sábado, 2 de junho de 2012

UMA QUESTÃO DE FILIAÇÃO

Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a ele mesmo. Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é. 1João 3:1-2.

Todos nós somos filho de alguém. Adão foi o único homem que foi criado por Deus, e que por isso mesmo não teve um pai biológico. Ele não foi gerado por um pai geneticamente semelhante, mas feito por Deus à sua imagem e semelhança. Adão não teve um pai genético, mas teve um criador divino.
Deus criou o ser humano com uma vida sem os efeitos da morte, mas essa não era a vida eterna, já que a árvore da vida encontrava-se no meio do jardim como uma opção de escolha pessoal. Aquela árvore tinha implicações com a vida eterna, pois se o homem depois do pecado a comesse, tornar-se-ia um pecador eterno. Mas o homem recém criado não era mortal nem eterno, e a sua mortalidade ou imortalidade dependeria de uma decisão responsável, como um ser moral.
Quando Adão pecou no jardim do Éden, a morte infectou a existência humana e a raça adâmica tornou-se demarcada pela lápide de uma tumba. Aqui jaz é tudo o que restou de mais real na história do pecado. Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram. Romanos 5:12.
Somos uma espécie marcada com o estigma da morte e não há vacina capaz de neutralizar os seus efeitos. O pecado é o agente da morte e o diabo é o autor do pecado. Aquele que pratica o pecado procede do diabo, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo. 1João 3:8.
O ser humano é uma criatura divina que, em conseqüência do pecado original de Adão, se tornou filho espiritual do diabo. Todos nós nascemos contaminados com a natureza do pecado, seqüela da escolha dos nossos primeiros progenitores, influenciados pela proposta da serpente. Eu nasci na iniqüidade, e em pecado me concebeu minha mãe. Salmos 51:5.
Desde que fomos gerados no ventre de nossas mães, já nos tornamos portadores de uma índole pecaminosa de procedência maligna. A origem espiritual do pecado é satânica e todos os pecadores nesse mundo são filhos espirituais do diabo. Vós sois do diabo, que é vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira. João 8:44.
O gênero adâmico é de origem divina, mas em razão do pecado, sua filiação espiritual é diabólica. A natureza altiva e rebelde do ser humano manifesta seu apego à linhagem de seu pai. Assim, tal pai, tal filho. A incredulidade do inferno, a injustiça e o desamor são as marcas da geração do pecado. Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão. 1João 3:10.
Todas as pessoas que ainda não nasceram de novo pela graça em Cristo são filhas do maligno. E todas pessoas que foram regeneradas pela obra de Cristo são filhas de Deus. Sendo assim, esse velho mundo, poluído pelo pecado, encontra-se habitado pelos filhos do maligno e pelos filhos de Deus. Mas lembre-se que os filhos do maligno não conhecem os filhos de Deus. O campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o joio são os filhos do maligno. Mateus 13:38.
Não há meio termo: ou somos filhos do maligno pelo nascimento natural, ou somos filhos de Deus pelo novo nascimento. Deus não tem filhos gerados pela carne, pois só o Espírito pode regenerar espiritualmente. Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. João 3:5-6.
Esse mundo pode ser habitado tanto pelos filhos do diabo como pelos filhos de Deus, mas no reino dos céus só os filhos de Deus podem morar. Segundo Jesus ninguém pode entrar no reino de Deus sem o novo nascimento. Não confunda o novo nascimento com os processos de filiação a um sistema religioso, nem suponha que todos filhos do diabo sejam desregrados, imorais ou irreligiosos. Uma das estratégias do inferno é a simulação, sendo uma das características preferidas dos filhos do maligno imitar os filhos de Deus. Satanás prefere se apresentar como anjo de luz e os seus secretários como ministros de justiça. E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem em ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas obras. 2Coríntios 11:14-15.
Fica claro aqui que a questão não é moral ou religiosa, mas fundamentalmente uma demanda de poder, glória e auto-suficiência. Os filhos do inferno se interessam pelos assuntos que os elevem ao patamar do reconhecimento público, sob o patrocínio de sua autoconfiança, enquanto os filhos do céu dependem totalmente da graça de Deus para crer e fazer tudo aquilo, que glorifique somente o próprio Deus. O milagre da regeneração é uma obra exclusiva da Trindade divina, que envolve o plano presciente do Pai crucificar o velho homem descendente de Adão, na mesma cruz com Cristo, e, mediante a ação do Espírito Santo vivificar sobrenaturalmente os mortos, em Cristo, pelo poder de sua ressurreição. Porque, se fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também na semelhança da sua ressurreição. Romanos 6:5.
A questão básica abordada nesse estudo é o problema da paternidade. De quem somos filhos realmente? Hoje, do ponto de vista biológico, não é tão complexo saber quem é o pai da criança, pois o exame de DNA pode esclarecer muito bem o enigma. Mas fica aqui esse assunto em pauta para você examinar: quem é o meu pai espiritual? Faça você mesmo o exame, segundo esses quatro padrões das Escrituras:
1. Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido. Todo aquele que nega o Filho, esse não tem o Pai; aquele que confessa o Filho tem igualmente o Pai. 1João 5:1 e 2:23.
2. Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. 1João 4:7-8.
3. Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus. Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca. 1João 3:9 e 5:18.
4. Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. 1João 5:4
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"Videte qualem caritatem dedit nobis Pater ut filii Dei nominemur..."
Esta era uma das formas da saudação e identificação dos cristãos na Igreja no Antigo Império Romano.
Que previlégio maravilhoso, pois a vida cristã é realmente uma questão de filiação.

Solo Deo Glória.

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