domingo, 3 de junho de 2012

A CRUZ NA HISTÓRIA

Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus. Hebreus 12:2.
Já vimos em outro estudo que a cruz foi um projeto pré-histórico. Ela antecede a criação do mundo. Segundo a Bíblia, o Cordeiro de Deus foi morto antes da fundação do mundo. Deus não teve que remediar uma situação criando uma saída honrosa. Não há qualquer idéia emergencial em todo o programa da cruz. Ela foi pensada e projetada como solução do pecado, muito antes que houvesse pecado. Deus não é o autor do pecado, mas, dentro de sua presciência, Ele já previu o escape, bem antes do acidente. Deus não criou o homem para pecar, nem é o agente do pecado. Mas o pecado era uma possibilidade da criação. Então, por que Deus criou o homem com esta probabilidade? Não haveria outra alternativa da criação do homem, sem o risco do pecado? Certamente, não. Se houvesse qualquer outra opção, Deus a teria usado. Deus criou o homem reto e bom, mas não absoluto. O homem era perfeito como homem, contudo não era absoluto. Criando um ser finito, com vontade, abriria uma porta para ele querer ser infinito. A livre vontade é o campo de uma escolha preferencial. Só os seres volitivos podem decidir moralmente. Deus não criou o homem como Deus. Ele o criou como homem com a capacidade de escolher, de decidir. Somente uma criatura robótica estaria fora da possibilidade do pecado. Qualquer ser moral com um livre arbítrio estaria sujeito ao pecado. E foi esta vontade quem optou pela possibilidade impossível de ser Deus. Era possível o homem querer ser Deus, mas era impossível que ele se tornasse Deus. Foi aqui, neste terreno, que o pecado tomou forma. A serpente penetrou na área da livre decisão do homem e salientou nele o desejo de ser como Deus. A Bíblia afirma: Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e Ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte. Tiago 1:13-15. A cobiça é um desejo intenso. E nesse desejo está a matriz do pecado. O pecado é fruto de uma decisão fomentada pela cobiça de ser como Deus.

A cruz foi uma solução pré-histórica para uma decisão da história. Ela é uma solução divina, concebida no céu, para um problema humano, decidido na terra. A cruz é o escape de Deus, para a fuga do homem. Ela foi planejada antes dos tempos, para resolver a tragédia do pecado, para todos, em todos os tempos. Logo que o pecado invadiu a história do gênero humano, a cruz iniciou o seu papel na história. Vemos claramente os efeitos da cruz nos primeiros movimentos de Deus para salvar o homem da vergonha do pecado. Os nossos pais, logo depois do pecado, coseram folhas de figueira e fizeram aventais, na tentativa de cobrirem sua nudez. Esta é a alternativa religiosa fabricada pelo homem. Mas o Evangelho vem logo em seguida, com a providência divina. Fez o Senhor Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu. Gênesis 3:21. A cobertura de peles evidencia a morte de uma vítima. O sangue derramado aponta para o Cordeiro de Deus imolado antes da fundação do mundo. O preço do pecado é a morte. O pecado gera a morte e só a morte de um substituto santo e sem defeito é capaz de cobrir o preço e a vergonha do pecado. Parece claro que as vítimas do Éden falam do Cordeiro que havia de vir para derramar o seu sangue na cruz em favor dos
pecadores indignos. Com efeito, quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue, não há remissão. Hebreus 9:22. Adão e Eva foram cobertos com a vida dos animais substitutos e o seu sangue ficou como o pagamento pelo pecado. Desde então as ofertas de justificação tinham de passar por meio de uma vítima. Abel foi aceito não pelos seus méritos, mas pela oferta de sangue que ofereceu, representando o Cordeiro que havia de vir. Caim foi rejeitado pela religião do seu esforço. Ele trouxe uma oferta sem as marcas da cruz. Todo ofertante deveria seguir o modelo de Deus, apontado no sacrifício do Éden. Não há justificativa para a justificação que não evidencia o significado da cruz. Sem o derramamento do sangue da vítima substituta não há perdão de pecado. Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pela vossa alma, porquanto é o sangue que fará expiação em virtude da vida. Levítico 17:11. A imolação do cordeiro sempre apontava para a crucificação de Cristo, o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. João 1:29.

Logo que o homem pecou, Deus proclamou o Evangelho na intercessão com a serpente. Ele mostrou que uma inimizade radical ficou estabelecida entre a serpente e a mulher. Entre a descendência da serpente e o descendente da mulher. E que, esta diferença profunda acabaria no esmagamento da cabeça da serpente depois dos ferimentos do calcanhar do descendente da mulher. O texto de Gênesis 3:15, chamado de proto-evangelho ou a mensagem inicial do Evangelho, fala do conflito entre Satanás e a raça humana, contaminada pelo pecado, e Jesus Cristo, a semente da mulher, o Deus encarnado, que veio para a história a fim de realizar a obra salvadora, projetada antes da fundação do mundo. O confronto da cruz já estava configurado neste quadro. O Jesus da história é a encarnação do Cristo eterno que assume, nesta condição, o projeto divino da salvação por meio da cruz. Pois Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Filipenses 2:6-8. Cristo se encarnou para realizar uma eterna salvação que envolvia a sua morte como o Cordeiro de Deus. Ele veio direto do céu para o madeiro do Calvário. Ele veio do trono da glória para o tronco da morte. Ele se tornou um ser da história para fazer da cruz a história da salvação. Por isso, o escritor de Hebreus manda que olhemos firmemente para o Autor e Consumador da nossa fé, que suportou a cruz em troca da alegria que lhe estava proposta. O saldo da cruz é uma alegria soberana. Deus investiu tudo nas seis horas mais dramáticas na vida de seu Filho, e Cristo suportou todo o peso moral da cruz, porque tinha em vista um troco compensador: a alegria da salvação. Valia a pena Ele passar por todo o vexame e vergonha da cruz, pois o resultado de tudo isso era a alegria indizível do céu por um pecador que se arrepende.
Do mesmo modo como o povo de Israel no deserto deveria olhar para a serpente de bronze pendurada na haste, depois de ser picado pelas serpentes abrasadoras, para ser curado, nós, também, devemos mirar o Cristo crucificado a fim de sermos salvos.

O projeto pré-histórico da cruz, quando Deus assumia a responsabilidade da salvação do homem, muito antes da queda, agora se torna realidade na obra singular de Cristo crucificado. Ele estava sobre o madeiro substituindo o pecador e assumindo a responsabilidade direta por todos os seus pecados. A cruz na história do homem fala do amor de Deus em avocar para si todos os encargos da salvação do pecador. Tudo o que diz respeito à penalidade e condenação do pecador foi plenamente satisfeito em Cristo na cruz. Não há mais recursos ou instâncias para apelação. Deus ficou satisfeito com a obra completa de Cristo na cruz. Nada mais precisa ser feito, pois Cristo consumou toda a tarefa da salvação. Cabe a nós olhar fixamente para o Autor e Consumador da fé, crendo que tudo o que concerne à nossa justificação foi plenamente cumprido em Cristo Jesus. Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os termos da terra; porque Eu sou Deus, e não há outro. Isaías 45:22.

Solo Deo Glória.

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