A IMUTABILIDADE DA GRAÇA

Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho. Gálatas 1:6. A Bíblia é a revelação da Pessoa de Jesus Cristo. A Palavra de Deus é uma galeria de arte adornada com tributos ao bendito Cristo de Deus, o Salvador da humanidade. Numa parte, vemos um retrato daquele que há de vir; noutra parte, detalhes de sua história, num outro lugar nos é mostrado o cordeiro, cujo sangue derramado aponta para o sacrifício que haveria de ser realizado. Em outro trecho, vemos uma pessoa ou evento tipificando aquele que é o maior dentre todas as pessoas! Ora uma parábola, ora um poema. Numa ocasião, uma lição; noutra ocasião, uma narrativa. Em outra, uma explicação ou exposição revelando significados ocultos ao longo das eras, os quais aguardavam a chave para que fossem desvendados. Mas, seja qual for a forma ou aspecto, seja um fato ou uma ilustração, profecia ou história, parábola ou milagre, tipo ou antítipo, seja através de uma alegoria ou narrativa, sempre haverá olhos capazes de discernir a verdade para a qual esses tipos, eventos e figuras apontam – A Pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. Um estudioso da Palavra de Deus disse: A cada dezessete versículos da Bíblia, seja por tipo, seja por parábola, seja por um milagre ou alegoria, fala de Cristo. Se não vemos Cristo em nossa leitura diária da Palavra de Deus, não encontraremos o verdadeiro sentido que nos foi dado em Sua própria Palavra. Se não encontrarmos a Pessoa de Jesus enquanto lemos a Palavra de Deus, tal leitura nada acrescentará às nossas vidas. Podemos até ficar cheios de "conhecimento", mas não teremos vida. O verdadeiro propósito de Deus é que encontremos o Seu Filho nas Sagradas Escrituras: Filipe encontrou a Natanael e disse-lhe: Achamos aquele de quem Moisés escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José. João 1: 45. Não há uma virtude sequer que não seja uma mostra de sua graça e formosura, e que não seja um reflexo ou uma descrição da Sua beleza. Qual era, portanto, o erro que o apóstolo Paulo encontrou na vida dos gálatas? Era aquele "outro evangelho". No grego encontramos duas palavras diferentes para a palavra portuguesa "outro". Uma é "allos", a qual significa: de uma mesma espécie. A outra palavra é "heteros", significando: outro de espécie diferente. Este outro evangelho sobre o qual Paulo se refere na carta aos gálatas não era "heteros" e sim "allos". Esta explicação tem como propósito mostrar que o erro que o apóstolo Paulo estava corrigindo estava diretamente relacionado a um evangelho semelhante ao do nosso Senhor Jesus Cristo, mas, não era o verdadeiro evangelho de Deus. O único evangelho que é verdadeiramente boa-nova é o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é a boa-nova anunciada pelos anjos aos pastores que estavam no campo: Ora, havia naquela mesma comarca pastores que estavam no campo, e guardavam, durante as vigílias da noite, o seu rebanho. E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor. Lucas 2:8-11. O apóstolo Paulo em sua advertência aos gálatas, fez uso do "asteismo" - figura por meio da qual se diz o contrário do que se quer dar a entender - maravilho-me de que tão depressa passásseis..., um emprego inteligente de contrastes cujo propósito era combater um ensino errado. O evangelho do nosso Senhor é o evangelho da graça. Contudo, alguns judaizantes introduziram certos elementos da velha dispensação. Aqueles judaizantes começaram a pregar aos crentes da Galácia – cuja maioria era composta por gentios - que eles precisavam ser circuncidados. Por causa disso, havia grande discussão e controvérsia entre eles. Eles começaram a misturar lei e graça. Eles creram no Senhor, eram salvos, mas, estes judaizantes diziam que isto não era suficiente. Na verdade, a tentativa era transformar o cristianismo num sistema, uma religião de leis, regras, regulamentos, rituais e cerimônias. O evangelho de Deus é uma Pessoa. Não é um ensino, não é uma doutrina, não é uma técnica, não é uma fórmula. É uma Pessoa, o Filho, o Filho de Deus, Jesus Cristo, nosso Senhor - a boa-nova do evangelho. Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus. O qual antes prometeu pelos seus profetas nas santas escrituras, com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi. Declarado Filho de Deus em poder, segundo o Espírito de santificação, pela ressurreição dos mortos, Jesus Cristo, nosso Senhor. Romanos 1:1-4. O apóstolo Paulo inicia esta carta reafirmando este fato: o evangelho é Jesus Cristo, o Senhor, por isso diz: Separado para o Evangelho de Deus... Com respeito a Seu Filho. Este Filho de Deus é o próprio evangelho de Deus, fato este atestado pela Sua ressurreição dentre os mortos. ...Segundo a carne, veio da descendência de Davi... Declarado Filho de Deus... Segundo o Espírito de santificação.Assim, este evangelho de Deus diz respeito ao Senhor Jesus, o qual é tanto homem quanto Deus. Ele é o Deus-homem e este Deus-homem é o evangelho de Deus. Vimos que o erro dos gálatas era transformar o cristianismo num sistema, numa religião de leis. Como isto se explica? A experiência do novo nascimento acontece em nosso espírito, outrora morto, pela revelação da Pessoa de Cristo, mediante a nossa morte e ressurreição Nele. Isto acontece por um ato de fé, mediante a Palavra de Deus. Isto significa que agora temos uma posição na presença de Deus. Fomos justificados e reconciliados com Deus. Contudo, este é simplesmente o começo da vida cristã. Temos uma longa caminhada pela frente e, é nesta caminhada que encontraremos muitas dificuldades. Começamos a pensar: Sou uma nova criatura, fui salvo pela graça, mas eu preciso fazer algo. Será que é assim mesmo? graça do início até o fim? Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos de quem Jesus Cristo foi evidenciado, crucificado, entre vós? Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé? Gálatas 3:1-2. A pergunta do apóstolo é: quem vos enfeitiçou ou quem vos hipnotizou? Onde está o problema? A minha compreensão é que, uma coisa é ter a vida de Cristo gerada em nosso espírito, outra é ter uma mente governada por esta Vida. Ou ainda, ter-se uma natureza divina, e uma mente "humana" ou carnal. Pensamos assim: Se recebemos tudo gratuitamente, precisamos retribuir aquilo que Deus fez por nós. Uma espécie de dívida de gratidão, isto é, nos sentimos devedores pelo resto da vida. É verdade, somos gratos, mas não endividados com Deus. Então, a nossa "mente" começa a executar "tarefas" em nome de Jesus. Tem-se um tom de espiritualidade, mas sua origem se encontra na mente. Isto é, o que fazemos tem sua origem na mente, disfarçado de certa espiritualidade, isto que se chama "obras da carne". Exemplo: Você fica sabendo que tem alguém te criticando ou te perseguindo. Você tem dois caminhos: o primeiro é procurar saber as razões da perseguição com os recursos da mente. O segundo caminho é procurar saber na Palavra de Deus, o que ela diz a respeito. A nossa vontade é que o processo de santificação seja rápido e imediato. É por isso que caímos nas obras da carne. Isto não significa que estejamos desconsiderando a graça de Deus, mas, em nome da graça, estamos "fazendo". Muitas vezes pregamos assim: não faça isto, não faça aquilo, não toques nisto ou naquilo. Mas, tudo isto é pela graça, percebemos a sutileza! Se você está fazendo ou desempenhando, cuide para que não esteja desconsiderando a graça, misturando-a com as obras da mente! Assim, a graça que deu seu início na salvação fica de fora na santificação. Ao invés de esperar na manifestação da graça, tenta se aperfeiçoar pelas obras da lei. E o resultado desta escolha fica evidente: Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para a vida e paz. Romanos 8:5-6. Então, como obter uma "mente" sob o governo de Cristo, uma vez que Cristo já habita em nós? A Palavra de Deus responde: Aquele que recebeu no seu íntimo a vida de Cristo tem agora um potencial para viver sob o comando desta graça. Porque este é o propósito de Deus para nossas vidas: vivermos sob a sua orientação, caminharmos segundo o Seu propósito e correspondermos ao Seu chamado: Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor. I Coríntios 1:9. Andarmos com Jesus Cristo para que paulatinamente fiquemos familiarizados com a mente Dele: Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo. I Coríntios 2:16. Que não esqueçamos que esta conquista é um processo diário. Por isso, Deus na Sua infinita graça precisa despertar em nossos corações a sede pela Sua palavra. Amém Solo Deo Glória