domingo, 3 de junho de 2012

OUTRO EVANGELHO

Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho. O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Gálatas 1:6-7.
O Evangelho é a obra prima, perfeita e completa da graça de Deus. É a mensagem cristã destinada àqueles que fizeram o melhor que podiam e falharam. É a proclamação total da libertação plena que Jesus Cristo realizou em favor do homem. O Evangelho é a boa notícia de Deus, que apresenta uma solução integral, para todos os problemas espirituais, que afligem os seres humanos. O Evangelho é uma declaração de libertação do pecado; é o poder que sustenta a vitória na vida cristã; é a garantia suficiente do estabelecimento de um novo homem, de uma nova ordem e de um novo mundo. A religião é uma iniciativa do homem para tentar alcançar Deus. É o homem cheio de bons propósitos, buscando seu merecimento pessoal, para conseguir a dignidade necessária, a fim de receber a recompensa que os seus atos exigem. A religião é uma proposta dos homens de valor, usando suas capacidades e aptidões, para conquistar uma posição superior que permita a aceitação diante de Deus.
O Evangelho é uma obra consumada de Deus, por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo, em benefício dos homens indignos e desqualificados. É uma dádiva graciosa em favor daqueles incapazes que nada merecem. É um presente do coração soberano de Deus para o coração desesperado do homem. O Evangelho de Jesus Cristo é o oposto da religião. A religião é o homem esforçando-se para chegar a Deus com a sua dignidade. O Evangelho é Deus alcançando o homem na sua profunda indignidade. Na religião o homem faz para merecer. No Evangelho ele recebe sem qualquer merecimento. Mas há uma tentativa de distorcer por completo o Evangelho da graça. Esta operação maligna é mostrada pelo apóstolo Paulo como o outro evangelho. Na verdade não é um outro evangelho, porém, a sobrecarga imposta por alguns que pretendem transtornar o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Aqueles que ainda não experimentaram a maravilhosa realidade de uma vida dirigida pela graça, promovem uma campanha pesada para agravar a situação, colocando sobre os ombros frágeis, bagagem excedente que se torna insuportável. Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los. Mateus 23:4.
Esta atitude de inquietação das pessoas é um expediente baixo deste outro evangelho. Com uma fantasia de Evangelho, a religião vil supõe conseguir a libertação das pessoas com o excesso de cobranças e exigências morais. Buscam comprometê-las no sistema com zelo e responsabilidade, e as transformam em meros estivadores encurvados sob o peso das imposições e ordenanças. Jesus, por meio do Evangelho, convida os homens a virem a Ele, com uma proposta de alívio. Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Mateus 11:28. Não há importunação nem imposição. É um convite suave, brando e mitigador. As religiões sim, sobrecarregam muito as pessoas, com um legalismo descarado e um fardo pesado de ocupação e obras. Ai de vós também, doutores da lei, que carregais os homens com cargas difíceis de transportar, e vós mesmos nem ainda com um dos vossos dedos tocais essas cargas. Lucas 11:46. Não é possível ofuscar esta diferença marcante. Não é do feitio do Evangelho da graça exigir qualquer coisa. A graça não pede comportamento, mas dá caráter. Enquanto a religião exige retidão, o Evangelho concede a verdadeira santidade.
A igreja sempre sofreu a influência dos religiosos reclamando uma postura legalista. O interesse principal é a conduta moral sem se importar com a hipocrisia. E foi neste contexto que a Igreja de Jerusalém repeliu inteiramente a pressão judaizante, com esta atitude: Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? Mas cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles também. Atos 15:10-11.
O Evangelho de Cristo é pela graça, e somente pela graça. Mas há alguns que pretendem transtorná-lo, e é preciso que nós saibamos identificar como isto acontece. A deturpação na igreja começa com a presença de homens gananciosos e desprovidos da graça que se infiltram no meio de uma comunidade com os seus propósitos camuflados. E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. 2 Pedro 2:1. A infiltração de homens destituidos da graça é o primeiro elemento de corrupção.
Como entre o povo israelita houve os falsos profetas, no seio da igreja haverá uma gama variada de falsos mestres, disfarçados em discípulos de Cristo. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade. E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita. 2 Pedro 2:2-3. A Bíblia é clara em mostrar que muitos serão adeptos destes sistemas, e seguirão com afinco estas dissoluções. O engano se propaga graças à parte de verdade que traz consigo. O erro sempre se apresenta vestido com a roupa da mensagem cristã. A falsificação genuína é aquela que se apresenta com a mais perfeita semelhança do original.
Não é possível causar enganos com absurdos. O adultério da Palavra de Deus sempre se reveste da maior aparência com a fonte. Por este motivo, Paulo adverte: Porque nós não somos, como muitos, falsificadores da palavra de Deus, antes falamos de Cristo com sinceridade, como de Deus na presença do próprio Deus. 2 Coríntios 2:17. A falsificação faz parte do projeto satânico de confusão. Não é possível causar transtornos no âmbito da igreja sem provocar distorções da verdade por meio das alterações sutis de significado. Sempre que a igreja é atacada em seu programa, a tática visa acrescentar elementos humanos ao significado da obra soberana da graça de Deus. Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam assim os irmãos: Se não vos circuncidardes, conforme o uso de Moisés, não podeis ser salvos. Atos 15:1.
As distorções da Bíblia normalmente partem das interpretações erradas da Bíblia, que adicionam os valores humanos aos propósitos eternos e suficientes da graça de Deus. Nada é mais danoso para o progresso espiritual do que anexar cargas de esforço, que acabam por sufocar o descanso da alma. Há muita gente que tem sucumbido na sua senda de fé por causa do aumento de obrigação que lhe foi imposto. Porquanto ouvimos que alguns que sairam dentre nós vos perturbaram com palavras, e transtornaram as vossas almas, não lhes tendo nós dado mandamento. Atos 15:24. Aqui temos claro uma estratégia de desânimo. Não é necessário negar a graça, basta agregar as obras da lei e esforço humano para conseguir os resultados espirituais. O transtorno do Evangelho da graça é a maior diligência do inferno, e sua estratégia aponta para dissolução da graça de Cristo.
A forma mais eficiente para este objetivo, não é recusar a graça, mas dissolvê-la. Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo. Judas 4. Assim, o estratagema fatal do outro evangelho é desagregar o valor da graça plena de Deus com estes expedientes terríveis que levam ao enfraquecimento da mensagem. A desconcentração da graça é a causa de toda desgraça que pesa sobre a vida da igreja nos dias atuais. Por este motivo, é bom rejeitar tudo aquilo que nos distrai da centralidade de Cristo e da inteireza da Palavra. Cuidado com o outro evangelho, pois ele está mais atuante hoje do que em qualquer outro tempo.

Solo Deo Glória.

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