domingo, 3 de junho de 2012

A MINHA HISTÓRIA NA CRUZ

Eu estou crucificado com Cristo, logo já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Gálatas 2:19b-20.
A história da cruz é a história da restituição da glória de Deus na vida do homem, que foi perdida com a queda do pecado. Quando Adão pecou como cabeça da raça, a glória de Deus se separou dele e de toda a sua descendência. Somos uma raça estigmatizada pelo pecado e separada da glória de Deus. Jesus Cristo se encarnou neste mundo como representante da humanidade, para reconciliar com Deus o ser humano, através de sua morte na cruz. A cruz é o fórum da restauração de nossa história com a glória de Deus. Por isso, a história da cruz tem relação direta e profunda com a minha própria história. Ela é o tratamento de Deus com a minha natureza pecadora. Jesus não veio apenas me substituir naquela cruz. A sua morte não era unicamente em meu favor. Ele veio, também, para me incluir no seu corpo e, deste modo, me fazer morrer juntamente com Ele. De fato, Jesus não precisava morrer. Ele não tinha pecado. A morte é um castigo para o pecado. E, neste caso, quem deveria morrer era o pecador. O profeta hebreu deixou claro: A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniqüidade do pai, nem o pai, a iniqüidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá sobre este. Ezequiel 18:20. Sendo assim, a morte de Jesus na cruz teria dois lados. Um substitutivo, que aponta para o lado vicário. E o outro inclusivo, que fala do aspecto legal. O réu precisava pagar a pena, e Jesus não era réu de pecado. Ele nunca pecou. Ele não deveria morrer. Jesus nos substituiu a fim de nos incluir. Ele não poderia nos fazer morrer juntamente com Ele se antes não tivesse assumido o nosso lugar. Assim, a sua morte tem dois aspectos marcantes. Ele morreu em nosso benefício, para nos fazer morrer compartilhados na sua morte. A morte de Jesus é, ao mesmo tempo, a sua morte por mim e a minha morte juntamente com Ele.
A história da cruz salienta essencialmente o lado inclusivo do pecador. A grande verdade do Evangelho se consubstancia na revelação de que o pecador precisava morrer e que por isso deveria ser crucificado concomitantemente com Cristo. A lei exige o cumprimento da pena. Não é razoável o descumprimento da justiça e o equilíbrio moral. A mesma Bíblia que afirma que Jesus morreu em nosso favor, afirma que nós morremos juntamente com Ele. Não podemos enaltecer um aspecto sem focalizar o outro. Fica capenga a mensagem que ressalta somente um dos lados. Temos observado que há uma tendência estrábica de se acentuar apenas a face objetiva da morte, que trata do plano substitutivo. Porém, esta pregação é descompensada e deformante. Muito prejuízo tem causado a pregação que tão somente sublinha a morte substitutiva. Se for verdade que Cristo morreu por mim, é verdade igualmente importante que eu morri com Cristo. A omissão desta ênfase na proclamação do Evangelho é desastrosa e demoníaca.

A igreja de um modo geral tem sofrido conseqüências terríveis com esta mensagem distorcida que aponta escassamente um lado só da moeda. Pregar a substituição é uma verdade parcial. É verdade que Jesus morreu em nosso lugar, mas esta não é a verdade completa. E uma verdade parcial pode ser um grande prejuízo. Muita confusão tem surgido nos arraiais do cristianismo em razão desta posição perneta. Enquanto não afinarmos a orquestra no diapasão de Deus vamos enfrentar muita desarmonia. As contendas e divergências belicosas no seio da igreja são frutos da falta de experiência espiritual de nossa morte juntamente com Cristo. Não basta saber a mensagem, é preciso crer realmente na verdade de Deus. A história da cruz tem um apelo especial para a minha história. Sou eu que devo morrer para o pecado. E fui eu que morri juntamente com Cristo. Esta é a verdade que preciso crer. Sem a conformação com esta morte não há confirmação da legitimidade cristã.
A Bíblia parte de uma proclamação. A mensagem do Evangelho anuncia que o nosso velho homem foi crucificado com Cristo. Sabendo isto: que foi crucificado com Ele o nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos mais o pecado como escravos. Romanos 6:6. O saber precede o crer. Precisamos tomar conhecimento do fato, para podermos crer no fato. A fé cristã não é estúpida. Sem o conhecimento não há verdadeira experiência. Mas a experiência espiritual não fica apenas no conhecimento. É necessário um passo a mais de consideração. A fé apropria-se da verdade bíblica como realidade substancial. Quando a Palavra de Deus anuncia a verdade, a fé a toma como realidade. Se Deus diz uma palavra, esta palavra é a verdade que eu a considero como minha experiência. É impossível Deus mentir. E é impossível Deus dizer uma coisa que não se torne fato real naquele que a toma como Palavra de Deus. Se a Palavra de Deus afirma que o nosso velho homem foi crucificado com Cristo, então é fato que eu considero como conclusivo. Assim também vós considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Romanos 6:11. Ninguém pode considerar aquilo que não é. Só os loucos podem supor que são o que não são. Se a Bíblia apóia a constatação de nossa morte é porque, de fato, nós morremos juntamente com Cristo. Saber e considerar se completam. O conhecimento e a apropriação fazem parte da experiência legítima de fé. Não basta saber. É preciso considerar como experiência pessoal a verdade das Escrituras.

Eu só posso considerar que estou morto para o pecado porque Deus anuncia isto em sua Palavra. Aqui estamos no terreno seguro da fé. Eu sou o que Deus diz que eu sou. Não se trata de uma criação da mente. Não é uma ilusão fantasiosa. Não são sentimentos ou emoções. A minha história de fé se baseia na suficiência da Palavra de Deus. Por definição, fé é crer no que Deus diz. Não estou buscando provas nas evidências sensórias nem explicação na razoabilidade do entendimento. A fé descansa na sólida afirmação da autoridade de um Deus soberano e absoluto. Deus, sendo Deus, não pode brincar com o coração das pessoas. Se sua Palavra sustenta que nós fomos crucificados com Cristo, então, estamos diante de uma verdade indiscutível. Porque nada podemos contra a verdade, senão em favor da própria verdade. 2Coríntios 13:8. Se a verdade de Deus diz que eu fui crucificado com Cristo, então não há outra alternativa para o meu coração. A história da cruz é a minha história de crucificação. Jesus não precisava ser crucificado. Ele foi crucificado porque a lei exigia a minha crucificação. Eu sou o réu digno de morte. Eu precisava morrer para o pecado. A morte de Jesus tinha como finalidade cobrir a minha participação na morte. Os cordeiros do Antigo Testamento morriam pelos pecados, mas não levavam os pecadores a morrerem juntamente com eles. O ser humano não poderia ser incluído num carneiro. Jesus se tornou homem para nos fazer participantes de sua pessoa. Ele não morreu apenas em nosso lugar, mas levou-nos a morrer juntamente com Ele. Fomos identificados na cruz com Cristo e, deste modo, morremos para o eu e para o mundo. Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo. Gálatas 6:14. Não há cristianismo genuíno sem a morte do pecador na cruz com Cristo. É falsa toda experiência que deixa os crentes com direitos e reivindicações. A minha história na cruz é uma história de morte. E, quem está morto não tem predileções, privilégios, promoções ou quaisquer outros direitos. A salvação mediante a cruz visa restituir a glória de Deus, que nada tem a ver com a glória humana. Não há, na mensagem da cruz, a menor ênfase com os valores humanísticos ou com os programas de entretenimento da alma. Se estivermos crucificados com Cristo, nada mais nos resta senão viver completamente para a glória de Deus. Sendo assim, nas fileiras do cristianismo não há vanglória nem melindre. Não há premiados nem alijados. Há apenas mortos. Mortos na cruz. A história da cruz é a história da nossa morte. Você se considera morto?

Solo Deo Glória.

Nenhum comentário:

Postar um comentário