domingo, 3 de junho de 2012

A HISTÓRIA DA MINHA CRUZ

Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me. Mateus 16:24.
Temos visto que a história da cruz está ligada diretamente com a restauração da glória de Deus, que foi destituída do homem com a presença do pecado. Jesus veio a este mundo com o propósito definido de assumir a responsabilidade de levar o pecador a morrer juntamente com Ele, a fim de torná-lo participante desta glória. A encarnação de Jesus tinha como proposta a sua identificação com a humanidade, para que, desta maneira, Ele pudesse incluir todos em seu corpo. Só Jesus como homem poderia atrair a humanidade no seu corpo, quando fosse levantado da terra. Foi para nos atrair a si que Ele se fez carne. Ele precisava se tornar homem para nos atrair no seu corpo e nos fazer participantes de sua morte. E Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo. Isto dizia, significando de que gênero de morte estava para morrer. João 12:32-33. Jesus foi levantado da terra quando foi crucificado. Mas, nesta hora, Ele nos atraiu no seu corpo e nos identificou em sua morte. Logo, aquela morte passou a ser a nossa morte compartilhada com a sua morte. De fato, Ele não deveria morrer. Jesus não tinha pecado. Contudo, Ele, ao nos atrair, assumiu os nossos pecados e nos fez integrantes de sua morte. Carregando Ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados. 1Pedro 2:24. Fica muito claro pelas Escrituras que a morte de Jesus foi, na verdade, a morte do pecador. E que, a cruz que Ele tomou era, com certeza, a minha cruz.
Quando lemos a Bíblia com cuidado percebemos que a cruz onde Jesus foi pregado não era dele, e que a morte que Ele morreu não era sua. Jesus morreu na minha cruz, a minha morte. Tanto a morte de Jesus como a cruz em que foi cravado não eram dele. Aquela morte e aquela cruz eram minhas, realmente. Jesus não morreu apenas em meu lugar. Ele não foi tão somente substituto. Ele morreu na minha cruz, a morte do meu pecado. Ele morreu com a minha morte e me fez morrer juntamente com Ele. Esta é a mensagem completa do Evangelho. Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós isto: um morreu por todos; logo, todos morreram.2Cor 5:14.

Não podemos ofuscar esta verdade do Evangelho da graça. A morte que Cristo experimentou na cruz não era sua. Aquela morte era minha. A cruz que Ele carregou era a minha cruz. Eu sou o pecador. Eu é que deveria morrer. E Ele morreu para me levar a morrer juntamente com Ele. Do mesmo modo que me tornei pecador em Adão, me torno salvo do pecado pela minha morte em Cristo. A lei exige a morte do pecador. A alma que pecar deve morrer. Só a pena de morte do pecador pode satisfazer a justa exigência da lei. Não há comutação da pena nem alívio da sentença. Na minha cruz, Cristo morreu a minha morte. Ele morreu e eu morri com Ele.
Se a morte que Cristo morreu era, de fato, a morte do pecador, então a conclusão clara é que aquela morte era a minha morte e aquela cruz era a minha cruz, pois eu sou realmente o pecador. Uma vez crendo neste acontecimento histórico, preciso experimentá-lo em sua realidade fática. A fé cristã apropria-se da Palavra de Deus como certeza. A fé é a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem. Hebreus 11:1. A fé não é fantasia nem ficção. É convicção com certeza da veridicidade divina. A Bíblia afirma com objetividade espiritual o que a fé assume como efetivamente real. A ciência lida com o fenômeno, com o concreto. A fé lida com a verdade da Palavra de Deus. A fé crê naquilo que não vê, confiada na estabilidade da Palavra de Deus, e o seu prêmio é ver aquilo em que acredita.
A história da minha cruz é a história da cruz de Cristo. Sabemos, pelas Escrituras, que Jesus carregou a sua cruz como a minha cruz, a fim de que eu leve a minha cruz como a sua cruz. Ele morreu a minha morte, para que eu levasse o seu morrer. Levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. 2 Coríntios 4:10. Jesus se tornou cúmplice da minha morte, para que eu me tornasse parceiro do seu morrer. Esta sociedade é indissolúvel. A cruz onde Cristo foi pregado é a minha cruz. A cruz que eu carrego cada dia, como expressão de fé, é a sua cruz. É deste modo que trazemos sempre e por todo lugar a mortificação do Senhor Jesus como quinhão de nossa parceria. Só os mortos podem ressuscitar. Somente aqueles que já morreram podem ter nova vida. Insensato! O que semeias não nasce, se primeiro não morrer. 1 Coríntios 15:36. Sem a morte da vida carnal, não há vida espiritual. O grão de trigo necessita morrer para poder dar muito fruto. O homem velho precisa morrer juntamente com Cristo, a fim de que um novo homem ressuscite juntamente com Cristo. Quem leva sempre o morrer de Jesus em seu corpo, pode ter a garantia da vida de Jesus manifesta em seu corpo mortal. Quando tomo diariamente a minha cruz, carrego o morrer de Jesus em meu corpo. Quando levo o morrer de Jesus por todo lugar, manifesto o seu viver com grande poder.
A morte de Cristo significa a minha morte. A minha morte para o pecado está ligada ao morrer de Jesus. Se transportar o morrer de Jesus em meu corpo mortal, acabo transportando o viver de Jesus como conseqüência de sua ressurreição. A regeneração do ser humano é fruto da morte para o pecado no corpo de Cristo e da sua ressurreição em novidade de vida, por meio de Cristo ressuscitado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com Ele viveremos, sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre Ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus. Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Romanos 6:8-11. Esta é uma questão de fé. É um assunto de pura confiança na Palavra de Deus. Se for verdade que Cristo me atraiu na cruz, e se é verdade que Ele morreu e ressuscitou, posso considerar como verdade de fé, que eu morri e ressuscitei juntamente com Cristo. Essa consideração não é arbitrária. Estamos num consorte. Tudo o que pertence a um, pertence ao outro.

Tomar a minha cruz e seguir a Cristo diariamente é crer que eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé do Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Gálatas 2:19-20. A cruz é lugar de morte. Quem passa pela cruz acaba morrendo. Ela não é mero instrumento de tortura. É uma ferramenta de morte, com maus tratos. O suplício da cruz termina em morte. Ela não é um fardo pesado que tenho que carregar por toda a vida. Não é tribulação nem perseguição que tenho de suportar. A cruz é a minha sentença de morte. Estou crucificado com Cristo. Estou morto para a glória do homem e para os meus direitos pessoais. Mortos não reivindicam. Não há sindicatos nos cemitérios, nem tribunais de apelação. Os cristãos vivem uma vida de crucificados, pois este é o segredo de uma vida abundante. Como disse Josif Ton, quando você coloca a vida no altar, quando se prontifica e aceita morrer, você se torna invencível. Não tem mais nada a perder. A história da minha cruz é a história da minha morte com Cristo. Se estiver crucificado, então eu estou morto. Se estiver morto, eu sou ninguém e sou nada. Deus cria a partir do nada. Portanto, enquanto o homem não se considerar nada, Deus não poderá fazer nada com ele, afirmava Martinho Lutero. Os mortos não disputam a glória, pois esta pertence somente ao Senhor. Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura. Isaías 42:8. A cruz é o fórum que decretou o destronamento da altivez do pecado para estabelecer a supremacia soberana da glória de Deus. Assim, podemos concluir: Cristãos crucificados são a glória de Cristo. E a glória de Cristo é a restauração da glória de Deus danificada com o pecado. Sabemos que alguém foi realmente salvo porque ele vive agora somente para a glória a Deus. Enquanto o homem estiver requerendo alguma distinção ou reconhecimento, algum privilégio ou consideração, ainda que disfarçado, nada tem a dizer de sua experiência com a cruz. A história da minha cruz é a história do meu viver levando o morrer de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste na adoração profunda e no reconhecimento da glória de Deus.

Solo Deo Glória.

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