sábado, 23 de fevereiro de 2013

O FOCO DAS ESCRITURAS

O extraordinário mensageiro do Evangelho, C. H. Spurgeon, contou um fato marcante de um velho pregador que instruía um jovem na arte da pregação. "Disse-lhe: Todos os caminhos levam a Roma. Este dito foi apresentado no sentido de que todo sermão deve conter referências a Cristo. A maneira de pre-gar bem é descobrir o caminho que leva desde o seu texto até o Senhor Jesus e segui-lo. Da mesma maneira como todos os povos da antigüidade ti-nham um caminho que se dirigia a Roma, assim também todas as Escrituras levam a Cristo.

- Mas, disse o jovem - e se não há nenhuma ligação entre o meu texto e Cristo? Que faço então?
- Meu amigo, nem deve pensar na possibilidade disso; mas, na suposição que isto acontecesse, você teria que fazer um caminho, ainda que tivesse de cruzar valados e regos, pois é absolutamente necessário chegar até Cristo antes de terminar o sermão."

O tema central da Bíblia é Cristo, logo a sua mensa-gem deve ser completamente cristocêntrica. Pregar o Evangelho é anunciar Cristo de uma maneira enfá-tica e decisiva, sem qualquer rodeio. Apresentar o senhorio de Cristo como opção deixa-o francamen-te na categoria de acessório para um carro novo. Na verdade, pregar o Evangelho é apontar para Jesus Cristo morto e ressuscitado como Senhor absoluto do Universo. É proclamar a morte e ressurreição de Cristo e a nossa morte e ressurreição com Cristo.

Paulo, depois do seu aparente fracasso em Atenas, tomou uma decisão rigorosa em Corinto, que mudaria por completo todo o seu esquema de pregação. O apóstolo não foi preciso na sua exposição no Areópago, quando tratou da ressurreição sem nada falar da morte. Talvez por isto sua atitude radical chegando em Corinto: Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. 1Coríntios 2:2. Focalizar Cristo crucificado e ressurreto é a razão fundamental da mensagem do Evangelho, pois é pela morte e ressurreição de Cristo que nós somos tratados profundamente. Deus nos envol-veu no sacrifício de Cristo, a fim de recebermos os resultados definitivos da eterna salvação.

A boa notícia do Evangelho é o anúncio de que Jesus Cristo morreu a fim de nos levar a morrer juntamente com Ele, e ressuscitou para nos dar uma nova vida. Esta é a mensagem da graça de Deus, para atingir os corações pecadores. Certamente não teremos pregado o Evangelho se o pecador não for confrontado com os efeitos permanentes da obra vicária de nosso Senhor Jesus Cristo. Como dizia Oswald Chambers: Quando você se achar face a face com uma pessoa com problema espiritual, lembre-se de Jesus Cristo na cruz. Se aquela pessoa puder chegar a Deus de qualquer outro modo, então a cruz de Jesus Cristo é desnecessária. Se você puder ajudar outros com a sua compaixão ou compreensão, você é um traidor de Jesus Cristo... A única coisa que temos que fazer é apresentar Jesus Cristo crucificado, levantá-lo o tempo todo. Toda doutrina que não estiver baseada na cruz de Jesus levará o ouvinte para a direção errada.

George Whitefield foi um pregador insistente com a mensagem de Cristo morto e ressuscitado. Em todas as suas pregações ele fazia questão de ressaltar o valor poderoso da obra de Cristo crucificado. Spurgeon conta que havia um sujeito abominável que pertencia a um clube de ateus. Uma noite foi escutar um sermão de Whitefield e, na próxima reunião do clube, pediu a palavra para repetir ao pé da letra o que tinha escutado, com o fim de caçoar da pregação. Enquanto falava imitando o tom da voz e os gestos de George Whitefield, empalideceu, parou, sentou-se e logo confessou a seus amigos que, enquanto "pregava," o sermão atingiu seu coração e foi convertido. O clube de ateus se dissolveu. Spurgeon disse que este homem foi o irmão Thorpe de Bristol, a quem Deus usou poderosamente para salvação de muitas almas.

Não importa se você está zombando de Cristo crucificado, pois Ele é infinitamente poderoso para lhe perdoar e salvar dos seus pecados. A grande evidência da mensagem do Evangelho é o poder transformador de nosso Senhor Jesus Cristo.
Pregar a pessoa de Jesus Cristo é pregar a mensagem da Bíblia. Richard Baxter dizia: Se conseguirmos pregar somente Cristo para o nosso povo, teremos pregado tudo a eles, porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude... porque Cristo é tudo em todos. Colossenses 1:19 e 3:11b. Tudo
o que Deus tem para a humanidade perdida está encerrado na pessoa de Jesus Cristo. Tudo que Deus preparou para a sua Igreja está revelado em Cristo. Nada pode ser dado a nós se não for dado em Cristo. Tudo o que somos na vida cristã é conseqüência da vida de Cristo em nossos corações. Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo. Efésios 1:3.
J. J. Rousseau, racionalista francês, afirmou certa feita: Se Cristo não existiu, os homens que escre-veram os Evangelhos eram tão grandes quanto Ele. É impossível ao gênero humano imperfeito criar um ser moral perfeito. Precisamos repetir como Theodore Parker: Seria necessário um Jesus para forjar um Jesus. Só um Deus perfeito pode revelar a perfeição tão perfeitamente, na pessoa de Jesus Cristo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do Ser Divino, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas, tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais excelente nome do que eles. Hebreus 1:3-4. Jesus Cristo é o único na raça humana que encarna toda a perfeição da divindade, a fim de manifestar a soberana expressão do amor de Deus. Ele é o foco de toda a Bíblia e a ênfase de toda a mensagem realmente bíblica.

A grande crise que acomete a igreja atual vem configurada pela superficialidade na mensa-gem da pessoa de Cristo. Não se pode negar que o nome de Jesus é muito usado, mas Ele é apenas um figurante distinto no programa do palco reli-gioso. Ele é tão somente um coadjuvante poderoso a serviço do egoísmo mais deslavado. Fala-se de Cristo como auxiliar, servente, cooperador, ajudante. Ele vem colaborar com os nossos projetos.

Porém, Agostinho foi muito marcante quando sustentou: Não dá nenhum valor a Cristo quem não lhe dá valor acima de tudo. Ou Cristo é tudo em nossa vida ou Ele não é nada para nós. Não há meio termo. Um Cristo suplementado é um Cristo suplantado. Ou Cristo é Senhor absoluto de nossas vidas ou jamais será apenas salvador de insubmissos. Conhecer a Cristo não quer dizer meditar profundamente sobre sua natureza e sua encarnação, mas sim conhecer os benefícios que sua obra trouxe para nós e nos submeter totalmente ao seu senhorio. A sua existência única e a sua obra invulgar nos fazem voltar completamente para a sua pessoa, esperando o tudo que provém dela. Cristo é a única pessoa que viveu antes de se encarnar no Jesus da história, e a única que vive, depois de ter morrido. Ele é o centro da Bíblia e o centro da história. Ele é a causa de nossa salvação e a razão de nosso culto, por isso, Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabe-doria, e força, e honra, e glória, e louvor... Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém. Apocalipse 5: 12-13b.
 
Soli Deo Glória.

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