terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

QUE PAÍS É ESTE ? (AINDA SEM O EVANGELHO...)

"Assim como me enviaste ao mundo, eu os enviei ao mundo." (João 17:18)
Já faz alguns anos que um grupo musical brasileiro fez enorme sucesso com uma música que tinha este refrão: que país é este? A letra dizia:
Nas favelas, no senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é este?
Que país é este?
Que país é este?
No Amazonas, no Araguaia
Na Baixada Fluminense
Mato Grosso, nas Gerais e no
Nordeste tudo em paz
Na morte eu descanso, mas o
sangue anda solto
Manchando papéis, documentos fiéis
Ao descanso do patrão
Que país é este?
Que país é este?
Que país é este?
Que país é este?

O autor procura, até mesmo de forma irônica, traçar uma descrição de um país à beira do ridículo, diante de tantas tragédias morais e éticas. O que me deixa muitas vezes inconformado é que nós, os cristãos, nos acomodamos de tal forma por termos "um lugar garantido" nos céus. Sabemos muitas vezes todos os detalhes do dia em que entregamos nossa vida a Cristo, quando nos arrependemos dos nossos pecados e confiamos na obra redentora da cruz do Calvário. Mas isso basta? O que Jesus na verdade propôs quando deixou a glória do Pai e veio habitar entre nós cheio de graça e de verdade? (João 1:14)

Que país é este que vivemos e que ainda não viu a glória do Senhor ser espalhada em cada uma de suas cidades, tribos e povoados?
Que país é este onde a injustiça e a corrupção imperam soberanamente?
Que país é este onde não sabemos bem como será o futuro dos nossos filhos?
A saída para respondermos a todas estas indagações é retornar às Escrituras, e buscar os princípios da missão de Jesus neste mundo. Afinal Jesus veio para cumprir cabalmente sua missão salvadora para redenção da humanidade. E Ele nos deixou os passos para seguirmos o que Ele mesmo cumpriu em obediência ao Pai - "Logo, assim como por meio da desobediência de um só homem muitos foram feitos pecadores, assim também, por meio da obediência de um único homem muitos serão feitos justos". (Rom. 5:19)

1- O princípio do rompimento
"Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade". João 1:15

O modelo missionário deixado por Jesus nos convoca a seguir o princípio do rompimento. Isso pode parecer estranho à primeira vista. No entanto é o primeiro passo em direção ao cumprimento da "missio Dei". Jesus, afirma o evangelista João, deixa a glória do Pai, apresenta-se à este mundo na forma humana, exceto no pecado. Isso deveria ter uma implicação muito grande para aqueles que fazem parte da Igreja de Jesus neste mundo. Fica evidente que sem rompimento não há missão. Esta, provavelmente, seja uma das maiores lutas que o ser humano enfrenta quando entrega sua vida a Deus, através do sacrifício de Jesus. Ele tem que deixar tudo para trás, para seguí-Lo."Então Jesus disse aos seus discípulos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me." (Mat.16:24)
Ao chamar aqueles que se tornariam seus discípulos, Jesus faz com que eles rompam com o que estavam fazendo para seguí-lo. Alguns deixaram a função de pescadores, outros romperam com outras ocupações. Um dos exemplos mais claros e mais tocantes vem de Abraão. Considerado o pai das nações ele se vê diante de um desafio além de suas forças: romper com os limites de sua família, da sua cultura, do lugar onde morava para servir o Deus de Israel. (Gênesis 12:1) É interessante notar que a ordem divina vem através do verbo "sair" ou "deixar". Provavelmente hoje tenhamos poucos cristãos compartilhando do evangelho de Jesus pela simples razão de que não querem mudar seu "status quo".
2- O princípio do comissionamento
"Antes de eu nascer o Senhor me chamou; desde o meu nascimento ele fez menção do meu nome...Também farei de você uma luz para os gentios, para que você leve a minha salvação até os confins da terra." (Isaías 49:1,6) Uma das maiores falácias que pode atingir os cristãos é imaginarem que têm algum tipo de participação na tarefa salvadora deste mundo. Na verdade, somos salvos pela graça e justificados pela fé no Cordeiro de Deus (Rom. 5:1,2). E quando aparentemente passamos a imaginar que podemos "servir o Reino de Deus", novamente nos enganamos. Na verdade quem nos comissiona (e portanto, nos chama) é o Senhor. Não temos nenhuma participação, a não ser obedecermos ou não Jesus, o Messias de Deus, é comissionado pelo Pai, para ser luz para os gentios. Quando Ele vem à este mundo, comissiona os doze. E quando deixa este mundo, deixa o mandamento para que façam discípulos entre todas as etnias do mundo. Ou seja, fica claro que outros seriam comissionados a irem em direção aos povos não alcançados. Hoje, esse processo não mudou. Deus continua comissionando jovens, homens e mulheres para que um dia Sua glória esteja sobre toda a terra. (Hab. 2:14)
Uma igreja em missão certamente tem em seu meio aqueles que serão comissionados a ir. Eles são os apóstolos do século 21. Não se trata de estabelecer uma hierarquia na vida da igreja, como tem acontecido hoje em dia, onde os títulos parecem se tornar obsessão por parte de alguns. Mas, ao contrário, entendermos que Jesus foi comissionado pelo Pai para vir à este mundo, e a Igreja recebe este mesmo chamado para que o evangelho alcance até o último da terra.
3- O princípio da capacitação
"Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda Judéia e Samaria, e até os confins da terra." (Atos 1:8)
O Pentecostes se tornou uma experiência singular na vida da Igreja, porque havia um objetivo claro, inequívoco e irrefutável: o Espírito Santo de Deus seria derramado para testemunho do evangelho de Cristo à todas as nações. Lamentavelmente o cristianismo, e especialmente a fé protestante, em muitos momentos da História, tentou alterar ou deturpar a natureza missionária do Espírito Santo. Isso ainda acontece em nossos dias.Novamente precisamos retornar ao exemplo de Jesus. Já com o corpo ressurreto, pouco antes de voltar ao Pai, Ele diz aos seus discípulos: "Vocês são testemunhas destas coisas. Eu lhe envio a promessa de meu Pai; mas fiquem na cidade até serem revestidos do poder do alto." (Lucas 24:48,49)

Nestes dias em que os recursos proliferam em grande medida (livros, métodos, congressos, etc), a Igreja muitas vezes tem se esquecido que a fonte de poder para testemunhar está fundamentada na dependência total e irrestrita do Espírito Santo de Deus. A igreja corre o risco, em nossos dias, se seguir os estilos gerenciais, priorizando tão somente a organização, o planejamento e a busca por modelos que estão dando certo. No entanto, o modelo missionário deixado por Jesus, é ao mesmo tempo simples e fantasticamente sobrenatural. Ou seja, aquele que deixa tudo para servir o Mestre, e que sabe que foi comissionado para ir, tem consciência que o Espírito Santo o capacitará a ser uma testemunha de Jesus.

Que país é este, ainda sem o evangelho de Jesus?
Que país é este, ainda sem nossas cidades transformadas pelo evangelho de Cristo?

Diante de nós temos a possibilidade de retornar, com urgência, ao modelo missionário deixado por Jesus, Nosso Senhor. Se isto acontecer, veremos então uma nação aos pés do Cordeiro de Deus e um país finalmente transformado.
 
Soli Deo Glória. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário