Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir
após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Mateus
16:24.
Temos visto que a história da cruz está ligada
diretamente com a restauração da glória de Deus, que foi destituída do homem com
a presença do pecado. Jesus veio a este mundo com o propósito definido de
assumir a responsabilidade de levar o pecador a morrer juntamente com Ele, a fim
de torná-lo participante desta glória. A encarnação de Jesus tinha como proposta
a sua identificação com a humanidade, para que, desta maneira, Ele pudesse
incluir todos em seu corpo. Só Jesus como homem poderia atrair a humanidade no
seu corpo, quando fosse levantado da terra. Foi para nos atrair a si que Ele se
fez carne. Ele precisava se tornar homem para nos atrair no seu corpo e nos
fazer participantes de sua morte. E Eu, quando for levantado da terra,
atrairei todos a mim mesmo. Isto dizia, significando de que gênero de morte
estava para morrer. João 12:32-33. Jesus foi
levantado da terra quando foi crucificado. Mas, nesta hora, Ele nos atraiu no
seu corpo e nos identificou em sua morte. Logo, aquela morte passou a ser a
nossa morte compartilhada com a sua morte. De fato, Ele não deveria morrer.
Jesus não tinha pecado. Contudo, Ele, ao nos atrair, assumiu os nossos pecados e
nos fez integrantes de sua morte. Carregando Ele mesmo
em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça;
por suas chagas, fostes sarados. 1Pedro 2:24. Fica
muito claro pelas Escrituras que a morte de Jesus foi, na verdade, a morte do
pecador. E que, a cruz que Ele tomou era, com certeza, a minha cruz.
Quando lemos a Bíblia com cuidado percebemos que a
cruz onde Jesus foi pregado não era dele, e que a morte que Ele morreu não era
sua. Jesus morreu na minha cruz, a minha morte. Tanto a morte de Jesus como a
cruz em que foi cravado não eram dele. Aquela morte e aquela cruz eram minhas,
realmente. Jesus não morreu apenas em meu lugar. Ele não foi tão somente
substituto. Ele morreu na minha cruz, a morte do meu pecado. Ele morreu com a
minha morte e me fez morrer juntamente com Ele. Esta é a mensagem completa do
Evangelho. Pois o amor de Cristo nos constrange,
julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram.2Cor 5:14.
Não
podemos ofuscar esta verdade do Evangelho da graça. A morte que Cristo
experimentou na cruz não era sua. Aquela morte era minha. A cruz que Ele
carregou era a minha cruz. Eu sou o pecador. Eu é que deveria morrer. E Ele
morreu para me levar a morrer juntamente com Ele. Do mesmo modo que me tornei
pecador em Adão, me torno salvo do pecado pela minha morte em Cristo. A lei
exige a morte do pecador. A alma que pecar deve morrer. Só a pena de morte do
pecador pode satisfazer a justa exigência da lei. Não há comutação da pena nem
alívio da sentença. Na minha cruz, Cristo morreu a minha morte. Ele morreu e eu
morri com Ele.
Se a morte que Cristo morreu era, de fato, a morte
do pecador, então a conclusão clara é que aquela morte era a minha morte e
aquela cruz era a minha cruz, pois eu sou realmente o pecador. Uma vez crendo
neste acontecimento histórico, preciso experimentá-lo em sua realidade fática. A
fé cristã apropria-se da Palavra de Deus como certeza. A fé é a certeza
das coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem. Hebreus
11:1. A fé não é fantasia nem ficção. É convicção
com certeza da veridicidade divina. A Bíblia afirma com objetividade espiritual
o que a fé assume como efetivamente real. A ciência lida com o fenômeno, com o
concreto. A fé lida com a verdade da Palavra de Deus. A fé crê naquilo que não
vê, confiada na estabilidade da Palavra de Deus, e o seu prêmio é ver aquilo em
que acredita.
A história da minha cruz é a história da cruz de
Cristo. Sabemos, pelas Escrituras, que Jesus carregou a sua cruz como a minha
cruz, a fim de que eu leve a minha cruz como a sua cruz. Ele morreu a minha
morte, para que eu levasse o seu morrer. Levando sempre no corpo o morrer
de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. 2 Coríntios
4:10. Jesus se tornou cúmplice da minha morte, para
que eu me tornasse parceiro do seu morrer. Esta sociedade é indissolúvel. A cruz
onde Cristo foi pregado é a minha cruz. A cruz que eu carrego cada dia, como
expressão de fé, é a sua cruz. É deste modo que trazemos sempre e por todo lugar
a mortificação do Senhor Jesus como quinhão de nossa parceria. Só os mortos
podem ressuscitar. Somente aqueles que já morreram podem ter nova vida.
Insensato! O que semeias não nasce, se primeiro não morrer. 1 Coríntios
15:36. Sem a morte da vida carnal, não há vida
espiritual. O grão de trigo necessita morrer para poder dar muito fruto. O homem
velho precisa morrer juntamente com Cristo, a fim de que um novo homem
ressuscite juntamente com Cristo. Quem leva sempre o morrer de Jesus em seu
corpo, pode ter a garantia da vida de Jesus manifesta em seu corpo mortal.
Quando tomo diariamente a minha cruz, carrego o morrer de Jesus em meu corpo.
Quando levo o morrer de Jesus por todo lugar, manifesto o seu viver com grande
poder.
A morte de Cristo significa a minha morte. A minha
morte para o pecado está ligada ao morrer de Jesus. Se transportar o morrer de
Jesus em meu corpo mortal, acabo transportando o viver de Jesus como
conseqüência de sua ressurreição. A regeneração do ser humano é fruto da morte
para o pecado no corpo de Cristo e da sua ressurreição em novidade de vida, por
meio de Cristo ressuscitado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que
também com Ele viveremos, sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre
os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre Ele. Pois, quanto a
ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver,
vive para Deus. Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos
para Deus, em Cristo Jesus. Romanos 6:8-11. Esta é
uma questão de fé. É um assunto de pura confiança na Palavra de Deus. Se for
verdade que Cristo me atraiu na cruz, e se é verdade que Ele morreu e
ressuscitou, posso considerar como verdade de fé, que eu morri e ressuscitei
juntamente com Cristo. Essa consideração não é arbitrária. Estamos num consorte.
Tudo o que pertence a um, pertence ao outro.
Tomar a minha cruz e seguir a Cristo diariamente é crer que eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé do Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Gálatas 2:19-20. A cruz é lugar de morte. Quem passa pela cruz acaba morrendo. Ela não é mero instrumento de tortura. É uma ferramenta de morte, com maus tratos. O suplício da cruz termina em morte. Ela não é um fardo pesado que tenho que carregar por toda a vida. Não é tribulação nem perseguição que tenho de suportar. A cruz é a minha sentença de morte. Estou crucificado com Cristo. Estou morto para a glória do homem e para os meus direitos pessoais. Mortos não reivindicam. Não há sindicatos nos cemitérios, nem tribunais de apelação. Os cristãos vivem uma vida de crucificados, pois este é o segredo de uma vida abundante. Como disse Josif Ton, quando você coloca a vida no altar, quando se prontifica e aceita morrer, você se torna invencível. Não tem mais nada a perder. A história da minha cruz é a história da minha morte com Cristo. Se estiver crucificado, então eu estou morto. Se estiver morto, eu sou ninguém e sou nada. Deus cria a partir do nada. Portanto, enquanto o homem não se considerar nada, Deus não poderá fazer nada com ele, afirmava Martinho Lutero. Os mortos não disputam a glória, pois esta pertence somente ao Senhor. Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura. Isaías 42:8. A cruz é o fórum que decretou o destronamento da altivez do pecado para estabelecer a supremacia soberana da glória de Deus. Assim, podemos concluir: Cristãos crucificados são a glória de Cristo. E a glória de Cristo é a restauração da glória de Deus danificada com o pecado. Sabemos que alguém foi realmente salvo porque ele vive agora somente para a glória a Deus. Enquanto o homem estiver requerendo alguma distinção ou reconhecimento, algum privilégio ou consideração, ainda que disfarçado, nada tem a dizer de sua experiência com a cruz. A história da minha cruz é a história do meu viver levando o morrer de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste na adoração profunda e no reconhecimento da glória de Deus.
Solo Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
domingo, 3 de junho de 2012
A HISTÓRIA DA MINHA CRUZ
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