De longe se me deixou ver o Senhor, dizendo: com amor eterno
eu te amei; por isso, com benignidade te atraí. Jeremias 31:3
Um amigo se dirigiu a mim, dizendo: “Deus me ama e isto me
basta”. Eu disse: é verdade que Deus nos ama incondicionalmente. Porém,
precisamos saber para onde esse amor nos levará. Assim nasceu este artigo.
De longe não só nos deixou ver o Senhor, como também muito
longe nos encontrávamos Dele. O pecado nos distanciou da “casa paterna” de tal
forma que, achar o caminho de volta, para nós, é uma tarefa impossível de se
realizar.
É neste ponto que o amor entra em ação. Aquele amor que vai até
às últimas consequências. Amor que não mede altura, largura ou profundidade.
Amor que desconhece qualquer obstáculo.
Não há nenhuma força neste universo que vença o poder do amor.
Amor que o apóstolo Paulo chama de “caminho sobremodo excelente”, isto é, que
vai além de qualquer medida, transbordante e incompreensível.
Enviar Deus o Seu Filho foi a revelação do Seu amor: Porque
Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o
que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3:16. O motivo pelo
qual Ele “deu o Seu filho unigênito” revela que Deus é amor em Sua
essência; que o Amor é um atributo imutável do Seu caráter. Para Deus, “não
amar” é uma impossibilidade.
Portanto, a vinda de Cristo é a revelação concreta e histórica
do amor de Deus, porque o amor procura o bem de outros à custa do sacrifício
próprio; Amor, sem o qual, a dádiva de Si em Seu Filho, nunca poderia ter
acontecido.
A missão histórica de Jesus é a prova do amor do Pai, como
também, da divindade do Filho. Ela indica que Deus, não somente amou, mas que
“Deus é amor.” Seu amado e único Filho foi enviado pelo Pai, para ser o Salvador
do mundo.
A grandeza do amor de Deus se manifesta na natureza do Seu dom
e do Seu propósito, uma vez que Ele deu Seu Filho para morrer por nós, pecadores
indignos. A condição degradada em que nos encontrávamos está claramente
implícita, na vinda de um Salvador.
Se a vinda de um Salvador foi necessária é porque precisávamos
de salvação. Estávamos sob a ira e o juízo de Deus, “mortos em delitos e
pecados”. Ele nos amou de tal maneira que deu o Seu Filho para nos resgatar, não
porque éramos dignos do Seu amor, mas sim, porque “Ele é amor”.
Assim, a grandeza do Seu amor pode ser vista na magnificência
do sacrifício de Si mesmo por aqueles que são totalmente indignos do Seu amor.
Não se poderia imaginar mais clara manifestação do amor de Deus.
O dom do Filho de Deus, não somente nos garante o amor de Deus
por nós, mas nos atrai com uma força, à semelhança de um animal que é levado a
uma posição da qual ele não pode se mover.
Todos os que se acharam sob a força do amor e que
experimentaram o imensurável e imerecido amor de Deus demonstrado na Cruz, por
certo, foram constrangidos a se entregarem a esse amor.
E, para onde esse amor nos levará? O amor que está eternamente
em Deus, e se manifestou historicamente em Cristo, tem como propósito nos
constranger e nos levar à morte: Porque o amor de Cristo nos constrange,
julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram. 2
Coríntios 5:14.
O amor por si só não nos salva. Pois, esse amor nos liga ao
julgamento. O Salvador, pela Sua morte sobre a Cruz e, o Seu amor que nos
constrange, nos atrai para dentro dessa morte - amor manifestado na morte. Se
falarmos do amor de Deus sem aplicarmos este princípio de amor e justiça, com
toda certeza deixaremos as almas numa posição perigosa
Deus estava em Cristo quando Cristo estava neste mundo. Deus
desceu em amor para o “mundo” que havia se afastado Dele. Veio para que o mundo
fosse julgado Nele. Sua vinda está intimamente ligada a um fato revelador de uma
verdade, cuja importância não é possível mensurar, a saber: Aquele que não
conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça
de Deus. 2 Coríntios 5:21.
Não há como negar este fato: que o amor de Deus está
intimamente ligado à morte. Está aqui o verdadeiro meio de nos reconciliar
inteira e plenamente com Deus, segundo a Sua perfeição plenamente revelada. Com
efeito, Deus nos amou, no estado que ainda estávamos, dando o Seu único Filho,
em quem não havia nenhum movimento ou princípio de pecado.
Este mesmo princípio se aplica também à Graça e à Verdade.
Jamais podemos dissociar ou separar a Graça da Verdade. A Graça sem a Verdade é
uma graça insípida, não tem nenhum sabor, e a Verdade sem a Graça é uma Verdade
sem vida; é “letra morta”. A Verdade sem a Graça é como um pavio aceso de
lamparina sem óleo - só produz fumaça.
A Graça nos fez aceitos incondicionalmente no Amado. Para
louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado.
Efésios 1:6. O amor eterno não rejeita o “pior” dos pecadores. A Graça o coloca
diante de Deus, como se nunca tivesse cometido qualquer pecado.
A Graça surge, então, com o poder de dar Vida e levar o homem a
ter comunhão com o Amado. Graça que nos dá fé para crer no impossível: Porque
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
Efésios 2:8.
Amor que vai até às últimas consequências; Graça que lança fora
todo peso do pecado e da culpa; Verdade que revela o que Deus é e, o que somos.
Aqui vemos os três fundamentos da nossa salvação: Amor, Graça e a Verdade. A
palavra de Deus não nos autoriza separar o amor da justiça e nem a Graça da
Verdade.
Os recursos da linguagem humana sempre serão insuficientes para
representar realidades espirituais. Ainda que ciente desta impossibilidade,
apresento a seguinte ilustração: Conta-se que a Verdade sempre visitava uma
pequena aldeia. Com o passar dos dias, muitos aldeões estavam manifestando
sintomas de depressão, e muitos se escondiam da Verdade.
Certo dia, triste, pensativa e sem saber o que fazer, a Verdade
sentou-se numa pedra na entrada da aldeia. Ninguém sabia explicar o porquê da
tristeza da Verdade. Entrementes, para surpresa dos aldeões, um viajante vindo
de muito longe, chamado Graça, chegou naquela aldeia.
O amor toma conhecimento deste fato, e logo se apressou em
informar a Graça sobre o que se passava com a Verdade. As duas conversaram
longamente, e agora, juntas, a Graça e a Verdade foram visitar os aldeões. A
Verdade continuou sendo a Verdade, mas agora, revestida da Graça.
O resultado foi que aqueles que estavam deprimidos voltaram a
sorrir e, os que fugiam, se aproximavam para ouvir a Graça e a Verdade:
Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram
por meio de Jesus Cristo. João 1:17.
Os dois grandes fatos. Em primeiro plano a Graça.
Sublime graça! É o próprio amor que se revela em favor de uma raça pecaminosa.
E, a Verdade que é, não apenas anunciada, mas vinda em Jesus.
A verdadeira relação de todas as coisas com Deus nos foi
revelada. Tudo tomou o seu verdadeiro lugar e o seu verdadeiro caráter; e o
centro de todas essas relações é Deus - o que Deus é, o que é o Homem perfeito,
o que é o homem pecador, o que é o mundo, e a sua relação com o mundo.
A presença de Cristo nos revela tudo. Nele temos a Graça e a
Verdade. A pessoa de Jesus, o Verbo feito carne, vivendo entre nós, estava pleno
de Graça e de Verdade. Desta plenitude todos nós recebemos, Graça sobre
graça. O favor de Deus em abundância de bênçãos divinas, fruto do Seu
amor.
A Verdade brilha, todas as coisas são perfeitamente
manifestadas e a Graça nos é concedida plenamente. Por isso, não precisamos de
nenhum outro recurso ou método para nos conduzir à vida e à piedade,
conforme revelado nas Escrituras: Visto como, pelo seu divino poder, nos
têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo
conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e
virtude. 2 Pedro 1:3.
Pela autoridade da Palavra de Deus temos tudo o que precisamos
na Pessoa de Jesus Cristo. “o Senhor é o meu pastor e não preciso de mais nada”.
Diante desta verdade, fica evidente o antagonismo existente entre, a revelação
de Deus e os métodos humanistas para se lidar com as dificuldades
relacionais.
O anticristo sabe muito bem como roubar a suficiência de Cristo
na vida dos filhos de Deus. Um exemplo que esclarece bem este ponto pode ser
visto em Neemias. Deus o envia para reconstruir e fortificar Jerusalém. Sob o
pretexto de auxiliar Neemias, os inimigos de Israel tentaram subverter aquela
restauração.
Interessante observar a sutileza do inimigo das nossas almas. O
sacerdote constrói e oferece a Tobias, um dos inimigos de Israel, uma câmara ou
aposento, dentro do templo. Similarmente, não nos causa admiração vermos hoje em
dia, dentro das igrejas, a utilização de métodos estranhos para edificar os
filhos de Deus.
A Verdade em Cristo - tão somente a Verdade em Cristo - é
suficiente para mostrar o que o homem é e, o que Deus é. E, como Deus é
inseparável da Graça, Ele, sem nada exigir, dá ao homem tudo aquilo de que ele
precisa.
“Se tu conheceras o dom de Deus” Diz o Senhor à mulher
samaritana: Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: dá-me de
beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva... Mas aquele que beber da água
que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma
fonte de água que salte para a vida eterna. João 4:10,14.
E o diálogo terminou assim: Deus nos amou incondicionalmente e
nos levou a morrer em Cristo. Amém!
Solo Deo Glória
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
sábado, 26 de maio de 2012
AMOR ETERNO E GRAÇA QUE ATRAI
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