domingo, 3 de junho de 2012

A HISTÓRIA DA CRUZ

Depois de Judas ter saído, Jesus disse: - Agora o Filho do homem será glorificado, e Deus será glorificado por meio dele. Se Deus é glorificado por intermédio dele, então Deus glorificará o Filho do homem nele mesmo. E Deus vai lhe dar essa glória muito em breve. João 13:31-32. (VFL).
Logo depois que Jesus molhou um pedaço de pão e o deu a Judas, Satanás entrou nele para desenvolver o projeto da traição que envolvia a crucificação de Jesus decretada antes dos tempos eternos. Fica claro pelas palavras do Senhor que este momento era de transfusão de glória. O Filho do homem seria glorificado e Deus pai estaria sendo glorificado por meio dele. Deus estaria glorificado, e Deus glorificaria o Filho do homem. Por paradoxal que seja, essa glória estava ligada diretamente com a cruz. A Bíblia mostra que o pecado distanciou o homem da glória de Deus. Houve um afastamento radical entre o homem e Deus. Pois todas as pessoas pecaram e, portanto estão afastadas da glória de Deus. Romanos 3:23. (VFL). O pecado criou uma barreira intransponível entre o homem e Deus que somente Jesus Cristo crucificado poderia removê-la. Este é o momento da restauração da glória, é o instante da reconciliação do homem pecador com o Deus santo.
Nós temos visto, nestes estudos, que a cruz é um acontecimento pré-histórico da criação que se manifestou na história do homem com o propósito de tratar dos efeitos fulminantes do pecado. Ela é uma iniciativa de Deus, que foi projetada no céu para resolver o problema do pecado na terra. Desde o momento que o pecado invadiu a raça humana vemos a mensagem da cruz tomando corpo. Os primeiros animais que foram mortos para cobrir a nudez dos nossos pais já revelavam as marcas radicais da cruz. O primeiro sacrifício no jardim do Éden fala da morte que o Cordeiro de Deus havia de passar em sua encarnação, a fim de tratar do problema da separação causado pelo pecado e a transferência da glória de Deus, imputada a nós pela suficiência de Cristo.
O Senhor Deus havia ordenado ao homem que a sua liberdade esbarrava no apetite. O fruto da árvore interditada servia de indicador moral para a decisão responsável. Não há liberdade de escolha sem opção. O caminho da comunhão passava pela obediência voluntária de um ser livre e moralmente credenciado para uma deliberação responsável. Deus não criou robô. O homem não era uma máquina. A vontade livre tornava o ser com predileção. Quem escolhe deve ter as condições para decidir e a responsabilidade para arcar com sua opção. E o jardim era o laboratório perfeito para a vontade. Todas as condições eram favoráveis e o homem encontrava-se livre de quaisquer imposições. Somente um ser livre seria capaz de obedecer livremente à ordenança de Deus. Somente um ser livre poderia desobedecer com responsabilidade à ordem de Deus.

Deus não precisava criar o homem. Ele não tem necessidade de nada. Por definição, Ele se basta a si mesmo. Somente Ele tem asseidade, isto é, Ele se satisfaz de si mesmo. Deus não precisa de nós nem do resto da criação para nada; porém, tanto nós, quanto o restante da criação podemos glorificá-lo e dar-lhe alegria. Nós fomos criados por Deus e para Deus. Fomos criados para a sua glória. Não se trata de egoísmo divino, de necessidade de glorificação ou carência de reconhecimento. Esta é a única maneira de tornar um ser finito com liberdade, perfeitamente repleto de significado. Sabendo que somente Deus pode contentar-se a si mesmo, nenhum outro ser criado pode contentar-se sem Deus. Assim, Deus criou o homem livre para depender voluntariamente da suficiência de sua pessoa. Mas o pecado vem exatamente nesta área causar uma brecha nas relações do homem com Deus. O pecado rompeu com o relacionamento que havia entre Deus e o homem e deste modo ficamos destituídos da glória de Deus.
A cruz é a única ponte que conecta a Divindade santa e a humanidade pecadora. Ela faz aproximação num mesmo momento de Deus e o homem numa só pessoa, removendo a inimizade. A cruz é o instrumento cirúrgico que amputando o pecado do ímpio e imputando a justiça do santo, restaura a glória perdida com o pecado. Por meio de Cristo crucificado, Deus reconcilia o pecador com Ele mesmo. Tudo isto vem de Deus, que estabeleceu paz entre nós e Ele, por meio de Cristo... Isto é: Deus estava em Cristo, estabelecendo paz entre o mundo e Ele mesmo. Em Cristo, Deus não condena o mundo por seus pecados, e Ele mesmo nos deu esta mensagem de paz. Cristo não tinha nenhum pecado, mas Deus colocou sobre Ele a culpa dos nossos pecados. Dessa forma nós pudemos ser declarados justos diante de Deus por meio de Cristo. 2 Coríntios 5:18a, 19, 21. (VFL). De fato, o grande milagre do Evangelho é a remoção do pecado por meio da cruz, o perdão dos pecados por meio do sangue, a atribuição da justiça divina por meio da graça, a vivificação espiritual através da ressurreição e a glorificação do corpo no arrebatamento dos salvos. Aqui, encontra-se a síntese da obra gloriosa de Cristo para a restituição da glória de Deus.
A história da cruz está vinculada diretamente com a recuperação da glória de Deus que foi removida do ser humano com o pecado. Jesus veio ao mundo com o propósito definido de repor as condições necessárias para o restabelecimento desta glória na experiência espiritual de cada um dos salvos. Foi para serem salvos que Deus os chamou por meio das Boas Novas que lhes anunciamos. Assim poderão participar da glória de nosso Senhor Jesus Cristo. 2Tessalonicenses 2:14. (VFL). O pecado mantém o homem envolvido com a sua própria glória. A salvação em Cristo transfere o homem para o terreno da glória de Deus. É uma questão de foco. Enquanto o homem velho, o descendente de Adão, se empolga com sua própria reputação, honra e reconhecimento, o novo homem, gerado em Cristo Jesus, vê-se envolvido inteiramente com a celebração da glória de Deus. O pecado focaliza a glória umbilical. O homem, neste caso, só enxerga as dimensões das paredes do seu umbigo. Ele fica envolvido com os seus direitos e os valores que dizem respeito ao seu reconhecimento. Quando, porém, ele é salvo pela graça de Deus, mediante a sua co-crucificação juntamente com Cristo, a sua visão é alterada completamente, passando a perceber somente a grandeza absoluta da glória de Deus.

O homem crucificado com Cristo perde o centro do ego e ganha a sede em Deus. Sua ênfase é modificada completamente. A cruz arranca a presunção visceral que pretende apenas satisfazer os instintos miúdos do aqui e agora, transformando o horizonte na visão sublime da glória de Deus. As coisas mais comezinhas como comer e beber tomam outros valores e assumem proporções gloriosas de relevância. Portanto, se vocês estiverem comendo, ou bebendo, ou fazendo qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus. 1Coríntios 10:31. (VFL). A adoração toma lugar de primazia no coração. Deus agora é a causa de todos os louvores. Como disse Oswald Milligan: Adoração... é dar ao Senhor a glória que Lhe é devida como resposta ao que Ele nos revelou e fez em seu Filho Jesus Cristo. Não há mais lugar para os cometimentos egoístas que satisfazem apenas os interesses pessoais. A cruz realizou uma obra consumada que apaga todos os mecanismos de entretenimento ou deleites próprios. Assim, podemos concluir que a história da cruz é a história fundamentada na erradicação de todos os expedientes que visam distrair o homem de viver somente para a glória de Deus. Não há lugar para o ego no Reino de Deus. Como acentua Gerald Vann, adoração não faz parte da vida cristã; ela é a própria vida cristã. Realmente, foi Deus quem fez todas as coisas. Por Deus e para Deus tudo continua a existir. A Deus seja sempre dada toda a glória. Amém. Romanos 11:36. (VFL).

Solo Deo Glória.

Nenhum comentário:

Postar um comentário