terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

OS IMPOSSÍVEIS SÃO POSSÍVEIS

Mas Jesus respondeu: Os impossíveis dos homens são possíveis para Deus.Lucas 18:27.
 

O ser humano aspira ao poder e à grandeza, mas trabalha com os seus próprios limites. O pecado fez do homem um alpinista, que busca escalar os picos da notoriedade querendo o reconhecimento, mas esbarra na finitude da vida. Os grandes do mundo são escravos de sua grandeza e insatisfeitos com a falta de plena realização dos seus intentos aparentemente absolutos. Por mais impetuosas que sejam as aspirações do coração humano, há coisas que são impossíveis, e isto torna insuportável o governo da vida.

O homem deseja ser o senhor de sua existência, mas isto é impossível. Ninguém pode dirigir a sua vida plenamente. Não somos senhores da vida, somos meros reféns da morte. Todo homem nasce com a sina da morte, porque a sua vida física tem um limite, além do qual não passará. Nascemos sob o signo da morte: não nascemos para viver, apenas vivemos para morrer. A régua que nivela a humanidade mede os limites da existência com um ponto final. A morte exclui a diferença entre o aristocrata e o plebeu, entre a criança e o ancião, entre o douto e o ignorante, entre o sadio e o doente. Quando ela desce determinada sobre alguém, não há quem possa fazer nada. Se ela vem disfarçada, às vezes conseguimos empurrá-la por mais um tempo. A ciência tem ganho algum terreno
em adiar a hora da morte. Muitas vezes a medicina alcança vantagens e impede por mais um tempo seu espetáculo. Porém, se ela vier sem máscara, não há remédio que possa afugentá-la. Tantos quantos são os poros da pele, tantos são as janelas pelas quais a morte pode entrar. A sua estatística é fatal: de cada pessoa que nasce, uma morre, por isso, é impossível ao homem vencer a tirania imperiosa da morte.

Porém, os impossíveis dos homens são possíveis para Deus. A grande mensagem do cristianismo parte da boca de uma sepultura. Quando as mulheres foram ao túmulo de Jesus, na madrugada do primeiro dia da semana, encontraram o sepulcro aberto e dois varões, com vestes resplandecentes, anunciando, em primeira mão: Por que buscais entre os mortos ao que vive? Ele não está aqui, mas ressuscitou. Lucas 24: 5b-6a. No reino de Deus não há mensagem de coveiro. O cristianismo de Jesus não deixa débito com as funerárias da religião, pois a fé do Evangelho não se envolve em mortalha. As melhores notícias que o mundo já ouviu vieram de um túmulo. O berço da Igreja é a tumba de Cristo, vazia. A vítima da cruz triunfa livremente sobre os domínios da morte. O cemitério tornou-se o palco do regozijo universal. Em vez de lágrimas de tristeza, vivas de júbilo. As sombras da Sexta-feira foram dissipadas belo brilho radiante da manhã de Domingo. A história do homem Jesus não termina com um funeral, mas sim com a celebração do festejo radiante da ressurreição. O túmulo do Senhor da Vida escancara a esperança para uma humanidade oprimida pela morte. Agora já não há mais carcereiro na prisão da morte, pois o Senhor da vida tem o chaveiro que destrancou a fechadura do inferno e da morte. Não temas; Eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno. Apocalipse 1:17b-18. O cristianismo é essencialmente a mensagem vitoriosa da ressurreição. C. S. Lewis bradou com confiança:
Jesus abriu à força a porta que estava fechada desde a morte do primeiro homem. Ele encontrou, enfrentou e derrotou o rei da Morte. Tudo é diferente porque Ele fez isso. Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes também Ele, igualmente, participou, para que, por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o diabo, e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à escravidão por toda a vida. Hebreus 2:14-15. Aquele que vive com a esperança da vida eterna, nunca mais temerá a morte, pois a fé radiante, estribada na realidade da ressurreição, se expressa através de um coração pleno de alegria.

Tudo aquilo que é impossível ao homem é possível a Deus. Não é possível ao homem vencer a morte, mas foi possível a Cristo triunfar sobre a morte. Não é possível ao homem se salvar do pecado, mas graças a Deus que Jesus Cristo já realizou uma salvação capaz de nos libertar da condenação do pecado e nos tornar vencedores sobre o poder do pecado. Nenhum homem pode se salvar, mas qualquer homem pode ser salvo pela graça de Deus, em Cristo Jesus. Não há esforço humano que seja apto para conquistar os favores de Deus. A nossa salvação é uma dádiva inteiramente gratuita de Deus, que não pressupõe outros requisitos, senão o pecado. A única coisa com a qual o homem pode contribuir para a sua própria redenção é o pecado do qual ele precisa ser redimido. Alguém já disse que a graça está especialmente associada com os homens em seus pecados e a misericórdia está geralmente associada com os homens em sua miséria. Nenhum pecador jamais foi salvo por ter dado o coração a Jesus. Não somos salvos por termos dado, mas sim pelo que Deus deu, afirma, categoricamente, A. W. Pink. Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, Ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna. Tito 3:4-7. A salvação é um dom da graça de Deus que não pode ser obtida pelos méritos das obras humanas. Nenhuma criatura que mereça redenção precisa ser redimida.

A graça de Deus não encontra ninguém habilitado para a salvação, mas habilita a todos os que são salvos a recebê-la. Nenhum homem pode se salvar, mas qualquer homem pode ser salvo pela graça de Deus. Watchman Nee disse, no contexto de que nenhum homem pode se salvar, que, para uma pessoa ser salva, ela precisa primeiramente confessar que não é capaz de salvar a si mesma. E, nós só confessamos realmente quando, pela graça de Deus, chegamos ao fim de nós mesmos. Quando fizemos tudo o que era possível e fracassamos. Só quando reconhecemos totalmente a nossa inteira incapacidade para a nossa salvação e nossa completa incompetência para alcançar vitória na vida espiritual é que podemos nos render de fato à absoluta dependência da graça de Deus. "Senhor, desisto de tentar, porque sou incapaz de fazer qualquer coisa que resulte em salvação ou vitória." Esta é a oração de abandono diante da soberana graça de Deus. Quando chegamos ao fim da linha e renunciamos todas as tentativas de aceitação e todos os mecanismos de negociação, então acaba a luta e nos rendemos à suprema vontade de Deus. A salvação e a vitória de Deus são dádivas ofertadas aos arruinados que fizeram o melhor que podiam e falharam redondamente, e, estando frustrados em seus intentos, desistiram por completo de tentar conquistar qualquer favor, rendendo-se inteiramente. "Ó Deus, nunca poderei ser bom. De agora em diante não vou mais tentar fazer o bem para ser aceito. Desisto e abandono toda tentativa de recompensa ou aprovação. A partir de hoje não é mais problema meu a minha salvação ou vitória sobre o pecado. Desisto de meus esforços e deixo tudo em tuas mãos. Amém." Os impossíveis dos homens são possíveis para Deus. O reino de Deus é habitado por aqueles que desistiram de tentar qualquer coisa para sua salvação, abandonando-se por completo à suficiência de Cristo crucificado e ressurreto dentre os mortos, como expressão de sua morte e ressurreição com Cristo.
 
Soli Deo Glória.

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