Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que
apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é
o vosso culto racional. Romanos 12:1.
Vivemos em um mundo em constante transformação. A chamada
“globalização” provoca a todo momento mudanças sociais, econômicas e políticas
que exige grande mobilidade psicológica a fim de permitir uma rápida
reorientação de identidades, comportamentos, sentimentos e relacionamentos.
Com tantas exigências do ambiente externo é na família que
precisamos pensar como estamos preparados para enfrentar as manobras sociais do
mundo moderno.
A família é o lugar onde se ouve as primeiras falas, com as
quais o indivíduo constrói sua auto-imagem e a imagem do mundo exterior. É por
meio da linguagem que aprendemos a ordenar e dar sentido às experiências vividas
e por meio da família que começamos a ver e a significar o mundo.
A família é vista como uma realidade que se constitui pela
linguagem-socialmente elaborada e internalizada pelos indivíduos-, portanto,
torna-se um campo privilegiado para se pensar a relação entre o individual e o
coletivo, entre mim e o outro.
As relações familiares constituem-se um emaranhado de situações
complexas.
O antropólogo e sociólogo Da Mata diz que “não somos capazes de
enxergar o outro e aceitá-lo se não conseguimos nos estranhar em relação ao que
somos”.
A dificuldade desse movimento de enxergar o outro está no fato
de que não representa um aspecto apenas de ordem intelectual ou emocional, mas
principalmente de ordem espiritual.
Portanto, és indesculpável, ó homem, quando julgas, a quem
quer que sejas; porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas; pois
praticais as mesmas coisas que condenas. Romanos 2:1.
Muitas vezes o que está faltando e o que precisamos é olhar a
família e os nossos processos já viciados e zangados através de uma nova
ótica.
Vivemos em uma época em que o matrimônio deixou de ser um pacto
entre duas pessoas que, motivadas pelo sentimento de amor e ternura uma pela
outra, resolvem construir juntas suas vidas, apoiando-se mutuamente e
tornando-se a âncora do desenvolvimento da autoestima da outra.
Ao nos apresentar as relações familiares, em particular a
relação conjugal, precisamos enxergar que a família é um organismo vivo, que
nasce, cresce, amadurece e morre e que para todas essas passagens existem
conflitos e crises.
Carlos Catito nos diz que esses momentos de mudança são
momentos doloridos, naturais e necessários uma vez que é através deles que
“abandonamos a roupa que não serve mais, devido ao nosso natural
crescimento”.
Catito chama essa ressignificação de “de-construção”, seguida
de uma reconstrução.
O apóstolo Paulo nos fala em Romanos que apresenteis os
vossos corpos (como um) sacrifício vivo. Ainda em Romanos 14:7 ele
justifica: Porque nenhum de vós vive para si, e nenhum morre para si.
Quando nascemos de novo o que é vivificado é o espírito, “a
vontade da carne e dos pensamentos” ainda permanece e precisa ser vigiada.
Porque vós fostes chamados à liberdade; porém, não useis da
liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo
amor. Gálatas 5:13.
É na família, mais precisamente no relacionamento marido e
mulher, que encontramos mais dificuldades em olhar para o outro com
desprendimento. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede
que não sejais mutuamente destruídos. Gálatas 5:15.
Se vivemos para a glória de Deus, precisamos observar o que diz
ainda o apóstolo Paulo escrevendo aos Filipenses: Nada façais por
partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros
superiores a si mesmo. Filipenses 2:3.
Para que eu possa considerar o outro superior a mim é preciso
renúncia, entrega. Isso é sacrifício vivo.
Oferecer ao Senhor sacrifício de coisas e de animais sempre
constituiu uma forma cômoda de viver a vida religiosa sem muitas dimensões
éticas. Paulo contraria essa postura sem coerência com a prática quando escreve:
oferecei a si mesmo como sacrifício vivo, Santo e agradável a Deus.
O relato bíblico de Levítico mostra como era feito o
sacrifício. Arão recebeu nas mãos todas as coisas que foram movidas diante de
Deus e tudo foi queimado no holocausto.
A Palavra “consagração” no Hebraico significa encher as mãos.
As mãos de Arão ficaram tão cheias que ele não podia segurar mais nada. Tudo foi
oferecido. Isso é consagração. A palavra “sacrifício” é a palavra “holocausto”
do Velho Testamento; era um sacrifício inteiro para Deus.
No relacionamento familiar é imprescindível que nosso EU seja
integralmente entregue para ser queimado. Marido e mulher estão no altar, somos
oferta ao Senhor.
O Sacrifício é deixar nossa própria vontade para que a vontade
do outro se cumpra em nós; é oferecer nosso corpo, que é tudo o que mais
prezamos, em benefício do outro. Não oferecemos um animal morto, mas, sim um
corpo vivo.
Sacrifício vivo é quando fazemos um esforço que nos custe algo
por alguém ou por alguma coisa.
Quem tem todo poder para nos capacitar a abrir mão, abdicar,
renunciar e sujeitar-se ao outro em amor é o Senhor.
Tudo que fazemos no altar (família) é para primeiramente
glorificar ao Senhor e agradar ao outro.
Oferecer-se em sacrifício de amor no casamento é não esperar
nada em troca. Vemos o exemplo de Jesus quando curava os enfermos e libertava os
oprimidos. Ele não esperava nada em troca dizendo: “fica me devendo essa!”.
Entretanto Ele dizia “vai e não conte para ninguém”, ou, “vai e não peques
mais”.
Na carta aos Coríntios, Paulo exorta: Porque fostes
comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus em vosso corpo. 1
Coríntios 6:20.
A mulher não tem poder sobre seu próprio corpo, e sim o
marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio
corpo, e sim a mulher. 1 Coríntios 7:4.
Esse poder que temos deve ser usado para promover
auto-controle, não auto-indulgência; deve ser usado no relacionamento para
alimentar a confiança, não a subserviência. Para reforçar a comunhão, não o
isolamento.
Marido e mulher têm poder um sobre o outro e sabem disso. Todos
nós exercemos poder sobre os outros e somos todos afetados pelo poder que os
outros exercem sobre nós. Podemos usar esse poder para dominar e manipular, ou
podemos escolher usá-lo para liderar e liberar. Andai em amor, como também
Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a
Deus, em aroma suave. Efésios 5:2.
É somente pela graça de Deus que somos capazes de tomar algo
tão precioso quanto o poder e torná-lo criativo e vital.
Há uma carreira a correr e uma vitória a alcançar. Só podemos
correr essa carreira e alcançar essa vitória através da Cruz. Estou
crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.
Gálatas 2:19-20.
Estou habilitado a oferecer meu corpo em sacrifício vivo à
minha esposa, à minha família e ao outro, somente pelas misericórdias de
Deus. Rogo-vos pelas misericórdias de Deus.
São inúmeras as misericórdias que recebemos de Deus, sendo que
a maior delas é a nossa salvação eterna na pessoa de seu Filho. É essa tão
grande salvação que nos abriu as portas do amor não fingido.
Levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a
sua vida se manifeste em nosso corpo. 2 Coríntios 4:10.
Que a misericórdia de Deus dispensada em meu e em teu favor na
Cruz de Cristo seja manifestada diariamente em nossos
relacionamentos.
Soli Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
sábado, 16 de fevereiro de 2013
FAMÍLIA: SACRIFÍCIO VIVO
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