quarta-feira, 9 de maio de 2012

A CORRUPÇÃO UNIVERSAL

Disse o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem. Salmo 14:1.

A estrutura deste salmo é simples. Dos versículos 1 ao 3, temos o quadro da corrupção do homem. Nos versículos 4 e 6, vemos a revelação da justiça de Deus. Na primeira estrutura, temos a pintura da queda do homem. As duas palavras "corrompido" e "abomináveis" descrevem perfeitamente o estado em que se encontra a raça humana. Somos convencidos pela palavra de Deus que somos o que somos por um só ato de desobediência cometido pelos nossos primeiros pais. Fomos corrompidos e nos tornamos abomináveis desde o ventre materno. O Senhor mesmo disse o que era o homem: E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. Gênesis 6:5. Tal é a condição de todo homem perante Deus: "Só má" e "má continuamente". Isto significa que "somos", por essência ou por natureza, filhos da desobediência. Nós não somos pecadores porque pecamos, pecamos porque somos pecadores. "Disse o néscio ou o (louco) no seu coração: Não há Deus". Há uma coisa que se pode dizer de todo aquele que diz que não há Deus – é louco!
O apóstolo Paulo amplia e reproduz, não em palavras exatas do salmo 14, neste texto da carta aos crentes de Roma: Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; Cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; E não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos. Romanos 3:10-18.
Esta é a revelação mais completa e conclusiva da condição do homem a ser encontrada em toda a literatura. Ela condena a pecaminosidade do homem, lançando alicerces seguros para a sua convicção justa, sob dois aspectos: Primeiro, o homem corrompeu os seus caminhos – fruto inevitável de uma natureza rebelde. Segundo, a inabilidade do homem em reconhecer e agir em função desta verdade que revela a extensão de sua depravação. É um quadro triste, mas verdadeiro, do estado a que chegamos. Não estamos sendo "responsabilizados" por qualquer transgressão ou pecados particulares, isto é, não somos pecadores porque pecamos, mas pelo estado a que eles nos fizeram chegar, numa herança ininterrupta desde Adão. Todos se afastaram de Deus, a fonte da vida, e, como resultado, a humanidade se tornou podre, corrupta e completamente inútil para Deus. Nem uma única alma faz algo que é bom, porque "todos estão podres até o âmago": Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um. v 3.
"A sua garganta é um sepulcro aberto, com às suas línguas tratam enganosamente". Este é o abismo devorador dos homens. Talvez nada demonstre a perversidade do homem mais claramente que seu vil desvirtuamento da nobre faculdade da fala. A garganta é comparada com um sepulcro aberto, o que pode sugerir ou o desejo de devorar a sua vítima escolhida, ou a poluição que é espalhada pelos maus odores da corrupção. Por outro lado a língua enganadora alcança seus desígnios maldosos através das palavras adocicadas da lisonja. O horrível quadro se conclui assim: "Os seus pés... seus caminhos... não conheceram o caminho da paz". Pés devastadores e impiedosos que esmagam e esmigalham, caminhos de destruição e gritos de miséria deixados por onde passam, e tudo isto porque não conheceram o único caminho da paz. A conclusão dessa manifestação monstruosa emana de uma "desconsideração" dos nossos primeiros pais por não crerem na palavra de Deus. Somos frutos de uma só desobediência. Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Romanos 5:18.
"Assim também", eis a grande mudança, há esperança para nós, homens mergulhados no caos! Deus interveio, "a graça se manifestou salvadora a todos os homens". Todos nós estávamos sob a condenação e nada podíamos fazer por nós mesmos. Portanto, se o homem que merece a punição tem de escapar da mesma, isto terá de ser através da extensão da misericórdia de Deus, da extensão de Sua própria natureza, que é amor. Ali se acharam em grande pavor, porque Deus está na geração dos justos. Vós envergonhais o conselho dos pobres, porquanto o SENHOR é o seu refúgio. Oh, se de Sião tivera já vindo a redenção de Israel! Quando o SENHOR fizer voltar os cativos do seu povo, se regozijará Jacó e se alegrará Israel. Vs. 5-6-7.
Quando toda a raça humana, representada por Adão, estava, perante Deus, condenada, perdida, arruinada como uma massa de miséria e de pecado, mas sem mostrar vergonha, sem derramar uma lágrima, sem dar um grito, sem proferir uma palavra de socorro, a misericórdia divina prometeu-lhe o Salvador na pessoa de um Deus encarnado que desceu à terra. Tudo era tenebroso quando essa chuva benfazeja veio sobre a terra: E, quando o orvalho descia de noite sobre o arraial, o maná descia sobre ele. Número 11:9. A cegueira de espírito cobria o mundo como um espesso véu, mas o maná descia sobre ele. Com a vinda da manhã, dissipava-se a camada de orvalho, e deixava-se ver claramente o maná. Foi assim que, tempos depois, nosso Deus se fez homem para retirar a "camada de orvalho" que se estendia sobre todos os homens. Assim como o sol dissipava a camada de orvalho para que se eles pudessem ver o maná, o Sol da Justiça dissipou as trevas para que pudéssemos ver o tesouro, o nosso Senhor Jesus, o único alimento de nossas almas, o nosso tudo.
O nosso Senhor Jesus era a justiça de Deus personificada no corpo humano. Viveu nesta terra, tão perfeito como Deus é perfeito; irradiou sempre puro como os raios do sol. Sua impecabilidade era exigida pela redenção. Aquele que se manifestou para resgatar as almas de seus pecados devia ter uma alma isenta de pecado. Os pecados dos pecadores são infinitos, a injustiça de cada alma é sem limites; contudo, aquele que se entrega aos cuidados do Salvador, que se reveste de Sua justiça, descansará sob a ilimitada graça e justiça de Jesus Cristo. "Por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens".
O custo desse ato de justiça foi "gratuito" para nós. Mas foi pago por Aquele que deu Sua vida "em resgate de muitos". O coração do evangelho é o fato de que na cruz Deus publicamente propôs Cristo como uma "oferta propiciatória" como o meio escolhido para satisfazer as exigências da justiça divina. Isto significa que Deus em Cristo imputa Sua justiça sobre o injusto. E o momento dessa transação se deu na Cruz. E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. E dizia isto, significando de que morte havia de morrer. João 12:32-33. O nosso Senhor Jesus Cristo, ao ser levantado da terra sobre a cruz, nos atraiu para Si.
Levantado na cruz, entre Deus e o mundo, e levando sobre Si o pecado de todos os homens, Cristo tornou-Se o ponto de atração para todo o homem vivente. O propósito dessa atração era para que o homem fosse restaurado à comunhão com Deus e com Jesus Cristo. Jesus tornou-se o centro de atração para todos, porque todos os homens estavam separados de Deus. A cruz é o instrumento de Deus para que, por graça, todos venham a Jesus e encontrem a vida pela morte do Salvador. Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna. João 12:24-25.
Era chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem. Ora, para tal, era necessário que o precioso grão de trigo, caindo na terra, morresse. Se não morresse, ele ficaria só. O Nosso Senhor enfrentou a morte, e morte de cruz. E, nesse momento, a nossa natureza espiritual, condenada por Deus, entrou no corpo do nosso Senhor Jesus Cristo. Fomos unidos na Sua morte e também em Sua ressurreição. A porta de entrada para sermos salvos de nós mesmos é pela nossa identificação na morte e ressurreição de Cristo. Somos agregados à família de Deus pela morte. O novo nascimento advém da morte. Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer.
Todo aquele que está fora de Cristo está sob o peso do pecado. "Aquele que tem o Filho tem a vida" e aquele que tem a vida tem a justiça também. Assim como a imputação do pecado foi uma realidade para Cristo, a imputação da justiça ao que crer é uma realidade. O verdadeiro e incontestável fundamento de paz é este: que as exigências da natureza de Deus quanto ao pecado foram perfeitamente satisfeitas. Os sofrimentos do Cordeiro constituem o esplendor e a glória da revelação de Deus. Tire a cruz, cale-se o brado da morte, a que se reduz a mensagem do Evangelho?
Mas bendito seja Deus que a cruz é uma realidade viva. A cruz se eleva até o mais alto dos céus. Um Deus homem nela derramou o sangue; a espada da justiça foi enterrada inteira em seu coração. O lado traspassado de Cristo é a obra de Deus; o refúgio preparado por Deus para os que Nele se refugiam, a rocha eterna. Eis que eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe, e tu ferirás a rocha, e dela sairão águas e o povo beberá. E Moisés assim o fez, diante dos olhos dos anciãos de Israel. Êxodo 17:6. A água da rocha que dessedentou os peregrinos no deserto tinha um sabor doce e refrescante. Para os filhos de Deus, são ainda mais doces e refrescantes as águas que saem da verdadeira Rocha, que é Cristo. Por certo, todo aquele que bebeu dessa água deseja beber mais e mais. Alegrai-vos, glorificai, filhos de Deus, nesta cruz única, ela é suficiente, o seu preço foi suficiente. Bendito seja o nosso Senhor Jesus! O seu único sacrifício foi a salvação inteira, e desgraçado de mim se rejeitá-Lo. Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna. João 4: 14.

Solo Deo Glória

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