quinta-feira, 10 de maio de 2012

JUSTIÇA OBTIDA PELA FÉ

Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem. Pois, pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho. Hebreus 11:1-2.

O livro de Gênesis ocupa-se, na sua maior parte, com a história de sete homens, a saber: Abel, Enoque, Noé, Abraão, Isaque, Jacó e José. E, na galeria dos homens citados pelo escritor de Hebreus no capítulo 11, encontramos mencionados estes sete nomes que ilustram, de maneira tipológica, a vida de fé dos homens de Deus. A expressão "obtiveram bom testemunho" revela a aprovação de Deus das suas atitudes. A palavra "antigos" se refere aos santos do Velho Testamento. Entraremos agora no estudo dos homens de fé. Cada um revela, de maneira prática, o que significa viver pela fé.
Abel foi o primeiro nome mencionado neste capítulo onze de Hebreus. A sua história se encontra em Gênesis, capítulo 4:4-5. Através dos séculos, os homens procuram aproximar-se de Deus de duas formas: a primeira, através dos seus próprios esforços, tipificada pela vida de Caim; a segunda, mediante a provisão que Deus fez, como no caso de Abel. O único sacrifício aceitável é a provisão feita por Deus. Os outros sacrifícios não revelam a ruína do coração do homem e a necessidade de expiação. Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela, também mesmo depois de morto, ainda fala. Hebreus 11:4
Abel "obteve testemunho de ser justo" pelo sacrifício oferecido. Ele foi justificado por sua fé na morte da sua vítima. Ele não dependeu dos seus labores, mas da morte de outrem. Este é o segredo do Evangelho, "não por obras para que ninguém se glorie". Portanto, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim. A morte de Abel não foi o seu fim, pois "mesmo depois de morto, ainda fala". Abel lança o fundamento pelo qual nenhum homem pode se aproximar de Deus sem o derramamento de sangue. Em Enoque, encontramos o propósito pelo qual fomos chamados: Deus nos chamou para andarmos com Ele. O texto de Gênesis 4:25 diz: Andou Enoque com Deus e já não era, porque Deus o tomou para si. Foi do propósito de Deus apresentar-nos em Enoque o padrão de uma vida completa. Ele "andou com Deus". Ele começou com Deus e voltou, no final, ao Deus com quem começara. Ele deu início a uma vida de céu na terra. Tendo comunhão com Ele, terminou com uma vida de céu no céu. Não houve cemitério nem sepultura para Enoque. A vida de fé foi, assim, coroada pela entrada na vida de perfeita comunhão com Deus. É no andar com Deus que o Espírito Santo, pelo princípio da cruz, vai bordando a imagem de Cristo na vida dos seus filhos. Enoque lançou o fundamento da nossa comunhão com Deus. Em Noé, nós temos o propósito de Deus para a família. O texto diz: Pela fé, Noé, divinamente instruído acerca de acontecimentos que ainda não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para a salvação de sua casa; pela qual condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que vem da fé. Hebreus 11:7. A história de Noé está registrada em Gênesis, capítulos 6-7-8-9. Ele vivia em uma época de muita perversidade. Deus decidiu mandar o dilúvio sobre a terra e avisou Noé dos "acontecimentos que ainda não se viam". Noé aceitou o aviso do juízo predito e confiou na promessa de Deus de que a sua família seria salva através da arca.
A arca representou o veredicto de Deus de que o mundo já estava condenado. Pela fé, Noé "se tornou herdeiro da justiça". Ele é o herdeiro porque pertence à linhagem dos homens de fé que começou com Abel e continua com cada um que confia em Deus. A fé é o meio pelo qual a justiça de Deus é imputada a todo aquele que Nele crer. Noé figuradamente representou aquele que lançou o fundamento da esperança da família celestial, isto é, que o nosso lar pode ser o céu na terra.
O quarto nome, citado no capítulo 11 de Hebreus, é Abraão. A sua história se encontra em Gênesis, a partir do capítulo 11. Pela fé, Abraão abandonou o seu próprio país, segundo o chamado de Deus, e partiu para outro lugar, "lugar que devia receber por herança". Deus chamou Abraão, quando ele vivia em Ur dos caldeus, para uma terra que mana leite e mel. Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia. Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. Hebreus 11:8-9.
Ele partiu sem saber aonde ia. Aqui está expresso o ato de fé de Abraão: ele não podia ver o lugar e desconhecia as experiências pelo caminho, mas de qualquer forma partiu. Abraão construiu quatro altares, que significam vida de consagração. Fomos chamados, por Deus, para uma terra que mana leite e mel. O leite simboliza a graça, o mel é símbolo da palavra de Deus, e, juntos, temos a essência de Cristo. Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel. Ele comerá manteiga e mel quando souber desprezar o mal e escolher o bem. O propósito de Deus em nos chamar para Si em Cristo é para crescermos na graça e no conhecimento que estão em Seu Filho, uma vida consagrada ao Senhor. Agora, temos na pessoa de Isaque um modelo que Deus deseja que sigamos. Isaque construiu quatro poços, por isso ele tipifica a vida de profundidade. Isaque lançou o fundamento de uma vida profunda com Deus. Isto está revelado numa seqüência de fatos que mostram o progresso de sua vida. Na mesma noite, lhe apareceu o SENHOR e disse: Eu sou o Deus de Abraão, teu pai. Não temas, porque eu sou contigo; abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência por amor de Abraão, meu servo. Então, levantou ali um altar e, tendo invocado o nome do SENHOR, armou a sua tenda; e os servos de Isaque abriram ali um poço. Gênesis 26:24-25.
"Apareceu o Senhor...", Deus se revela a Isaque; "levantou ali um altar...’, consagração; "invocou o nome do Senhor...", adoração; " abriram ali um poço..." , intimidade.O progresso na vida de Isaque é o propósito de Deus para todos os seus filhos. Aqui descobrimos o caminho para uma vida de profundidade: Deus se revela a nós em Cristo, e em Cristo somos atraídos para vivermos uma vida de adoração e intimidade com Deus. Entramos no gozo de Sua presença e provamos de Sua doçura e da verdadeira adoração. Agora, entramos na história do sexto nome citado em Hebreus, Jacó. Sua história está registrada nos capítulos 27 a 35. Temos claramente diante de nós o propósito eterno de Deus em nos salvar segundo a riqueza de Sua graça. A história de Jacó afasta todas as pretensões humanas e deixa bem claro que Deus tem o direito de atuar como quer com a sua criatura. Em Jacó, temos uma exibição notável do poder da graça de Deus e, também, uma exibição notável da natureza humana. A vida de Jacó está repleta de demonstrações do que é possuir uma natureza perversa. Desde o ventre, e durante toda a sua vida, vemos a ruína de uma natureza irremediável.
A graça de Deus será eternamente a coroa de toda a obra de Deus. À medida que avançamos dia a dia, fazendo descobertas novas de nós mesmos, necessitamos de ter os pés sobre o fundamento sólido da graça de Deus. A vida pregressa de Jacó nos fez ver que, onde abundou o pecado, superabundou a graça. Jacó lançou o fundamento de que estamos nas mãos de um Deus que é pródigo em graça. Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça, a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor. Romanos 5:20-21.
Na Bíblia, José é um dos símbolos mais perfeitos e belos da Pessoa de Cristo. A sua história está registrada a partir do capítulo 37 de Gênesis. A sua vida foi de subtração após subtração. Foi rejeitado pelos seus irmãos e vendido como escravo para o Egito, e, no Egito, sob as mãos impiedosas da mulher de seu senhor, foi lançado na prisão. O processo de subtração na vida de José foi todo calculado por Deus. Subtrair para somar, essa é a matemática de Deus: da masmorra para o trono. Então, Faraó mandou chamar a José, e o fizeram sair à pressa da masmorra; ele se barbeou, mudou de roupa e foi apresentar-se a Faraó. Disse mais Faraó a José: Vês que te faço autoridade sobre toda a terra do Egito. Então, tirou Faraó o seu anel de sinete da mão e o pôs na mão de José, fê-lo vestir roupas de linho fino e lhe pôs ao pescoço um colar de ouro. E fê-lo subir ao seu segundo carro, e clamavam diante dele: Inclinai-vos! Desse modo, o constituiu sobre toda a terra do Egito. Gênesis 41:14 e 41:41-43.
A vida de José se assemelhou muito à de Cristo. Na linguagem do Novo Testamento, pela subtração e adição feita por Deus, José foi transformado na imagem de Cristo: perder para ganhar, descer para subir, ser humilhado para ser exaltado. Este é o projeto de Deus para os seus filhos: fazer-nos parecidos com Cristo. A cruz é um princípio de subtração e, ao mesmo tempo, de adição. Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna. Levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. João 12:25, II Coríntios 4:10.

José teve quatro sonhos, significando que ele foi um homem de visão. Devemos estar certos de que, aquele a quem Deus abre os olhos, deve se convencer de que também a perseguição o acompanha. Em José, temos o fundamento do governo de Deus sobre todas as coisas. Nada neste mundo acontece sem a permissão Divina. Pela fé, José, próximo do seu fim, fez menção do êxodo dos filhos de Israel, bem como deu ordens quanto aos seus próprios ossos. Hebreus 11:22. José, como seus pais, pensava nas coisas vindouras e invisíveis. Ele revelou a fé ao falar da saída de Israel da terra do Egito e, quando pediu para os seus irmãos levarem os ossos para a outra terra, deu a entender que essa terra seria Canaã. O propósito de Deus em nos apresentar esta galeria de nomes, no capítulo 11 de Hebreus, é revelado no versículo 1 do capítulo 12 de Hebreus: cercar-nos de testemunhas. Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas.

Solo Deo Glória

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