sábado, 23 de fevereiro de 2013

COM MAIS EXATIDÃO

Apolo era um judeu convertido ao cristianismo, natural de Alexandria, uma das principais cidades universitárias da Grécia, que chegou a Éfeso com muito entusiasmo. Ele era um orador eloqüente que possuía grande conhecimento das Escrituras Sagradas, e que conseguia arrebatar os seus ouvintes com a sua cultura e oratória. Era uma per-sonalidade atraente dotada de um profundo zelo espiritual. Homens flamejantes são invencíveis. O inferno estremece quando os homens se incendeiam. Mas este homem, apesar de sua grande capacidade e sua tremenda influência moral era impreciso no caminho de Deus. Ele era preparado e culto, contudo o seu conhecimento da doutrina dos batismos estava restrito apenas ao batismo gelado de água fria.

O escritor da epístola aos Hebreus, no capítulo 6:1-2, chama de ensino elementar a instrução a respeito dos batismos. Apesar do seu diploma superior e de sua coragem audaz, Apolo encontrava-se desaprovado nos fundamentos da cartilha. Sua pregação era persuasiva, mas sua mensagem inexata. Expressivo na dissertação e desajeitado no seu conteúdo. Ele con-vencia a sua platéia, porém deixava veneno suficiente para deformar as suas ovelhas. Nada pode ser mais trágico para a pregação do Evangelho do que a inexatidão. A verdade precisa ser proclamada em sua absoluta precisão. As receitas que não obedecem à risca as prescrições, causam tragédias irreparáveis. Alguns labo-ratórios, hoje em nosso País, estão sendo processados pela adulteração na dosagem dos elementos. Não se trata de radicalismo, mas de pura exatidão com respeito às bulas que envolvem tanto a saúde física, como a vida eterna. Apolo era preciso no caminho do Senhor, mas não era exato. Por este motivo o casal Priscila e Áquila tomaram a iniciativa de levar o pregador paraa sua casa e tratar da exatidão concernente ao Reino de Deus.

Saber sobre o batismo de João era insuficiente para abordar todas as implicações da obra salvadora. Como falar da transformação dos corações sem apresentar o batismo da morte em Cristo? É correto afirmar que Cristo morreu na cruz em nosso benefício. Está certo dizer que Ele nos substituiu, quando foi pregado por nós no madeiro. Contudo, esta mensagem não é exata, se não apresentarmos a nossa inclusão juntamente com Cristo, como a expressão do nosso batismo na morte. Ou vocês não sabem que todos nós, que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados em sua morte? Romanos 6:3. O enfoque deste texto não é o batismo nas águas, mas a imersão na morte de Cristo. O que o apóstolo Paulo está apontando aqui é nossa inserção ou envolvimento na morte compartilhada juntamente com Cristo. Podemos até asseverar que o batismo nas águas tipifica ou simboliza a realidade espiritual que aconteceu no batismo da morte. Mas uma coisa difere da outra. Ser batizado em água não significa que estamos crendo em nossa morte juntamente com Cristo. É imprescindível uma pregação exata, para que haja uma compreensão correta dos fatos. Apolo conhecia apenas o batismo de João. Por este motivo o apóstolo Paulo teve que consertar o sistema da igreja, quando chegou em Éfeso, pois as ovelhas do rebanho de Apolo não tinham recebido o Espírito Santo. Vocês receberam o Espírito Santo quando creram? Eles res-ponderam: Não. Ainda nem sequer ouvimos que existe o Espírito Santo. Então, que batismo vocês receberam? perguntou Paulo. O batismo de João, responderam eles. Atos 19:2-3.

Tudo indica que Apolo nada sabia do batismo no Espírito Santo e o batismo de fogo. Ele era um grande pregador, culto e eloqüente, entretanto, não era exato: eloqüência e ignorância algumas vezes andam juntas. E foi exatamente este ponto que levou o casal a se preocupar com este grande mensageiro. Não podemos descuidar da exatidão da mensagem. E lhe explicaram com mais exatidão o caminho de Deus. Não resta dúvida que trataram enfaticamente da pessoa de Jesus Cristo e de sua morte e ressurreição, mas também salientaram a doutrina exposta no Novo Testamento que destaca a experiência de fé de nossa morte e ressurreição com Cristo, para que o Espírito Santo venha ter a plenitude. A verdade bíblica apela para os dois lados da realidade: A morte de Cristo na cruz, nos subs-tituindo, e a nossa morte juntamente com Cristo, nos incluindo. Eu estou crucificado com Cristo. Assim já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo pela fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim. Gálatas 2:20.
A exatidão da mensagem tem resultados firmes e transformações radicais.A principal necessidade da igreja dos nossos dias é uma insistência arrojada com a exatidão da mensagem do Evangelho, para que as experiências de conversões sejam de fato manifestações de fé e não mero assentimento intelec-tual. Um pequeno erro na base de lan-çamento do foguete pode causar um grande afastamento do alvo. Uma oratória eloqüente pode agradar as multidões, mas somente a doutrina clara e correta é capaz de informar, convencer e influenciar, para que pela revelação do Espírito o homem seja transformado integralmente. A Palavra de Deus é uma coisa muito sagrada, e a pregação é uma obra muito solene, para que se brinque com elas. Eu exorto sole-nemente: Pregue a Palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda paciência e doutrina. Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos. Você, porém, seja sóbrio em tudo, suporte os sofrimentos, faça a obra de um evangelista, cumpra plenamente o seu ministério. 2 Timóteo 4:2-5. É preciso pregar a verdade de Deus com exatidão, com seriedade, com solenidade e profundo amor às vidas enleadas na rebeldia do pecado.

A nossa pregação não pode ser um dis-curso político à cata de votos, nem um arrazoado diplomático em busca de um acordo. Ela é fundamentalmente uma proclamação da verdade de Deus sem qualquer conformação às conveniências humanas. Por isso, a principal carac-terística da pregação cristã é sua maior exatidão com os fatos revelados na Pa-lavra de Deus. Não é a aceitação do ou-vinte que nos estimula no ministério da proclamação do Evangelho, mas a real integração com a vontade de Deus, dentro da exatidão de sua Palavra. Não estamos desprezando ou descartando as decisões, pois se a pregação não visa a conversão do pecador, ela está fora de foco; mas prefiro ser compreendido por um punhado de pessoas que receberam com seriedade a exatidão da verdade, do que ser admirado por uma multidão ávida de entretenimen-to. A verdade do Evangelho não faz bar-ganha com os pecadores, para que eles aceitem um Salvador sem qualquer significado. De fato, a mensagem, com mais exatidão, requer o recebimento do Salvador sob a evidência da total negação do pecador. Uma das características dos falsos profetas e pregadores tem sido sempre pregar o que o povo quer ouvir. Mas, a marca dos pregadores com-prometidos com a verdade de Deus é pregar com destemor a Palavra de Deus em sua maior exatidão, a fim de permitir o melhor exame da verdade. Os bereanos eram de caráter mais nobre do que os tessalonicenses, pois receberam a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo. Atos 17:11. J. Blanchard corrobora: Nunca se coloque na posição em que você precise esvaziar a mensagem para adaptá-la ao método. O perigo que envolveu Apolo continua ameaçando a igreja contemporânea. Muitas vezes, um pregador agradável é aquele que fala ape-nas aquilo que as pessoas gostam de ouvir, omitindo os detalhes que visam a maior exatidão. Deste modo, uma verdade descaracterizada pode ser mais danosa do que uma heresia completa. Todas as tuas palavras são verdadeiras; todas as tuas justas leis são eternas. Salmo 119:160.
 
Soli Deo Glória.

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