Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus
para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu, e também do grego.
Romanos 1.16
Nunca se viu evangélicos tão vazios do Evangelho. Multidões
abarrotam igrejas evangélicas e a cada dia novas igrejas são organizadas. No
nosso país "os crentes" vão ocupando espaço até então monopolizado pela Igreja
Católica. Através de programas de televisão, rádios, livros, conferências e
acampamentos, os evangélicos têm propagado a sua mensagem e crescido
numericamente. Mas, quando nos deparamos com alguns evangélicos notamos que
ignoram o poder transformador do Evangelho. O que tem acontecido?
A grande maioria dos que professam serem cristãos desconhecem
os pilares fundamentais da fé cristã. Dúvidas, incertezas, fé desprovida de
conteúdo bíblico e heresias povoam a mente dos evangélicos. A gravidade do
problema não se limita à igreja local, ou às fronteiras do aprisco evangélico,
porém estende-se a todos os cristãos de nossos dias. Ocorre uma volatilização do
Evangelho no povo evangélico. São vários os fatores para essa evaporação do
Evangelho. Entre eles, estão a mentalidade do homem pós-moderno e a maneira como
o Evangelho tem sido apresentado.
Chegou a hora de todos os que professam o cristianismo reverem
os fundamentos da fé. Os evangélicos sempre criticaram os católicos porque estes
pararam no Calvário. Depois, os pentecostais censuraram as denominações
históricas por elas permanecerem no jardim da ressurreição sem nunca chegarem ao
Pentecostes. Porém, se queremos que realmente Deus seja glorificado e os
pecadores regenerados, precisamos urgentemente resgatar o espírito do
kerigma cristão, ou seja, a proclamação do Evangelho. Cristo e seu
Evangelho eram os fundamentos da mensagem da Igreja Primitiva, como também do
apóstolo Paulo: Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o
qual recebestes e no qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se
retiverdes a palavra tal como vo-la preguei, a menos que tenhais crido em vão.
Antes de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos
pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro
dia, segundo as Escrituras.1 Coríntios 15.1-4. Os únicos fundamentos que
Deus ordenou como base para a fé dos pecadores sob condenação: Porque
ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus
Cristo. 1 Coríntios 3.11.
Primeiramente, analisemos o porquê dos cristãos estarem
deixando de edificar as suas vidas e a Igreja, sobre fundamentos propostos por
Deus. O homem pós-moderno tem acesso a uma gama enorme de informações
tecnológicas, científicas e religiosas como em nenhuma outra geração na história
da humanidade. As pessoas se tornaram viciadas em informações e notícias, o que
lhes importa é o que acontece no mundo. Nesse frenesi por atualização, surge uma
apatia e uma falta de interesse por qualquer valor antigo. Novidade é o que move
o sistema deste mundo. Essa busca constante por informações cada vez mais
freqüentes e diversificadas faz com que os cristãos pós-modernos não se
aprofundem nas verdades bíblicas. Contentam-se com um saber superficial.
Infelizmente muitos destes são os que engrossam as fileiras do exército dos
cristãos nominais.
Tempos difíceis é o que enfrentamos quanto à evangelização.
Muitos dos que se dizem interessados pela Palavra, no fundoestão mais
interessados pelas palavras do pregador. Abarrotam a mente com conhecimento
bíblico, porém o coração permanece vazio. A inundação de informações gerou um
esvaziamento do saber. A razão foi substituída pela emoção. Nas igrejas, é comum
vermos os crentes mais hipnotizados pelas luzes e pelo barulho dos grupos de
louvor do que pela Palavra proclamada nopúlpito.As músicas evangélicas se tornam
ricas de embaloe pobres de conteúdo.
A outra razão de haver tantos crentes nominais é a maneira como
o Evangelho tem sido apresentado. As pessoas precisam compreender que nada podem
fazer quanto à salvação, pois esta é uma obra exclusivamente de Deus. Os
pecadores são incapazes de contribuir para a sua própria salvação. Sendo
pecadores, estão debaixo do jugo do pecado e sob o julgamento de Deus. O
Evangelho é, antes de tudo, sobre Cristo. São os fatos, conforme afirma o
apóstolo João, registrados para que creais que Jesus é o Cristo, o Filho
de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome. João 20.31. É a
mensagem da obra histórica e concluída de Deus por meio de Cristo. Trata também
da nossa participação na sua morte, sepultamento e ressurreição, como ele
mesmo afirmou: E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos
a mim mesmo. João 12.32. O Evangelho é mensagem de Boas Novas.
Originalmente é o anúncio da vitória. A Boa Nova de que Deus abriu em Cristo um
caminho de Salvação para todos.
O Evangelho é uma obra totalmente divina. Uma das grandes
dificuldades entre os cristãos é discernir a obra de Deus por nós em Cristo, e a
obra de Deus em nós pelo Espírito Santo. O Evangelho consiste dos fatos que
tratam sobre Jesus Cristo, e o que Deus fez para nos resgatar do pecado. O
Evangelho é totalmente e inteiramente objetivo, não depende de forma alguma do
homem. Trata-se da ação de Deus e não dos homens. Os problemas começam a ser
gerados quando nós fazemos as pessoas olharem para o que precisa ser realizado
dentro delas. A obra redentora de Cristo é algo que aconteceu fora de nós. Foi
uma obra que Cristo Jesus consumou uma vez para sempre. Jesus, porém,
tendo oferecido para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se a
destra de Deus, é o que encontramos em Hebreus 10.12. O
pecador precisa ser ensinado que suas obras ou sua disposição em obedecer aos
mandamentos em nada contribuem para a sua aceitação diante de Deus. O pecador
precisa ser levado a tirar os olhos de si e confiar somente em Cristo e em sua
obra de salvação.
O problema reside na utilização de uma terminologia não
bíblica. O foco no que o pecador precisa fazer, no lugar do que Deus já fez em
Cristo, gera dúvidas e distorção do Evangelho. Você já ouviu frases como:
Aceite Jesus em seu coração. Abra as portas do seu coração ao Senhor. Faça
uma decisão hoje mesmo por Cristo. Entregue a sua vida a Jesus. Peça a
Deus para salva-lo. Estas frases são comuns nos púlpitos e nos lábios de
muitos evangélicos, porém apenas confundem o entendimento das pessoas quanto ao
Evangelho. O que importa não é o que acontece deste lado da corda, e sim do lado
de Deus. Eu os atrai com cordas humanas, com laços de amor; fui para eles
como quem alivia o jugo de sobre as suas queixadas e me inclinei para dar-lhes
de comer. Oséias 11.4. Será que cremos que Jesus satisfez a Deus? Será
que estamos confiando no nosso próprio fazer, ou na obra concluída de Cristo por
nós?
Precisamos aprender como pregar o Evangelho. O pecador precisa
ser conduzido ao ponto onde reconheça que não é capaz de fazer nada para se
salvar. Porém, ao anunciarmos o Evangelho da Graça de Deus precisamos tomar
certos cuidados. Tendo-lhe afirmado que não há nada que possa fazer, se
voltarmos para a pessoa afirmando: Agora você precisa entregar a sua vida a
Jesus, qual será o resultado disso? Confusão em torno do Evangelho! Se a
atenção das pessoas estiver voltada para dentro, no que elas mesmas devem fazer,
até as salvas terão dúvidas quanto à salvação. Uma interrogação surgirá
constantemente em seus corações: Será que fui sincero suficientemente? Será
que fiz tudo corretamente? Será que realmente aceitei a Cristo? Será que
verdadeiramente entreguei meu coração ao Senhor? Pois o interesse e a
preocupação das pessoas ficaram voltados para dentro de si mesmas e sua própria
experiência. Deixaram de fixar os olhos e a fé na morte, sepultamento e
ressurreição de Cristo e nossa participação com ele. Fomos, pois,
sepultados com ele na morte pelo batismo; sabendo isto: que foi crucificado com
ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não
sirvamos o pecado como escravos; tendo sido sepultados, juntamente com ele, no
batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados a fé no poder de Deus que o
ressuscitou dentre os mortos. Romanos 6.4a e 6 e Colossenses 2.12. É
nisto que nossa confiança deve repousar.
A nós cabe o desafio de proclamarmos o Evangelho de poder. Não um Evangelho descorado do colorido da graça eterna de Deus, mas o que transforma pecadores em santos. Sobre nós pesa a mesma responsabilidade do apóstolo Paulo. Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho! Se o faço de livre vontade, tenho galardão; mas, se constrangido, é, então, a responsabilidade de despenseiro que me está confiada. 1 Coríntios 9:16,17. Se formos pessoas regeneradas pelo poder de Deus e andarmos segundo os Seus princípios, certamente veremos o abundar e o transbordar do Evangelho em nossos corações para a vida de outras pessoas.
Solo Deo Glória.
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O propósito deste blog na sua forma completa é capacitar seus leitores a entenderem a Bíblia. Apresenta instrução básica eficiente do ponto de vista bíblico. Procura remover todas as falsas pressuposições racionalistas, moralistas, antropocêntricas e idólatras que já infectaram,e, na medida desta infecção, cegaram todo homem e toda cultura deste mundo a partir da queda de Adão.
quarta-feira, 20 de junho de 2012
EVANGÉLICOS VAZIOS DO EVANGELHO
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Ok! Consegui ler seu texto, que nos remete enquanto cristãos confessos a uma profunda reflexão: QUE TIPO DE CRISTÃO TENHO SIDO?
ResponderExcluirQuando era professora da EBD da Classe de Adolescentes, um dos temas estudo foi a Bíblia, e uma das questões levantadas foia de que muitos cristãos não entende a palavra porque preferem er as literaturas diversas que tratam da Bíblia e não a própria BÍBLIA. O que nos remete a sairmos por ai acreditando nas doutrinas, e nos levando muitas vezes a sermos membros de igrejas e não cristãos, nos levando a errar porque não conhecemos as escrituras. Este seu texto me remete ao uma distinção muito clara, sobre ser evangélicos e ser salvos; ser membros de igrejas e ser cristãos. Ser cristão, ser salvo é estar cheio do Espírito Santo de Deus, seguindo a Palavra e não as doutrinas e acima de tudo.. ESTANDO CHEIO DO EVANGELHO DA GRAÇA.