Estamos diante de uma situação embaraçosa, no plano espiritual,
pois se Cristo foi designado o chefe e cabeça de todas as coisas, ninguém pode
ser líder ou cabeça de coisa alguma. Se Cristo é a plenitude de Deus para o
homem, logo ninguém pode gozar a sua plenitude fora de Cristo. Aqui reside a
questão mais importante para o descanso do coração dos crentes, como também, o
quesito mais instigante para a agitação dos incrédulos. Somente pela graça plena
de Deus, quando percebemos que nós somos nada diante dele, é que, então, podemos
perceber a plenitude de Cristo em nossas vidas.
O pecado exalta tanto a alma, a ponto do sujeito desconfiar que
é alguém muito importante. A raça de Adão sofre de megalomania crônica e o
gênero humano vive aferrado com os temas que enalteçam sua posição no cenário
social e espiritual. Todos nós padecemos de um certo grau de sublimidade e são
raras as pessoas que não ficam atemorizadas com as sombras do blecaute
relacional. Quando somos lembrados pelos outros, de contínuo nos lembramos que
temos algum valor e merecemos o reconhecimento a que fazemos jus.
Muita gentinha carente vive às custas das migalhas emocionais
que caem das mesas pobres dos comerciantes de afeição. Sempre que alguém faz
menção de algum valor pessoal que nos parece justo, ou simplesmente acena com
algum trocado que nos foi extorquido, ficamos excitados com a possibilidade de
sermos ressarcidos desse prejuízo. Queremos ser considerados como pessoas
relevantes e sofremos muito quando os outros não nos reconhecem assim, com o
prestígio que achamos merecer.
Mas, para sermos realmente salvos dessa mania de estimação e
dessa necessidade grave e permanente de reconhecimento, precisamos do
esvaziamento operado pela cruz de Cristo, a fim de sermos libertos de todo e
qualquer sentimento de tamanco que nos propõe alguns centímetros de acréscimo,
nessa estatura de pigmeu moral. Um homem cheio de si jamais poderá ser
verdadeira testemunha do Cristo que se esvaziou de si mesmo.
O homem no pecado carece de uma cirurgia radical na sua
estrutura presunçosa, com o objetivo de libertá-lo do seu estágio medíocre de
avaliar a sua própria realidade, pelos expedientes de grandeza. Por isso, Jesus
Cristo veio a este mundo humildemente com o propósito de libertar o ser humano
de sua vida inchada do egoísmo insatisfeito. A cruz de Cristo mostra como a
espécie humana pode ir longe na senda do pecado e como Deus pode ir bem mais
adiante para libertar o homem do seu pecado.
A cruz de Cristo é o centro cirúrgico onde Deus realiza uma
intervenção profunda de transplante de coração, retirando o velho aparelho
contaminado com a arrogância do pecado e implantando o novo sistema governado
pela vida ressuscitada de Cristo. Na cruz com Cristo, Deus amputa o velho homem
obeso de soberba audaciosa, e, na ressurreição imputa um novo homem repleto da
suficiência de Cristo. Tudo o que Deus tem para os seus filhos está completo na
pessoa de Cristo. Quem tem recebido a Cristo em sua vida, tem recebido o tudo de
Deus para a sua deficiência profunda. Porque todos nós temos recebido da
sua plenitude, e graça sobre graça. João 1:16.
Jesus Cristo é o homem perfeito com a dimensão de Deus. Ele é a
plenitude divina para o diâmetro humano, pois nele convive toda a plenitude da
divindade, contrabalançando com maior requinte da perfeição humana. Jesus Cristo
é a integralidade soberana de Deus que garante a inteireza do homem. Pois
em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e, por estarem
nele, que é o cabeça de todo poder e autoridade, vocês receberam a plenitude.
Colossenses 2:9-10. Toda a plenitude do homem reside em Cristo.
Phillips Brooks
dizia que Jesus Cristo é a
condescendência da divindade e a exaltação da humanidade. Ele se tornou um
Deus encolhido com a altura de um homem, para demonstrar a elevação do homem
dentro dos propósitos de Deus. Ele se humilhou como Deus, tornando-se um homem
finito, para nos promover como seres humanos à imagem e semelhança de Deus,
definindo o seu plano eterno de sermos realmente homens. Deus não criou o homem
para ser Deus, mas se fez homem para salvar o homem dessa piração de querer ser
Deus.
O pecado pretendeu converter o homem em Deus, mas a salvação
promovida pelo próprio Deus revela o Cristo, Filho de Deus, na estatura
verdadeira de um homem. Quando Cristo se tornou homem tinha como principal
objetivo salvar o homem de sua mania de endeusamento, que é a causa de seu maior
dano. Por trás dessa deificação obstinada dos descendentes de Adão, há uma
presunção insuportável de domínio e engrandecimento, que sempre acaba em disputa
pelo poder e massacre dos mais frágeis.
Jesus Cristo se esvaziou de toda a sua grandeza para
estabelecer o modelo adequado do homem pleno da nobreza divina, e perfeitamente
capaz de desfazer a arrogância de um populacho que aspira ao trono celestial.
Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude, e por meio
dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto
as que estão nos céus, estabelecendo a paz pelo sangue derramado na cruz.
Colossenses 1:19-20.
Deus em Cristo veio habitar em plenitude no homem e desse modo
veio suprir a deficiência humana com a sua suficiência divina. Toda a plenitude
de Deus está em Cristo, e toda a abastança de Cristo vem prover a carência do
homem. Se a vida ressurreta de Cristo toma conta da existência do ser humano,
então é possível conhecer o amor de Cristo que excede todo o conhecimento,
para que vocês sejam cheios de toda a plenitude de Deus. Efésios 3:19.
Uma pessoa repleta de Cristo goza da suficiência plena de Deus em sua vida
interior. Nenhum sentimento de inferioridade pode permanecer numa vida
inteiramente tomada pela suficiência de Cristo.
Todas as bênçãos que Deus tem para o homem encontram-se em
Jesus Cristo e são dadas por meio dele
. Ao receber a Cristo o ser humano
recebe tudo o que Cristo é; como co-herdeiro com Cristo, o crente passa a ter
tudo o que Cristo tem; e como membro do corpo de Cristo pode desempenhar o mesmo
ministério de Cristo, com os mesmos dons, pois o próprio Cristo garante o mesmo
poder. Digo-lhes a verdade: aquele que crê em mim fará também as obras que
eu tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo
para o Pai. João 14:12. Fica claro aqui que o suprimento do ministério
do santos de Deus é a vida favorável do Senhor Jesus Cristo.
Um homem cheio de si mesmo é uma pessoa doente, passional,
maníaca, vivendo iludida consigo por encontrar-se abarrotada de vaidade, e vazia
de todo e qualquer significado permanente. Uma pessoa esvaziada de si mesmo pela
operação da cruz tem espaçopara ser cheia da plenitude de Deus em Cristo, e,
ganhar assim, a identidade saudável de um indivíduo sadio. O cristão sarado é
aquele que, tendo consciência do seu próprio fracasso, está decidido a avançar
na total dependência da perfeição de Cristo.
A deficiência humana só pode ser suprida pela suficiência divina em Cristo Jesus, que elimina toda crista da importância altiva. Deus sempre assiste o deficiente, mas resiste o auto-suficiente que pretende se bastar. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz. Filipenses 2:5-8.
Solo Deo Glória
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
quinta-feira, 10 de maio de 2012
A DEFICIÊNCIA HUMANA NA SUFICIÊNCIA DIVINA
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