sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

ORAÇÃO TRANSFORMADORA


Orar a Palavra é transformação na certa. Orar a Palavra, significa orar na plena convicção de que as palavras de Deus irão se cumprir. Significa que estamos orando de acordo com o modo e a natureza de Deus. Significa que estamos fazendo os tipos de intercessão que expressam o desejo do coração de Deus. Os primeiros cristãos sabiam equilibrar a palavra de Deus com a oração, ao ponto dos apóstolos chegarem ao consenso de dedicação exclusiva a estes ministérios. Os demais serviços foram assumidos pelos diáconos e por todos os outros cristãos, e as palavras dos apóstolos foram: e quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra. Atos 6.4. Porém, em nossos dias, há nas igrejas uma forte tendência de se dedicarem mais a um ministério, descuidando de outros. Assim, encontramos igrejas fortes em oração ou igrejas fortes na Palavra de Deus. Porém, a chave para a revolução está na prática concomitante da palavra de Deus e da oração.
A Palavra é transformadora, pois é o poder de Deus tanto para criar quanto para recriar todas as coisas. Quando oramos a Palavra, estamos nos apropriando deste poder para transformar a realidade manchada pelo pecado. Guiados pela Palavra, a fé é fortalecida, pois a nossa fé procede da Palavra de Deus. Então oramos a Deus e Ele nos responde, porque a nossa oração é fundamentada na sua Palavra. Jesus disse: Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será concedido. João 15.7. Segundo Jesus, as condições abrangentes para uma oração eficaz, é permanecerem em mim, e a segunda condição, as minhas palavras permanecerem em vocês
.As nossas orações nascem da nossa amizade com Ele. Quando nos reunimos juntamente com o Deus pessoal, a sua graça move os nossos corações para sairmos ao encontro Dele, e sermos libertos da auto-centralização. O enfoque da oração não é a própria oração, mas a Trindade. O nosso coração através da intimidade com Deus, se enche de amor e assim, buscamos a promoção de sua Glória na nossa vida e no mundo.O objetivo deste estudo é levar-nos à prática de uma oração transformadora, à partir da Palavra de Deus. Fazer com que percebamo-nos como agentes na oração, e participantes juntamente com Deus, do estabelecimento do reinado de Cristo na terra. Contudo, será que reconhecemos a importância da oração associada à Palavra de Deus? O pregador puritano Willian Gurnall costumava dizer: Quando as pessoas não se importam com o que Deus lhes fala em sua Palavra, Deus tampouco se importa com o que lhe dizem em oração. A Oração na Igreja PrimitivaHá basicamente dois tipos de oração: a centrada no homem e a centrada no Reino de Deus. A diferença entre ambas é gritante. A primeira, busca somente suprir necessidades e resolver problemas pessoais. A segunda, está centrada em Deus e nos objetivos relacionados ao mundo. A segunda, também trata de nossas necessidades, mas a ênfase é bem diferente. A oração focada na presença de Deus e no seu Reino, tem caráter transformador. Primeiramente, ela transforma o nosso interior e depois, a realidade exterior. No livro de Atos encontramos a igreja primitiva envolvida com este tipo de oração. No capítulo 4 do livro de Atos, há uma das orações mais admiráveis e poderosas da Bíblia.
Pedro e João haviam curado um coxo na porta do templo, e por isso haviam sido presos. Após serem libertos, receberam ameaças de novas prisões e castigos, caso continuassem a pregar a Palavra de Deus e anunciar o nome de Jesus. Então, reunidos com os seus companheiros levantaram a voz a Deus, dizendo: Ó Soberano, tu fizeste os céus, a terra, o mar e tudo o que neles há! Tu falaste pelo Espírito Santo por boca do teu servo, nosso pai Davi: Por que se enfurecem as nações, e os povos conspiram em vão? Os reis da terra se levantam, e os governadores se reúnem contra o Senhor e contra o seu Ungido. Atos 4:24-26. Eles começaram a oração com adoração e em seguida transformaram o Salmos 2 em oração. De fato, Herodes e Pôncio Pilatos reuniram se com os gentios e com o povo de Israel nesta cidade, para conspirar contra o teu santo servo Jesus, a quem ungiste. Fizeram o que teu poder e tua vontade haviam decidido de antemão que acontecesse. Atos 4:27-28.
Eles fizeram uma leitura da realidade a partir do ponto de vista de Deus, e exaltaram a Sua soberania.
Por fim, eles finalizaram a oração com o seguinte pedido: Agora, Senhor, considera as ameaças deles e capacita os teus servos para anunciarem a tua palavra corajosamente. Estende a tua mão para curar e realizar sinais e maravilhas por meio do nome do teu santo servo Jesus. Atos 4:29-30. Eles não pediram para que as ameaças fossem removidas, porém, pediram capacitação para anunciarem a palavra corajosamente. Pediram poder divino para operar milagres e realizar sinais e maravilhas, por meio da autoridade de Jesus. Se fosse qualquer um de nós, com certeza a oração seria outra. Talvez, seria assim: Senhor, olha para os teus servos, tem misericórdia de nós e... ; e toda aquela ladainha de pessoas centradas em si mesmas. Porém, como os primeiros cristãos transformavam a Palavra de Deus em oração, Depois de orarem, tremeu o lugar em que estavam reunidos; todos ficaram cheios do Espírito Santo e anunciavam corajosamente a palavra de Deus. Atos 4:31
. Quando oramos, o lugar treme? Quando oramos, ficamos cheios do Espírito Santo? Quando oramos, ficamos cheios de coragem para anunciar a palavra de Deus?A Oração na Igreja de HojeVoltamos a afirmar que a base de nossas orações é um relacionamento profundo e confiante com Deus. O motivo de fugirmos da oração, tanto a nível pessoal como comunitário, é nossa falta de confiança em Deus. Emil Brunner em seu livro Nossa Fé, dá pistas para entendermos porque as pessoas e a igreja de nossos dias têm dificuldades para orar: Por isso orar é mais difícil do que trabalhar, exigindo tanto mais esforço. De cem homens que não temem o esforço do trabalho, apenas alguns poucos suportam o esforço da oração. A grande maioria evita orar. Tem medo Dele. Quem não teria medo, inicialmente, de estar sozinho com Deus? Este é o motivo por que tão poucas pessoas praticam realmente a oração. Orar implica em mudança. Implica abrir mão do nosso desejo de ter tudo sob controle, e assumir um compromisso em relação ao todo da vida no mundo. Isso significa ocupar-se, juntamente com Deus, das necessidades humanas, sejam elas espirituais, familiares, sociais ou culturais, incluindo desde pormenores do dia-a-dia, até o destino eterno das pessoas.
Nas igrejas geralmente encontramos dois tipos de oração: reuniões de "manutenção" e reuniões de oração de "linha de frente". Orações de manutenção são curtas, mecânicas e totalmente focalizadas nas necessidades físicas dentro da igreja. As orações de "linha de frente" são relacionais, apaixonadas e contagiantes. São orações marcadas pela fé, porque são entrelaçadas com os fios da Palavra de Deus. Nesse tipo de oração nos percebemos como agentes do Reino de Deus. Através da oração suplicamos o governo de Deus na terra para restaurar vidas, refazer famílias, avivar igrejas e transformar a sociedade segundo os valores do Reino.
A oração centrada em Deus e no seu Reino, traz um quebrantamento pessoal e comunitário. Ela nos faz reconhecer o quão pecadores somos e o quão gracioso é Deus para conosco e para com a humanidade. Segundo Tim Keller, estas orações têm três características: confissão de nossos pecados e humilhação diante de Deus, compaixão e zelo pelo crescimento da igreja e alcance dos perdidos, e um forte desejo ardente de conhecer a Deus, ver sua face e sua glória. Moises é um exemplo disto. Em Êxodo 32 e 33 encontramos um homem que reconhece o pecado coletivo da sua nação e o confessa diante de Deus. Intercede pelo seu povo com uma santa ousadia, argumenta com Deus, fazendo lembrar as palavras que Ele próprio tinha prometido. Este é o segredo da oração transformadora.
Sobre Moisés as Escrituras falam: Falava o Senhor a Moisés face a face, como quem fala com seu amigo. Êxodo 33.11a. Havia uma amizade profunda entre Moisés e Deus. Outra pessoa que cultivava uma amizade com Deus e que orava com argumentos, era Abraão. Nas Escrituras, por três vezes Abraão é chamado de amigo de Deus. Na ocasião da destruição de Sodoma e Gomorra, o Senhor disse: Ocultarei a Abraão o que estou para fazer...? Gn 18.17
. Vemos Deus compartilhando seus planos e preocupações com Abraão, como se quisesse a sua participação sobre o destino daquelas cidades. Foi o que fez Abraão, ao interceder pelo livramento das mesmas. Abraão começou rogando ao Senhor que se tivesse cinqüenta pessoas justas, Ele deixaria de destruir aquelas cidades perversas. Após longa argumentação, acabou baixando para dez pessoas. O problema era que não havia nem dez pessoas justas em Sodoma e Gomorra e por isso, foram destruídas.Mediante o evangelho de Cristo, nós temos o privilégio de chegar diante de Deus em favor dos outros. O nosso ministério de oração é somente possível pela cruz e pelo contínuo ministério de intercessão de Cristo. Por causa do Eterno Intercessor, as nossas orações são ouvidas e apreciadas pelo Pai. Assim, se cremos na nossa morte e ressurreição juntamente com Cristo, podemos, como os cristãos da Igreja Primitiva, suplicar por ousadia e poder para transformar o mundo. Podemos, como Moisés, argumentar com Deus sobre o destino da nossa nação. E, como Abraão, podemos interceder pelo destino da cidade.
 
Soli Deo Glória.

 

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