sábado, 26 de maio de 2012

AMOR ETERNO E GRAÇA QUE ATRAI

De longe se me deixou ver o Senhor, dizendo: com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí. Jeremias 31:3
Um amigo se dirigiu a mim, dizendo: “Deus me ama e isto me basta”. Eu disse: é verdade que Deus nos ama incondicionalmente. Porém, precisamos saber para onde esse amor nos levará. Assim nasceu este artigo.
De longe não só nos deixou ver o Senhor, como também muito longe nos encontrávamos Dele. O pecado nos distanciou da “casa paterna” de tal forma que, achar o caminho de volta, para nós, é uma tarefa impossível de se realizar.
É neste ponto que o amor entra em ação. Aquele amor que vai até às últimas consequências. Amor que não mede altura, largura ou profundidade. Amor que desconhece qualquer obstáculo.
Não há nenhuma força neste universo que vença o poder do amor. Amor que o apóstolo Paulo chama de “caminho sobremodo excelente”, isto é, que vai além de qualquer medida, transbordante e incompreensível.
Enviar Deus o Seu Filho foi a revelação do Seu amor: Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. João 3:16. O motivo pelo qual Ele “deu o Seu filho unigênito revela que Deus é amor em Sua essência; que o Amor é um atributo imutável do Seu caráter. Para Deus, “não amar” é uma impossibilidade.
Portanto, a vinda de Cristo é a revelação concreta e histórica do amor de Deus, porque o amor procura o bem de outros à custa do sacrifício próprio; Amor, sem o qual, a dádiva de Si em Seu Filho, nunca poderia ter acontecido.
A missão histórica de Jesus é a prova do amor do Pai, como também, da divindade do Filho. Ela indica que Deus, não somente amou, mas que “Deus é amor.” Seu amado e único Filho foi enviado pelo Pai, para ser o Salvador do mundo.
A grandeza do amor de Deus se manifesta na natureza do Seu dom e do Seu propósito, uma vez que Ele deu Seu Filho para morrer por nós, pecadores indignos. A condição degradada em que nos encontrávamos está claramente implícita, na vinda de um Salvador.
Se a vinda de um Salvador foi necessária é porque precisávamos de salvação. Estávamos sob a ira e o juízo de Deus, “mortos em delitos e pecados”. Ele nos amou de tal maneira que deu o Seu Filho para nos resgatar, não porque éramos dignos do Seu amor, mas sim, porque “Ele é amor”.
Assim, a grandeza do Seu amor pode ser vista na magnificência do sacrifício de Si mesmo por aqueles que são totalmente indignos do Seu amor. Não se poderia imaginar mais clara manifestação do amor de Deus.
O dom do Filho de Deus, não somente nos garante o amor de Deus por nós, mas nos atrai com uma força, à semelhança de um animal que é levado a uma posição da qual ele não pode se mover.
Todos os que se acharam sob a força do amor e que experimentaram o imensurável e imerecido amor de Deus demonstrado na Cruz, por certo, foram constrangidos a se entregarem a esse amor.
E, para onde esse amor nos levará? O amor que está eternamente em Deus, e se manifestou historicamente em Cristo, tem como propósito nos constranger e nos levar à morte: Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós assim: que, se um morreu por todos, logo todos morreram. 2 Coríntios 5:14.
O amor por si só não nos salva. Pois, esse amor nos liga ao julgamento. O Salvador, pela Sua morte sobre a Cruz e, o Seu amor que nos constrange, nos atrai para dentro dessa morte - amor manifestado na morte. Se falarmos do amor de Deus sem aplicarmos este princípio de amor e justiça, com toda certeza deixaremos as almas numa posição perigosa
Deus estava em Cristo quando Cristo estava neste mundo. Deus desceu em amor para o “mundo” que havia se afastado Dele. Veio para que o mundo fosse julgado Nele. Sua vinda está intimamente ligada a um fato revelador de uma verdade, cuja importância não é possível mensurar, a saber: Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus. 2 Coríntios 5:21.
Não há como negar este fato: que o amor de Deus está intimamente ligado à morte. Está aqui o verdadeiro meio de nos reconciliar inteira e plenamente com Deus, segundo a Sua perfeição plenamente revelada. Com efeito, Deus nos amou, no estado que ainda estávamos, dando o Seu único Filho, em quem não havia nenhum movimento ou princípio de pecado.
Este mesmo princípio se aplica também à Graça e à Verdade. Jamais podemos dissociar ou separar a Graça da Verdade. A Graça sem a Verdade é uma graça insípida, não tem nenhum sabor, e a Verdade sem a Graça é uma Verdade sem vida; é “letra morta”. A Verdade sem a Graça é como um pavio aceso de lamparina sem óleo - só produz fumaça.
A Graça nos fez aceitos incondicionalmente no Amado. Para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado. Efésios 1:6. O amor eterno não rejeita o “pior” dos pecadores. A Graça o coloca diante de Deus, como se nunca tivesse cometido qualquer pecado.
A Graça surge, então, com o poder de dar Vida e levar o homem a ter comunhão com o Amado. Graça que nos dá fé para crer no impossível: Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Efésios 2:8.
Amor que vai até às últimas consequências; Graça que lança fora todo peso do pecado e da culpa; Verdade que revela o que Deus é e, o que somos. Aqui vemos os três fundamentos da nossa salvação: Amor, Graça e a Verdade. A palavra de Deus não nos autoriza separar o amor da justiça e nem a Graça da Verdade.
Os recursos da linguagem humana sempre serão insuficientes para representar realidades espirituais. Ainda que ciente desta impossibilidade, apresento a seguinte ilustração: Conta-se que a Verdade sempre visitava uma pequena aldeia. Com o passar dos dias, muitos aldeões estavam manifestando sintomas de depressão, e muitos se escondiam da Verdade.
Certo dia, triste, pensativa e sem saber o que fazer, a Verdade sentou-se numa pedra na entrada da aldeia. Ninguém sabia explicar o porquê da tristeza da Verdade. Entrementes, para surpresa dos aldeões, um viajante vindo de muito longe, chamado Graça, chegou naquela aldeia.
O amor toma conhecimento deste fato, e logo se apressou em informar a Graça sobre o que se passava com a Verdade. As duas conversaram longamente, e agora, juntas, a Graça e a Verdade foram visitar os aldeões. A Verdade continuou sendo a Verdade, mas agora, revestida da Graça.
O resultado foi que aqueles que estavam deprimidos voltaram a sorrir e, os que fugiam, se aproximavam para ouvir a Graça e a Verdade: Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. João 1:17.
Os dois grandes fatos. Em primeiro plano a Graça. Sublime graça! É o próprio amor que se revela em favor de uma raça pecaminosa. E, a Verdade que é, não apenas anunciada, mas vinda em Jesus.
A verdadeira relação de todas as coisas com Deus nos foi revelada. Tudo tomou o seu verdadeiro lugar e o seu verdadeiro caráter; e o centro de todas essas relações é Deus - o que Deus é, o que é o Homem perfeito, o que é o homem pecador, o que é o mundo, e a sua relação com o mundo.
A presença de Cristo nos revela tudo. Nele temos a Graça e a Verdade. A pessoa de Jesus, o Verbo feito carne, vivendo entre nós, estava pleno de Graça e de Verdade. Desta plenitude todos nós recebemos, Graça sobre graça. O favor de Deus em abundância de bênçãos divinas, fruto do Seu amor.
A Verdade brilha, todas as coisas são perfeitamente manifestadas e a Graça nos é concedida plenamente. Por isso, não precisamos de nenhum outro recurso ou método para nos conduzir à vida e à piedade, conforme revelado nas Escrituras: Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude. 2 Pedro 1:3.
Pela autoridade da Palavra de Deus temos tudo o que precisamos na Pessoa de Jesus Cristo. “o Senhor é o meu pastor e não preciso de mais nada”. Diante desta verdade, fica evidente o antagonismo existente entre, a revelação de Deus e os métodos humanistas para se lidar com as dificuldades relacionais.
O anticristo sabe muito bem como roubar a suficiência de Cristo na vida dos filhos de Deus. Um exemplo que esclarece bem este ponto pode ser visto em Neemias. Deus o envia para reconstruir e fortificar Jerusalém. Sob o pretexto de auxiliar Neemias, os inimigos de Israel tentaram subverter aquela restauração.
Interessante observar a sutileza do inimigo das nossas almas. O sacerdote constrói e oferece a Tobias, um dos inimigos de Israel, uma câmara ou aposento, dentro do templo. Similarmente, não nos causa admiração vermos hoje em dia, dentro das igrejas, a utilização de métodos estranhos para edificar os filhos de Deus.
A Verdade em Cristo - tão somente a Verdade em Cristo - é suficiente para mostrar o que o homem é e, o que Deus é. E, como Deus é inseparável da Graça, Ele, sem nada exigir, dá ao homem tudo aquilo de que ele precisa.
“Se tu conheceras o dom de Deus” Diz o Senhor à mulher samaritana: Se conheceras o dom de Deus e quem é o que te pede: dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva... Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna. João 4:10,14.
E o diálogo terminou assim: Deus nos amou incondicionalmente e nos levou a morrer em Cristo. Amém!

Solo Deo Glória

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