Certa ocasião, o Ministro da Educação do governo
brasileiro, Carlos Portela, em face de pressões políticas, declarou: Estou
ministro, não sou ministro. O gabinete ministerial dos governos é sempre
transitório. Nenhum ocupante da pasta pode ter certeza de sua permanên-cia no
ministério, causando continuada instabilidade.
Há uma larga diferença entre ser e estar ministro.
No âmbito do reino de Deus este assunto também tem suas
conotações. Há muitas pessoas que se investem da presunção de se tornarem
ministros. Assumem uma postura e tomam posições diplomáticas a fim de serem
reconhecidos como ministros de Deus. Mas ser ministro não é uma questão de
protocolos ou procedimentos. Vamos observar aqui algumas condições marcantes,
que foram oferecidas por homens de Deus na história e que
caracterizam o perfil de um ministrante do Evangelho de
nosso Senhor Jesus Cristo.
O primeiro traço de um ministro de Deus é sua
filiação. Ninguém pode ser escolhido para ser ministro se não fizer parte da
família de Deus. É preciso ser regenerado por Deus para ser filho de Deus. Sem
novo nascimento autêntico não há convocação incontestada. Sem a morte da velha
vida é impossível ser servo do Senhor Jesus. Antes de ser chamado ao ministério
da pregação do Evangelho, é preciso ser transformado pelo poder do Evangelho.
Se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas velhas já passaram;
eis que tudo se fez novo. 2Coríntios 5:17. O
homem que prega a cruz precisa ser um crucificado. Antes de recrutar o
pregador é preciso crucificar o pecador, pois há um risco sério: Um homem
pode ser um falso profeta e ainda assim falar a verdade.
Em segundo lugar, é indispensável uma consciência
real de sua vocação. No ministério cristão não há lugar para oferecidos.
Ninguém, a não ser aquele que fez o universo, pode escolher um ministro do seu
Evangelho. Os intrometidos podem estar ministros, mas não são. Ninguém se
torna ministro se não foi convidado especialmente e ordenado pela imposi-ção de
mãos invisíveis. Sem a consciência da convocação divina não haverá
consagração verdadeira. O homem só deve entrar no ministério cristão se tiver
plena convicção de que não consegue ficar fora dele, em razão do seu chamamento.
Dr. A. W. Tozer disse certa feita: Não consigo lembrar-me, em todas as minhas
leituras, de um único profeta que se candidatasse a seu trabalho. Todos os
profetas de Deus foram selecionados e escolhidos pelo próprio Deus.
Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem
enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: Eis-me aqui,
envia-me a mim. Isaías 6:8.
Uma terceira qualidade dos que são ministros de
Cristo é o seu amor. Eles amam a Deus acima de tudo ao ponto de obedecê-lo com
reverência e prazer. O amor e a obediência a Deus estão de tal maneira
entrelaçados um com o outro, que a existência de um implica na presença do
outro. Sendo assim, a obediência a Deus é a prova infalível de um amor sincero e
supremo por Ele. A evidência de nosso amor a Deus é a obediência a Ele. O
amor do filho para com o seu Pai precisa incluir a obediência, de outra forma
não tem significado. O melhor critério para avaliar uma vida espiritual
autêntica não são os êxtases, nem os milagres, mas o amor em sua expressão de
obediência. Se me amais, guardareis os meus mandamentos. Aquele que tem os
meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será
amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele. João 14:15
e21. Eles também amam as pessoas com tanta
intensidade que são incapazes de enganá-las. A mensagem verdadeira muitas vezes
é dura, mas é amorosa. Melhor é a repreensão franca do
que o amor encoberto. Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos
de quem odeia são enganosos. Provérbios
27:5-6.
Só quem ama pode falar a verdade com amor, ainda
que isto custe muito sofrimento, pois a prova do amor está em sua capacidade
de sofrer pelo objeto de sua afeição. O amor busca apenas uma coisa: O bem
eterno do seu amado. E se não for assim, o que estamos demonstrando não é de
fato, amor. O Evangelho de um coração quebrantado começa
com o ministério de corações que sangram. Quando paramos de sangrar, paramos de abençoar. Ministros que não amam
a Deus de todo o coração não podem amar as pessoas com o mesmo propósito como
Deus as ama. A maior e melhor coisa que pode ser dita acerca de um ministro é
que ele amou ao Senhor, e amou de tal maneira, que deu a sua vida para pregar a
verdade do Evangelho, por amor às pessoas a quem Deus
ama.
A quarta marca de um legítimo ministro de Cristo é
a humildade. Um homem cheio de si jamais poderá pregar verdadeiramente o
Cristo que se esvaziou de si mesmo. Os topos das montanhas freqüentemente
são frios, áridos e estéreis, enquanto os vales são quentes e férteis. Os
melhores amigos de Deus foram homens humildes. J. I. Packer afirmou assim: Só
depois que nos tornamos humildes e ensináveis e permanecermos extasiados diante
da santidade e soberania de Deus... reconhecendo nossa pequenez, desconfiados de
nossos pensamentos e desejando ter a mente humilhada, é que podemos adquirir a
sabedoria divina. Santo Agostinho insistia que os altivos cumes das
colinas deixam a chuva esvair-se; os humildes vales são ricamente regados.
Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá
graça aos humildes. Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará.
Tiago 4:6 e 10. Alguém já disse: Não há limite
para o bem que um homem pode fazer, se ele não se importar com quem recebe os
louvores. O trono da graça é o único lugar elevado que se sobe descendo os
degraus da humildade. Quanto mais elevado estiver o homem na graça, menor ele
será a seus próprios olhos. A maneira correta de crescer é crescer menos
para si mesmo. Não há no universo ser mais ridículo nem mais digno de pena do
que um ministro soberbo pregando o Evangelho do Cristo humilde e humilhado.
Há três tentações especiais que assaltam os líderes cristãos: A tentação de
brilhar, a tentação de queixar-se e a tentação de descansar. A melhor
maneira de vermos a luz divina brilhar sobre nossas vidas é apagar a nossa
própria vela. Se cremos que a morte de Cristo é a nossa morte e a sua vida
ressuscitada é a nossa vida, então a sua glória é a nossa
luz, a sua causa, os nosso direitos e a sua comunhão, o
nosso descanso.
E em quinto lugar, o ministro é visto pela sua
dedicação, atitude que não tem medo de sacrifícios. Homens flamejantes são
invencíveis. O inferno estremece quando os homens se incendeiam. O
mensageiro da igreja de Laodicéia é tépido e seu estilo é tedioso. Conheço
as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente!
Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da
minha boca. Apocalipse 3:15-16. É repugnante esta
temperatura sem zelo. A ânsia de Jesus e o seu enjôo são resultantes da falta de
fervor. William Booth, fundador do Exército da Salvação, gritava: Quero a
minha religião como o meu chá – quente! E John Wesley bradava:
Incendeie-se por Deus, e os homens virão ver você pegar fogo. O fogo do
Espírito, não mero emocionalismo. Entusiasmo, mas não animação. Avivamento e não
vivacidade. Avi-vamento não é tampa explodindo, mas o fundo caindo. O
zelo é como fogo; necessita tanto de combustível como de vigilância. Mas
precisamos de homens verdadeiramente dedicados. Que espécie de homem deve ser
o ministro de Deus? Deve trovejar na pregação e brilhar nas conversas. Deve ser
flamejante na oração, resplandecente na vida e fervoroso no
espírito.
Há muita gente na igreja que está ministro mas não
é ministro. Tem carteira de ministro, porém falta caráter. Tem pose sem
procedimento. Tem cargo no rebanho, mas não percebe as cargas das ovelhas. Paulo
fala da graça que lhe foi outorgada para fazê-lo ministro de Cristo Jesus, no
sagrado encargo de anunciar o Evangelho de Deus. A tarefa fundamental de um
ministro da pregação não é ser eloqüente ou profundo, mas é ministrar com
fidelidade a Palavra de Deus, a fim de alcançar os corações dos homens,
promovendo uma radical transformação. Assim, pois, importa que os homens
nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus.
1Coríntios 4:1.
Soli Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
SER MINISTRO
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