Pois quem quer amar a vida e ver dias felizes refreie a língua do mal
e evite que os seus lábios falem dolosamente. 1 Pedro 3:10
O termo "morder a língua" é usado como expressão no sentido
figurativo, como para conter o ímpeto de dizer alguma impropriedade afim de não
se arrepender posteriormente; para não extrapolar numa colocação indevida; para
não fazer colocações que são como flechas lançadas pelo arqueiro, que depois de
atiradas não conseguem mais ser contidas. Tanto a língua quanto o fogo
são citados na Bíblia como algo manipulável, que pode ser usado por alguém pra
um determinado fim benéfico ou maléfico, dependendo de quem a utiliza e para o
que a utiliza. Essas duas palavras aparecem juntas para dois casos distintos.
Primeiro quando Jesus após ter ressuscitado e antes de ser assunto aos céus,
ordenou que os discípulos esperassem em Jerusalém pela descida do Espírito
Santo. Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo
lugar, de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda
a casa onde estavam assentados. E apareceram distribuídas entre eles, línguas,
como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito
Santo e passaram a falar em outras línguas; segundo o Espírito lhes concedia que
falassem. Atos 2:1-4.
O fogo é um símbolo do poder purificador do Espírito Santo e
aparece muitas vezes nas Escrituras como figura da presença santa de Deus e de
seu juízo sobre os homens ( Levítico 9:24; 2 Pedro 3:7; Deuteronômio 4:24;
Mateus 3:10). O termo, "cheios do Espírito Santo" aparece significando que os
discípulos estavam sob a direção e influência do Espírito Santo e a conseqüência
foi que depois de ouvirem a Pedro o povo foi impactado (Atos 2:37-41) e
perguntaram: Que faremos irmãos? A resposta foi: Arrependei-vos. Ser cheio do
Espírito Santo é ter caráter transformado e expressar a vida santa de Cristo em
atitudes e palavras.
O segundo caso onde essas duas palavras aparecem juntas, língua
e fogo, é em Tiago 3:6 onde lemos: Ora, a língua é fogo; é mundo de
iniqüidade; a língua está situada entre os membros de nosso corpo, e contamina o
corpo inteiro, e não só põe em chamas toda a carreira da existência humana, como
também é posta ela mesma em chamas pelo inferno. Tiago compara o estrago que
a língua pode causar como um fogo destruidor. A maldade da língua tem seu
combustível de malignidade no próprio inferno. As palavras infundadas e odiosas
são prejudiciais porque espalham rapidamente a destruição, e ninguém pode deter
os resultados após serem proferidas.
Os dois tipos de língua de fogo são expressões conseqüentes de
algo muito mais profundo que possamos imaginar, porém uma trás unção e salvação,
a outra destruição e perdição. Quando Jesus disse em Lucas 7:20-23, que o que
sai do homem é o que contamina o homem, ele exemplificou citando, maus
desígnios, prostituição, furtos, homicídios, adultério, avareza, malícias, dolo,
lascívia, inveja, blasfêmia, soberba e finalmente a loucura ou insensatez
(falar e agir sem pensar nas conseqüências). Jesus estava dizendo que todos
esses males vêm de dentro do homem e contaminam o homem. Note que Jesus cita no
mesmo conjunto, a blasfêmia e a insensatez do mesmo modo que a prostituição e o
adultério.
Enquanto as línguas como de fogo no Pentecostes simbolizavam a
ação do Espírito Santo no coração dos discípulos, o que resultou numa fala cheia
de autoridade e poder, trazendo salvação a quase três mil pessoas, a língua
incendiária da insensatez põe em chamas a própria carreira da existência humana.
Enquanto a primeira trás libertação a segunda trás escravidão. Em Atos 2:37 diz
que a multidão ouvindo sobre a graça por meio de Jesus Cristo, ficou com seus
corações compungidos e perguntaram o que poderia ser feito diante dessa tremenda
salvação anunciada. Houve primeiramente temor diante do exposto pelos apóstolos
e alegria pela plena salvação pela graça. O evangelho de Jesus Cristo realmente
trás a graça para aqueles que crêem, mas a maledicência deixa qualquer um
atingido por esta seta totalmente sem graça. No entanto eu pergunto a você: Como
fica o teu coração após ouvir alguém falando mal de outra pessoa? E se você ouve
alguém falando mal de você, qual será o teu sentimento? De temor a Deus e
alegria?
Há dois tipos de pecado na língua de fogo da insensatez: o
ativo e o passivo. O que difama com a língua é o ativo, e o passivo é o que ouve
(Provérbios 17:4; Isaías 33:15).
Quando você ouve um comentário indevido (mesmo se você não
falar nada), também está pecando por cumplicidade. Logo, quando damos ouvidos a
um maldizente estamos participando do mesmo pecado e isto nos priva da comunhão
com Deus. O pecado nos afasta da comunhão com Deus, pois enche a nossa mente de
pensamentos maus, motivos egoístas, falta de misericórdia e hipocrisia.
Atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da
graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e,
por meio dela, muitos sejam contaminados; Hebreus 12:15.
Quem está por trás da maledicência? Quando falamos mal uns dos
outros, estamos dando lugar ao Espírito Santo ou ao diabo? Não há meio termo nem
outra explicação para isto, as Escrituras nos mostram que as conseqüências da
maledicência são sérias e que se trata de um pecado incendiado pelo inferno.
Falar mal, mesmo que sendo de uma maneira displicente e sem uma intenção
maligna, pode causar o mesmo efeito danoso – separação, discórdia e inimizade –
se for dito com intenção maligna. O roubar, matar e destruir é o mitiê do diabo,
coisa de gente que anda nas trevas. Para os filhos de Deus só há um caminho
claro, andar na luz, pois Deus é luz e nEle não há treva nenhuma. Irmãos, é
necessário haver no nosso coração o temor do Senhor, para que não falemos o que
desagrada e ofende ao Senhor. Como haveremos de adorar, levantar nossas mãos em
louvor se em nosso coração há amargura e em nossa língua maledicência?
De fato nossa língua é um pequeno membro que parece em alguns
momentos, ou em muitos momentos, que está desgovernada. Mas, só parece, pois na
verdade ela é governada por nossa mente, que por sua vez pode ser governada pelo
Espírito Santo ou pela natureza carnal. Criamos tantos problemas com nossa
língua, que se a domássemos, a maior parte deles acabaria: Sem lenha, o fogo
se apaga; e, não havendo maldizente, cessa a contenda. Como o carvão é para a
brasa, e a lenha, para o fogo, assim é o homem contencioso para acender rixas.
Provérbios 26:20-21. Se no final do dia pudéssemos ouvir tudo o que dissemos
no seu decorrer, quanto haveria de mexericos, desprezo por pessoas, vanglória,
manipulações, exageros, reclamações, lisonjas e mentira? Talvez deletaríamos
mais da metade. Falar mal é uma calúnia que procede da inveja e reflete a obra
de Satanás. Ah! se nós entendêssemos esse texto! Seis coisas o SENHOR
aborrece, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, língua mentirosa, mãos
que derramam sangue inocente, coração que trama projetos iníquos, pés que se
apressam a correr para o mal, testemunha falsa que profere mentiras e o que
semeia contendas entre irmãos. Provérbios 6:16-19.
O Salmista diz que o ímpio desde pequeno profere mentira, que
tem a língua como de serpente, tem veneno sob os lábios. O apóstolo Paulo diz em
Romanos 3:13-14 que a garganta daquele que não é nascido de novo é como um
sepulcro aberto e, a boca está cheia de maldição e de amargura.
Para os filhos
de Deus, novas criaturas em Cristo Jesus, lemos o seguinte: Pois quem quer
amar a vida e ver dias felizes refreie a língua do mal e evite que os seus
lábios falem dolosamente. 1 Pedro 3:10. Por que em tantos textos como esse
lemos exortações aos filhos de Deus? Não deveriam ser estas exortações dirigidas
somente a ímpios? Entretanto, como nascidos de novo em Cristo Jesus, somos
advertidos a abandonar esta prática, e não estou falando só sobre falar mal de
pessoas. É exatamente neste ponto que podemos perceber que pessoas nascidas de
novo não estão isentas da necessidade da continuação da operação da Cruz de
Cristo em suas vidas. Um regenerado por Cristo muito mais agora, está na
contramão do mundo e precisa viver de maneira coerente a esta graça. O Apóstolo
Paulo diz na Carta aos Filipenses que é Deus quem opera em vós tanto o querer
como o realizar segundo a sua boa vontade, e no versículo anterior: Assim,
pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha presença, porém,
muito mais agora, na minha ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e
tremor; Filipenses 2:12. Esta é a questão da nossa santificação, se temos
exortações a dar ouvidos é porque precisamos dessa correção. Levando sempre
no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso
corpo. 2 Coríntios 4:10. O Senhor Jesus Cristo deseja ganhar nosso coração
de maneira inteiramente graciosa todos os dias da nossa vida, porém experimentar
essa graça significa responder de forma coerente com a santidade de Deus.
Do ponto de vista de Deus, deixar a maledicência é uma questão
de caráter. Tiago nos exorta assim: "Irmãos, não faleis mal uns dos
outros" (4:11), pelo contrário, ele nos ensina: "confessai, pois os
vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados"
(5:16). Infelizmente temos visto que há um câncer corroendo muitas comunidades
cristãs, pois quando há alguma coisa que desagrada alguém em relação a como tem
sido conduzido o rebanho, a prática tem sido mal dizer. Temos esquecido que o
supremo pastor é Jesus Cristo e que antes de tudo precisamos clamar ao Senhor
pelos irmãos que tem desempenhado a função de liderança. É claro que precisamos
avaliar o caráter, pois a credibilidade de uma pessoa e de seu ministério se dá
em função do seu testemunho, mas se entendemos que algo precisa ser mudado,
antes de tudo é nosso coração que precisa se prostrar diante do Senhor da Igreja
– Jesus Cristo. Em vez de sermos ávidos por criticar e falar mal, sejamos ávidos
por buscar a presença de Deus e a sua soberana vontade.
Todos nós precisamos considerar diante de Deus as
intenções que permeiam nosso coração afim de que em tudo Deus seja glorificado,
adorado, honrado. Que as palavras que saírem de nossa boca e o que passa pelo
nosso coração seja agradável ao Senhor e sem dúvida serão para edificação
daqueles que a ouvem. Fale com Jesus Cristo sobre este assunto, confesse diante
dEle esse pecado, pois "se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos
nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andarmos na luz,
como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus,
seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não temos pecado
nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos
os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos
purificar de toda injustiça". 1 João 1:6-9.
Solo Deo Glória | |
O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
quarta-feira, 2 de maio de 2012
MORDENDO A LÍNGUA DE FOGO
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