosso Senhor para conosco, pecadores
falidos e perdidos por natureza, pois segundo a Bíblia, o homem, na sua
essência, está morto em delitos e pecados. Ele vos deu vida, estando vós
mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso
deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua
nos filhos da desobediência; entre os quais também todos nós andamos outrora,
segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos
pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.
Efésios 2:1-3. Esta é a real condição de toda pessoa que nasce neste mundo e
não há nada que se possa fazer para mudar essa situação.
O que então pode despertar um ser como este? A resposta vem no
versículo seguinte: Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande
amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida
juntamente com Cristo, — pela graça sois salvos, e, juntamente com ele, nos
ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus. Efésios
2:4-6. A salvação foi iniciada por Deus. Foi Ele quem fez algo. Foi o Pai
quem enviou seu Filho Amado para morrer e ressuscitar e nos fazer morrer e
ressuscitar juntamente com Ele.
O que seriade nós sem a graça de Deus? O apóstolo Paulo sabia
que ele era o que era, por causa da infinita graça de Deus. Mas, pela graça
de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã;
antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de
Deus comigo. 1 Coríntios: 15:10. Neste relato do apóstolo, observa-se que a
graça de Deus não é algo estático, ela gera efeitos, gera resposta em nossos
corações. Paulo enfatiza que trabalhou muito mais do que todos, mas deixa claro
que foi a ação da graça de Deus agindo nele.
Atualmente, o povo de Deus vive uma graça inconsequente.
Observamos pessoas anulando e fazendo da graça de Deus algo vão e vazio. Porque
uma coisa é certa, todas as vezes que usamos a graça de Deus para um proveito
próprio, nós a anulamos. O cristão sempre será alguém devedor da graça e da
misericórdia de Deus. Todas as vezes que ele olhar para trás, terá que dizer
inevitavelmente, “sou o que sou pela graça de Deus”.
Outrora nós também éramos insensatos, desobedientes,
extraviados, servindo a várias paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja,
odiosos e odiando-nos uns aos outros. Mas quando apareceu a benignidade de Deus,
nosso Salvador, e seu amor para com todos não por obras de justiça que
houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, ele nos salvou mediante a
lavagem da regeneração e da renovação pelo Espírito Santo, que ele derramou
ricamente sobre nós, por meio de Jesus Cristo nosso salvador. Tito 3:3-6.
Jamais poderemos nos jactar do que somos, pois seremos
devedores eternos da graça de Deus. Até mesmo quando somos chamados a operar a
nossa salvação com temor e tremor, este chamado é inteiramente pela graça
maravilhosa de Deus. Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não
só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a
vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o
querer como o realizar, segundo a sua boa vontade. Filipenses 2:12-13.
Precisamos entender que jamais poderemos, pelos nossos próprios esforços,
adquirir a salvação. Paulo, nesta passagem, não está exortando os membros da
igreja de Filipos a produzirem sua própria salvação, mas sim os exortando a
porem em ação a salvação que já possuíam. Ele não está escrevendo para pessoas
que se tornariam cristãs, mas para pessoas que já eram cristãs. Estava dizendo
que agora eles podem aperfeiçoar, efetuar, levar a um resultado completo, ou
finalizar algo que já fora neles iniciado. Somos exortados a não receber a graça
de Deus em vão, a não anularmos a graça de Deus. E nós, cooperando com ele,
vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão. 2ª. Coríntios 6:1.
Em parte alguma o Novo Testamento apresenta a vida cristã e a
salvação como algo que adquirimos como fruto do nosso esforço ou desempenho
pessoal. Pelo contrário, somos informados de que: Tendo por certo isto mesmo,
que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo
Jesus. Filipenses 1:6. Não existe nada que Deus exija em sua Santa Palavra
que Ele mesmo, por sua graça, venha nos capacitar a cumprir para que nós O
glorifiquemos. Por isto, não existe preço algum a ser pago. Paulo deixa bem
claro que quem opera tanto o querer como o efetuar é Deus. Dizendo isto,
ele quer tirar os holofotes de si e mirá-los para Aquele que é o único digno de
receber toda glória e honra. É Deus quem opera em vós, não eu. Não é Paulo, mas
Deus. Muitas vezes, Deus faz a obra e as pessoas dão o crédito aos homens. O
pior é quando os homens buscam auferir para si o crédito que só pode ser dado ao
Cordeiro. Os homens são apenas canais por onde flui a água viva que dessedenta.
Os homens podem ser e, de fato, são úteis na proclamação do Evangelho, porém
meros instrumentos nas mãos de Deus.
O que vemos hoje é uma dependência doentia de homens, os quais,
muitas vezes, ficam como cães a lamber seus donos por interesses próprios e para
a satisfação de seus egos, porque não foram crucificados com Cristo. Paulo sabia
muito bem desse perigo e desse favoritismo do inferno ao escrever: Afinal de
contas, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e
isto conforme o que o Senhor deu a cada um? Eu plantei, Apolo regou, mas Deus
deu o crescimento. Pelo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas
Deus, que dá o crescimento. 1 Coríntios 3:5-7. Hoje em dia, há uma
dependência exagerada e um foco desmedido em homens ao invés de Cristo. Os
homens caem ou se vão e seus dependentes tendem a entrar em colapso ou em
depressão, justamente porque seus olhos estão fitos não Naquele que pode todas
as coisas, mas naqueles cujo o fôlego está nas narinas. A Palavra de Deus nos
exorta a olharmos fixamente para Jesus. Olhando firmemente para Jesus, autor
e consumador da nossa fé, o qual pelo gozo que lhe estava proposto suportou a
cruz, desprezando a ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus.
Hebreus 12:2.
Nossa salvação é pelas obras ou para as obras? Deixemos a
própria Palavra de Deus responder a esta pergunta. Pois é pela graça que sois
salvos, por meio de fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus, não das obras,
para que ninguém se glorie. Pois somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para
as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas. Efésios
2:8-10. Não somos salvos pelas obras, mas para as boas obras, que o próprio
Deus, em sua sabedoria eterna, deixou preparadas para nós. Por isto, todo nosso
crescimento precisa estar focado nesta graça maravilhosa de Deus e não somente
no conhecimento de Deus. Antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso
Senhor e salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como até
o dia da eternidade. Amém. 2 Pedro 3:18.
Gostamos muito da palavra maturidade, crente maduro. O que vem
a ser um crente maduro? Quando o apóstolo Paulo fala sobre seu crescimento, usa
uma ordem muito esquisita. Primeiro, diz que é “o menor dos apóstolos”, que não
era nem digno de ser chamado de apóstolo. Passado aproximadamente cinco anos,
refere a si mesmo como “o menor de todos os santos”.Perto do fim de sua vida,
considera-se “o principal dos pecadores”. Existe sem sombra de dúvidas um
crescimento, mas um crescimento para baixo. Nosso Senhor explicou muito bem isso
ao dizer: Mas ele me disse: a minha graça te basta, pois o meu poder se
aperfeiçoa na fraqueza. Portanto, de vontade me gloriarei nas minhas fraquezas,
para que em mim habite o poder de Cristo. 2 Coríntios 12:9.
Maturidade é dependência da graça de Deus. Quanto mais
aprendemos a depender da graça de Deus, mais maduros nos tornamos. Somos
chamados por Deus para comunhão e não para perfeição. A perfeição é o resultado
da comunhão e não vice-versa. Quando Abrão tinha noventa e nove anos de
idade, apareceu-lhe o Senhor e lhe disse: Eu sou o Deus Todo Poderoso, anda na
minha presença, e sê perfeito. Gênesis 17:1. A perfeição vem pela comunhão,
pela entrega, pelo confiar diário Nele de todo nosso coração, sem nos
estribarmos no nosso próprio entendimento, mas reconhecendo-O em todos os nossos
caminhos, para que somente Ele endireite nossas veredas, e toda glória possa ser
dada a Ele. Porque dele e por ele e para ele são todas as coisas. Glória,
pois a ele eternamente. Amém! Romanos 11:36.
Solo Deo Glória
| |
O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
domingo, 6 de maio de 2012
PELAS OBRAS OU PARA AS OBRAS?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário