quarta-feira, 20 de junho de 2012

A VISÃO DO CORDEIRO

"Depois vi um Cordeiro, que parecia ter estado morto, em pé, no centro do trono, cercado pelos quatro seres viventes e pelos anciãos. Ele tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus enviados a toda a terra" Apocalipse 5.6
Um dos maiores males do cristianismo atual é a extrema valorização da Igreja em detrimento da pessoa de Cristo. A teologia se horizontalizou e a Igreja passou a ser o principal objeto do conhecimento teológico. A Igreja caiu na tentação de desenvolver a sua própria personalidade à parte do seu dono. Em tempos de rebeldia não é incomum que a própria noiva tenha dificuldade em submeter-se ao seu Noivo. Por esta razão é preciso reafirmar que a Igreja precisa tirar os olhos de si mesma e fixar os olhos naquele que venceu para reinar ,Cristo, o cabeça da Igreja. Em meados do 1º século um cristão foi preso pelos romanos por seu testemunho e fé. Como pena, foi enviado a trabalhar nas minas de César, em uma ilha pouco habitada. Ao fim da sua vida, já velho, semi-cego e enfermo foi libertado para morrer em algum canto daquela ilha. Refugiado em cavernas, este cristão recebeu de Deus visões do mundo celestial para serem compartilhadas com toda a Igreja. Elas apontariam o sentido da História e a missão da Igreja até os últimos dias. O nome deste homem é João, a ilha chama-se Patmos e a visão que Deus lhe deu está no livro de Apocalipse. Apocalipse quer dizer revelação. “Revelação de Jesus Cristo” ( Apocalipse 1.1). Este livro, portanto, é a revelação dos segredos de Deus. Ele traz à luz o mistério do coração de Deus sobre a história e a vida. Deus está agindo na história, reinando e subjugando o mal, até implantar definitivamente o Seu Reino entre os homens. O Cordeiro Imolado antes da fundação do mundo surge diante de toda a criação de Deus como o Revelador e Realizador do projeto de Deus. Ele adquiriu os direitos da herança terrenal e posição de Rei da Glória como Filho do Homem. O capitulo 5 de Apocalipse apresenta a apoteose do Cordeiro. Este capítulo fala do que aconteceu quando o Filho de Deus depois de sua morte, ressurreição e ascensão foi recebido na glória. É um “replay” do momento de glória depois de sua ascensão aos céus.. Jesus morto e ressuscitado entra em cena como Filho do Homem e Rei da glória e que como o Pai também é digno de honra e adoração. Enquanto o capítulo 4 apresenta Deus em seu trono, recebendo adoração por causa da criação. No capitulo 5 não somente o Pai, mas o Cordeiro recebe adoração por causa da redenção. Neste capitulo João tem uma visão do personagem principal da redenção e daquele que realiza todo o propósito de Deus. Esta passagem é muito parecida com a visão de Daniel, registrada em Daniel 7.9-14. “Em imagens noturnas, tive esta visão: entre as nuvens do céu vinha alguém como um filho do homem. Chegou até perto do Ancião e foi levado à sua presença. Foi-lhe dado poder, glória e reino, e todos os povos, nações e línguas o serviram. O seu poder é um poder eterno que nunca, lhe será tirado. E o seu reino é tal que jamais será destruído.”. Vê-se claramente que se trata de uma profecia sobre Jesus e sobre a instauração do Reino Deus.
João inicia descrevendo a visão de Deus. “Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com sete selos.” Apocalipse 1.1. Deus está assentado no trono e em Sua mão direita tem “um livro”. Somente Deus aparece. “Na mão direita”, sugere a idéia de grande importância, algo valiosíssimo. A descrição é de um livro totalmente fechado com “sete selos” ou “lacres” e inteiramente escrito “por dentro e por fora.” Está na mão de Deus porque contém o projeto de Deus na história. O livro é composto de um rolo ou, vários rolos, como parte de um só livro. Talvez sete selos para sete partes. Este livro lacrado guarda o plano, o programa de Deus. O propósito de Deus que passa por Gênesis 1.26, “Façamos o homem a nossa imagem , conforme a nossa semelhança...”, e se concretiza com um reino que conteria e expressaria a sua glória. Porém, a entrada do pecado parecia ter frustrado este plano. Contudo a solução para o problema chamado pecado já está prevista. Desde o inicio Deus demonstrou que a remissão de pecado se daria através de derramamento de sangue, através do sacrifício de um cordeiro. Prometeu que da semente da mulher surgiria alguém que esmagaria a cabeça da serpente. Esta semente daria origem a Abraão e sua descendência. O Libertador seria da tribo de Judá, um descendente de Davi que morreria na cruz, ressuscitaria e iria reinar para sempre. Mas quem poderia abrir este livro? “Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele” Ap. 5.4. João desabou a chorar quando não encontrou na terra e nem no céu alguém digno de abrir aquele livro. E eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele. Ap.5.4 Nem anjos, nem sequer querubins, ninguém era digno. nem mesmo “de olhar para ele”. Não se tratava de não querer, mas de não poder. Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos. Ap. 5.5. O ancião apresenta uma boa noticia: Eis o Cristo triunfante, semelhante a um leão, pronto para abrir o livro da história. Não há dúvida de que Jesus, descendente legítimo de Davi, é o Leão de Judá. “O Leão de Judá venceu porque se dispôs a representar o papel de cordeiro. Ele entrou em Jerusalém no domingo de ramos como um rei a caminho do trono, e saiu de Jerusalém na sexta-feira como um cordeiro a caminho do matadouro. Expulsou os ladrões do Templo como um leão devorando sua presa. E, no fim da semana, entregou seu majestoso pescoço à faca, e o Leão de Judá foi abatido como um cordeiro sacrificial.” John Piper
Para abrir o livro tinha que vencer uma prova Havia uma prova nos céus e muitos anjos caíram, e havia uma prova na terra e todos os homens caíram, exceto um homem, o Verbo de Deus, que veio como menino se fez homem, e se chamou Jesus. As Escrituras dizem que morreu e ressuscitou para reinar e ser Senhor. Venceu para abrir e desatar os selos. O único cabeça legitimo de toda potestade e poder. Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro, como havendo sido morto, e tinha sete chifres e sete olhos, que são os sete espíritos de Deus, enviados por toda a terra. Ap. 5.6. João olha para ver o Leão, mas vê um Cordeiro! Como tendo sido morto. A palavra no original grego dá a idéia de recém imolado, porque aqui Ele acabara de morrer, ressuscitou e ascendeu. Por isso não somente como imolado, mas como recém imolado. Está de pé porque ressuscitou . Os sete chifres demonstram que Ele é o Messias que tem todo o poder e, os sete olhos, que são os sete espíritos de Deus, demonstram que ele vê tudo o que acontece na história. Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono. Ap. 5:7. A morte e ressurreição legitimam a autoridade para Jesus receber e abrir o livro. O seu brado na cruz: “Tudo está consumado”, selava para sempre o destino de todas as criaturas de Deus nos céu e na terra. O projeto de Deus estava se cumprindo plenamente.
Quando o Cordeiro recebe o livro, ouvem-se três grandes louvores. O primeiro é da criação e do povo de Deus, mostrando porque o Cordeiro pode receber o livro. Quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro. Entoavam novo cântico: “Digno és de tomar o livro e abrir os selos, Porque foste imolado e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação. Deles fizeste para o nosso Deus um reino de sacerdotes. E eles reinarão sobre a terra”. Porque “foste imolado” é a base da adoração ao Cordeiro. O resultado foi a possibilidade de realizar o desejo de Deus de ter um homem coorporativo, a sua imagem e semelhança. Mediante o sacrifício na cruz, Deus fez surgir um povo separado para Ele. A vitória de Cristo significou a vitória da Igreja. “Na pessoa de Jesus Cristo, Deus nos ressuscitou e nos fez assentar no céu” Ef.2.6.
“Os redimidos para Deus”, não são apenas redimidos para salvar-se do inferno, mas sim, para Deus. “Para que os vivem não vivam para si, mas para aquele que morreu e ressuscitou por eles.” II Co 5.15. Um exemplo disso foi o movimento dos morávios (séculos XVIII e XIX). Eles se auto-denominavam como “os seguidores de Cristo”. O lema da comunidade era: Vincit Agnus Noster. Eum Sequamur! O nosso Cordeiro venceu. Vamos segui-lo. O resultado foi um maravilhoso mover de Deus que uniu a comunidade e gerou missionários que saíram dali para diversas partes do mundo. Em um período de 20 anos, a igreja dos morávios enviou mais missionários para o mundo do que as igrejas protestantes em 200 anos. Focados na visão do Cordeiro, eram impulsionados pela mesma idéia do seu fundaddor Zinzendorf : "Tenho uma única paixão: Jesus, ele e somente ele". O que Jesus está fazendo agora nos céus? Ele já está em gloria e majestade. Ele já está reinando. A ele foi dado o Reino. Ele já é o Senhor, Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. É Ele quem move todos os fios da história. Ele é quem sustenta a vida. Ele está governando até que todos os inimigos sejam subjugados. “Pois é necessário que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora o ultimo inimigo a ser destruído é a morte.” I Corintios 15.25-26.
Jesus está empenhado em preparar sua Igreja para estar junto com Ele nesta missão. A Igreja existe para adorar e servir ao Cordeiro. O Seu desejo é que, nos dias de hoje, todas as línguas, povos e etnias tomem conhecimento que o Universo tem um novo Soberano - Jesus. È um grande privilégio participar com Jesus na instauração de seu Reino. A Sua palavra de ordem continua sendo : "Foi-me dada toda a autoridade nos céus e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações...e eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos" (Mt 28.18-20).

Solo Deo Glória.

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