Alguém já disse que
as pedras preciosas não podem ser polidas sem fricção nem o povo de Deus
aperfeiçoado sem provações. A vida espiritual autêntica também tem o seu teste
de qualidade. É necessário provar o coração dos santos, para que eles vejam o
seu grau de dedicação. Certamente que as provas não são aplicadas para que o
professor saiba, mas, para que o aluno constate o seu nível de conhecimento.
Todo treinamento eficaz visa capacitar o aprendiz na habilitação de suas
tarefas. As exigências do treinador estão voltadas para o aprimoramento do
atleta.
Deus, sendo
onisciente, não carece de qualquer informação a nosso respeito. Ele não precisa
nos provar para saber o índice de nossa fidelidade ou infidelidade. Não há
nada que esteja além do olho de Deus. Qualquer pessoa pode contar as sementes de
uma maçã, mas só Deus pode contar todas as maçãs que brotarão de uma
semente. Deus nunca será apanhado de surpresa, nem haverá incidentes em seus
planos. Entretanto, nós, em razão da finitude e do engano do coração,
precisamos, realmente, destas experiências, para constatar a coerência de nossa
fé. Assim, como a peneira separa o trigo da palha, assim, as provações separam o
grão cheio do chocho.
As provações sempre
estão voltadas para os nossos corações. Cada crise pode representar a hora em
que Deus dá início a novas dimensões em nossas vidas. Deus seleciona os seus
melhores amigos com os testes de laboratório mais especializados. Muitas vezes,
ele permite que sejamos provados em um plano muito alto. Dizem que Ele recruta
os seus fiéis oficiais nas montanhas mais elevadas, quando admite as
demonstrações de poder semelhante ao seu, para nos distrair de sua pessoa. Sem
dúvida nenhuma, estamos aqui nos limites da precisão. Deus, com freqüência,
autoriza certos profetas a falarem coisas prodigiosas e realizarem feitos
extraordinários, com a finalidade de nos desviar a atenção de sua pessoa. A
mensagem do profeta era exata e as conclusões nos pareciam corretas, mas o
objetivo final é nos afastar do amor ao nosso Deus. Tudo aquilo que, por mais
excepcional que seja, nos desencaminha da intimidade secreta e da dedicação
absoluta a Deus, constitui-se na prova final de nosso coração. Quando somos
postos à prova, revelamos os recursos escondidos de nossa alma. No controle de
qualidade, este é o exame mais aprimorado para constatar as intenções e
propósitos do coração.
O chamado de Deus é a
vocação para uma vida pura e inteiramente devotada a Ele, que somente podem
conhecê-la aqueles que abandonaram toda falsidade e ilusão, toda aparência que
imita a autenticidade dos relacionamentos com Deus. O engano mais sutil é aquele
que mais se assemelha ao legítimo. A mentira mais astuta é a analogia da
verdade. Portanto, o teste mais difícil é o discernimento entre o autêntico e o
similar. A mensagem parecida estabelece a maior exigência no exame dos fatos.
Quanto mais parecido, mais acuidade. As piores mentiras são aquelas que mais
se aproximam da verdade, e a pesquisa mais laboriosa recai sempre na esfera
das semelhanças. Quando o pregador fala uma mensagem coerente, ortodoxa, bem
concatenada, mas com intenções invisíveis de minimizar o valor da graça plena,
de diluir a centralidade de Cristo crucificado e desconsiderar a nossa
co-crucificação com Cristo, podemos observar, com certeza, que estamos diante de
um terreno minado. Uma mensagem correta nem sempre significa uma mensagem exata.
E, no reino de Deus, o que conta é a fidelidade. Apolo pregava com precisão, em
Éfeso, a respeito de Jesus. Ele, pois, começou a falar ousadamente na
sinagoga.
Ouvindo-o, porém, Priscila e Áqüila, tomaram-no consigo e, com mais
exatidão, lhe expuseram o caminho de Deus. Atos 18:26. As distorções que observamos nos crentes
de Éfeso, quando o apóstolo Paulo chegou lá, são frutos da semelhança na
pregação de Apolo. A falta de precisão pode ser a grande tragédia que se abate
na vida da igreja atual.
Muitos mensageiros
falam coisas interessantes e com bom conteúdo, contudo, o recado acaba nos
distanciando do amor intenso e da comunhão permanente com Deus. Toda
comunicação, por mais importante que seja e por mais verdadeira que nos pareça,
se não nos mantiver vivos numa intimidade com Deus, por meio de sua graça plena,
é armadilha em nosso caminho. Tudo aquilo que nos arremete para a periferia do
amor de Deus, e que não nos torna radicais em sua amizade, é exame de
vestibular. Com certeza estamos sendo provados. Freqüentemente, Deus nos expõe
aos grandes temas e nos permite entrar em contato com os assuntos mais
vibrantes, a fim de percebermos as inclinações profundas de nosso coração. Há
muitas pegadinhas por trás de temas relevantes e de profetas consumados. Quando
as ambições de nossa alma se animam pela satisfação do conhecimento ou pelas
vantagens que venhamos a experimentar, e não pelo relacionamento pessoal com
Deus mesmo, estamos com problemas. A areia é tão movediça que Paulo nos alerta
até mesmo para a sua mensagem ou a pregação de anjos vindo dos céus. Mas,
ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do
que vos temos pregado, seja anátema. Gálatas 1:8. Não se descuide, pois o zelo é como o
fogo; necessita tanto de alimento quanto de vigilância. Cuidado com a
pregação correta, em que se mistura o ministério dos anjos.
Todo assunto que nos
aparta da comunhão íntima com Jesus Cristo é experiência de laboratório. O
objetivo principal de nossa convocação é a comunhão com nosso Senhor Jesus
Cristo, a fim de participarmos da real comunhão com o Pai. Fiel é Deus,
pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor. 1
Coríntios 1:9. A ênfase
do Evangelho é consagração integral. William Temple afirmava: Cristianismo é
a dedicação total de tudo o que conheço a meu respeito a tudo o que conheço a
respeito de Jesus Cristo. Toda a vida deve estar sujeita à pessoa soberana
de Cristo. Não é sem razão que Deus providencia testes que apontem as intenções
do coração. Muitos que parecem flamejantes se esfriam rapidamente, quando se
envolvem com sinais, prodígios e profecias que se realizam. Quantas cabeças já
rolaram e quanta gente boa tem se desviado com a pregação esmerada, que
sutilmente nos alonga da pessoa de Cristo. Ficamos tão envolvidos com o êxito da
missão espiritual, que perdemos de vista o relacionamento com Deus. E como disse
Santo Agostinho, Se você é um fracasso em sua vida de devoção, é um impostor
em todas as outras coisas. Deus sente prazer em nós quando sentimos prazer
nele. Identificação com Cristo é o alvo final da redenção. Comunhão com Deus
é o objetivo da criação. Tudo aquilo que interfere na nossa comunhão com Deus e
que nos mantém ocupados com os ídolos mais disfarçados, com certeza é um teste
de coração. O acesso a Deus está aberto, somente para aqueles que sabem
discernir, numa escala de valores correta, as verdadeiras prioridades. É como
alguém dizia: Estar pouco com Deus é fazer pouco de Deus. O grande risco
ainda se encontra na sedução de grandes temas e de mensagens tremendas, que
ardilosamente nos esfriam de uma comunhão perfeita com Deus. Não é suficiente
ter comunhão com a verdade, pois esta é impessoal. Precisamos ter comunhão com o
Deus da verdade. Aqui está a prova: qualquer coisa que arrefeça nosso
relacionamento pessoal com Deus, por mais correta que seja, deve ser descartada
por completo de nossas vidas. Buscar-me-eis e me achareis quando me
buscardes de todo o vosso coração. Jeremias 29:13.
Soli Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
A VIDA ESPIRITUAL EM LABORATÓRIO
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