quinta-feira, 10 de maio de 2012

A DEFICIÊNCIA HUMANA NA SUFICIÊNCIA DIVINA

Estamos diante de uma situação embaraçosa, no plano espiritual, pois se Cristo foi designado o chefe e cabeça de todas as coisas, ninguém pode ser líder ou cabeça de coisa alguma. Se Cristo é a plenitude de Deus para o homem, logo ninguém pode gozar a sua plenitude fora de Cristo. Aqui reside a questão mais importante para o descanso do coração dos crentes, como também, o quesito mais instigante para a agitação dos incrédulos. Somente pela graça plena de Deus, quando percebemos que nós somos nada diante dele, é que, então, podemos perceber a plenitude de Cristo em nossas vidas.
O pecado exalta tanto a alma, a ponto do sujeito desconfiar que é alguém muito importante. A raça de Adão sofre de megalomania crônica e o gênero humano vive aferrado com os temas que enalteçam sua posição no cenário social e espiritual. Todos nós padecemos de um certo grau de sublimidade e são raras as pessoas que não ficam atemorizadas com as sombras do blecaute relacional. Quando somos lembrados pelos outros, de contínuo nos lembramos que temos algum valor e merecemos o reconhecimento a que fazemos jus.
Muita gentinha carente vive às custas das migalhas emocionais que caem das mesas pobres dos comerciantes de afeição. Sempre que alguém faz menção de algum valor pessoal que nos parece justo, ou simplesmente acena com algum trocado que nos foi extorquido, ficamos excitados com a possibilidade de sermos ressarcidos desse prejuízo. Queremos ser considerados como pessoas relevantes e sofremos muito quando os outros não nos reconhecem assim, com o prestígio que achamos merecer.
Mas, para sermos realmente salvos dessa mania de estimação e dessa necessidade grave e permanente de reconhecimento, precisamos do esvaziamento operado pela cruz de Cristo, a fim de sermos libertos de todo e qualquer sentimento de tamanco que nos propõe alguns centímetros de acréscimo, nessa estatura de pigmeu moral. Um homem cheio de si jamais poderá ser verdadeira testemunha do Cristo que se esvaziou de si mesmo.
O homem no pecado carece de uma cirurgia radical na sua estrutura presunçosa, com o objetivo de libertá-lo do seu estágio medíocre de avaliar a sua própria realidade, pelos expedientes de grandeza. Por isso, Jesus Cristo veio a este mundo humildemente com o propósito de libertar o ser humano de sua vida inchada do egoísmo insatisfeito. A cruz de Cristo mostra como a espécie humana pode ir longe na senda do pecado e como Deus pode ir bem mais adiante para libertar o homem do seu pecado.
A cruz de Cristo é o centro cirúrgico onde Deus realiza uma intervenção profunda de transplante de coração, retirando o velho aparelho contaminado com a arrogância do pecado e implantando o novo sistema governado pela vida ressuscitada de Cristo. Na cruz com Cristo, Deus amputa o velho homem obeso de soberba audaciosa, e, na ressurreição imputa um novo homem repleto da suficiência de Cristo. Tudo o que Deus tem para os seus filhos está completo na pessoa de Cristo. Quem tem recebido a Cristo em sua vida, tem recebido o tudo de Deus para a sua deficiência profunda. Porque todos nós temos recebido da sua plenitude, e graça sobre graça. João 1:16.
Jesus Cristo é o homem perfeito com a dimensão de Deus. Ele é a plenitude divina para o diâmetro humano, pois nele convive toda a plenitude da divindade, contrabalançando com maior requinte da perfeição humana. Jesus Cristo é a integralidade soberana de Deus que garante a inteireza do homem. Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e, por estarem nele, que é o cabeça de todo poder e autoridade, vocês receberam a plenitude. Colossenses 2:9-10. Toda a plenitude do homem reside em Cristo.
Phillips Brooks
dizia que Jesus Cristo é a condescendência da divindade e a exaltação da humanidade. Ele se tornou um Deus encolhido com a altura de um homem, para demonstrar a elevação do homem dentro dos propósitos de Deus. Ele se humilhou como Deus, tornando-se um homem finito, para nos promover como seres humanos à imagem e semelhança de Deus, definindo o seu plano eterno de sermos realmente homens. Deus não criou o homem para ser Deus, mas se fez homem para salvar o homem dessa piração de querer ser Deus.
O pecado pretendeu converter o homem em Deus, mas a salvação promovida pelo próprio Deus revela o Cristo, Filho de Deus, na estatura verdadeira de um homem. Quando Cristo se tornou homem tinha como principal objetivo salvar o homem de sua mania de endeusamento, que é a causa de seu maior dano. Por trás dessa deificação obstinada dos descendentes de Adão, há uma presunção insuportável de domínio e engrandecimento, que sempre acaba em disputa pelo poder e massacre dos mais frágeis.
Jesus Cristo se esvaziou de toda a sua grandeza para estabelecer o modelo adequado do homem pleno da nobreza divina, e perfeitamente capaz de desfazer a arrogância de um populacho que aspira ao trono celestial. Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude, e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão nos céus, estabelecendo a paz pelo sangue derramado na cruz. Colossenses 1:19-20.
Deus em Cristo veio habitar em plenitude no homem e desse modo veio suprir a deficiência humana com a sua suficiência divina. Toda a plenitude de Deus está em Cristo, e toda a abastança de Cristo vem prover a carência do homem. Se a vida ressurreta de Cristo toma conta da existência do ser humano, então é possível conhecer o amor de Cristo que excede todo o conhecimento, para que vocês sejam cheios de toda a plenitude de Deus. Efésios 3:19. Uma pessoa repleta de Cristo goza da suficiência plena de Deus em sua vida interior. Nenhum sentimento de inferioridade pode permanecer numa vida inteiramente tomada pela suficiência de Cristo.
Todas as bênçãos que Deus tem para o homem encontram-se em Jesus Cristo e são dadas por meio dele
. Ao receber a Cristo o ser humano recebe tudo o que Cristo é; como co-herdeiro com Cristo, o crente passa a ter tudo o que Cristo tem; e como membro do corpo de Cristo pode desempenhar o mesmo ministério de Cristo, com os mesmos dons, pois o próprio Cristo garante o mesmo poder. Digo-lhes a verdade: aquele que crê em mim fará também as obras que eu tenho realizado. Fará coisas ainda maiores do que estas, porque eu estou indo para o Pai. João 14:12. Fica claro aqui que o suprimento do ministério do santos de Deus é a vida favorável do Senhor Jesus Cristo.
Um homem cheio de si mesmo é uma pessoa doente, passional, maníaca, vivendo iludida consigo por encontrar-se abarrotada de vaidade, e vazia de todo e qualquer significado permanente. Uma pessoa esvaziada de si mesmo pela operação da cruz tem espaçopara ser cheia da plenitude de Deus em Cristo, e, ganhar assim, a identidade saudável de um indivíduo sadio. O cristão sarado é aquele que, tendo consciência do seu próprio fracasso, está decidido a avançar na total dependência da perfeição de Cristo.

A deficiência humana só pode ser suprida pela suficiência divina em Cristo Jesus, que elimina toda crista da importância altiva. Deus sempre assiste o deficiente, mas resiste o auto-suficiente que pretende se bastar. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz. Filipenses 2:5-8.

Solo Deo Glória

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